Contos de Cora Coralina
Eu não acredito no amor.
Eu costumo acreditar
Em contos de fadas,
Em criaturas inexistentes
Em tudo o que me contam
Ou deixaram de contar
Eu acreditei nas promessas
Que a moça ali me fez
Eu já me deparei com muros
feitos para serem escalados
Já vi flores crescendo no cimento
Tantas árvores floridas
Já ouvi e vivi sonhos impossíveis
Mas eu não acredito no amor
Porque o amor, é complicado
Os poetas escrevem, os poetas suspiram
Os contos retratam os felizes finais
Mas, hoje em dia, alguém realmente ama de verdade?
GRITOS DO POETA
Poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas
são gritos... São sentimentos reprimidos.
Pelo menos os meus poemas são.
Meus poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas são meus pensamentos;
Questionamentos armazenados na alma.
Dilemas, conflitos, mitos...
E até fuxicos, que evito externar,
Exponho nas linhas em versos.
Os meus poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas
são pensamentos que me ensinam...
Não perturbo a mente ninguém,
nem fico com cara de bobo.
Conversar comigo mesmo,
conversar sozinho não me faz um tolo.
Sou esperto, sei a quem contos meus segredos...
Conto-os a quem vai ter que resolve-los.
Contos de Esperança
Escrevo e sinto
apaixonado na esperança de alguém que há de vir:
E quando chegar...
Serei teu,lar
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No meu olhar
Já chorei tempo demais
Só, existi tempo demais
Sem ti, não quero mais
Antes de ser
Tu já era
O sustento
meu alento.
Então
Depois de tudo
Entre e permaneça
CORRENTEZA
"Embaço contos descidos emudecendo
Biômetros de aviventação,
Deposito no carreiro de cujus e decálogos contorcionistas,
Movimento o debulho da alfândega decrepitando abantesmas,
Novelo o incendimento alforrado do império das nesgas,
Calunio o tablado no incêndio homérico
Da quebrantação indistinta,
Desabrigo o pio votado por carrancas
Palhadas em domesticidades,
Depaupero o fosso envaidecido por acuômetros de saudação."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
POR QUE UM LIVRO?
Porque um livro parece casa
onde habitam todas as histórias
e contos de fadas
e poesias e lendas…
por que um livro tem vida
tem luz própria que brilha
e ilumina o caminho dos que querem
sair da escuridão
Por que um livro é pra ler
é pra brincar… é pra sorrir e sonhar
é pra fechar os olhos e ver o sonho se realizar…
Por que o livro traz emoção
por que ele te tira do chão
Por que não existe sozinho
precisa ler… tratar com carinho
Por que um livro parece casa….
Por que um livro me dá asas
Porque um livro é um tesouro
que enriquece meu coração.
De tudo o que eu já escrevi, de todas as histórias, de todos os contos, versos, e letras, a mais importante desejo escrever, que seja de espanto, que seja brilhante, que seja colorido, que seja inspiração, e o título é especial...
(A nossa história)
Os personagens são os melhores que poderiam aparecer... é simplesmente (Eu e você)
A real mentira dos contos de fadas
Passamos a maior parte de nossas vidas imaginando que existe alguém no mundo feito para você, seu príncipe encantado ou alma gêmea, mas isso é a maior mentira. Assim, acreditamos que temos a obrigação de casar, ter filhos, formar uma família. Mas na realidade, só fazemos isso para continuarmos mascarando esse sonho irreal, e porque temos medo de ficarmos sozinhos no final de nossas vidas.
Eu sonho com dias melhores
Onde o amor não exista só nos contos de fadas
E as guerras sejam apenas tristes histórias passadas
Onde ninguém seja dono de ninguém
E das trivialidades não existam reféns
Onde ninguém precise vender sua alma ao diabo
E nem se tornar um invisível na calçada implorando um trocado
Onde quem jurou o povo servir e proteger
Finalmente honre suas palavras e cumpra o seu dever
Onde a voz que grita por mudança por uma questão de consciência
Não seja mais atacada nem reprimida com violência
Onde a liberdade de expressão corra livre e solta
Onde só os beijos nos calem a boca
Ela não acreditava em contos de fadas,
E acreditou no que você falava!
A decepção foi tão grande ao descobrir que o que você falava era mais fictício do que os próprios contos,
Que naquele instante ela silenciou.
E guardou suas cartas forjadas junto com os livros de histórias inventadas,
E não mais as leu.
Chamo-te de bela pelas minhas esferas
de contos românticos, a seus encantos
Em lugares perdidos encontro-te em minha busca.
