Coleção pessoal de mucio_bruck

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A lucidez é uma virtude que somente os "loucos" possuem, porque são capazes de enxergar a realidade como uma forma de arte abstrata, nesse diapasão, o todo se torna um nada presente, assim jamais deixam de acreditar que os significados nada significam... e seguem vivendo à margem dos transtornos que somente tem os equivocados!

A vida é norte... é sul! É destino a cumprir, é corrente a seguir! Caminhos que passam saudades de momentos eternos, desses que ficam tatuados na alma... e maus também! O aprendizado que fica, fruto das passadas dadas nessa estrada, já o sabemos de cor! Mas, o futuro é lugar incerto e não há meios, certezas ou garantias, nem mesmo de saber onde ele reside ou se finda, pode até ser naquele pedaço de lugar onde eu possa te reencontrar!

UPAs/SUS: é ver para crer!

Com breve frequência, gente que nem conheço, mas, indicados por pessoas amigas às quais, nessas horas, fico pensando que na verdade, é aquele tipo de "amigo" que, por algum motivo, não me quer bem, surgem em minha porta, me trazendo pedidos ou perguntas inquietantemente desagradáveis!
Fazem estes, uma "ginástica" imensa, para me encontrar, pois sabem que não tenho apreço nem intimidades com essas modernidades, como telefone celular e, nesse campo, parece-me que há uma reciprocidade, pois as modernidades também não fazem questão nenhuma de criar vínculos de aproximação comigo!
Numa dessas visitas, um senhor, adepto do SUS, veio me incomodar e tentar me converter para o que nomino “Saúdismo Público”!
Ele, sem cerimônias, foi logo adentrando em minha casa e pelo seu caloroso e entusiasmado discurso, me deu a impressão de ser ele, um desses seguidores de seitas!
Tinha comigo que tamanha insistência objetivava a buscar maravilhar-me com a eficiência do atendimento médico prestado naquele, digamos, “templo”, que reunia, em um espaço físico indevido, pequeno e mal enjambrado, com recursos limitados de medicamentos e materiais médicos, notando-se haver mais seguranças armados que médicos e enfermeiros somados em quantidade, atendendo aquela massa de doentes, cada qual acompanhado de um amigo ou familiar ou simplesmente, desacompanhados. Dei-me por vencido ante tamanha insistência e o acompanhei a uma Unidade que chamam de UPA, e, logo na chegada, constatei que havia ali toda qualidade, raça e tipos discrepantes de pessoas enfermas e meu "acompanhante", apontava aquelas pessoas com um brilho no olhar, como se fossem resultados de um milagre, me dizendo; “daqui há pouco, todas essas pessoas sairão daqui com suas receitas para se curarem!”.
Olha, reparei que havia um quadro eletrônico que informava a chamada das senhas já distribuídas e que tais senhas já ultrapassavam a casa dos 800 numerais.
Confesso que temia ser contagioso aquele "gosto" pela longa espera de atendimento, ao ponto de se somarem em horas para ser chamado para uma sala de Triagem e ser atendido por um auxiliar de enfermagem, que definia "urgências e não urgências médicas", e cuidei-me de não ceder ao que tentava me convencer o amigo de meu amigo.
Estava convicto: não me converterei ou cederei a ser adepto desse desumano e falível Sistema Único de Saúde, amigavelmente chamado SUS, e pronto!
Quando avisaram que não haviam mais senhas a serem distribuídas, pensei, pronto: “agora, é que estou lascado, vou nessa tal UPA, chego com um início de gripe e, com tamanha sorte de amigos que tenho, saio de lá, no lucro, com uma pneumonia e machucado com a quebradeira que se deu início ante a tal comunicado”!
Mas, para cumprir minha palavra e parar de ser incomodado pelos “devotos” dessa quase religião, em companhia de meu cicerone, “Ti Neguin”, um homem confiável, contudo, um "chato de galochas, como dizia minha mãe, por ser insistente e curioso, mas um cidadão de boa fé, que ali frequentava, em espaços de tempo amiúde, dizendo mais claramente: “quase que diariamente, um desses “templos” de acolhida de enfermos”, e, principalmente, pra ficar livre desses infindos e desagradáveis convites, foi a razão da aceitação de ali estar!
Era uma visão aterrorizante: ver aquele aglomerado de centenas de pessoas de todas as idades: cadeirantes, idosos e crianças deitados em macas improvisadas, sobre pedaços de papelão, se cobrindo com surradas mantas, velhas e esgarçadas cobertas, sem uma cor definida e, mesmo assim, a primeira impressão que tive foi: “isso aqui deve ser muito bom, senão, estaria vazio!”.
Já estando na entrada, ouvi gritos que vinham do meio daquela multidão, que cheguei a crer estarem ali para pagarem alguma promessa: “gente, acode aqui, que a mulher desmaiou!”, mas, pior, o que mais me chamou a atenção foi a informação no painel eletrônico: “tempo médio de espera: fita verde: 07:40 minutos – fita amarela: 03:20 minutos, o que seriam tais “fitas” que teriam de esperar atendimento"? Preferi nem perguntar!
Só me tranquilizei um pouco quando percebi que aquele “mar de gente” poderia ser facilmente dividido em duas metades: uma que rezava e rogava para ser atendida e outra, que não se desgarrava de um terço já dominada pela aceitação de que o milagre da cura chegaria bem antes do atendimento médico.
Me convenci do que já me era uma certeza: “isso aqui não é pra mim não!”, e logo quis ir embora. Mas, “Ti Neguin”, empenhado em me converter ao “Saúdismo Público”, sugeriu que eu conversasse com algumas pessoas que usavam um adereço verde em um dos pulsos e cedi ao pedido, "puxei" assunto com um senhor, aparentemente idoso, mas lúcido, que ali aguardava sua vez de ser chamado para ser atendido pelo médico e iniciei a conversa: - “como vai o senhor”, perguntei e a resposta, veio de pronto: “esperando a morte! Tem oito horas que estou esperando para ser atendido e há pouco, avisaram que vai demorar, que é para termos paciência", mas o pobre sofredor não conseguia convencer a febre e nem a dor nas costas a terem a paciência que estavam pedindo e confesso que o assisti a não conseguir, a febre aumentou e as dores daquele ancião, em minutos, venceram-lhe a vida!
E assim, em poucos minutos e algumas breves conversas, me dei conta que aquele lugar tinha uma estreita e amiúde relação com o purgatório, num é?

