Cronica de Graciliano Ramos
Crônica de si mesma – Bianca e André
Acordo às 8 da manhã
E a primeira coisa que faço é ligar o computador
Preciso ver como estão todos
Dormiram bem?
Quantos dizem: Bom dia!!!!
O telefone toca
Alguém do outro lado diz:
Você viu prenderam o assassino da Bianca
Quem?
Aquela menina que foi estrangulada...
Não lembrava
Procuro no cotidiano...
Morta dentro de sua casa...
Seu namorado André morre 19 dias depois em um acidente de carro
Ser jovem não é bom
Ser idoso também não
Criança muito menos
Procuro algo
Atônita
Numa inútil esperança
Olhando o vazio
Pensando em sair
Subitamente
Desse mundo invadido
Atravessado, desfeito
Perdido para sempre
Mlailin
CRÔNICA: INSTANTE DO SER
Eu sou um mistério para muitos que me rodeiam. Mas, sou o essencial para mim mesma.
Quando você amadurece aprende que não se deve fazer coisas para agradar as pessoas que te rodeiam, mas sim, saborear cada momento mágico que te vem. Por que felicidade não significa ir para as melhores festas, ter as roupas mais caras, fazer as viagens mais iradas...ter o homem mais lindo ao seu lado.
Tudo isso dá um UP sim na sua energia, mas não é garantia de sentir a felicidade.
Ser feliz é estar de bem com a vida, com você mesma. É aceitar o que vem e usufruir com muita intensidade disso... sem expectativas...apenas com simplicidade.
É engraçado,sabe, quando somos adolescentes queremos profissões de status, a roupa de marca, falar muitas línguas...conhecer um mundo de gente. E, então, quando amadurecemos, descobrimos que nada disso nos fará mais felizes... aprendemos que o bom mesmo é fazer o que gostamos, ou pelo menos gostar do que fazemos...que quando um amor nos chega, o medo não deve existir...as exigências não tem espaço, devemos apenas sentir, se fundir ao outro, mesmo que dure meses, apenas. Descobrimos que fazer coisas simples é tão magnificamente fascinante, que admirar a lua se transforma num dos hobbies costumeiros dessa outra fase.
Mas, é bom experimentarmos,sim, todos os anseios dessa fase conturbada que é a adolescência, porque quando chegamos nesse estágio de maturidade, comprovamos, com nossas inúmeras experiências que nada é tão importante quanto usufruir da simplicidade da vida.
Não quero dizer com isso que ter um excelente salário fará alguém infeliz, pelo contrário, isso é um reconhecimento merecível da sua profissão. Não quero dizer que ter uma casa grande, cheia de obras de arte, será um passaporte para os dissabores do dia-a-dia.
O que importa é que quando amadurecemos aprendemos a VIVER de verdade. E, o melhor de tudo, aprendemos a viver pra SENTIR e não para o TER. E, por incrível que pareça a vida flui com mais naturalidade...positivamente.
CRÔNICA DA BUSCA
A vida do ser humano é um eterno caminhar pela escuridão quando a rotina impera ; subitamente aparece um frio na barriga, uma bifurcação nos leva a escolher um novo caminho, a dúvida aparece, a covardia ou a coragem, qual é o certo, qual é o errado ? Não importa, independente da escolha, continuamos a caminhada e pensamos estar acertando sempre, em algumas vezes ledo engano, e o que tinha tudo para dar certo, dá quase tudo errado, quase tudo, porque sempre há frutos, algumas dádivas, crescimento, amadurecimento, ficamos mais fortes para aguardarmos a próxima bifurcação e para novamente escolhermos o caminho da coragem, da ousadia, do investimento na felicidade. De toda a obra de Aristóteles o que mais se destaca é que o homem nasceu para ser feliz e é isso o que devemos buscar sempre, a minha parte estou fazendo, nunca vou abrir mão de procura-la , nesta ou em outras vidas.
