Marcia lailin

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Tédio

A janela aberta, dia nublado
Livros caídos no chão
Rosto desanimado
Primavera, o mudar da estação
O café
A filha
O tédio
A encheção
A mesma música
Tocando sem parar
Entender, entender e entender
Começar de novo
Escrever, escrever e escrever
E não poder falar
Um palavrão
Ser amável
Obrigada!
(Lailin)

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Confidências


Não lembro mais de muita coisa e nem quero
Passo a maior parte do meu tempo ficando velha e esquisita
Lá fora na cidade vivem os homens eternamente jovens e eu digo a mim mesma: “logo que consiga andar virão me buscar”.
Enquanto isso começo desesperadamente a travar relações com outras pessoas
O que eu quero é não ficar só
Por que não acontece alguma coisa?
Por que me deixam aqui sozinha?
Quero ser amada
Quero que alguém responda ao chamado que cresce e se torna cada vez mais claro dentro de mim
Ontem eu tive um desejo de andar na grama, pisar na terra, molhar os pés...
Fiquei por um momento ouvindo a chuva batendo no vidro da janela...
E tive outro desejo
Descer as escadas sem pensar no que iria fazer
Atravessar o corredor escuro e sair ao encontro da chuva... e correr pelas ruas...
Ir ao encontro de alguém tão solitário quanto eu e abraça-lo
E eu iria com ele
Iria sim!
E aos poucos iria me entregando na terra fria e úmida...

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Confissão

Confesso
Eu matei Hemingway
E não estou satisfeita!

Inserida por Lailin

Livros

Tem crianças que aprendem a gostar de livros com os pais.
Não lembro uma única vez de ter ouvido minha mãe lendo algo para mim.
Tenho outro tipo de recordação dela em minha infância, mas essa está em branco.
A escola fez isso por mim.
Aprendi a ler em uma linda escola na cidade de Aluminio/SP.
Isso esta pintado em minha mente em todos os seus detalhes como um bonito quadro de Van Gogh.
E eu como se estivesse em pé, olhando a paisagem do campo.
Era um momento único... Quebraram a monotonia da minha existência e tem sido sempre assim, quando minha solidão se torna insuportável... São meus companheiros...
Os anos que transcorreram: Nunca esqueci.
A grande lousa e a professora colocando figuras com as vogais.
Com o tempo outras cartilhas foram surgindo e mudaram as regras.
Para mim foram sempre essas: A de abelha, E de elefante, I de igreja, O de ovo e U de uva”.
Não eram simples adesivos, tomavam formas, criavam vidas.
Sempre amei a escola, não as badernas que elas se transformaram.
Mas o mundo sagrado que elas me levavam.

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SOLIDÃO

O sol penetra pela janela da sala
Desejo que ele alcance minha cama
Mas não ele pousa nos livros
Os livros não precisam de sol tanto quanto eu nesse momento.
O frio foi feito para os sadios não para os doentes.
Já falei sobre o desejo de deixar esse estado e ir para outro onde o calor nunca acaba e o sol nunca se põe?
São 8:19, o relógio anda ligeiro, eu não preciso me apresar para mais nada.
Para que olhos? Para não ver mais nada?
Olhos sensíveis, mas sensíveis a quê?
Vocês compreendem, não é, que estamos sós.
Sós e aprisionados numa tela de computador.
Está me censurando? Claro, você tem ao seu lado aquela natureza jovem, saudável, aquela inteligência que desperta, cheia de promessas... É para a sua amizade que eu apelo.
Fale!

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SORTE


Seu nome é Anna
Que diabo é uma Anna no mundo?
Anna é um absurdo
É um simples sonho mau
Olhem para ela
É a última na fila do banheiro do H.C
Esta com a cabeça abaixada enquanto as lágrimas escorrem do seu rosto
Uma senhora coloca a mão em seu ombro e pergunta: Está tudo bem?
Diz que sim enquanto anda em círculos procurando uma posição para ficar
Duas horas de espera no frio corredor do hospital que dizem ser uma cidade
Imaginou fazer aquilo dia após dia, ano após ano, ate que foi
Enviada a um outro médico numa rua sem saída
Um prédio de tijolos amarelos
O médico olhando para ela disse: Eu vou te ajudar, vou te encaminhar para um bom médico ele irá te dar o remédio certo. Agora vá ate a assistente social.
Enxugou as lágrimas e seguiu pela faixa amarela
E aquela mulher como uma máquina deu a ela um papel que a fez voltar para a estaca zero
O mesmo lugar em que voltaria a receber um litro de soro com uma dose de morfina
Ficou parada na porta pensando e quando o segurança atendia um paciente ela entrou rapidamente driblando a dor
E olhando nos olhos do médico disse: Você falou que ia me ajudar!
E viu seus olhos azuis frios sem a doçura de outrora
Foi ai que a luz se apagou
E ela não viu coisa alguma
Somente seu corpo afundando em buracos de areias movediças
Então, pensou: Mulher de sorte
Aquilo era muito bom
O calor da areia curava seu corpo
E quando seu corpo subia ela sentia o vento que vinha do nordeste batendo em seu rosto
E era tão agradável que ela podia dizer francamente:
Mulher de sorte.

