Coleção pessoal de mucio_bruck

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Não importa porque ou de que....


Há dias, horas, momentos de inércia ou fulgor
Que aprendemos que não temos o controle
Não somos donos de nós, de nossas vidas
Descobrimos ser peças em num tabuleiro
Num jogo de Santos, Milagres e solidão
Seguindo em frente num sem fim que fim não tem... ou tem!
Mas aí, já percebemos nós estarmos quase à margem
Da estrada, do jogo, da vida, de nós mesmos
A caminhada é mais que longa e sempre apressada
Quão poucas são as ferramentas prestantes ao alcance
Que cumprem a função de ajudar nesse insano trajeto
Por onde passam também os insones, os lúcidos
Temerosos delirante ou desatentos de alma pura
Que cansados de cada passo dado nessa rota
Nos descortinando, para sermos vistos como somos
E nada e ninguém: nem sejam Santos nem folhas secas
Caídas se um outono cruzando a contramão da ida
Tem olhos pra notar que há mais passantes que passos
E depois de tanto seguir, ultrapassar, sem descanso
O coração se cansa, desiste por nós, sangra abatido
E se assossega, se cala, simplesmente para
E sai de cena sem importar mais com a via que vê à frente
Não há mais o que sofrer, a alegrar, ser frio ou quente

Quem conta um conto, aumenta um ponto...

A curiosidade é sempre atemporal
Não fica sem jeito nem se intimida
É como bico de bule: pra frente
E quem a tem, sofre como todo amoral

Ser curioso não simples e nem fácil
Tem que inventar desculpas e ser ágil
Pra saciar sua sede de ser o primeiro
A ter notícia "fresca" do particular alheio

É querer ciência do que acontece
Na vida de quem é rico ou do que padece
Não é nada simples e muito menos fácil
Tem de ir de bar em bar, ouvir mais que falar

É preciso levantar cedo em qualquer lugar
Sentar na praça e até pra criança perguntar
Se os pais brigam ou vivem só de bem prezar
Se a comida lhe é farta ou dói de amargar

Ser curioso é quase um ofício
E esse trabalho suado não é ócio
É coisa de gente que aumenta um ponto
Sempre que conta a notícia que encontra

O curioso é um profissional como outro
Vive a gastar a língua depois de futricar
E sai, como sai a alardear... a noticiar
O que faz seja quem for, o que ele tem ou obtém

Ser curioso é lidar com o perigo eminente
É ter vocação para arauto em terras sem rei
E como passa seus dias em iníqua diretriz
Sem se aperceber que viver é amar e ser feliz

Desejo-lhe, extensivo à sua família, um dia de Felicidades e Realizações. Lembrando que o Criador, nos concedeu o dom e a capacidade de amar, dotando-nos das mais diversas e diferentes formas de expressar e ofertar esse raro e nobre sentimento. Amamos nossos iguais e amamos as diferenças, que sempre nos atrai... mas, não importa "qualquer maneira de amar vale à pena!"

Depois de sua maior idade...

O tempo não nega minha primeira ida
Ao seu lugar secreto, escondido, quase prestante
Morada de suas falas, de desejos e segredos
Arraigados febris em cada sua entrega
Florescidas incontidas, em meses e anos ardis, infiéis

Como negar que tudo se deu de fato
Em casuais conversas em canto virtual
Imbuídas de pretensões prévias e desejadas... um ritual
Que vem vivaz desde a meninice à pós-faculdade

Ali, a "auto alforriada", se deleita... mentindo, por libido vil
Postando dizeres que cuidam de planos pré arquitetados:
Indo à caça de incautas desavisadas... visitantes passantes
Fomentando incontida, o que dá vida à própria natureza!

Eu estava lá...


