Coleção pessoal de portalraizes

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" Em África tudo é outra coisa: a mansa crueldade do leopardo, a lenta fulminância da mamba, o eternamente súbito poente.
[...]
Se o silêncio é sempre um engano: o falso repetir do nada em nenhum lugar. Em África tudo é sempre outra coisa”.
( in "O fio das missangas")

Já é mais tarde do que você imagina. Não perca os momentos bons que a vida está lhe oferecendo enquanto você se encontra sobre o abismo.

“A arte não suporta o efêmero. Ela é uma luta contra a morte. O encantamento não está no que se vê. Está no que se imagina”.

(Em ‘Mulher com uma vela’ – Pensamentos que penso quando não estou pensando – Editora Papirus – Página 85 – São Paulo, 2012.)

"No paraíso não havia templos. Deus andava pelo jardim, extasiado, dizendo: 'Como é belo! Como é belo!'. A beleza é a face visível de Deus". (Em Se eu pudesse viver minha vida de novo)

Amor-próprio

Ao contrário do amor,
o amor-próprio não acaba nunca.

Amor

Comer sem fome, amar sem desejo,
é tudo a mesma coisa.

"A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la”.

( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa],no Livro do Desassossego. (Org.) de Richard Zenith - Assírio E Alvim, 2008.)

"Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero”.

( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa],no Livro do Desassossego. (Org.) de Richard Zenith - Assírio E Alvim, 2008.)

E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste.
Não vejo, sem pensar.
Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter.

(Livro do Desassossego - Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa)

"Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros
com alma igual. A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas...
Releio?Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro.
Já não compreendo nada”...

(Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)

Coexistência pacífica

Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros.

Família desencontrada

O verão é um senhor gordo sentado na varanda reclamando cerveja. O inverno é o vovozinho tiritante. O outono, um tio solteirão. A primavera, em compensação, é uma menina pulando corda.

Dos leitores

Há leitores que acham bom tudo o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.

O lampião
A janelinha de acetilene do lampião da esquina tinha uma luz que não era a do dia nem a da noite... a mesma luz que banhava as pessoas, animais e coisas que a gente via em sonhos... aquela mesma luz que deveria enluarar, mais tarde, as janelas altas do outro mundo...

( in: Sapato Florido, 1948.)

Triste mastigação
As reflexões dos velhos são amargas como azeitonas.

(in: Sapato Florido, 1948.)

Dos elefantes
O único defeito dos elefantes é não serem portáteis.

( in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.)

Crimes passionais

Os verdadeiros crimes passionais são os sonetos de amor.

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos. A coisa em si, nunca: a coisa em ti.

(in: Caderno H, 1973.)

A mulher é uma nuvem: não há como lhe deitar a âncora.

(in "Na berma de nenhuma estrada")

"Agora sou velha ,magra e escura como a noite...Escuro que não vem da raça, mas da tristeza. Mas tudo isso que importa, cada qual tem tristezas que são maiores que a humanidade”.

(in "A Varanda do Frangipani “