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O "BARATO" do carboidrato e da gordura


Sai de dentro da geladeira!
Desliga a TV e vai fazer alguma coisa
Come devagar! Tá parecendo seu tio Gabriel
Anda logo! Seu mole
Gordo, gordão! Parece um balão!
Olha só o tamanho da sua barriga!
Refrigerante? Bebe água
Você comeu toda a bolacha da sua irmã?
Daqui a pouco você vai ter de usar sutiã
Batata frita? Você tá louco?
Pode comer. Mas só um pedacinho
Com fome? Não faz nem uma hora que você almoçou
O que você está comendo escondido? Abre a boca... Seu...
Você ouviu o que a médica disse? Não lembra? Vou repetir: Se você tiver uma crise de bronquite, com a gordura que você está, irá parar na UTI. Sabe o que acontece com a maioria das pessoas que entram numa UTI? Não? Elas saem de lá deitadas em um caixão com cravos amarelos.
Mac Donalds? Até parece. Vou te levar é para um bom psiquiatra.
Andou só duas quadras e olha pra você, veja seus olhos saltando pra fora mal conseguindo respirar. O que você vai fazer a respeito?

Inserida por Lailin

O MAR

O controle do homem não cessa mais na praia. Ele deixou a sua marca no mar, uma marca feia. Repulsiva. Como ondas do mar lançam a lama e a sujeira de seus excessos. Espumam seus próprios atos vergonhosos, e os lançam a vista de todos. Esquecem que os oceanos são uma chave para a vida desse planeta.
Laura viu o mar pela primeira vez. O que ela poderia dizer sobre o mar?
O que eu poderia escrever a respeito? Procurei na minha memória visões, depoimentos, vivências... Pensei em Carlos Drumond de Andrade em Copacabana vendo o mar... O mar de Rubem Braga... O mar que trouxe Neruda ao Chile e depois o deixou na costa, e o oceano o golpeava com espumas e o vento negro de Valparaíso o enchia de sal sonoro... Agora...
Encontrei um mar desaparecendo da face da terra. O mar se transformou num depósito de lixo. Esgotos sanitários, resíduos químicos de fábricas, e as águas carregadas de pesticidas que escorrem das terras agrícolas, tudo isso segue em direção dos oceanos via barcaças, rios e tubulações. O homem trata os oceanos como gigantesco esgoto. Os banhistas enfrentam inúmeras doenças no banho de mar, ao caminhar na praia ou, recebem todo lixo de volta nos peixes que comem. E ainda perguntam de onde surgem tantas epidemias. Parece muito? Isso não é nada. Respire fundo. Devemos muito desse ar inalado aos oceanos, especificamente as algas fornecem cerca de 90 por cento do oxigênio que respiramos. Os oceanos desempenham um papel crucial no clima global e nos ciclos da chuva. Caiu a ficha? Embora se ouça em uníssono: “Que tempo louco”. Quem?
Chegará o dia em que ninguém mais ousará dizer: “Vou ver o mar"

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ROCKnrou e Amou

Sentados a uma pequena mesa toda a sua consciência estava focalizada no palco
Quem iria acreditar?
Tinha esquecido a máquina
Ninguém ficaria abestalhado a não ser ela
Ele viu nos olhos dela um brilho
Um brilho diferente
Diferente das fotos
Onde transparecia uma moça brava
Queria dar a ela uma noite maravilhosa
Repetiu isso por duas vezes
Estava em sua casa
A sua praia
O seu mundo
A noite do rock
A revolução na sua vida começou com Led Zeppelin
Estava no sangue
Esse modo de mexer
Esse balanço
Essa alegria
Era ele... As batidas rock se misturando com as batidas do coração
Pedia: Vamos lá na frente dançar...
Não, não foi...
Amanheceu... Ainda de pijamas dançaram
Não um rock, mas um bolero
Sentiu o corpo caindo para trás no travesseiro
O som da música vibrava em seus ouvidos
Com o braço cobriu os olhos
Fechou os olhos e entregou-se
Ouvia outros sons

