Cora Coralina
O Poeta e a Poesia
Não é o poeta que cria a poesia.
E sim, a poesia que condiciona o poeta.
Poeta é a sensibilidade acima do vulgar.
Poeta é o operário, o artífice da palavra.
E com ela compõe a ourivesaria de um verso.
Poeta, não somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia,
se extasia sensível ao achado
de uma rima, à autenticidade de um verso.
Poeta é ser ambicioso, insatisfeito,
procurando no jogo das palavras,
no imprevisto do texto, atingir a perfeição inalcançável.
O autêntico sabe que jamais
chegará ao prêmio Nobel.
O medíocre se acredita sempre perto dele.
Alguns vêm a mim.
Querem a palavra, o incentivo, a apreciação.
Que dizer a um jovem ansioso na sede precoce de lançar um livro…
Tão pobre ainda a sua bagagem cultural,
tão restrito seu vocabulário,
enxugando lágrimas que não chorou,
dores que não sentiu,
sofrimentos imaginários que não experimentou.
Falam exaltados de fome e saudades, tão desgastadas
de tantos já passados.
Primário nos rudimentos de sua escrita
e aquela pressa moça de subir.
Alcançar estatura de poeta, publicar um livro.
Oriento para a leitura, reescrever,
processar seus dados concretos.
Não fechar o caminho, não negar possibilidades.
É a linguagem deles, seus sonhos.
A escola não os ajudou, inculpados, eles.
Todos nós temos a dupla personalidade.
O id e o ego.
Um representa a sua vida física, material completa.
Pode ser brilhante, enriquecida de valores que ajudam a ser feliz,
pode ser angustiada e vacilante, incerta, insatisfeita.
Mesmo possuindo o que deseja, nada satisfazendo.
O id representa sua vida interior paralela, ambivalente,
exercendo seu comando em descargas nervosas,
no eterno conflito entre a razão e o impulso incontrolado.
Dupla vida inter e extra, personalidade se contrapondo.
Pode ser trivial e dependente, podemos fazê-la rica e cheia de nobreza,
nos valendo da força imensurável do pensamento positivo
emanado da vida interior que é o nosso mundo,
invisível a todos, sensível ao nosso ego.
Há sempre uma hora maldita na vida de um homem.
Pode levá-lo ao crime e às paredes sombrias de uma cela escura.
Um curto-circuito nas suas baterias carregadas,
uma descarga nas linhas de transmissão potencial.
Daí, fatos aberrantes que surpreendem.
Conclusões demolidoras de um passado brilhante.
Poeta é a sensibilidade acima do vulgar.
Poeta é o operário, o artífice da palavra.
E com ela compõe a ourivesaria de um verso.
Nota: Trecho do poema O poeta e a poesia.
...MaisReconhece teu erro.
Mesmo que custe muito,
ao teu orgulho e vaidade.
Jamais justifique o errado.
“Fulano foi o culpado.”
Arrepender e reparar
é o caminho certo
da Paz espiritual.
Sou espiga e o grão que retornam à terra.
Minha pena (esferográfica) é a enxada que vai cavando,
é o arado milenário que sulca.
Meus versos têm relances de enxada, gume de foice
e o peso do machado.
Cheiro de currais e gosto de terra.
Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.
Nota: Trecho do poema Ressalva.
...MaisRessalva
Este livro foi escrito
por uma mulher
que no tarde da Vida
recria e poetiza sua própria
Vida.
Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.
Este livro:
Versos… Não.
Poesia… Não.
Um modo diferente de contar velhas estórias.
Poeta é ser ambicioso, insatisfeito,
procurando no jogo das palavras,
no imprevisto do texto, atingir a perfeição inalcançável.
Nota: Trecho do poema O poeta e a poesia.
...MaisEu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar
Do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Ali fizera curso brilhante e mais brilhante concurso em concorrência com a fina flor da inteligência e cultura de vários Estados, tirando o primeiro lugar, recusando alta colocação no Rio de Janeiro, afirmando que estudara e fizera aquela prova não só para brilhar e sim para servir Goiás, sua terra, e que voltaria.
Cora coralina
Que desde menina
Mesmo sem ser muito letrada
Conseguiu abismar a moçada educada
Seus versos simples !!
Como de uma cabocla
Desse imenso Brasil
Varonil
Monstrou a todos nós ,
Que as mulheres
Desse pais continental
Que ela é a tal
Inteligente ......simples
Bem humorada
Deixou....... imaculada
Saudades em nossos corações
Coração é terra que ninguem vê disse Cora Coralina.
E eu digo: Coração é terra de sonhos, quisera eu andar descalço.
Cora Coralina
Minha doce Ana
humildade que encanta
das suas mãos
a doce profissão.
Transformou a doçura em palavras
e palavras em poesia
e poesia em sentimentos
e sentimentos em pessoas.