Quando não haviam as modernidades de hoje
O computador de mesa, o notebook, o tablet
O aparelho celular, o avião embarcado do bem e do mal
Cruzando veloz os céus a levar gente e malote postal

Eu me descobri criança correndo atrás de pipas e sonhos
Sorria por bobagens puras e certezas que só eu fiava
Crendo ser verdade o que conhecia das escritas de um tal Lobato
Que da arte imaginária, nas verdades infantis tinha sempre final feliz

Eu estava mesmo lá
A ver, estupefato, o Joelma e muitos outros queimarem
Quando contaram que no Araguaia passava um rio que liberta
Levando águas e intenções dos homens de esperança certa

Conheci, sem alarde, amadurecendo na maturidade
Que era preciso guardar cada coisa em exato lugar
Do falante Pé de Laranja Lima, a chegada da mulher para amar
Encarregando o tempo de me ensinar em jamais deixar de lutar

Eu estava lá quando a televisão anunciou guerras insanas
Atos terroristas, matança de Judeus e de inocentes crianças
Recordo do alarde da aids e da descoberta da estrada lunar
Da repressão da liberdade e da festa na vitória da igualdade

Eu estava lá, assistindo perplexo e atento, como vigia
Como vagavam as criaturas da noite em busca do dia
Aprendendo sobre paciência, tolerância e ciência
Mas o que marcou, foi saber adulto, festejar a infância

Depois da porta...


Dói a dor que não tem nome
Que vem, prende e consome
Dói não entender tantas vozes
Que só ou em coro falam ferozes
Línguas arcaicas que desconheço
Vindas sem pressa em seu começo
Dói os vultos que passam ao lado
Sombras que migram desfiguradas
Para dentro de meu lugar particular
Dói a fome ávida e desconhecida
Sofrida, gritante, jamais tida ou sentida
Dói rezar ao pé do altar e ver crucificado
O Santo de minha fé tão maltratado
Dói o desejo de partir no primeiro vagão
Pois se conta que a cura da sofrida emoção
Reside depois da porta da velha estação

A história escreveu, à pena de indescritíveis sofrimentos, de muito sangue derramado, de dores profundas, vindas das chagas das almas de cada homem que sonhou, acreditou e lutou para que o mundo possa ser sempre um lugar melhor de se viver, com igualdade, fraternidade e respeito!

As vozes de meu silêncio...


Meu silêncio é tomado de vozes
Algumas se dão a refletir o passado
O presente e até o que pode reservar o futuro
Vagam, divagam, cantam, sorriem e choram


No meu silêncio é que encontro tempo
De me ouvir e pensar no que fui, no que fiz
Pelos amigos, pelos desconhecidos
Por infelizes que desejei-os vê-los felizes


O silêncio que me vem
É o mesmo que a todos toma
Não sei quanto ao outros
Mas o meu é dado aos reclames


A cada tempo passado em silêncio
A paz que há em mim se incomoda
Com os mil penares falantes febris
Ao que os escuta atento e junto lamenta


Não reconheço todas as vozes
Que preenchem meu silêncio
Mas, se nele estão, há de haver razões
Então, as ouço, em meio às orações

É porque manda a Lei...


Raríssimos foram os homens
Que, dotados do Poder de representar a Lei
Em algum momento de sua orgulhosa carreira
Não sofreram um Processo ou Inquérito Policial


Assim, como foram raríssimos, esses homens
Serem apenados, ao final de cada um de seus processos
Com sentença severa ou que lhes fosse, ao final de tudo
Uma mancha inapagável escrita à pena em pasta funcional


O Ministério Público, fiscal da Lei e dado a opinar
No que se deve ou não fazer para o bom esclarecer
Dos fatos e crimes imputados como sendo de autoria
De homens que cumprindo a Lei, foram ao enfrentamento fatal


No calor dos momentos em que até um tijolo serve de abrigo
Barricada contra disparos dos projéteis de armas letais
Como potentes fuzis, escopetas, metralhadoras, granadas
É o homem da Lei que ali esta, na guerra do bem contra o mal


Quem ainda não viu o julgamento de um homem da Lei?
Nas barras de um tribunal isento, sabedor do que julga
Ciente é, que o réu presente é aquele que arrisca sua vida
Em prol do bem maior, anulando o sentido do mérito do julgo final