Inserida por Lailin

INFÂNCIA

POR VÁRIAS VEZES OS MEUS PÉS E MEUS JOELHOS FORAM ESFOLADOS
E as unhas arrancadas
Aprendi a andar de bicicleta descendo uma ladeira íngreme
Amava a chuva
Era meu banho predileto
Comia aquelas formigas de bundão torradas e com sal
Passava as tarde brincando de amarelinha
Jogando bolinha de gude com os meninos
Pegava carona no trem de carga que passava no fundo da minha casa
Até ele tomar velocidade e ai pulava do vagão
Dava minhas fugidas e ia brincar no porto de areia
Rolando da montanha mais alta
Gostava de olhar as nuvens passando no céu lentamente
Imaginava para onde iam
Parecia um tempo infinito
Mal sabia que o pesadelo estava a caminho

Inserida por Lailin

SATISFAÇÃO


A tepidez do sol
O fresquinho da brisa
A fragrância das flores
O canto dos pássaros
A graça dos animais
As ondulantes colinas
Os majestosos penhascos
Os rios caudalosos e os riachos lentos
Luxuriantes campinas e densas florestas
O reluzir da neve ao sol
O tilintar da chuva sob o telhado
O cricrilar dum grilo no sótão
O coaxar de uma rã no charco d’agua
E o saltitar dum peixe que provoca ondinhas circular na água sob o luar....
Ainda mais o prazer de uma boa companhia...
Fomos feitos como criatura social
Com necessidade de pertencer a alguém
Um pensamento bondoso
Um toque que revela simpatia
Um gesto brando, um caloroso sorriso
Uma ação amorosa, o sorriso de uma criança brincando
O sorriso de um bebezinho em seu berço
A dignidade e a sabedoria duma pessoa idosa, rica em experiência de vida
Estas são as coisas que satisfazem

Inserida por Lailin

AMOR


O amor é a única resposta sã e satisfatória para o problema da existência humana
A derradeira e real necessidade de todo ser humano.
Trata-se de uma necessidade vital.
Sem amor perdemos a vontade de viver...
Uma dose de amor próprio é uma característica normal de toda pessoa saudável.
Ter a devida consideração para com si próprio é indispensável a toda tarefa e consecução.
Se formos duros demais e críticos demais de nossa conduta,
o nosso sentimento de culpa pode diminuir a vontade de viver,
em casos extremos, causar real autodestruição

Inserida por Lailin

LUME


Ficou deitada, contemplando, achando estranho
O tom, a cor da tarde... Algo a fez deixar o livro de lado e ir até a janela
Contemplandouma cidade pequena
de ruas difíceis e feias casas vermelhas
Ao mesmo tempo algo incomodava
Dando o que pensar
nessas ocasiões havia nela uma faísca
Um vislumbre,
um jato de luz nos seus penetrantes olhos castanhos
Isto tanto a intrigava quanto aborrecia
Sentia quando fitava o céu uma vaga nuvem de angustia e tristeza
Devia ter sido aquele lume
Focalizado expressamente sobre ela
Não via o sol
Via o fogo!

Inserida por Lailin

"AMOR"

Estava com medo
Qualquer mulher ficaria com medo
“Você não precisa ter mais medo” – Ele disse
Sim – respondeu
“Você não precisa ter medo, vamos fazer amor”
Sim! – Ela disse – Enquanto seus olhos fitaram o espelho no teto e viu refletido nele seu corpo e o dele
Virou o rosto e passou a mão pelos seus cabelos, seu rosto, a pinta que ele tinha próximo a boca e o abraçou bem apertado confundindo as batidas do seu coração com o dele
Fechou os olhos e pensou: O que seria dela logo mais quando amanhecesse?
Ele levantou o trouxe as taças de espumante
Estava nervosa quando colocou em seus lábios e de um só gole virou toda ela na boca
E então segurou o mais que pode
E depois
Um pouco mais violento
Um pouco mais rápido
Não sei se você me entende – Ele disse – Como é bom ficar nas nuvens
Como é bom fazer amor
E ela pensou
Ou, mais provavelmente não pensou em nada
Só fazia estar
Deixou-se ir
Agora...
Agora...
Agora...

Inserida por Lailin

STEVE JOBS

A inteligência, a boa moral, o exercício do domínio próprio e do amor podem ajudar a preservar a nossa vida, mas não podem 'esticá-la'. As células humanas normais são mortais dividindo-se apenas um certo número de vezes. Depois disso, elas param de se dividir. É um processo que tem sido comparado a um relógio interno que determina quando ocorrerá o envelhecimento e a morte. Os cientistas procuram mexer nesse relógio. Em vão...

Inserida por Lailin

MORTE

Em parte alguma da minha formação vou aceitar a morte ou o processo de morrer. A doença é o inimigo - a ser combatido sem trégua com todo recurso possível. A morte é uma derrota, um fracasso; a doença crônica é um constante lembrete da impotência do médico. A imagem do meu pai olhando pra mim com olhos assustados, sob um aparelho de respiração artificial na UTI, ainda me persegue até o dia de hoje.