Cronica da Covardia
O maior exemplo de covardia é quando se deixa de cumprir um compromisso por puro egoismo , é quando uma única verdade absoluta é levada em consideração, quando não há verdadades absolutas, é quando não se escuta quem deve ser escutado, é quando se acredita em quem não merece crédito , é não dar valor ao que deve ser valorizado. O maior exemplo de covardia é não ter a coragem de passar por cima das adversidades da vida e demonstrar evolução espiritual, jogando tudo pela janela, outro grande exemplo de covardia é brincar com os sentimentos dos outros , sedimentando relacionamentos com mentiras e devaneios.
Não faça parte do grupo dos covardes, mas não os desampare, pois uma gota de coragem poderá brotar de qualquer que seja a rocha, que um dia vai se esfarelar e precisará do maior tipo de coragem que existe, o amor !
Trecho da crônica "Uma infância apagada"
Embaixo do avarandado está meu avô, sentado em um banco velho de madeira, vestia um jaleco de couro encardido, suas roupas eram velhas, surradas pela lida na roça e na cabeça um chapéu baeta. Ele observava suas vacas magras, sua égua branca e reclama da seca:
- “Vigeee lástima! Deus está castigando está terra”.
Crônica
Quem sou
Em encontros com amigas, nos questionamos que tipo de mulher somos, a pergunta paira no ar, o silêncio , por um segundo responde: Sou moderna, sou antiga, sou meio termo, sou totalmente doidona... O silêncio volta a falar e nos olhamos repetidamente, não era essa resposta que queríamos ouvir, queríamos ouvir respostas que nos ajudasse a definir nossas vidas, que dessem rumos a nossas dificuldades, que emoldurassem soluções e , como num piscar de olhos tivéssemos dentro de um quadro fixo onde nossa vida recebesse uma bela receita e pudéssemos segui-la , repetidamente, sem tropeços, sem amarras, sem novelos de linhas embolados, onde a trama fica tão difícil que nós , ou jogamos todo o rolo de linha porta afora, ou seguimos cortando os nós cegos.
Após aquele momento,olhamos novamente e quase que mudas e com um sorriso amarelo, não conseguimos responder à pergunta; melhor reconhecer a dificuldade e seguir em frente, como um pedreiro que não consegue desenvolver a sua tarefa e entrega a obra.
Razoável penso.
A dúvida fica ainda maior quando nos olhamos e nos vemos no mesmo barco, com os braços cansados de remar e sem remo suficiente para conseguirmos navegar. Por um momento me sinto fraca, com medo, sem atitude.
Em outros momentos , como aquele , me distraio olhando a roupa nova de minha querida amiga Lucíola, seus brincos novos e como o seu novo amor que a fez mais bonita, mais amável e bem mais feliz.
A fuga foi desnecessaria, quando estava novamente me escondendo , voltei a pergunta e me vi sem resposta: Será então que nada sou? Será que me escondi tanto que sumi. Que me estreitei junto a becos e situações inconformadas que maltrataram tanto o meu coração que já não sei tal definição, ou será que simplesmente entreguei meus pontos,simplesmente não tenho as respostas que o medo me dariam.
Tomei coragem, enchi o peito de dúvidas e reenviei a pergunta, desta vez mais agressivamente:
-Vamos meninas que tipo de mulheres somos? Vamos !
O silêncio passou a ser o anfitrião da reunião, ninguém se atreveu a definir.
Será que havíamos perdido a identidade?
Será que não sabíamos mais quem éramos?
Rosângela timidamente respondeu:
Eu sou Rosangela, sou morena, amo meu marido, amo meus filhos, meu filho está indo pro Canadá, meu filho vai se casar e ele também vai trabalhar lá, minha família é linda, apesar do filho único...