Prosa de um Escritor: Comentários e Desabafos…

Sou um apaixonado pela leitura, pela boa arte, principalmente a brasileira, seja a interpretada em palcos, seja pintada em quadros e/ou couro, esculpida em madeiras ou em pedras, mas, especialmente pela música: se for MPB ou uma moda de viola, melhor ainda!
Mas, confesso: me dei conta de que não sou um artista de sorte apinhada!
Sou homem caseiro, de meia idade, não gosto de viajar distâncias demasiadas longas, também, nem curtas: não gosto de idas a lugares que sei que corro o risco de nada de prestante venha me somar, se há um incomodo que jamais me importei, são os que me trazem meus familiares ou uns poucos amigos.
Meus pares, em especial, não me apetecem quando se acham incumbidos de me darem palpites e conselhos, e é o que mais me pedem e, geralmente, independentemente do assunto, na grande maioria das vezes, me esquivo e assumo: não, me agrada opinar quanto a temas que são de fórum íntimo, seja para quem quer que seja!
E, quem bem me conhece sabe disso!
Admiro-me com o fato de não raro, receber em minha casa uma ou outra visita para dizer-me sobre quais temas devo ou não escrever ou simplesmente para tecer uma ou crítica, tomando meu tempo e perdendo o dele: muitos chegam a me encomendar uma poesia, prosa, uma mensagem para um seu amor ou ente querido, muitas vezes, gravemente enfermo, como se palavras o fossem dar a cura!
Na verdade, me incomoda perder meu tempo em receber pessoas que se creem músicos e vem em meu descanso me apresentar suas composições musicais e, na maioria das vezes, pra meu desespero, geralmente um Funk, e outros, de diversificados, estilos, mas, considero que, ou bem ou mal, são temas que fazem parte de nossa cultura, mas, no íntimo, muitos compositores e escritores podem ser considerados “doídos”, criando melodias e textos sem sentido, que nada conta ou nos soma em valia.
A expectativa é, num repente, receber à mão, digamos, um “enunciado” contendo uma nova ideia, uma escrita, mesmo sem rima, mas que seja prestante, o que seria uma surpresa, com passagens, que até sejam metafóricas, porém, que tenha excelência, ou pelo menos, seja uma construção literária ou musical que faça sentido, que tenha a capacidade de ter, em sua essência, uma mensagem, ou uma visão estética e instrutiva do tema abordado nos versos ou no desenrolar da prosa.
Como dizem os grandes pensadores: “A inteligência nos livrou da memória”, e isso se deu graças ao advento da criação do “ São Google”, e, voltando aos que me trazem o que produzem, a partir da sua capacidade de criar, para que eu os avalie, penso: “Vamos lá, pois, a princípio, só existem duas formas de se avaliar uma obra, a partir de sua criação: “as fatais e as não fatais à cultura”! As fatais são aquelas que, no excesso de erros gramaticais e que não “iluminam” o leitor, não tem a capacidade de “prender” a atenção e acho isso muito triste, dá a impressão de que os escritos ambicionam assassinar a língua mais bela e sonora do mundo: a língua portuguesa!
Tenho comigo que muitos escritores estão nivelando o bom gosto da boa leitura e a capacidade de criar obras pouco ou nada interessantes, com gosto nenhum e isso tende a colocar a literatura brasileira num patamar que não merece estar!

