Coleção pessoal de Arcise

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Não posso repensar a gente junto

É o interior que contamina ou embeleza a pessoa, eu tinha certeza absoluta que ele não foi feito para mim e mais certeza ainda que eu não era para ele. Eu precisava ter saúde e comer regularmente.
Procure se casar com uma pessoa que possa te oferecer muitas chances de ser feliz e seja essa pessoa também. Está estranho isso, Livre-se de algo que você não precisa mais, algo que está minando o seu eu interior, Sempre tive orgulho de ser forte, segura e independente, preciso me desligar completamente de algumas emoções.
Já fui escrava dos desejos, por vezes era preciso sepultar o meu eu, estar bem comigo é o primeiro passo para estar bem com meu marido, mas isso nunca acontecia porque ele não estava bem consigo.
Às vezes demoro um pouco para perceber as coisas, a adaptação a essa transição, embora difícil, poderá ser um tanto ou quanto suavizada quando você se sente bem sozinha.
Continuava aparentando muita insatisfação com muitas coisas, tentei me imaginar cometendo suicídio, mas eu voltei a me ver como sou e fiquei feliz com o resultado. Quase ninguém que eu conheço se casou com o primeiro amor da vida e isso era um bálsamo.
Por muitas vezes, ganhava para bancar meus luxos, sonhava com amor, mesmo que meu lembrete de geladeira me lembrasse que ele nunca foi bom o suficiente. No desafio de tocar a alma fui ensinada a voar.
Qualquer inferioridade minha era culpa da permissão que dei a ele, vivo repetindo isto para todos, sempre chegou em casa com seu olhar superior, nunca me desejou de verdade.
Dependia de mim convencer as pessoas que isso me magoava, planos não faltavam para fugir de tudo aquilo. Encontrei reflexos em mim de minha mãe, estava me vendo submissa como ela.
Não conseguia imaginar minha vida sem tudo isso, tinha estabilidade financeira, era feliz com a grana do meu marido e minha, sabia que a perda financeira me afetaria também.
Nunca fui de ir acompanhada ao banheiro, sempre achei que Liberdade de expressão resulta em muita confusão, eu filosofava achando que cada estação envolva todas as outras estações.
Eu me livrei, mas não foi fácil.

Mais se peca no amor que não se deu

Não havia razão para homenagens, não demonstrei amor, meu calcanhar de Aquiles era medo de amar, não tinha uma necessidade de me expor, mais um capricho em estar acompanhada.
Ofereço conselho quando não solicitado, todos os meus problemas de saúde se resumiam a gordura, minha alma desabrocha igual lótus, mas sou focada em muitas coisas e desfocada no amor.
Meus sentimentos me faziam tropeçar, cair, machucar, é claro que eram só acidentes, fui ferida pelo amor, mas vivo sobrevivendo e desistindo de outros prazeres, como comida por exemplo.
O amor que permeava tudo, anos de formação, uma carreira de sucesso, as conversas institucionais, as irritações da carreira, as negligencias com a saúde, evitei aquela conversa zero interessante.
Tudo começa e termina dentro de mim, minha responsabilidade é responder de forma gigantesca aos estímulos do meu coração e suportar o desfecho de minha história.
Estava lenta, não sobra energia nem para amar nós mesmos, o homem da minha vida era um estranho, não consigo expressar a profundidade dos sentimentos, não tenho entusiasmo, uma verdadeira metamorfose de sentimentos.
Jurei pelos manes de Buda que ia me abrir para o amor, ia tirar a melhor da situação da conquista, ia ser como as pessoas que sentem e escrevem sobre as emoções. Havia um tigre sobre este exterior comportado de autossuficiência.
Eu não suportava papo-furado, mas tinha a gentileza de me envolver em alguns bons debates, sempre achei que fiz por merecer aquilo que recebi. Depois de casada fui para lua de mel e gostei da experiência.
Ironia mansa é a gente se acostumar sem amor, se acostumar a viver como se a morte precoce e repentina, não pudesse aparecer, sem possibilidades de fazer as pazes com o criador, sempre preocupada com os nossos interesses.
Rastreei o problema até suas raízes, fingi empolgação pela oportunidade de solucionar tudo que me envolvia, eu me achava antiga e fora de moda, eu não me achava num relacionamento abusivo, no entanto, quando me abri para o amor, achava que podia perdoar qualquer coisa.