Seus olhos fechados sempre abrem os meus
Protejo meu cálice juntos aos seus.
Bebo do calor que você me faz
Possuo seus desejos, seu amor.
Linda que me fascina, que me desorienta
Desse jeito eu sei que você não aguenta.
Um menino chamado...
E tentando – ela milésima vez – ter um pouco de ti nos meus contos, percebo que o perco a cada maldita palavra, as mesmas que, por birra ou consentimento, fazem um carnaval em minha mente todos os dias. Percebia então a minha falta de respeito com o destino não aceitando outras linhas tortas no meu caminho, justamente por me adaptar em tua linha, tão confusa, e conseguir me aninhar nela. Desespero, talvez. Ver-te assim, tão vivo, tão morto, tão seco, fingindo prazer no nada, letargia óbvia, consciência adormecida, olhar vazio, consegui distinguir do sonho qualquer zelo que a ti já dedique, qualquer adoração maluca que, por milhas do tempo, me acompanharam feito uma máscara de porcelana. Tinha uma boca na tua boca que não era a minha. Você provou outro gosto, outra espessura. Você arruinou qualquer possibilidade do nosso par – por mais sem sentido que fosse -, e todos os afetos que algum dia pensei em te presentear num embrulho dourado. Eu não chorei, porque, veja bem, por mais que sentisse a enxurrada de lembranças me dando pontapés no estômago, a fuga das borboletas, a vontade de verter tudo que um dia escapou junto com o sol naquele fim de tarde. Apesar das pernas bambas, do caos me consumindo, do impulso insano de sair correndo e não ver, de ficar parada e aplaudir. Apesar da inveja de quem não conheço, do sentimento de sorte por cair à ficha. Eu descobri que eu alimentava um monstro aqui dentro, o alimentava com a tua presença, que num piscar de olhos pareceu morrer. E ao final de tudo eu ainda conseguia sentir pena daquele menino ali tão amedrontado, tão vazio. Ele era só um menino. Ele era um menino tão só. Contemplei a inexatidão dos olhos que há muito me acompanhavam nas mais diversas formas de sonho. Eu admirava o medo transcendendo em silêncio, e posso até ousar ao dizer que eu sentia o cheiro do teu desespero e ele fedia. Compreendi então, num lapso, que não precisaria mover um dedo, encontrar um significado para tanto desalento ou um conforto para a tua desordem. Percebia através da nuvem negra no contorno do teu corpo que tua desconsolação iria te matar aos poucos e você iria seguir se depredando. Sumindo. Virando o pó de uma biblioteca com livros sem história alguma. E até me atrevo a dizer que Gabito Nunes lhe dedicou a frase:“Você mal deve ter uma alma, quanto mais gêmea de alguém.”. Caiu a ficha de que eu não preciso querer o mal de quem faz isso sozinho, sem precisar de alheios.Acho que você vai me acompanhar pra sempre a cada loucura, a cada gargalhada alta. Porque você preencheu um vazio em mim que eu nem sabia que existia, e agora eu me sinto vazia também. Vazia de nós. Depois de tudo, eu ainda te desejo um novo recomeço e uma nova perspectiva. Eu te desejo um infinito mais bonito, mesmo que nunca o tenha visto. Desejo nunca mais te ver de novo. E pode passar quanto tempo for, eu acho que ainda vou te dedicar os meus melhores versos.
Um menino chamado...
Desculpa, mas eu acho nem sei o teu nome direto.
Líquido
Sempre havia
Numa leve brisa fria, faziam...
Duetos ao outono
Para assuntos, contos, sonhos do doce encontro
Solenemente suplico aos memoráveis encontros
Na sutileza prospera do amar.
Versos feitos de mosaicos, surpreendo em cantorias românticas
Em tantos porquês, haverá sensatez
Onde só fez, hoje só faz
Como sempre, foi capaz.
Eu não tenho ou melhor dizendo: nunca tive vocação para princesa de contos de fadas. Daquelas que perde o sapatinho de cristal ou morde uma maçã e cai em sono profundo a espera de seu príncipe encantado montado num cabalo branco, para ser seu salvador. Depois que ele sozinho lutou para o tal viverem felizes para sempre. Stop!!! Que egoísmo.
Ninguém nunca teve a curiosidade de saber como realmente seria os contos de fadas depois do"felizes para sempre?
Fala sério, na realidade os sapatos não são de cristais e nós mulheres, sabemos como um lindo par de sapatos podem fazer os pés doerem dançando a noite toda.