Sem se importar com gramáticas
com escolas literárias
priorizou a mensagem
para a forma virar simplicidade.
Dos becos históricos de Goiás
o cotidiano da nossa gente
canônica eternamente
doceira das palavras.
Leva o Prêmio Juca Pato
com o carinho da sua gente
Ana, Aninha
nossa doce Cora Coralina.
A escola valoriza mais quem não precisou dela para prosperar. Cora Coralina estudou só três anos, e seu reconhecimento é notório. Logo teremos um alunado honoris causa.
Esse poema é pra Cora Coralina. Beijos=).
Esse mundo e perfeito maravilhoso e tudo mais.
Mais Tenho Que ir porque?
Não sei mais tenho que ir.
Bom não é um poema mais eu acho que ficou bom.♡
A CORA CORALINA
Cora- Coragem,
Cora- Poesia,
Cora- Palavra,
Cora- Protesto,
Cora- Justiça,
Cora- Paixao,
Cora- Mulher!
Na inquietação- Coralina,
Na procura- Coralina,
Nos combates- Coralina,
Nos Goiases- Coralina,
E de Cora Coralina
Veste-se a noite de hoje,
E de Cora Coralina
E o verbo que se fez verso!
Ave poesia, cheia de graça!
Nave Goias- Anhanguera,
BENÇÃO CORA CORALINA
Cora Coralina
Vila Boa de Goyas,
Olhos de janelas coloniais!
Pedras dos becos,
Percussão dos cascos de burros,
Acompanhando sussurros
E incontáveis segredos.
Lágrimas e sangue pisado,
Em noite de lua cheia.
Casa de Câmara e Cadeia,
Trajeto do enforcado.
Igreja da Boa Morte,
Do choro do fraco e do forte.
Serra sempre dourada,
Das areias de Goiandira,
Dos sons da viola caipira!
Procissão do Fogaréu,
Dourando o escuro do céu.
Eterno Rio Vermelho,
História passada no espelho.
Na ponta da pena, o coração.
É possível saber qual doce fazia
No momento da poesia.
Doces glaceados,
Pé-de-moleque, goiabada,
Doce de leite com canela
Ou com raspas de limão.
O preferido, de batatas!
Passas, cristalizados,
Ambrosia feita no tacho,
E o milho na oração!
Água pura do riacho,
Moeda de ouro de Drummond,
Metal das minas do sertão.
Velha menina inocente,
Alma aclarada de gente,
Coloridamente cristalina.
Sérgio Antunes de Freitas
Dezembro de 2024
Quisera todos os seres Humanos terem um tiquim desse firme pensar de Cora Coralina, pois aí sim,de fato estaríamos nos humanizando e colocando-se de fato como se o outro fosse nós mesmos...
Estou em companhia de Cora Coralina,
e de Fernando Pessoa para te dizer
que você é a melhor companhia;
não que os dois não me sejam de grande valia,
a tua presença e teus sabores me concedem
uma intensa felicidade e grande magia...
Um beijo com sabor de araticum
é para mostrar que
o meu coração inteiro faz tum-tum...
um beijo com sabor de baru
é para dizer que és lindo a olho nu.
Fernando Pessoa deve ter escrito à toa
que o poeta é um fingidor,
o poeta não é um fingidor;
ele quando escreve sente
as dores do mundo, e também sente amor,
você tem todo o meu amor...
Um beijo com sabor de curriola
é para dizer que quero ouvir a tua viola.
um beijo com sabor de gabiroba
é para dizer que tens o meu coração;
e nele é o endereço em que você mora.
Eu, Coralina e Pessoa, agarrados nas asas da poesia,
estamos sobrevoando planaltos, planícies e córregos,
e ainda nós não experimentamos
os segredos e todos os mil sabores;
o Cerrado é terra de grandes amores,
brindo- o com todos os louvores!
Um beijo com sabor de cagaita
é para dizer que te conquistarei
de forma nada arcaica - e bem gaiata,
um beijo com sabor de buriti
é para dizer que o meu beijo foi feito para ti.
O Cerrado é a poesia perfeita e que emociona,
a poesia me permite até passear contigo no Cerrado,
e pedir que você se torne o meu namorado;
Coralina me deu coragem
para fazer doces e escrever essa cantiga.
Um beijo com sabor de pequi
é para dizer que te quero aqui,
Um beijo com sabor de mangaba
é para dizer que já sou a tua namorada;
e que estou inteiramente apaixonada...
Eu, Coralina e Pessoa,
escrevemos versos sobre o Cerrado majestoso,
os nossos versos foram escritos
para dizer que é chegada a hora da colheita dos frutos
desse amor infinitamente generoso,
amar de verdade é lindo como o Cerrado,
amar é maravilhoso!