A ignorância às vezes é uma bênção

Os canais de diálogos entre nós haviam se rompido, os desaforos não desaforam mais, tive de fazer escolhas, estava pasma com a preguiça do meu corpo, a vontade necessita da constância, mas eu não tinha vontade nenhuma.
Por muito tempo fui gente fina, invadida de paz e feliz em viver. Cresci carente e ansiosa por intimidade, meus limites nunca nasceram de uma relação madura, no entanto, eu me sentia ótima.
A ausência do amor transforma ricos em miseráveis, a vida é o resumo do amor que a gente faz, a alma não marcha numa linha reta, não vibra como foguetes, não é o mundo encantado.
Meus pecados me entristecem, erro sempre pelos mesmos motivos, sou de decisões e gosto de cumpri-las. Eu não precisava de muito consumo para viver, às vezes é difícil expressar o amor que sentimos por alguém.
Esperar dói, esquecer dói, disse foda-se e merda a torto e a direito, não desperdiçava mais energia escondendo sentimentos ou fingindo ser o que não era. Fui morar sozinha.
Minha sedução pelo proibido sempre esteve presente em minha vida, eu era e sou aquele tipo de pessoa que fala alto demais, e nisso e juntamente com um momento de fraqueza confundi minha imensa solidão com um mero tesão inconsequente.
Minha vida é influência do pensamento ocidental, um vai e vem amoroso sem limites, as pessoas falam comigo e nem percebem o quanto sou carente, o quanto preciso me afirmar como mulher.
Não fui incorporada a sociedade moderna, sou influenciada pela raiva, nunca fui sedutora, era movida a recomeços e tropeços, jurava sobre seis bíblias, mesmo que estivesse mentindo.
Consegui me libertar disso, isso me ensinou a olhar a vida com outra perspectiva, fico mais confortável nua do que vestida, gostava de me exibir, muita coisa não fazia sentido, nem planejo que tenha.
Frequentar os mesmos lugares por décadas, dei passos para trás, precisei perder dez quilos, adotei uma dieta vegetariana e leve, mudar o corpo fez eu mudar a mente, palavras vinham da alma, sem sentido lógico.
Sou aquela pessoa que assumiu a própria vida em meio a ignorância, só entendi mais tarde o propósito do Amor que não se deu ao pecado.

O universo inteiro cravava os olhos em mim

Não tinha tempo para cuidar de mim mesma, uma pessoa muito perto de mim me deu essa dica valiosa, como se isso fosse motivo de orgulho, eu me achava atarefada demais para cuidar de mim.
A vida nunca vai me unir a vaidade, não combina comigo banhos demorados, salão de beleza e unhas feitas. Eu sempre pensava no que fazer quando coisas ruins acontecem às pessoas boas.
Sabia como cuidar de mim mesma, eu nunca mais podia viver sem mim, não sou plateia de ninguém, era um ser humano dividido e não conseguia enfrentar a vida com dignidade.
Minha vida estava sem voz, eu precisava enxotar coisas ruins da minha casa, cuidar dos outros é algo natural em mim, porém, coisas ditas consideradas imperdoáveis eu não tolero. Enxotei pessoas.
Sem regras, sem limites, encontrei a alma andando pelo caminho, a felicidade dela me deixa envergonhada, a vida era muito boa com os outros, as repercussões são sentidas em todas as direções, estava infeliz.
Não exija de mim, o que não pode dar, essa confusão toda era apenas eu mesma tentando entender dentro. Não gosto de conversar correndo, não sei tudo que você sabe.
No final de um momento percebi que as coisas estavam estranhas, eu era uma mulher forte e gentil, não resta dúvida que eu me amargurei, um mal ambiente que derruba até os mais fortes.
Estava com preguiça de ser eu e como compensei tal atitude? Com alternativas naturais, aprendi as lições necessárias e joguei fora o que não me serve mais. Não era para eu ter ido em frente se eu não tivesse agido dessa forma.
A vida sempre será incompleta, um aperto agridoce no peito, eu como para viver e não vivo para comer, isso mudou a minha vida. E se não houver ninguém além de vocês na história, lute por um final feliz para você.
Esperei muito a mão do destino, aguardava com orgulho mais um filho doutor, eles só me exploravam, dei meu sangue para cada um ganhar um rumo na vida, nada do que eu ouvia sobre Deus me contemplava. E foi assim que descobri que estava doente.

Faz jus ao seu destino

Viva a paciência como uma arte, o céu desabrocha para mim quando acordo motivada a exercer esse hábito. Também exerço o hábito de ser eu mesma ou de não ser coisa nenhuma. Depende se o hábito está ativo ou não.
A realidade me acertou em cheio, não era fácil conviver com ele, mas eu me esforçava ao máximo com a minha paciência adquirida, posso ser uma alma dentro de um corpo, pensava eu.
Tudo felicidadezinhas momentâneas, não havia nada de bom naquelas lembranças, mas eu era positiva. Tive que me explicar por necessidade porque estava sentada num bar, tomando vinho com outro homem, 3 meses após o falecimento do meu esposo. Eu comemorava inconscientemente.
Uma vez que nos decidimos, podemos nos manter firmes na certeza de que escolhemos o melhor caminho, mas nunca me decidi, a vida foi tomando decisões por mim e eu fui aceitando.
Não gostei de ter sido colocada nessa situação, mas me permiti passar por tudo isso. Mudar de hábito exige esforço e eu não me esforçava, mudar a cabeça é mais difícil ainda.
Para a mulher, o amor não basta. Tem que ter paciência e companheirismo acoplados, tem que se sentir importante, tem que ter uma vida satisfatória. Eu me balancei várias vezes e tive que correr, me esconder e até me acalmar para não trair.
Não era amadurecida, não melhorei como pessoa e não curei minhas feridas, a vida continuou monótona, meu olhar não tinha nenhuma expressão, a grande vantagem é que eu tinha muita imaginação e conseguia burlar meu sofrimento.
Às vezes a minha cabeça pegava fogo, não consegui acreditar em como fui descaradamente submissa, eu não era classe detentora da força, não tinha o mecanismo social da sobrevivência.
Foquei em outra direção, o mal não está nas coisas que nos acontece, o mal está em não enxergar que podemos mudar o curso de tudo isso, a gente não precisa aceitar o frisson assim, não sem questionar. O destino me livrou, mas eu não me libertei.
Senti a abismável e inexplicável sensação de vazio, tinha saudade de uma vida atordoada e infeliz, a gente se acostuma até com desgraças. Depois refleti que tudo não passa de um lembrete para seguir em frente agradecida a Deus.