Sem falar do príncipe encantado, que de tão encantado, tem momentos que gostaríamos que eles sim comecem a maçã envenenada e caíssem em sono profundo, só para termos um tempinho para nós. Haja paciência!
E o que fazer com os herdeiros principizinhos? Que não nos deixam dormir de madrugada, nem ir ao banheiro sozinha!!! Chamamos os sete anões?
Nunca me encaixei dentro dessas histórias.
Gosto e me encaixo no conto da princesa "Valente"... cabelos emaranhados ao vento, a sensação de liberdade, nada de espartilhos e adora os pés no chão.
Ela é controversa, tem seus próprios critérios e opiniões próprias. Vai em busca do que deseja, mesmo que isso lhe cause alguns arranhões, mas pelo menos tentou! E na vida é assim ou você senta e espera as coisas acontecerem ou vai a luta atrás do que deseja.
Eu também poderia viver o conto que foge as regras do convencionalismo: "Sherek e Fionna", totalmente sem estereótipo e mostra a rotina do casal após o casamento, a chegada dos filhos, a falta de privacidade, o amigo que chega nas horas impróprias! Mas pensando bem ter um amigo como o burro, de horas boas, horas ruins e ainda vibra com nosso sucesso é coisa rara hoje em dia. Esse "burro amigo" dá pra relevar!
Mas, voltamdo ao conto, prefiro apostar num sapo que me prove ao longo do tempo ser um príncipe, do que ter um príncipe que num passe de mágica "pluft" vire um sapo.
Quero um conto de fadas moderno.
Não desejo colocar minha felicidade como responsabilidade de outra pessoa, assim sendo não aceito o mesmo. Não desejo sapatos de cristais, nem príncipes montado em belos cavalos brancos. Desejo sim alguém que me respeite como pessoa, que esteja ao meu lado em todos os momentos sejam eles bons ou ruins, pois a vida tem seus altos e baixos. Desejo alguém real que não reclame da minha tmp, que saiba conviver com meus defeitos, não me cobre peso ideal ou que eu seja igual a mulher nova que o amigo arrumou. Quero que juntos possamos superar todas as dificuldades que surgirem pelo caminho. Pra que enfim possamos dizer não felizes para sempre, mas, "apesar de tudo permanecemos juntos e se amando cada vez mais".
Enfim, conto de fadas é saber conviver com a diferença, os defeitos, desejar que cada sonho do outro sejam realizados, além dos sonhos em comum.
E que seja infinito enquanto dure, já dizia o poeta Vinicius de Moraes no seu Soneto de Fidelidade.
Do meu livro, ¨Contos que o tempo contou¨
Olhando com reverência a mata em frente de casa, erguia uma prece a Ossaim, o alquimista, o senhor das poções mágicas e curativas, o bruxo, o médico dos orixás. para que ele me indicasse a folha que sarasse a dor da saudade, e me fizesse te sentir mais próxima a mim! E foi então que os ventos de Inhansã trouxeram até meus pés uma flexa de Oxóssi com uma folha de papel branco nela enrolado, como a dizer que males de amor não se curam com chás, e a sugerir para que eu continuasse a escrever meus versos, pois a magia dos sentimentos aprisionados entre o papel e a escrita, te farão incorporar as doces lembranças que tenho de ti!
odai flores
O amor dos livros
Naqueles versos, contos
E também nas histórias
Tudo parece pleno
Amores nascem na amizade
São observados no instante
Há também os improváveis
Nos quais, a primeira impressão
Não aflorou, mas o tempo
O impossível se tornou
Um sublime amor
Há ainda, o amor platônico
Alguém que se apaixona
Por outrem, sem correspondência
Sua projeção é ilusória
Fazendo a pessoa cortejada
Ser um ser divinal
Amor também tem uma ligação
Na linha tênue do ódio
Neste caso, o ciúme e a posse
Se tornam arma letal
O amor se inflama, morre,
se quebra, se reanima, acorda
O amor talvez não seja eterno,
mas a nós ele torna eternos
Amor, quando ele é puro
Ele quebra preconceitos
Derruba muros intranspuníveis
É um amor libertador
O amor é isso tudo
É tudo e mais um pouco
Amor é cumplicidade e paixão
Da realidade aos livros
Dos livros pela eternidade
E a paz até a sublimação
(DiCello, 28/05/2019)
Vida Real? Ou contos?
Por que será que não e tudo como um conto de fadas?