Fiquei olhando minha linda amiga Rosangela definir como sendo ela a sua pequena família, fiquei assustada como em poucos segundos, definimos nossos filhos, nossos parceiros mas não nos definimos,definimos a nossa viagem em família, mas não definimos uma linda viagem sozinha, para fazermos novas amizades, olharmos nossas vidas com olhares de distância, curtir a solidão em companhia própria.
Entendi tristemente que algumas de nós havíamos perdido nossas identidades quando deixamos nossos direitos em prol nossas obrigações, nossos sonhos pelos sonhos familiares, nossas vontades mais ocultas, por um lar quente para que nossos filhos possam se sentir felizes pelo aconchego do lar.
Entendi que, muitas vezes, perdemos nossas respostas pela inutilidade de querer vivermos vidas que não são as nossas, decisões que nos dá prazer mas que dá aos nossos filhos desconforto, daí pensamos muito e chegamos a conclusão que nossos filhos ficariam mais felizes de um determinado jeito. E que aquele jeito não seria o nosso.
E que o incômodo de nossas decisões aflora em nossa família a sina da culpada.
“Se eu não tivesse feito aquilo meus filhos estariam melhor”... Balela! Nada é melhor que a atitude justa , nada é tão verdadeiro que o gosto de se falar um não sabendo que esse não é honesto e necessário.
O que mais me irritou foi que após pensar desta forma , não falei pra minhas amigas, não compartilhei com quem também estava tentando se reinventar.
Daí tristemente, olhei minhas amigas, levantei do banco em que eu estava me assentando e fortemente disse:
Eu consegui me definir:
Todas olharam para mim curiosas, e como uma pessoa que começava a andar novamente após ter as pernas amputadas,
Disse:
Eu sou a escolha, e a dúvida:
A escolha por minha família e a dúvida de que um dia eu morrerei de arrependimento por feito essa escolha.
Lupaganini
A CRÔNICA DO MURO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Justo quando saio às pressas e não levo a minha câmera, o que raramente acontece, um grande motivo fotográfico assalta os meus olhos, em uma esquina distante. O que me resta é a transcrição paciente, sob os olhares curiosos de quem passa por mim.
Em um velho muro que o tempo castiga sem piedade, com os efeitos do sol, do vento e a chuva, leio a mensagem anônima que disponho a seguir: "Comunico aos familiares e amigos, que já não há mais motivo para sumiço, distanciamento e silêncio. Aqueles meus problemas foram resolvidos, não contraí novos problemas, minha saúde anda perfeita e vou bem, financeiramente. Logo, não existe mais o risco de choradeira e pedidos de socorro, empréstimo e locomoção motorizada. Apareçam; amo vocês.".
Quis fazer uma crônica sobre o assunto. No entanto, seria chover sobre o molhado. A crônica está na própria mensagem, sem necessidade alguma de aplicações ou adornos. Para quem sabe ler o mundo e a vida, cada momento já é uma crônica.
Crônica de Epitácio Rodrigues
SÓ PALAVRAS
Palavras, palavras e mais palavras! Nos últimos tempos tem crescido em mim uma estranha sensação de banalidade léxica. É quase uma vertigem como a do Antoine Roquentin sartreano. Cada vez que saio de casa para o trabalho ou outra atividade extramuros sinto-me como se estivesse entrando num caótico labirinto de frases e palavras e sem o novelo de linha de Ariadne, que me ajude a encontrar um caminho.
Por todos os lados, em forma de frases gastas, jogadas ao chão ou aprisionadas em papeis, palavras voam sem direção; às vezes, pichadas em paredes como aranhas disformes e contraventoras ou transformadas em avisos colados em postes, a fazer promessas de felicidade e prosperidade demasiado suspeitas: “trago seu amor de volta em cinco dias!”; transmutando-se em anúncios impressos em outdoor que querem me seduzir a comprar a futilidade maquiada de garantia de sucesso.