Formam-se os tédios

Aguentei o sofrimento e as desgraças da vida com a mesma serenidade de um dia feliz e contente, o tamanho do meu desanimo não me afligia, com o tempo troquei remédio por alimentação.
A vida de sonhos não existe, a vida de medo também não. Eu estava física e mentalmente esgotada, cheia de mim, com sonhos supremos não realizados, tinha em mente que tanto o bem quanto o mal vinha da mesma fonte de Deus. Tinha que aceitar.
Todos fazem filosofia amável, todos estão resolvidos interiormente, todos reagem de forma positiva diante de circunstâncias injustas e arbitrárias, todos, menos eu. Eu sou um poço de chateações.
Estava sacrificando a autoestima, estava tentando encontrar o amor para suprir as frustrações, foi difícil entender que tudo no universo está em contínuo processo de caos e reorganização.
Jamais converso com pessoas em avião, tenho medo de expor a minha vida como sempre faço, meus aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais são compartilhados com qualquer um.
Não consigo olhar ninguém nos olhos por mais de dois segundos, parece que as pessoas gritam comigo quando me encaram, não tenho uma boa dose de maturidade e sabedoria, não sou uma pessoa legal.
Um sonho da criatura seria não canalizar energia pensando em coisas ruins, tinha que ser uma vida mais leve, ninguém deixa de ser negativa de um dia para o outro. Berrei e depois me arrependi de não ter sido fofa e isso acontece o tempo todo.
Anos de formação e não sou a pessoa incrível que eu gostaria de ser, comprei aquilo que necessitava, sei exatamente o que os outros pensam de mim, a única coisa que gostaria de realmente ter é a minha paz de espírito.
Já lidei com o problema de infidelidade, já lidei com submissão, já busquei a verdade dentro de mim, e finalmente a encontrei. A gente poderia ensinar a si próprio como viver de verdade.
A gente pode e deve despertar para a realidade mais profunda, a busca pelo que está perdido, a paz e completude interior.

Tudo que me acontece faz parte da vida

Precisei lutar contra todos os meus impulsos e instintos deturpados para não aceitar qualquer tipo de amor. Mudei estilos, me adequei as tendências. Meu sonho desatou quando percebi que algumas coisas eu precisava passar por isso.
Nada tirava a minha paz ou me fizesse questionar Deus, apesar de eu estar fora da vida dele faz muitos anos, na verdade só lembro dele quando preciso, na fase de pleno sentido existencial.
Minha vida não é nada ambicionada, meus pensamentos filosóficos buscam expor minhas dúvidas ao universo. Sou do pensamento: “então é assim que vai ser”. Minha infância estava impregnada de coisas boas e eu me sentia merecedora de tudo isso.
Por algum motivo eu me casei, mas o casamento nada tem a ver com a minha personalidade, existem sentimentos que não tem tempo que mude, minha falta de paciência para as questões além da minha orbita é um poço sem fundo.
Mentiras ocasionais podem funcionar para manter o casamento perfeito, apesar de ver meus pais resolverem suas diferenças com amor e respeito, sei que no meu caso o cenário pode até mudar, mas o personagem é o mesmo.
Eu preferi não dar atenção a essas peculiaridades, segui minha vida sendo feliz, parei um pouco de me imaginar como o centro das atenções, desanimei algumas vezes, mantive minhas amizades pessoais, tirava foto registrando a vida, olhava-me no espelho com a alegria das conquistas transformadas em rugas. Poderia viver assim para sempre.
Se uma coisa eu tinha de sobra era o ofício da autoestima elevada. Nunca tive o objetivo de agradar aos outros, quando chegar a hora certa, o universo me avisava que as coisas mudariam de forma pacífica ou em forma de vendaval.
Eu saberia viver desse jeito a vida toda, eu poderia amar sem limites e sem medidas nas próximas 20 reencarnações, eu me acho o máximo e acho fofo casais que malham juntos.
Certas coisas levam tempo para serem absorvidas e essa coisa de que a vida traz desafios para que você aprenda, é muito a causa e efeito que eu acredito. Sem repulsa, mas com gratidão eu aceito tudo que é para um bem maior.