Porque sabem, testemunhas, promotores e juízes
Que o crime imputado ao agente da Lei que ali esta
Não é, em verdade, um crime, mas uma conduta
Que não tinha como ser evitada no combate mortal


E assim, decorre-se o tempo do ocorrido confronto
O entendimento do julgador e do fiscal da Lei
Claro como água límpida que brota da fonte
É necessário a incursão policial para o bem social

Brinco com o dito e com o que não foi dito
Afinal, o silêncio tem suas próprias falas
Brinco com a felicidade
Porque a vida que vive em mim
É feita da alegria que me atravessa
Brinco com as coisas do amor
De um amor que não é feito
Mas um que nasce pronto e toma o peito

Por tanto querer bem...

Meu melhor amigo, que desconfio ser feito de amor
Brinca de ouvir o silêncio, corre por entre as matas
Sobe pelas encostas de serras que nascem serenas
E em milagre, festejam nascentes de águas límpidas


Sorri do canto das aves e da esperteza dos bichos da mata
Que fogem dos perigos, sem deixarem trilhas nem rastros
Ali onde insiste a caça planejada, o voar das flechas atiradas
Disparadas pelos guerreiros de minha aldeia encantada


Ele corre à sua cama simples, colchão de capim seco
Quando no céu é chegada na noite, a primeira estrela
E antes de dormir, fala da passagem do rio e do vento
Que refrescava-lhe corpo e face, da admiração pelas cores


Incomodava-me quatro feridas que trazia em seu corpo
Uma em cada palma das mãos, uma em cada pé
Feridas expostas que, não raro, sangravam lentas
Jamais se queixou em tê-las, dizia ser graças de sua fé


Curioso, perguntei-lhe de tal chagas
E com os olhos brilhando, sem cerimônia
Me contou, como quem fala de esperança e encanto
"São marcas que ganhei dos homens e reis que amei!"

São nos anos primeiros,
Nas brincadeiras vividas em fantasias inocentes e mágicas da meninice
Que aos poucos nos convencemos de que os sonhos mais quistos
Acontecem em meio às novas descobertas, por sermos quem somos
E decididos, crescemos a cada passo, dedicados a nos construir
E de repente, nos pegamos orgulhosos, completos e sem culpa
De caminhar, íntegros e valentes sem jamais abandonar a luta!

Ciranda de construções e escombros...


Era tudo tão simples e fácil de se viver
Era tanta alegria num jardim de bem querer
Até o sonhar se acanhava, suprimindo vaidades
No viver dos momentos das muitas idades


Não havia fome e nem desamor
A palavra materna, o colo, o olhar
Eram alimentos que saciavam a alma
E fortaleciam o sentido do verbo amar


Não conhecíamos as guerras dos homens
Jamais soubemos, nos dias de nossa infância
Das atrocidades do mundo lá de fora, tão cruel
Família, viva, vivendo dotada de paz e tolerância


Todos, sem exceção, por acreditar, consciente ou não
Que a morte do esteio que a família unia, falta alguma faria
E na graça da viva roda dessa ciranda que o tempo revelou
Irmãos fiaram que a paz é um sujeito que adoece na união

Quando o abandono não é o verbo...

Aprendi com uma amiga, que quando viva era
Que em seus dias passados sob o penar da depressão
O que mais ouvia, além de não's, eram conselhos repetidos
Para cuidar de sorrir, de sair... passear... se enamorar

Se resignava com os mais íntimos, que doutores não eram
A afirmar que depressão não existia, mas não viviam o que ela vivia
Que tudo era coisa que a cabeça tomada de ócio causava e fazia
Que pra medicina, doença era câncer, lepra, cardiopatia...