Nas ruas e avenidas, elas correm, ultrapassando à direita e ou esquerda da pista, em carros e motos velozes que rumam, sem rumo, movidas por pensamentos equivocados para os quais correr é sinônimo de liberdade.
Palavras, palavras e mais palavras! Vejo-as mergulhadas nos corpos das pessoas apossando-se da sua epiderme como um “cobreiro” discreto: chamam a esse “empossar” de “tatoo”. Vejo-as também misturadas às roupas, bolsas, sapatos, tênis, sandálias, cabelos e cabeças.
Para todos os lados, o horizonte que meus olhos alcançam parece dominado por um deserto de palavras: sejam grandes, pequenas, coloridas, mixadas e ensurdecedoras; ditas, sussurradas, tecladas e gritadas; dinâmicas, brilhantes ou pulsantes. Todas elas são ermitãs de sua própria condição dizente, docente, eloquente.
Conta-dicção do dito: nada dizer! Pois, o paradoxo de tudo isso é que, por alguma razão, mesmo me vendo cercado de palavras, tenho sempre uma incômoda sensação de que, para além dos invólucros criativos que as revestem, o conteúdo parece cada vez mais vazio. Assim, ao final do percurso, prevalece sempre a mesma impressão de que são apenas isso: palavras que já não conseguem dizer mais nada.
São apenas palavras.
CRÔNICA: DE PAI PARA FILHA
Como entender o mistério da vida. Aquele cidadão carrancudo, quase mudo , devido os lampejos da vida. Abnegar o mundo, viver numa voracidade, que até a perspicácia dos titãs perdera de vista, tamanha a intensidade do fluxo vivido. O mundo rapaz; te tornou assim. És o senhor de ninguém. Quão dura fora a vida pra ti. Órfão de mãe e pai , antes do seu nono janeiro vivido. Poderia dizer, setembro. Porém quando me lembro, minha alma retrai- se , a minha mente foge de toda a normalidade! É cidadão! (...) não vieste ao mundo para ser pai.
Porém o mundo gira, e numa destas guinadas , ao segregar- me do meu habitat, tudo mudou.
Aventurei- me no anseio de alçar voo rumo ao mundo distante. Mas não adianta querer determinar o norte da tua vida. Me tornei pai, empenhei com todas as minhas forças. Hoje vejo , que mais nada eu seria, se não fosse pai.
O meu mundo só é mundo, porque você existe !
300624
Sobre o tempo - Cronica desajustada
Tempo, tempo... Quanto tempo ainda restará se não formos capazes de entender o tempo? Só então teremos tempo pra sermos felizes.
O tempo de cada um é diferente, isto é provado pela física, ninguém tem o mesmo tempo pra tudo, todos tem o tempo certo para aprender, assimilar, o tempo rege o nosso equilíbrio, e por isso devemos respeitar o tempo de cada pessoa.
Se fossemos capazes de entender isso, não sofreríamos tanto, pois desta forma compreenderíamos que o tempo é a distância entre o é e o ser. Ele aflora no meio desta hora, que também se forma em tempo.
O auge do caminho é a compreensão de que o tempo não para, isto é um fator irrevogável, mas ele realmente é diferente para cada individuo. Caminha no seu tempo, não tenha pressa de chegar, valorize as pessoas, se você não olhar tanto para o tempo delas, notará que o “julgamento” não existirá.
Pois quando respeitando o tempo, não existe o julgar.
O tempo afoga a dor, trás renovação. Relaxar a mente e aceitar a si sem olhar o tempo alheio, alivia a vida e trás expectativa de tempos melhores.
O MUNDO ALÉM DA TELA
Demétrio Sena - Magé
Na primeira crônica do livro LULA LÁ - BRILHAM MUITAS ESTRELAS, de Isac Machado de Moura e Antonio Ducarmo Santos, o Isac diz: "Lula não é um político digital. É um político analógico. Ele precisa estar no meio do povo, cercado de gentes e não de robôs". Apreciei demais, essa frase.