Somos água eterna

O mistério da vida me fascinava e eu queria compreendê-lo melhor, busquei várias espiritualidades, algumas senti a energia. Eu estava tendo dificuldade para me adaptar à nova vida.
O melhor dos seres nas redes sociais não existia, precisava de meditação, descobri que o espelho mentia para mim. O ritmo de uma mulher é bem diferente do ritmo de homens.
Eu gosto da ideia de ter um segredinho, de ficar na dúvida, de não ser vítima de um destino, eu também amo passados e curto situações intermediárias. Sou adepta da saúde em primeiro lugar
Sou de insight, sou de convicções, sou um ser indisfarçável, sábia e indiferente, curto esportes modernos. Cada vez entendo menos os ciclos da vida. Eu não consigo descansar a cabeça.
A minha busca mística foi a melhor coisa que já me aconteceu, eu não consigo explicar. Mudou até a minha casa que ficou mais limpa e bem arrumada. Quando as coisas estão arrumadas por dentro há uma necessidade de arrumação por fora.
Convivi com crianças com dificuldades especiais desde sempre e não sei ao certo o que Deus quer nos mostrar, eu banco a garota paciente que não sou, eu me dava menos valor.
A vida nos permite ser diferente, sou a voluntária impulsiva que se sente livre para sair dos projetos que não se identifica. Todo esse ritual de escolhas nem sempre são pautadas na verdade que nenhum de nós sabe qual é.
Era preciso fazer uma escolha acertada, algo que me preenchesse por dentro. Precisava beber o remédio do silêncio e da tranquilidade, não me envolver em riscos no trabalho.
Odiei instantaneamente ter que saber todas as respostas, fiz uma tremenda propaganda dos meus últimos trabalhos, apurei o meu eu em cada um deles, fui acadêmica e sonhadora.
Nessas descobertas entendi que o amor vem de dentro para fora e que eu estava pronta para viver de forma confortável com o que eu acredito ser e minha responsabilidade perante o mundo.

Sou sensível

Telefono para meus amigos no aniversário deles, prefiro ouvir a voz, sentir a alma, olhar nos olhos, chorar junto e gargalhar das alegrias, sou poço preenchido, sou reações às injustiças.
Posso falar de mim, nessas besteiras que escrevo, posso priorizar a mim, nesse contexto de orgulho, não me julgue pelo que valorizo, sou insônia e sou medo, gosto de satisfazer minha curiosidade com energia, sou de encantos perdidos, não quero magoar ninguém.
Dou importância as frustrações, aos rancores e aos ressentimentos, preciso conhecer minha personalidade. Eu prometo me amar para o resto da vida, comer o que quiser, com absoluta impunidade.
Tenho os meus momentos de desprendimento, cinquenta porcento do tempo não sou assim, sou firme, mas não demonstro aos que me magoaram, não é uma capa, é só deixar passar.
Eu sou uma artista, tenho alma leve, brigo comigo mesma para que continue pluma, acreditava que seria assim para sempre. Mudei, virei autoritária e exigente. Muitas pessoas são infelizes apesar de terem muitos motivos para serem alegres, eu me exigia felicidade.
Se uma coisa aprendi com o Amor é que devo ser prática, dar importância ao que tem importância, a possibilidade de morrer deveria fazer brotar em nós o legado que queremos construir em cima da nossa imagem.
Eu me perco dentro da relação comigo mesma, reeducação alimentar é tortura ou castigo, zero empolgação, passou de uma semana fico a um passo da desistência, nunca me senti esperta nesse campo. Talvez a palavra certa seja inteligência ou talvez o fato de eu me amar de qualquer maneira me deixa desnivelada nesse aspecto.
Eu e a sensibilidade éramos almas gêmeas, tinha poucas horas para defender esta tese, por várias vezes me perdi por estar sensível, sou cortês e predisposta a ajudar, deixei de amar e não posso mais viver com alegria na tua presença, não sou de explicações, o que não me preenche, não me basta.

Harmonia entre quantidade e qualidade

Atitude para a posteridade é o equilíbrio. Atualmente os jovens não sabem lidar com suas limitações, a gente nota uma incapacidade emocional às suas vidas, experiências ruins e o ambiente social carregado de estupidez.
Conseguem controlar seus comportamentos muito bem, mas as suas mentes piram algumas vezes. Primeira vez de coração partido, já vira um momento complicadíssimo. Na minha época fiquei mal por não corresponder a um amor bonito.
Nunca têm a intenção de casar ou casam-se muito cedo, achando que a vida é diversão absoluta, sentem euforia e zero sentimento de culpa, sonham acordados, um constante tudo ou nada de emoções.
Alguns escolhem viver com drogas, querem se matar depois de um término, dormem pouco ou quase nada, são nocauteados pela internet, possuem fé inoperante e sem comprometimentos, são dispersos.
Os pais os amam de verdade, mas os protegem e o mal do protegido é o protetor. Em algumas fases, conselhos dos pais são somente abobrinhas. É tudo um exagero quando os pais percebem que algo está errado.
Um vínculo que resiste a tudo e a todos são nossos pais, correr da conversa não combina. Deixar seguir adiante, sabendo que a vida ensina é dolorido e às vezes necessário. Representa a própria maturidade.
Pressa em todos os campos, uma ordem mantida de ir para as redes sociais assim que abrem os olhos, vender tudo que não o agrada mais, doação é quase coisa do passado, a onda agora é brechó.
É cheio do passado que escrevo, a juventude mudou. Não existe mais aquele adolescente que conta estrelas, há uma dimensão fora dos limites do tempo e do espaço chamado juventude.
Quando alguém que a gente ama, morre dá vontade de morrer junto. A gente fica se lembrando das últimas vezes de tudo juntos. Somos da fase dos sem promessas e dos sem palavra.
Os hormônios não disfarçam aquela conferida básica que nos deixou excitados. Porém a força do equilíbrio é que não conseguimos ser compelidos a fazer algo que contrarie nossas convicções e a isso chamo de qualidade de vida.