Me queixou de dores incompreendidas, fome e abandono
Comentou ouvir estranhas vozes... vultos que a visitavam
Do sono que nunca chegava e que nada mais a importava
Até que se deu conta que o silêncio era sua melhor amiga

E acontecendo a decisão que tempo não teve de partilhar
Encontrou a paz buscada, depois da partida desejada
Deixando lembranças aos que se dão a lembrar
E desejo de aprendizado aos que não a souberam amar

Menina amada: Caminhar ladeira acima nunca foi sua opção... era uma necessidade e se chegando onde esperada era e tendo lá boa guarida, sabia ela que certa seria ali iniciada sua alegria. Após o decorrer das horas do dia vencido, imaginar a acolhida aguardada, avivava-lhe o desejo, aflorava-lhe quereres e resgatava a viva saudade que lhe era sentida e exposta à flor da pele. A ânsia incontida da entrega apressava-lhe os passos em direção aos braços que, ao grato encontro, entre si, dialogavam amenos e sinceros em toques de ardor, num aconchego sem tradução, vivendo assim um amar sem limites, sem pressa, sem desassossego. Entrega esperada, em destino traçado, absoluto em seu sonho... sonhado em tempos já passados, distantes, em que luares, sóis e estrelas, vigoravam apenas penares e pegadas solitárias.

É mesmo assim...

Ainda menino, conheci o valor da água
Tomado pela sede que o corpo cobrava
Me saciando na serena e farta nascente
Em sua brandura tépida, banho meu corpo
Nela navegando a paraísos de verdes matas
E na pressa dos dias, nunca a perco de vista
Pois me dei conta que sem água
Seja nos campos, nos mares ou em mim
A vida não se socorre e encontra seu fim...

A lucidez da loucura...

Onde se esconderam as cores?
Os olhos já não as veem e nem as têm
Evaporaram por algo errado ou certo
E algo insano não mais as permite por perto

Onde estão os amigos?
Vozes sem som, silêncio calado
Memórias de faces em finos rabiscos
Que se apagam no tempo dos segundos

Onde estão os irmãos?
Que mesmo distantes, ainda que pouco
Em prosas sadias, derramavam sorrisos
Até que o destino se cansou... e tudo parou

E a vida vem e faz novo e belo sentido
Na paixão de ter um amigo ou ser irmão
Por acaso, querência ou sem razão
Conta baixinho: amar nunca é em vão!

Fio que o destino se deu assim...


Furtou-me as melhores vividas histórias passadas
Que foram, quiçá, as sobreviventes da meninice
As memórias que jazem poucas e todas frágeis
Que se ascendiam apenas em lembranças confusas

Porque, senhor de meu destino?
Porque levastes pra longe os mais amados?
Que nos lúcidos dias, me foram estrelas e portos
Lugares seguros, na crença do encontro imaginário

Irmãos? Esses sim! Por encanto, de mim se pouparam
Tal qual aquele que na vida, um dia me antecedeu
Por isso, tenho com ele somente no conflito insano
Incessante, nos delírios que habitam no olhar de meu eu

E os muitos outros que em face de meu desatino
Me trazem o pesar da inércia na pressa do adeus
Sem se darem conta que, por si mesmos, em pronta decisão
Ganham a lamentosa incapacidade férrea do estender a mão

Não há reflexão ajuizada num vazio tão vago... sem cor
Uma tatuagem imaginária, gravada em desencanto
Que no tempo de certeza de uma breve emoção se esfumaça
E o vento que tudo leva, leva o amor ferido, quase morto

Olho quartos habitados por muitos estranhos eu's
Cada um, sem semente, em fraternidade ausente
Não nego a verdade que por teima, se revela em mim
Desde o berço, até hoje, onde aqui, se inicia o fim...

Irmão nem sempre é aquele que nasceu da mesma mãe, mas sim, aquele que esta sempre ao seu alcance, interessado em sua vida e que ouve mais do que fala. A beleza do diálogo entre irmãos, muitas vezes reside no silêncio e na ação.

Inclusão e respeito de um ser humano para outro, não passa pela aceitação ou pela tolerância, mas sim, pela educação e educação é um patrimônio intelectual que só se ilumina com interesse pelo aprendizado e entrega, adquirindo assim, uma visão estética do amor fraterno que favoreça a (re)descoberta e a lapidação de nossos próprios valores!