Coleção pessoal de portalraizes

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Árvore

Tentamos proteger a árvore,
esquecidos de que é ela que nos protege.

"O pensamento colectivo é estupído porque é colectivo: nada passa as barreiras do colectivo sem deixar nelas, como real de água, a maior parte da inteligência que traga consigo”.

(trecho do livro em PDF: Do livro do Desassossego – Bermardo Reis)

A palidez do dia é levemente dourada.
O sol de Inverno faz luzir como orvalho as curvas
Dos troncos de ramos secos.
O frio leve treme.

"Mas não falemos de fatos. Já a ninguém importam os fatos. São meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio”.

(em 'O livro de Areia' (1975).. [tradução de Morrone Averbuck]. São Paulo: Editora Globo, 1999.)

Ouve-me, ouve o silêncio. O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. Capta essa coisa que me escapa e no entanto vivo dela e estou à tona de brilhante escuridão. Um instante me leva insensivelmente a outro e o tema atemático vai se desenrolando sem plano mas geométrico como as figuras sucessivas em um caleidoscópio.

“O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro. [...] Tudo adormecido”... O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As Palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras”...

( na crônica 'Lagartas e borboletas', do livro "A alegria de ensinar". São Paulo: Ars Poética, 1994, p. 52.)

A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Agora eu penso uma garça branca de brejo ser mais linda que Uma nave espacial. Peço desculpa por cometer essa verdade.

( em "Memórias Inventadas para crianças". São Paulo: Planeta do Brasil, 2006.)

"Beija-nos silenciosamente na fronte. Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam senão por um diferença na alma".
(Dois excertos de ode, Álvaro de Campos)

"Assim a brisa nos ramos diz, sem o saber, uma coisa imprecisa, coisa feliz".
(Sem título: 09/05/1934)

Tomar distância, tomar tempo – a fim de separar o destino e a fatalidade, de emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la: essa é a vocação da sociologia. E é o que os sociólogos podem fazer caso de esforcem consciente, deliberada e honestamente para refundir a vocação a que atendem – sua fatalidade – em seu destino.

“Não sei de nada. Não há nada que eu saiba. Porém certas coisas se sentem com o coração. Deixa falar o teu coração, interroga os rostos, não escutes as línguas”...

(em "O nome da Rosa". [tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade]. 2ª ed., Rio de Janeiro: Editora Record, 2010.)

"... fazendo saber aos transeuntes: 'Atenção! lá vou eu, sou a gravata alegre anunciando que este homem acordou de coração vivo e peito limpo e que ele agradece ao Sol o brilho que vê nas folhas das árvores e na curva das ondas”.

( in "Manhã de Sol". Manchete,Dez/1960.)

"Só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas”.

( in: "Via Láctea", XIII)

Um país se faz com homens e livros.

Só se escreve com intensidade se vivermos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos.

Fisiognomia
Há longos narizes pensativos que parecem estar pescando. São uns introvertidos, uns inofensivos... O diabo são esses narizinhos arrebitados, sempre se dando conta de tudo.

(in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.)

Goiânia
“Em Goiânia, o dia não termina
e a noite é o dia interminável,
nas ruas lavadas de azul”.

(em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.)

“Estou com saudade de Deus,
uma saudade tão funda que me seca”.

( do livro "O coração disparado", em "Poesia reunida". 10ª ed., São Paulo: Siciliano, 2001, p. 213.)