Lamento Sertanejo...


Uma canção
Para se ouvir silente
Sem entender o que sente
Essa gente sofrida e vivente
Sobre o solo rachado... seco
Hora, entre a sede e a fome
Outra, entre a fome e a sede
Sertanejo de bravo coração
Aguerrido na lida do roçado
Que fiel e crente, suplica em cantiga
Que a chuva lave a caatinga

Com você, aprendi tantas e muitas coisas
Que um beijo nem sempre ascende sentidos
Nem toma-nos por completo: corpo e universo
Que amar pode ser um navegar em bravio mar
De lembranças inquietas e entorpecidas
Que podem até serem bem vindas em abraço
Quando acendem desejo de luz e entrega silente
No vago tempo adormecido de um querer vivente
De ser menino em seus braços e laço errante
E em seu território ávido, semear amor amante
Pois, se seu jardim der flor, encherá de cor sua dor

Na Magia do Canto. . .


Tenho um amigo que sabe cantar
Que tem olhos que enxergam o belo
Onde ninguém pode imaginar que há
Tenho um amigo que sabe ir e voltar

Haja chuva, tempestade. . . sol a pique
Meu querido amigo tem um contrato
Assinado em si bemol, ou será à pena
De encantar, emocionar e nunca parar

Tenho um amigo que sabe cantar
Que aprendeu menino a amar e gostar
Que tamborila as cordas do violão
No compasso da melodia de seu coração

Não se atém a versos, rimas, métricas
Poe tudo no caldeirão e fabrica fantasias
Canto mágico que prende a atenção
De quem ouve, de quem passa e admira

Tenho um amigo que sabe cantar
E faz dançar a bailarina, vento e flores
Que rouba uma lágrima ou seu avesso
Entoa cantigas, faz rodar vivos sentidos


Tenho um amigo que não foge do Tom
Que nasceu chorando em ré menor
Cresceu viajando por escalas e ritmos
Entregando hinos de fé em seu cantar

Soneto de um Desejo...


Rosa de meu jardim, pérola rara, alva flor
Abrace meu penar com desejos de cuidados e amor
Preencha meus pulmões, invadindo-os com seu leve olor
Doe ao meu penar, o calor dos quereres de suas pétalas
Solte minhas amarras num suspiro de brando sonhar
Rosa de puro encanto, silente, inspire meu caminhar
Se a esperança atrasar, seja generosa, venha me cuidar
Troque meu pranto por alegrias e canto
Oh, silente jóia, que sob a lua desperta emoções
Contagie os poetas, os sonhadores e as paixões

Universo de meu eu...



Viajas em mim, leve, alado, desnudo
Sem rumo, sem norte nem direção
Vives livre e sabes bem alcançar
Meu peito amante e descansar


Viajas em meus olhos como a canção
Que transita de meus ouvidos ao coração
És a brisa que sussurra a valentia
Do anjo que cuida e ilumina meu dia


Viajas em minhas ternas lembranças
Por meu jardim, em puro olor de jasmim
Chegando a tempo de ganhar meu tempo
Minha emoção e o bom, ganho sem fim


Viajas pelas estradas de meus sonhos
Não te importas em passar as estações
Já tantas e tantas vezes decoradas
Desde as que partem às já esquecidas


Viajas pelo eu, refletido no espelho
Sendo-me nas retinas aquele quem sou
Minhas geleiras, meus desertos, começo e fim
Desbravando a vida que segue viva em mim

Armadilhas do amor...