Foi a primeira vez que me meti em encrenca por fazer uma pergunta

Fui criada podendo fazer todas as perguntas do mundo. Perguntar não ofende, diziam meus pais. Tive que caminhar um trecho considerável porque ele me deixou na beira da estrada. Sim, eu não podia discordar que as atitudes tomavam proporções inimagináveis.
Os agregados ficaram com pena de mim, eu me senti humilhada, parecia caso único, parecia que a tarde tinha virado noite de forma muito rápida. Fiquei irritada, confesso que mais comigo mesma por deixar chegar a esse ponto.
Eu não cheguei ao altar sozinha. O amor exige liberdade, se eu não puder dizer não sem que o outro queira me largar, então pode ser apenas ilusão de ter sempre o sim na mão.
Bebi ao ponto de não poder mais zelar pela própria segurança, eu vomitei e quase cheguei ao coma, eu precisava de pileque para entender que eu estava condicionada a respostas padronizadas de que homem é assim mesmo, tem seus repentes.
Eu me sentia tão justa no mundo dos injustos, tão boa no mundo mal. Antes de dormir dei uns berros, gritei e chorei sem me preocupar com os vizinhos. Nada na vida me impedia de surtar quando eu precisava. Era minha fonte de sanidade.
Depois de um dia, ele me toca quando passa, faz piadas e gracinhas, diz coisas fofas com a certeza que apagaria qualquer humilhação. Eu não era a vítima desprivilegiada, eu só o compreendia demais e estava sempre pronta a perdoar.
O mesmo problema me importuna por anos a fio, a vida dele se resume a família, as contradições entre me “amar” e não me respeitar. Desisti de expectativas. Muitas vezes respeitamos as normas mais por castigo que por convicção, nunca se mostrou disposto a conversar.
Não existe entrosamento, nada que justificasse eu estar disponível para me dedicar ao relacionamento, nosso maior bem, que seria o amor, não era concreto. O larguei sem jamais receber o devido reconhecimento. Fui ousada, destemida, estava desempregada, não tinha dinheiro nem para comprar escova de dente.
Quando a dor excede o amor, a relação se torna destrutiva e perde o sentido.

Existem vagas para deficientes sendo utilizadas por pessoas não deficientes

Espalhe essa ideia, a vida já é tão dificultosa para eles e você ainda insiste em magoá-los, os seus “só cinco minutinhos” causam uma tremenda dor de cabeça. Você não pode querer atitudes iguais com desiguais.
Somos idênticos na essência, podemos até pensar devagar em alguns casos ou não estar com o sistema neurológico em ordem, mas por favor, não agrida nossos direitos.
O mundo não é de fachada, de nada adianta seu ativismo nas redes sociais, se na prática nada funciona. Procure tratar melhor cada pessoa que encontra, seja ela quem for, ninguém perde por dar amor e confiança.
O mundo não gravita em torno de si, o universo não é casa da sogra, não estou pedindo para você ter atitudes impecáveis, estou pedindo apenas para você começar a praticar a justiça.
Talvez a sua maturidade emocional só aconteça quando alguém da sua família for um portador de necessidades especiais, talvez você só consiga ser ativista em causa própria.
Além de todos os transtornos, alguns ainda sentem solidão, a solidão de poucos amigos, a solidão de não se encaixar nas calçadas livremente, ser barrado por portas estreitas, enfim...
Nada nos autoriza a escolher o caminho da passividade, nada justifica que sejamos peso para o outro, nada nos impede de colocar riso onde já brotou mágoa e sofrimento.
Vamos amar por primeiro, a gente perde quando não pratica a empatia, a gente precisa assumir esse compromisso com a vida, exercer a cidadania sem tropeços, sem altos e baixos.
Tem tão pouco a ver com a nossa personalidade, tem tão pouco a ver com ser tímido ou antissocial, ou medo de tocar e machucar, se esse medo existe, a gente pergunta.
A única certeza é aquela que damos a nós mesmos, então sem desculpas e com o lema do altruísmo a gente se compromete a ver com o olhar do outro, a sentir com o coração do outro e a amar com a nossa máxima capacidade.