Concordo com o Isac, sobre Lula, mas quero falar de povo. Pessoas à nossa volta. O mundo precisa de mais pessoas analógicas; pessoas físicas; palpáveis; abraçáveis... e cujos olhos sejam acessíveis a outros olhos. A internet é fantástica; especialmente as redes sociais (que uso todos os dias, com assuntos que julgo relevantes), mas as relações interpessoais não podem ficar no vácuo. A internet não pode substituí-las.
Estamos muito apegados aos algoritmos e pouco apaixonados por pessoas próximas. Promovemos o isolamento próprio e não procuramos nem somos procurados por nossos afetos. Parece que basta enviar emojis, deixar disparos maciços de mensagens programados para envios diários, e pronto: nossa consciência está lavada, bem tranquila, e nossos discursos de amor ao próximo com apologias à solidão, garantidos.
O mundo precisa voltar a ser o mundo. A sociedade precisa se livrar da tela, depois de cumpridos os textos, informações e mensagens públicos. É compreensível que as postagens e os desempenhos cibernéticos façam parte significativa de nossa vida... mas não que sejam nossa vida.
... ... ...
Respeite autorias. É lei
Em sua crônica de 1964, Paulo Mendes Campos, em "O Amor Acaba", retrata a inevitabilidade do fim do amor—ele pode se dissipar em um café, em um cinema, em uma conversa interrompida ou em simples gestos cotidianos. O autor nos mostra que, muitas vezes, o amor não morre de forma dramática, mas simplesmente se esgota, como uma chama que vai perdendo força.
Por outro lado, Martha Medeiros, em "O Amor Não Acaba, Nós é que Mudamos", propõe um contraponto: o amor não desaparece, ele apenas deixa o centro das atenções quando nossa visão de mundo se transforma. O sentimento que parecia absoluto pode se deslocar, sendo moldado pelas novas experiências, pelas dores e pela evolução pessoal de cada um.
Enquanto Paulo pinta um cenário de despedida melancólica, Martha traz um olhar esperançoso—o amor persiste, mas pode mudar de forma e se alojar em diferentes espaços da alma. Talvez ele não termine, apenas se reinvente.
Essa fusão entre dois olhares tão distintos nos faz refletir: o amor realmente acaba ou apenas se transforma?
꧁ ❤𓊈𒆜🆅🅰🅻𒆜𓊉❤꧂
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Cronica “Seu pai não sei ler”
Era fim de tarde quando, na pressa dos dias que a gente já não vive, apenas atravessa, mandei uma mensagem de texto para meu pai pelo WhatsApp. Algo simples, corriqueiro, como quem diz “tô indo”, “compra pão”, “te amo”.
Passaram-se uns minutos. Chegou um áudio. Apertei o play, distraído — e fui parando, devagar, como quem freia diante de algo que nunca deveria ter passado batido. Do outro lado, a voz dele. Firme, mas doce. E, entre pausas que diziam muito, ele soltou a frase que carrego até hoje como cicatriz:
“Filho, fala por áudio, por favor... seu pai não sei ler.”
A frase veio seca, sem rodeios, sem drama. Mas bastou para me desmontar por dentro. Naquele momento, percebi que a ausência das letras tinha um nome, um rosto, e mãos calejadas: meu pai.
Ele, que desde novo trocou cadernos por tijolos. Que largou a infância para vestir o avental do trabalho e o peso de uma casa inteira nas costas. Nunca teve tempo de ser aluno. A escola da vida o esperava com lições duras e sem recreio.
Mesmo sem saber ler, meu pai sempre foi sábio. Sabia interpretar silêncios, somar esperanças, dividir pão e multiplicar amor. Ele escrevia com gestos. E ainda que seus dedos nunca tenham deslizado sobre uma página, eles desenhavam o mundo com dignidade — cada parede erguida, cada telha assentada, era uma frase inteira dizendo: “eu estou aqui”.