Seria mas fácil encontrar um príncipe encantado? mesmo se antes,
tivesse que adormecer, perder seu sapatinho de cristal,
ser enfeitiçada por uma bruxa,
fala com animais, ter poderes,
ficar presa em uma masmorra com dragões,
e muitas outras coisas.
Mas vamos viver a vida que e nossa por direito quem sabe um dia a nossa vida vire um conto de fadas.
Nunca devemos esquecer que depois da chuva e tempestades
sempre tem um sol com um lindo arco-íris no final.
01
Cisma de Poeta
Certo dia, quando escrevia poemas, contos e poesias, cismei de fazer contas cá com meus botões. Pensando sobre crônicas e, ao me dar conta, narrava uma novela romanesca revestida de canções. A lauda ficou farta, e o texto ficou crônico. Ao desenrolar desse novelo, sem conseguir ser transparente vou seguindo sempre em frente a cosê-los com linha nobre e agulha de cristal numa panela de argila pobre qual a natureza enriqueceu. Já nem sei de que padeço se de minha alva cabeça, de dor de cotovelo, quiçá, água no joelho, ou de coração que esmaeceu... Continuarei com minhas estórias singelas como fiz antigamente servindo-me de espelho, sem plumas, diademas, ou métricas. Serei bem virtual. Falarei de gente fresca, empafiosa, morna, quente e mortal, e até da repelente. Crendo sempre no virtuosismo sideral, posto que a minha ideia fosse o filtro desse etéreo canal. Não há maior segredo quando noto em minha mente, e com a boca sorridente vendo dela escorrer o assunto previdente a jorrar pelos meus dedos. Às vezes fico pasmo dando a mão à palmatória, pois, poesia, conto, Crônica e outras fantasias cantam na mesma sintonia verdadeiras histórias de carnaval. Poetizar não está na simetria lógica da maioria, e sim no sentimento da minoria como dizem os cordéis pelas bocas santas de grandes menestréis. Crônica, romance, conto, novela e outras taramelas, fazem a distinção, porém, o que manda mesmo é o sentimento que vem do coração, portanto, deixemos de chorumela.
Assim falou o poeta.
Isto merece o meu aval.
Jbcampos
Lá estão elas rompendo a estrada.
Deixam distantes seus dias risonhos.
Já desistiram dos contos de fadas.
Hoje cultivam os seus próprios sonhos.
Lá estão elas cerrando fileiras.
Trazem enxadas e foices nos ombros.
Fadas Madrinhas se tornam guerreiras.
Marcham por sobre seus próprios escombros.
Se já não têm o destino nas mãos,
Se, sob os pés, lhes retiram o chão,
Ainda assim vão em busca da vida.
Se lhes acuam, empurram pra morte,
Criam desvios, mas mantêm o norte.
Seguem marchando feito Margarida.
(do livro: Fadas Guerreiras, à venda em www.caca.art.br)
Campo de Trigo Com Corvos, Contos, o Livro do Silas Corrêa Leite
A ciência é grosseira, a vida é sutil
É para corrigir essa distância
Que a literatura nos importa
(Roland Barthes)
“CAMPO DE TRIGO COM CORVOS”, Contos, o que realmente é? Primeiro: é um livro de contos, ficções, histórias, causos, narrativas e as chamadas acontecências, todas no belíssimo palco histórico e boêmio de Itararé. Segundo: a maioria dos contos premiados em concursos literários de renome, ou mesmo no próprio Mapa Cultural Paulista, representando Itararé. Terceiro: a prosa poética do autor, sua linguagem típica do “Itarareês” com o peculiar e todo próprio surrealismo e mesmo o realismo fantástico, para não dizer de, aqui e ali, um chamado transrealismo. E, o melhor de tudo: papo de bar. Na calada da memória, as bebemorações (ou rememorações) e um piá...o guri Silas contando, como se trazendo a sua infância consigo na linguagem, nos parágrafos. Para não dizer dos finais hilários ou, ponhamos: encantados. Bela capa, com autorização do Museu Van Gogh da Holanda. Orelhas bem trabalhadas. O autor tem o que se dizer dele. Prefácio arrebatador. De um poeta, ficcionista e ensaísta premiado de Portugal, o Prof. Dr. Antero Barbosa, acadêmico e professor universitário. Descasca literalmente o estilo do Silas, técnicas, vôos, criações, enlevos, símbolos de perplexidade. E valoradamente dá nomes elogiosos aos criames diferenciados do autor. Última capa, as citações de lugares midiáticos em que o Silas saiu, foi reportagem, ou entrevistado, da Folha à Jovem Pan, por exemplo. Depois e finalmente, o