Em outra situação mais normal e menos romântica eu teria percebido o desinteresse. A vida vale a pena ser vivida, ela me dá o que preciso, amor romântico não alimenta muito a minha felicidade, sou feliz na solidão.
Lá vai o meu eu superior falar da capacidade de amar. Simplesmente aprendi a agradecer o que tenho, ser grata a minha mãe, que é a pessoa mais legal que alguém pode conhecer, ser grata ao universo.
A relação não é abusiva, nunca foi, eu tenho medo de mudança drástica, porém acredito que respeito deve ser preservado sempre, não há nada menos sexy do que excesso de confiança e eu sou assim.
Tento me perdoar no dia a dia, encho as mãos de alegria para perceber que me sinto completada sem par. Tudo está dando errado, não tenho mais esperanças, só transo com quem namoro, então vou deixando pra lá, aliás esse deixar pra lá me completa e afronta o senso comum.
Quando estou com raiva, deixo claro, não sou do “tá tudo bem”, não vou agradar por medo de perder, me sinto igual a todo mundo. Por vezes destruí a autoestima dele, mas eu estou restabelecendo-a.
Troco tudo que não me faz bem, quando o medo me consome é o momento de avaliar se isso é uma fase ou se se tornou a dinâmica dominante do relacionamento.
Sou bastante amor, vivo essa epidemia, não é amor romântico, é amor concreto aquilo que prego sempre sem perder a coragem. Olho para dentro de mim sem pensar no altar.
Sou engraçada! Eu fingia que a reciproca era verdadeira, queria entender muita coisa, qualquer pessoa com quem você tenha um relacionamento íntimo te leva a querer compreendê-lo.
Não vendo o amor eterno, ele andava estranho ultimamente, eu me sentia um laboratório de sensações, eu estava perdendo todo mundo com minha rigidez, levaria algum tempo para que as coisas voltassem a parecer bem, demorei a perceber que precisava ser flexível.
Não estava procurando os porquês da rejeição, eu também o rejeitei, estava atrás de entender o que era dito em palavras, gestos e atos. Quero olhar o amor e entendê-lo como uma convivência não monótona.

Acusando-me com o olhar

Sempre me senti acuada com olhar de julgamento, qualquer sinal de sintonia e desconfiança já me tira do sério, não vivo para agradar ninguém, mas amo retribuir com agrado quem eu amo e me faz bem.
Às vezes me sinto conectada, como se alguém fizesse aparecer à ideia dentro de mim, um mistério inexplicável, é raro eu pensar “minha nossa!”, mas me surpreendo sempre que isso acontece.
Descobri que algum lugar dentro de mim, um poço de maturidade. Já tenho 52 anos, já vivi tempo suficiente para me espiritualizar, deixar de acreditar em amuleto da sorte, aprender a perdoar o passado.
A escolha é óbvia até para uma retardada, a gente pensa isso depois que o click encaixa na nossa cabeça. Precisei examinar todo o meu subconsciente com cada detalhezinho.
Como eu posso explicar que durante anos eu não tenha pensado por dentro, nem uma vez sequer. Andava cheia de ilusões, só pensava em riqueza, descartava qualquer vida de voluntária.
E daí? Pensava eu, o mundo me cobrava respostas concretas e eu justificava que aquilo era para tirar o foco dos meus sonhos. No fundo, eu sabia que o meu destino não era o que planejei.
Não pude levar avante o discurso e a insensibilidade dos meus atos e palavras, meu caráter íntegro veio de fábrica, acompanhados de procrastinação e a minha habilidade em esconder minhas preferências mais simples.
Nesse campo propício dos altos sonhos, era preciso focar na própria vida e esconder a frustração de que ia passar a vida sem ser útil ao mundo. Viver é um milagre! Eu precisava ser grata!
Por meses, lutei de forma inapropriada para não enxergar as dificuldades além das minhas não reais necessidades. Eu vivia para impressionar os outros. Dizia que me amava, mas estava sempre tentando ser aceita até por quem não tenho intimidade.
Minha vida de não rica e de não apreciar tudo o que tenho me levou a ser julgada o tempo todo, era Deus que não pode dar asas a cobra. Poderia ter bem mais do que tenho se não decidisse compartilhar, mas a minha maior poupança é diminuir uma gota do oceano chamada: desigualdade social.