Nunca vi meu pai se envergonhar por não saber ler. Mas percebi, nas entrelinhas dos dias, a solidão de quem vive num país onde tudo grita por letras. Placas, receitas, contratos, celulares... O mundo exige leitura. E quem não a tem, acaba empurrado para a margem — como se fosse menos, quando, na verdade, é mais: mais forte, mais lutador, mais humano.
Meu pai é daqueles heróis que não cabem nos livros, porque ele é o livro. Sua vida, cada capítulo, é aula de resistência. Nunca frequentou uma sala de aula, mas me ensinou tudo que importa: respeito, esforço, afeto e verdade.
Hoje, quando falo sobre alfabetização de jovens, adultos e idosos, penso nele. E em tantos outros “seu João”, “dona Maria”, “seu Antônio”, que a sociedade esqueceu. Alfabetizar não é apenas ensinar letras; é devolver a voz a quem só foi ouvido por áudio.
Se um dia eu tiver filhos, e eles me perguntarem quem me ensinou a ler a vida, responderei com orgulho: foi meu pai — mesmo sem saber ler.
Divina crônica
- "Esconde esse chocolate, pq senão não dura um dia, vc sabe como é..."
E os chocolates foram para o armário, longe das vistas do "guloso". Porém uma barra permaneceu aberta e volta e meia alguém tirava um teco, mais um, e outro, e durou a semana toda.
Uma pequena porção adoçava aqueles dias...
Alimentaram o amor!
Ela comprou um monte e comeram tudo de uma vez...se empanturraram de guloseimas...deitados, rindo alto, brincando como crianças...
E alimentaram seus egos!
Não contente esbravejou... tem chocolates escondidos no armário...desde sempre. O guloso se empanturrou de ódio, ela de vingança....
Ealimentaram seus demônios!
Do alto os anjos cuidavam...havia um amor maior, sublime, puro, incapaz de ser comprado, comparado e nem trocado. Nenhuma guloseima, nenhum dinheiro, nem nada humano poderia intervir.
E no alto os anjos salmodiavam....
E alimentaram a paz!
"Salmos 46:3 Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.4 Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. 5 Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.
#fragmentosdevida
#homenseanjos
#amoreseódios
#Deuseodiabo
#morteEvida
G.M.
Poema-crônica de presente para Yara Drumond
Simplesmente Yara
Victor Bhering Drummond , 22/01/2013
Ela vem sempre assim
Pra você e pra mim
Olha, quanto sol-verão
Em seu cabelo dourado
Que requebra e desenha
Curvas de belos sentimentos
Ela vem com seu perfume doce de menina
Sua voz meiga e forte
Se faz criança, se faz mulher
Mas muito mais: requebra o intelecto
Para nos ter sempre por perto
Pois gosta de ter no coração um cafuné
Yara, espécie tão rara
Quanto às mais azuis das araras
Pedaço da natureza
Da borboleta que voa colorida
Na imensidão de flores e jardins
Yara Jasmim
Pra você e pra mim
Provando que é possível colher
Coloridos das pedras
Yara mãe das águas de nossos olhos
Pois os comove de alegrias
E compartilha as tristezas
Como forma de empatia
Com-paixão
Voz de flauta doce
Ritmo de violão
Yara que cuida e se faz presente
Para Marias, Nazinhas e Nanás
Para Kikas, Valdis e Cristianes
Para Victors, Flávios e Joões
E rodopia, roda, roda
Como um carrossel
Ou como a simplicidade dos peões
Soltos ao chão e deslizando em mel
Yara brisa nas tardes geladas
Yara bonequinha
De Maria Chiquinha
Yara pura química
Alma do mais puro dos farmacêuticos do passado,
Que colecionava frasquinhos e ervas
Para a cura dos problemas da cidade
Nos faz olhar para escorpiões sem medo
E desvenda os seus segredos
Como o doce veneno capaz de trazer vida
Quando só enxergamos o óbvio de nossas lidas
Ela é irmã, amiga, tia, filha, parceira, cúmplice
Amor de e para todos
Cantinho de ternura e acalento
Com seus cabelos ao vento
É bom que também voe
Para que espalhe aos quatro cantos
O pode e a força do seu encanto
"CRÔNICA".