conto Anistia. Premiado. O macro espaço-Brasil trazido à Itararé e um menino contando. Da ditadura ao fim dela com a Era Collor e suas carroças coloridas. O muro como símbolo, metáfora. Lembra J.J.Veiga mas vai em veio próprio. Guardação. Um baita causo de Itararé. Bem construído, costurado, com um final pra lá de feliz e risador, ridente, sei lá. Boêmio...um continho joiado...lindo. Mimo. Caso de notívago. Câncer... então é um papo rueiro, de bar risca-faca, de roda de contadores de palha. O Anão é tão bonito que pinta virar filme, pelo que soube. Gente de arte (teatro, rádio, música) em Itararé de olho. Mágico. Justiça, então, tem um final altamente criativo, quase um achado fora de série. Escrever é um ato de sobrevivência, disse Eduardo Subirates (filósofo espanhol). O Apanhador de Cerejas, quando revela o que está realmente havendo (narrador direto), você sofre e chora e volta a reler para compreender a dor do narrador. A pior coisa é não sentir absolutamente nada, diz o rock do U2. Campo de Trigo Com Corvos é o melhor conto do livro. E o final se revela na última palavra. Você vai lendo, seguindo na contação do menino, quando se vê? Corvos, trigais, campos e, loucura-lucidez. Azul e amarelo, como a capa. O Inventor é cênico, fílmico, e um final que arrebata, literalmente. Endoenças é conversa de filha pra pai. Tudo em Itararé, chão e estrelas. E lágrimas. Congonha (ko goy – do tupi: o quê mantém o ser?), o conto mais premiado do autor. Como é que pode um final desses? Depois vem o Causo do Gibão e você tem ali uma graceza impressionante, andando com o autor pela narrativa e sua tessitura. O Enterro, então, é o melhor “causo” do livro. Por si só daria já um romance e tanto. Um pandareco, como volta e meia diz o autor, entre maleixo, cainho, guaiú, morfético, caipora lazarento (beirando um regionalismo sulino até), etc. Quando você pensa que já está bom, a mimese do O Osso. De novo você fica pensando: como pode escrever isso? Onde acha isso tudo? Técnica, estilo, domínio, condução, talento. Coió é triste, duro, o conto mais pungente do livro maravilhoso. O causo O Velho Martinho é bem contado em Itararé, o autor recupera pessoas, falas, expressões, dando registro à voz do povo, vox dei. E bota gente real: Tepa, Jorge Chuéri, lugares, bares (principalmente). Quando a Tragédia Bate à Sua Porta, foi elogiado e considerado belo e fílmico quando em debate online, pelo João Silvério Trevisaan. E O Silas Já foi premiado no Concurso Ignácio Loyola Brandão, Paulo Leminsky, Ligia Fagundes Telles, Salão de Causos de Pescadores da USP, etc. e tal. Então o conto de amor que faz você chorar. Ele Ainda Está Esperando. Um final que relembra kafka mas sem deixar de enlevar a leitura em prosa poética e ficar pensando no estupendo processo de criação com suas lógicas e ilogicidades maviosas, plangentes. Quando você pensa que acabou, um continho quase que meio infanto-juvenil, e o menino de novo que, na maioria das obras narra, conta, detalha, especifica, volta inteiro e completo com o conto sobre a bicicleta de um tio. Marquesinha, Periquitada. Você não leu? Não sabe o que está perdendo. Cada um arrasta um corpo atrás de si, debaixo do sossego das estrelas, disse Fernando Pessoa. Isso tudo e muito mais é CAMPO DE TRIGO COM CORVOS. Jóia rara.
-0-
L.C.A – Professora, Área de Designer Gráfico -E-mail: artistasdeitarare@bol.com.br
Blogue: www.artistasdeitarare.zip.net
Autor: Silas Correa Leite - E-mail: poesilas@terra.com.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
Goiânia
São os pés de Pequi
São os contos de esquina
São Os ipês as florir
Nossa bela menina!
E a cultura do Cine
E a riqueza do Ouro
E o parque dos jovens
De uma tarde tão brava
São os versos do Vento
O bosque em assembléia
O buriti verde em flor
É o amor em expansão
Céu Azul de cor rosa
Conversa afiada, um papo, uma prosa
De uma tarde calada
De um morro o alem da madrugada
São os versos de Hortêncio
São os cantos de orlando
Tanta coisa bonita
Coração do Brasil
Nossa bela menina
Que guarda tanta historia
Vai do choro a Viola
De uma vida em raiz.
Goiânia.
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