A ideia de homens totalmente desconhecidos não me excita

Em vez de superar as perdas, tornei-me refém do passado, para mim a confiança é determinante na amizade e no amor, escolher amores no aplicativo não me firma em nenhum propósito, não consigo passar uma semana nisso.
Desenvolvo primeiro uma bela amizade, a gente sai para conversar com a certeza que a noite ainda é uma criança, disfarça o ódio por alguns assuntos, faz pose com a expectativa do que a gente se tornou.
Percebi que éramos diferentes, muito diferentes, ele mais terra, mais vítima da vida, menos saciado com a igualdade de todos. Já eu, forcei logo uma intimidade, coloquei a palhacinha da turma em funcionamento, ela está no meu subconsciente.
Quem é salvo, quer salvar era a filosofia dele, tinha virtudes do caráter, ética e equilíbrio. Ele não cumpriu minha expecta, reclamei, resmunguei e me senti incomodada. Pensei comigo: Eu mesma posso ser a fonte da minha felicidade.
Tudo isso faz com que eu me sinta adulta, refletir sobre alguém tão fora da minha órbita e por outro lado alguém interessante. Eu e ele não conseguíamos nos separar.
Quando a intimidade chega, a gente começa a usar apelidos ridículos, começa a respeitar os sagrados momentos, já avisa que não adora dançar, desfazendo aquela mentira para conquistar.
Era fascinante para mim, perceber que não estávamos jogando, que necessitávamos de cura do relacionamento anterior, que perdemos um amor que acreditávamos e que a entrega e as rememorações do seu tempo era singela e como parte da vida.
Ele tentou, mas parecia empolgado. Estava um apaixonado crônico, estragava minhas expectativas porque ia com muita sede ao pote. A imaturidade dele era tão grande que procurou consolo em cartomantes que disseram do nosso final feliz.
Ele jogava o cabelo para trás a cada três minutos, ele fazia atitudes repetitivas e eu o achava emocional demais. Eu era a fria da história. Não tenho aparência adorável, não sou leve, sou um tiquinho materialista e me enfiei num buraco que não acredito.

Eu precisava encontrar meu caminho

Procurei uma especialista, a psicóloga Paula me ajudou muito, nunca me vi assim tão feliz, compreendi que o perdão era para me tirar pesos, sempre que quiser pensar nele grite pare e foi assim que me livrei de embustes sentimentais.
Ela me fez refletir como eu era boa, reclamona, mas boa. Abomino a mesmice e a previsibilidade, odeio rotinas, mas consegui entender os caminhos da aceitação, me sentia mais bonita e meus olhos brilhavam.
A beleza é um mistério, estava acima do peso, sem vaidade, mas o fato de estar me curando por dentro me fazia bela e interessante aos olhos de todos, não importa o que eu fizesse, as pessoas estavam encantadas comigo.
Pela primeira vez na vida, aos 51 anos, eu estava exercendo o poder em mim mesma, nada me parecia familiar, porque custei a ir procurar uma especialista? Porque fui pobre de espírito a minha vida toda? Porque não curei minhas misérias?
Era visível demais a mudança, odiava a solidão e agora me sentia bem feliz sozinha, eu tinha a minha verdadeira companhia. Percebi que algumas pessoas faziam falta na minha vida, a amiga de infância que o tempo nos afastou, a minha madrinha que perdi o contato...
O meu lado religioso/julgador foi extirpado, a minha empatia e forma de pensar melhoraram com as reflexões e os “tapas na cara” que levei, eu me encorajei a ser uma pessoa melhor.
Agora estava vivendo com segurança, deixei os perigos de uma vida mais ou menos, adoro uma filosofia viva, A-TI-TU-DE. Uma pessoa apaixonada pela vida não se comporta de certas maneiras.
Existem coisas quer não se contam nem a si mesmo, mas eu descascava sentimentos, imaginava significados, fazia partos mentais para me sentir entendida, amada, querida. Precisava aprofundar sentimentos.
De vez em muito, o vinho soltava a minha língua e eu acabava conversando muito, minha mãe faleceu quando eu tinha seis anos e eu não conseguia me desfazer dos seus pertences.
Quando comecei a ser grata por tudo que me acontecia, até pelas coisas ruins, minha vida mudou para melhor.

O amor nunca vem aos poucos

Lembro das palavras e fico surpresa com a coincidência de termos tantas coisas em comum, a gente curtia o sol, tinha sonhos parecidos de construir família e aquela sensação desagradável acerca das injustiças.
Eu procurava criar raízes em tudo, tenho muita personalidade feminina/romântica, desperdicei a única vida que possuo com amores ridículos se é que essa palavra poderia expressar o que eu realmente quero dizer.
A vida é um exame sem respostas certas, às vezes estamos querendo alcançar meta fúteis ou erradas. O amor entrou na minha vida, depois de um longo tempo de espera, o plano da vida não é tão imediatista quanto eu.
Não se pode fugir da família, da cultura, da época, das alegrias do pai presente, da intimidade com o mestre da minha vida. Ele se sentia inferior a mim, tinha um emprego onde ele foi nomeado por razões políticas. Tinha muitas críticas a fazer, mas tudo que colocava em cheque seu emprego.
É um tipo de pessoa que nada lhe escapa, tem vários pontos dolorosos no seu consciente, reabre suas feridas a debate e tem como primeira ferida a mortalidade do pai por suicídio. No momento oportuno eu digo alguma coisa, não tem muito o que dizer nesses casos, parece que as palavras não convencem, não são suficientes.
A gente valoriza a privacidade, eu estava fascinada por conhecê-lo, eu exalava tensão a tudo que me oprimia, tendo em vista que eu não estava aberta para o amor, ele veio sem permissão.
Achei que tinha perdido o caminho desse sentimento, achei que não ia mudar o comportamento de acreditar no outro, mas a vida não funciona tão bem como queremos, nem tudo faz sentido, os nossos projetos são diferentes.
Penso muito e com rapidez suficiente para desistir, escuto mais o coração do que o instinto, tenho sonhos estranhos que não vai dar certo, tento me ajudar a superar os traumas e não consigo.
Para mim tanto fazia, sei que ninguém escapa das dores de amor, no entanto, a perseverança é favorável e ela foi para mim. Estou feliz!