Um diálogo com o povo. 1
Eu sei das tuas circunstâncias, da tristeza e da euforia, e dai? Dai sabes caros amigos, o título de democracia, não é teu próprio interesse, aliás não visita teu endereço, quando participas da patifaria.
Submeter, jeitinho, peixada, conchavos, obras mil Brasil, licitação arranjada.
És, e não admito, coparticipadores dessa saga que traz aflito, tá certo, respeito a livre arbítrio, quieto, no âmago do silêncio, grito, não admito.
Reino calado, ninguém escuta meu grito, Deus é nosso lado, não podemos submeter, o opressor é inimigo, fere, aplaca, destoa, constrange, crê, você consegue, eu consigo.
Deus abençoe a todos.
19/07/2022 .. 20:36hs.
Rei: Giovane Silva Santos.
"CRÔNICA".
Um diálogo com o povo parte 2.
Povo meu, meu povo, destrinchar o ninho de cobras Brasil, quem mexe nesse ovo, inocente tua voz, e, ou muitas vezez algoz.
É verdade, na pele a opressão estabelece, convence e manobra tece, submetes, participam deste campo feroz, esta é a razão que perdes a voz.
Gente ferida, aquecida pelo teor sórdido e descabido, o Brasil é um complexo umbigo, livre e atrevido em vozes restritas, uma elite quer vê las sucumbidas, manifeste sim, pela vida, por Cristo medida, faça dela um ente feroz, cale se o barulho opressor, ganhe ti povo, tua voz.
Deus abençoe a todos.
21/07/2022 .. 20:45hs.
Rei: Giovane Silva Santos.
"CRÔNICA".
Um diálogo com o povo 3.
Meu povo, povo meu, eis que a liberdade pode ser contestada, embora seja um direito seu e meu.
Liberdade em bradar pela dignidade, pelo espaço a conquistar, a liberdade de cruzar os braços, na medida que seu regaço, veio a fadigar, ser livre seus passos, salve bagunçar, daí a contrapartida algemada, a liberdade pode ser contestada.
O homem pela honra, a mulher pela dignidade de escolha, respaldo pelo livre arbítrio, que seja pleno e sensato o grito, que escrevam seus destinos, quebre o crivo dos desatinos, redija na memória a tua história na árvore da vida, és folha, prisão em uma bolha, sim, as labaredas da bebedice, os prostíbulos vivos a arregaçar, contenha se a não bagunçar, a mente torna se aprisionada, tua e ou a minha liberdade pode ser contestada.
Deus abençoe a todos.
23/07/2022 .. 21:01hs.
Rei: Giovane Silva Santos.
A CRÔNICA DO AMOR
O amor quando é mútuo, supera todos os limites da humanidade, ultrapassa todas as camadas da atmosfera. Transforma-se em algo inenarrável, indispensável e profano. Amar é vagar constantemente rumo ao paraíso. Entretanto não se enganem, esse fenômeno se desfaz. Pois a privação mundana é inerente ao egoísmo que promove a emulação. Assim todo encanto, e toda aquela beleza cósmica transforma-se num caos. É assim que o amor morre, porque ele só é perene quando é regido pela confiança e na cumplicidade sem fim!!!
030822III
Em 30/04/2004, escrevi esta cronica, sobre um menino baiano que completava 90 aninhos,
e que agora está compondo e tocando sua música para o Amigão,
deixando uma lacuna que jamais poderá ser preenchida...
Bom passeio menino baiano, nós que aqui ficamos, jamais te esqueceremos...