Naquela tarde de outono
Sua decepção se socorreu em mim
Vieste decidida, em lágrimas e coragem
Num férreo desejo de necessitada acolhida
Seu corpo inquieto, alma e sentimento feridos
Buscavam bem mais que um abraço
Sofrias a dor da traição, da decepção
Imposta por aquele a quem se rendeste
Mais que isso, confiaste sua rica pureza
Cega, no acreditar de reciprocidades
De entrega de dedicação, paga com traições
Lembro de seu choro desiludido
Sua voz embargada, confusa
Olhar sem horizontes, sem esperanças
Bastou uma atenta escuta, doada atenção
Um carinho fora de hora, um beijo roubado
E uma nova esperança nascia ali
Sem enganos, sem trapaças... sorte sonhada
Num repente, o amor ferido sofrido e carente
Em meio a um querer acontecido, acolheu sincero
A surpresa gêmea de nos aceitar em sentimento

Passei parte da vida a "colecionar" amigos
Com o passar dos anos, poucos me restaram presentes
Uns mudaram de amigos, outros, nem chegaram a me ser
Trocar de amigos não é uma opção que há de se inculpar
Não há de se considerar a distância como abandono
Há sim, de se agradecer, ser feliz pela escolha do outro
Porque amigo é aquele que aceita e quer afinidade
É aquele que enseja uma boa e sincera reciprocidade
Diferente disso, não é amizade, é um bem querer
Reciprocidade é batizada como afeto, quando perto...

22/11 - Dia do Músico


Seria uma quase heresia se eu citasse o nome de cada músico que admiro, seja por seu talento, seja pelo conjunto de sua obra, mas, especialmente, por ser músico! Numa melhor tradução, se pode afirmar, MÚSICO: “aquele que talha e constrói a arte, com paixão, devoção e talento. É o artista que conhece cada fibra da emoção viva no coração do outro e, por bem conhecê-las, as toca com delicadeza, e deixa sua marca tatuada em quem o ouve, emanando encanto e magia nos versos musicados que entrega, com graça e desejos de bem!
Meu carinho, respeito, admiração e gratidão a cada músico, operário da arte!

É no jardim do desamor que floresce a dor...


Lembra-se daquele tempo em que me fazias sorrir?
Nunca se atrasava e, por vezes, trazia-me algo
Uma manuscrito em rima, um bombom, uma flor
Mas, o principal, você se trazia inteiro, completo



Lembro-me de seu olhar e perfume a cada chegada
E durante o tempo passado juntos, de cada seu toque
Fazias de mim, merecedora do paraíso havido em nós
Sentia ser normal, viver a paz e a vida de bem querer


Desapegos materiais me vieram naturalmente
Cedi aqui, ali, abri mão de egos, nada que um dia
Falta fizesse ao meu eu e me senti mais gente
Mais bem vinda em mim mesma, mais mulher


Por isso, já não me reconheço no espelho
Essas marcas que deixaste em meu corpo
Não são minhas, são resultado de incompreensões
De esquecimento de quem somos e nos tornamos


Meu sangue não deveria sair de minhas veias
Me ser retirado pela insana e violenta ação sua
Meus braços, acolhem o resultado de sua ira
Que desejo insano é esse de admirar minhas lágrimas¿


O que ficou por ser dito?
O que já não te alegra em nosso amor sonhado
Se é que o amor sobreviveu à sua mão espalmada
Sou frágil, sou aquela que te espera, que se entrega


Vago assustada, só e ferida e não sei explicar
Em qual momento de minha... nossa jornada
Seu amar, carinho puro e fiel, se tornou gelo
E a alquimia de minha alegria, virou pesadelo

Morando em ti...

Conheço bem o afeto de seu coração
Seu pensar, seus desejos e penares
Em sua alva alma, que brinca com a minha
Reside-se-lhe a estrada de todo meu canto
Nele, respiro e encontro a luz de seu encanto
E em cada canto, semeio rimas e versos
E versando, me toma cissura de seu sim e não
Trago em mim um passarin, ânima de emoção
Por isso, não importa, se sua construção
É meu cativeiro, universo ou alçapão

Quando acordares. . .

Acreditarás mesmo que não te farei falta?
Que minha presença em sua vida é dispensável?
Que o que passamos juntos, um dia, esta sepultado?
Que amor é objeto de troca ou tema de esquecimento?


Diante de tudo que vivestes nas opções fizestes
Há mea culpa do destino, que não te deu atenção
Nos dias que um anjo não quis estar ao seu lado
Por curvastes a sentimentos e ideias impostas a ti


Mas isso não afetou o amor que lhe cabe
Porque saber amar é e sentir o outro vivo
Sadio e casto, na batida sã de um coração
Você é amado, mesmo tendo perdido a emoção

Outros mares...