Inserida por Lailin

Verdade

História em quatro partes

Por toda a parte havia verdades e eram todas belas
Ela tinha centenas de verdades
Mas não lhe contou todas elas
Havia a verdade do companheirismo
E a verdade da paixão
A verdade da riqueza e a da pobreza
Da sobriedade e da libertinagem
Da traição e do perdão
Centenas e centenas eram a verdades e eram todas belas
Depois entraram em cena as entidades
Cada uma delas agarrou uma dúzia de verdades
E a verdade usurpada transformou-se em falsidade

Maria Callas

Ela era uma deusa
Não tinha existência real
Tinha voz, mão, olhos, pés...
Quanto a voz era colossal
Totalmente incomensurável
Andava com a fama
batendo nas estrelas
ia com uma passada
de um país a outro
fazendo com o farfalhar de suas saias
um redemoinho tão
violento, que sugava
os homens para fora de casa

VIDA

Faz tempo que não escrevo nesse diário
Já é hora de deixa-lo de lado
Comecei a escrever quando achava que algo ia acontecer
Nada aconteceu
E o diário perdeu o seu significado
Hoje no colégio fiquei nervosa e senti tontura
meus amigos pediram para me acompanhar até em casa
passei na farmácia e comprei um analgésico
Estou grávida vou ter um filho
Em dias incertos tive relações
Talvez seja um filho o que falta em minha vida...
Acontecer ou não acontecer
Ele insiste em telefonar
mas eu nunca mais atendi o telefone
Mando dizer que não estou
Tinha necessidade dele mas agora
A intimidade esta quebrada
não o amo
Inclusive a esse filho que esta nascendo em mim
Pela primeira vez na minha vida
tenho que tomar uma decisão
que ninguém mais pode tomar em meu lugar
Logo mais eu destruo esse diário
Não precisarei mais dele
E talvez...

Inserida por Lailin

Obrigado por me fazer chorar
Isso foi bom
foi bom sentir as lágrimas caindo
molhando o teclado
assim abaixou o pó e limpou o coração

Inserida por Lailin

Hitler e o nazismo as fotos em família

Uma rotina alegre e despreocupada
No final da tarde voltavam para seus lares
abraçavam a família como se tivessem passado o dia na empresa

As fotos surpreendem por não
demonstrar o monstro sádico que era em
suas ações

Muitos hoje são como ele e esses muitos
não são perversos e nem sádicos,
são assustadoramente normais.
essa normalidade é muito mais aterradora do que todas
as assomadas juntas

Inserida por Lailin

Meus olhos são perfeitos
porque eu posso viajar pra qualquer lugar
e você sempre vai comigo

Inserida por Lailin

Solidão

Tomo meu café da manhã sozinha
janto sozinha
nos dias chuvosos
ou nas noitinhas de sábado
fico no apartamento escuro, sombrio
Comprei um abajur
que deixo aceso
Pintei a sala de cor quente
pendurei alguns quadros
e removi lembranças ligadas ao tempo passado
Comecei a reconhecer a diferença
entre estar a sós e sentir se só
Existe um laço positivo da minha presente vida a só
que eu não devo desperceber
fazer o melhor que puder

Dor

A dor implacável devasta a vida
rouba a paz
a alegria
os meios de subsistência
tornando a vida infeliz
Alguns buscam alívio no suicídio
Albert Schweitzer disse: Como tirano da humanidade, a dor é mais terrível do que a própria morte"
A dor crônica é um alarme falso
não desliga
Essa dor leva as vitimas a gastarem bilhões de dólares na busca de alivio
Mutila a vida de milhões
Contrário a dor aguda
a dor crônica não é um sintoma
Não é um sinal de alerta
Não tem finalidade alguma

Chernobyl


Naquele dia
a radiação foi lançada
no ar, no solo, na água
mais que todos os testes nucleares realizados
e todas as bombas detonadas
Uma nuvem de medo
ansiedade
incerteza
pairou sobre a vida de milhões de pessoas
A nuvem se embrenhou pelas plantações de pinheiros
cobriu o bosque
em uma ação radioativa de cinzas
Toneladas de material radioativo
lançados na atmosfera
Os liquidadores lacraram o reator
transformando num sarcófago de aço e concreto
Perderam o seu lar
deixaram tudo para trás
roupas, dinheiro
documentos, alimentos
tudo que possuíam...
Um lugar lindo, coberto de flores
e campinas com lírios-aquáticos no riacho
uma abundância de frutinhas e cogumelos
Um acidente nuclear
Uma crise social e psicológica
com proporções esmagadoras
Só então entenderam que nunca mais voltariam

Inserida por Lailin