Fica esta homenagem para o querido e já saudoso menino baiano DORIVAL CAYMMI,
que tantas alegrias e felicidade nos deu...
Nunca é demais homenagear Caymmi, então aproveito para republicar o texto de 30/04/2014...
SAUDADE DE UM MENINO BAIANO
Marcial Salaverry
Existe na Bahia, um menino que ainda vai dar o que falar... Tenho certeza de que ainda será conhecido, pois tem um certo talento musical digno de nota. Podem acreditar no que estou falando. Esse garoto não se cansa das coisas da Bahia, ele adora passear em Maracangalha, e de vez em quando pega um ita no norte, e vem ver as coisas do sul. Também acha que é doce morrer no mar, ou então numa lagoa escura, arrodeada de areia branca. Ele se chama Dorival Caymmi. Guardem esse nome, pois ainda será conhecido...
Esse menino na flor de seus 90 aninhos, sempre impressionou por sua alegria de viver, por sua maneira de encarar as vicissitudes da vida. Sempre passou incólume por situações políticas, por ditaduras, e também por certos conterrâneos. Ele simplesmente é uma lição de vida. Nunca se ouviu histórias que pudessem lançar quaisquer duvidas, por menores que fossem sobre sua vida. Simplesmente é um personagem da vida brasileira que pode servir de exemplo para qualquer pessoa que queira levar uma existência digna, calma, sem maiores sobressaltos.
Claro que seu início foi difícil. Até formar seu nome, teve que mostrar seu talento. Há que se notar que na época, sem os recursos da mídia de hoje, os artistas tinham que vencer por seu talento, ainda mais em se considerando os preconceitos que existiam contra os artistas de modo geral, sempre encarados como marginais, como pessoas que deveriam viver à margem da Sociedade, apenas servindo como entretenimento. Não podiam se misturar “com a gente de bem...” Felizmente esse pensamento mudou, e foram nomes como Dorival Caymmi, Ary Barroso, e tantos outros artistas de escol os responsáveis por essa salutar mudança.
Então, esse jovem baiano chega a essa idade, fazendo com que todos sintam um certo orgulho de sabe-lo brasileiro, e um brasileiro amado em todo o mundo. Creio não existir nenhum cantinho deste nosso planeta onde não se saiba quem é Dorival Caymmi, e que não saiba cantarolar uma de suas músicas. Sou testemunha disso, pois escutei no interior do Congo, um garotinho assobiando Maracangalha, sabendo tratar-se de uma musica brasileira, e quando perguntei onde a tinha escutado, trouxe-me uma fita cassete de Dorival Caymmi... Não preciso dizer que quase caí de costas, ao ver que até lá, naquele canto perdido do mundo, nosso menino baiano já era conhecido...
Parabenizo Nana e Dori pelo pai que tem. E chega a ser emocionante o carinho com que eles se referem ao menino Dorival.
Dorival Caymmi... Espero estar novamente falando sobre você daqui a 10 anos, comemorando seu centenário, pois será sinal de que nós dois continuamos vivos e em atividade, e vou adorar falar mais um pouco sobre você, que sempre foi um de meus ídolos maiores.
Vamos juntar-nos num demorado aplauso, que é a melhor maneira para se saudar esta figura ímpar da arte brasileira. E vamos todos ter UM LINDO DIA, porque desta vez, a jangada ainda não voltou só... O garoto continua no leme...
30/04/2004
O Amigão está precisando de gente de talento lá em cima, e resolveu não permitir que o menino baiano pudesse chegar ao centenário... Em todo caso, espero poder fazer minha parte, e possa comemorar o centenário de nascimento deste genial menino baiano, e que estou fazendo agora, 30/04/2014...
Descanse em paz, querido menino, e do céu, continue nos encantando com sua arte, que jamais será esquecida por quem souber viver com amor no coração...
Marcial Salaverry - 20/02/2022 - De Santos para o menino baiano...
