Coleção pessoal de portalraizes

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“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.

(Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.)

Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém
despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana. Sábado de manhã é
quintal, uma abelha esvoaça, e o vento (...)

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

"A minha pátria é outra e ela está ainda por nascer."
(in " Mulheres de Cinza " pág .36)

Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.

"A vida me ensinou que a realidade é como uma piada e que não existe nada mais inútil que nossas projeções futurológicas: o final é sempre inesperado”...

( em "Na companhia de Rubem Alves: livro de anotações para mulheres”. Editora Best Seller ltda, 2010.)

"A piedade supõe uma condição de superioridade e a gente só pode se compadecer de quem sofre mais do que nós".

( in "Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas", Editora Siciliano, 1994.)

Beijo
Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.

( em “Tradutor de chuvas”. Lisboa: Editorial Caminho, 2011.)

Com o OO de espanto, seus RR guturais, seu hirto H, HORROR é uma palavra de cabelos em pé, assustada da própria significação.

Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.

"Os bens do poeta: um fazedor de inutensílios, um
travador de amanhecer, uma teologia do traste, uma
folha de assobiar, um alicate cremoso, uma escória
de brilhantes, um parafuso de veludo e um lado
primaveril”.

( excerto "XII - Sábia com trevas", no livro "Arranjos para assobio" (1980), em 'Poesia completa: Manoel de Barros'. São Paulo: Editora Leya, 2010.)

“Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso”.

( in "Autobiografia sem Factos". Assírio e Alvim, Lisboa, 2006, p. 128.)

Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que o Tempo passe tudo a raso.

"Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior, incômoda. Não havia paz. Indo depois cada um para seu quarto, com alívio nem nos olhávamos”.

( em "Felicidade clandestina".)

Domingo
O tédio e a diversão múltipla dos domingo amam entrelaçar-se.

( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)

Tenho medo do domingo maldito que me liquifica.

Mas se eu esperar compreender para aceitar as coisas – nunca o ato de entrega se fará. Tenho que dar o mergulho de uma só vez, mergulho que abrange a compreensão e sobretudo a incompreensão. E quem sou eu para ousar pensar? Devo é entregar-me. Como se faz? Sei porém que só andando que se sabe andar e – milagre – se anda.
Eu, que fabrico o futuro como uma aranha diligente. E o melhor de mim é quando nada sei e fabrico não sei o quê.

Dia das Mães

Quando eu era menino, o Dia das Mães se celebrava assim: as crianças que tinham mãe colocavam uma flor vermelha na blusa; as crianças que não tinham mãe, uma flor branca. Era tudo. Tudo estava dito.

Sobre o tamanho
Se o maior fosse o melhor, o elefante seria o dono do circo.

(do livro em PDF: Ostra feliz não faz pérola)

“Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores”.

(do livro em PDF: O Livro dos Abraços)