A vida segue seu curso Ievada em frágiI nau
Atravessa caImarias e, não raro, em águas agitadas
Os destinos nem sempre são os mais desejados
A nau se Iança, segue sem temores, viaja confiante


O timoneiro tem seus mapas e estreIas como guia
Vezes, desatento, erra de rumo e vai dar em perigos
Encontra turbuIências e essas traduzem medos
Quantos se perdem do desejado fadário


Aportam em caís jamais sonhado ou conhecido
Experimentam, sem cerimonia, o medo dos navegantes
Não ter o domínio de assegurar o encontro ideado
E se adaptam ao que encontram... terras ignotas


O tempo viageiro, veIoz e incontido, desafia
A nau estagnada no porto improvisado
Guarda Iembranças, retratos, saudades
E a vida, em sorte ao Ieo, jamais seria como antes

Rara Maria...



Olha, Maria
Chegara em minha solidão
Desnuda da latência do pudor
Sem lamentos, sem sonhos, sem dor




Bela Maria
De alma tecida em retalhos de verdades
Estrela no olhar de muitas idades
Encanto que canta rimas e sã poesia




Pura Maria
Menina airosa, flor a desabrochar
Que no tempo lapidou e findou em alegria
Heroína num inverso de sorte que não merecia




Assim, Maria
Sendo seus atos e dias, magia renascida
Restou sincero, um caminho vivente
Não de interesses, mas de imensa valia




Uma estrada, Maria
Sem cercas, claras avenidas coloridas
Para abraçar o destino rogado
Iluminando o futuro, sanando o passado

A arte do Pangolelê...



A marcha compassada do Bertrano, era breve e indicava duas realidades: a idade já avançada do pardo cavalo e o peso da carroça que puxava, uma velha carroça coberta em lona colorida, tatuada em desenhos que remontavam à lembrança a magia da arte circense.

Era nela que o palhaço Bambolin, seguia à frente da caravana e nela, cabia tamanha alegria que ia do nariz de bolinha à peruca vermelha e todas as peças que ele vestia: roupas de cetim com formas de toda cor, todas bem cuidadas, guardadas em baús de madeira, que juntos, servia de cama para dormir, durante a viagem, a trapezista que também era atriz e não abria mão de fazer de sua arte, motivo para todo povo se emocionar e também, sorrir.

Circo sem bicho, sem cobertura, sem bilheteria, sem bancos nem cadeiras, sem hora nem lugar pro show que não pode parar.

As atrações eram tantas que cabia um mundo de sonhos na imaginação de menina, de menino, de gente grande, que viam nas trapalhadas do palhaço e no voo do homem bala, no estranho gigante João correndo atrás do anão trapalhão, na curiosa mulher de barba e se admiravam com Gismundo, o homem mais forte do mundo.

Mas havia um momento de tensão, a apresentação da bela trapezista, que também era atriz e, de um lado pro outro, recitava, cantava e encantava a plateia!

A cartomante, nascida em Lisboa, além de interpretar o que via nas cartas, “lia mão”, adivinhava o futuro e dizia que bastava um tostão pra pagar a adivinhação.

O circo Pangolelê, era itinerante! Tinha somente artistas da vida, operários da felicidade, gente que tinha por regra, a falta de regras, naqueles eternos minutos que a atenção que recebiam, em encanto se fazia.

Ali, não cabiam sentidos e nem lembranças de sofrer, e pelo querer, transportavam a plateia para um universo de emoção e ficção!

Melhor seguir só...


Soube amar-te como poucos souberam, enganastes meu coração inocente, sem guardas e entregue, queria esquecer muitas de suas falas, seus modos que vagam por aventuras! Desejava deixar o calor de seu corpo conversar com a febre do meu!

Erramos nós quando vivemos na vida do outro, acreditando que haveria futuro onde sua reciprocidade da entrega tinha afinidade com a infidelidade!

Voz de pai...

É prá sempre
Não importa se serena ou severa
Se presente ou distante
Se dita ou calada

Voz de pai é pra sempre
Através dela, a gente entende
Porque a vida tem mais valia
Em dias de fúria ou de alegria

Voz de pai é pra sempre
Quando vigora ou se perde a fé
De tão prestante e calma
Prá ele, é voz... pra mim, é alma