Coisas que poderiam mostrar-me em ângulo desfavorável

Muitas vezes quero surtar e paro para refletir o que as pessoas vão pensar de mim. Não tenho estomago para tomar atitudes por impulso e depois me arrepender. Perco muito tempo analisando como devo me comportar. Cansei da vida dos impulsos e arrependimentos.
Cansei de ódio de mim mesma, cansei de ser infeliz noite adentro, pensando nas coisas ruins que fiz ao longo do dia, cansei de desembaraçar minha sensibilidade. Nunca fui acostumada a contatos sociais fáceis e calorosos, tenho dúvidas quanto a isso.
É difícil falar livremente tudo que eu penso, o mundo está cheio de má vontade, as pessoas estão acostumadas a diminuir uns aos outros. Sempre fui direta ao dizer a verdade, mas esse não é um bom caminho.
Eu não resisto aos impulsos, estou consciente da minha vulnerabilidade, das minhas flutuações de humor, de qualquer significado emocional que o impacto disso me traz. Seria desonesto eu discordar de tudo que sinto.
Sentia-me aprisionada nas minhas atitudes, muitas vezes revigorante e perturbadora. Tinha sentimento de distância em relação as pessoas e uma preocupação exagerada com opiniões dos outros.
Mantive em cativeiro permanente das emoções, escutei as batidas do meu coração, evitei o poder de estar certa, aprendi a relevar comportamentos alheios, sem submissão e sem autoridade.
Falo por mim, não por você. Eu me incomodo com muitas coisinhas, isso me deixa pouco à vontade em revelar minhas facetas. Ignoro qualquer pergunta que não quero responder, finjo que não ouvi, nisso sou boa. Quem não obedece a si mesmo é escravo dos outros.
Preciso de envolvimento pessoal para evitar confusões, evitar discussão e surtos. Dá resultado. A gente fica mais minimalista nas atitudes, fica mais compreensiva e sensível, promete a si mesma não atirar a primeira pedra.
Espero confortar as personalidades de quem assim como eu precisa de conselho que enfoque a vida feliz e mais leve.

Eu mentia para mim mesma, achava que podia comemorar trinta anos de desilusões

Eu me apegava a fidelidade dele, nem sei se ao certo ele era fiel, mas nunca ninguém bateu a minha porta. Tentava expressar simpatia, sorria o máximo que podia, eu achava que se forçasse felicidade ela apareceria.
Comecei a conquistar a confiança das pessoas, vivia como a aluna que ensina seu mestre, gastava horas conversando pela internet, fazendo novas amizades. Eu distorcia qualquer relacionamento que me aparecia, qualquer um era o sonho.
Arrependo-me de ter lhe dado ouvidos aos outros, estava feliz iludida, ora cheia de convites, ora cheia de ordens. Desculpe pela tagarelice, mas sempre achei que falar era a solução para todos os nossos problemas.
Relaxei, elogiei a mim mesma, tinha que perceber o meu valor, o mais importante eu já tinha: coragem de ser eu mesma. Eu dizia baixinho: Tudo que não me mata, me fortalece. Eu repetia seis vezes ao dia “Você escolhe o estresse e o estresse escolhe a doença”.
Eu era a que brigava para disciplinar, não importava se era íntimo ou não. Tinha a ansiedade das coisas bem-feitas e tive que lhe dar com amizades partidas, mas os riscos sempre existiram, as pessoas tinham que aprender a me amar.
Gasto estritamente o necessário, parei de ser a gastona profissional, parei de consumir o que já possuía, nem tudo está resolvido porque curto viajar e isso requer bastante dinheiro.
Com o estresse fiquei uma pessoa doente, varri as convenções para debaixo do tapete, passei a me sentir constrangida com as mesmas roupas, os mesmos acessórios, as mesmas preocupações na mente.
Três pessoas me incentivaram a viver melhor, acho que elas representam bem aquelas pessoas que olham a alma dos outros sem tolice, sem achar que é frescura, mudando as suas vidas.
Passei um tempo discordando de todas as minhas escolhas conscientes. Muitas reflexões precisavam ser feitas, eu estava na crista da vida, com problemas no casamento, mas preferi não compartilhar. Fingia não ver e seguia minha vida adiante.

Não existe regra que diga que precisa usar maquiagem

Cansei de perder minutinhos de sono, já tinha se tornado um hábito para mim acordar cedo para me maquiar, era sério e íntimo minha mania de entrar nos padrões impostos pela sociedade.
Algumas pessoas usam a estética para socializar e nem pensam em como isso se torna automático, parece que facilita a vida nesse mundo medicalizado, lipoaspirado, perfeito, sem rugas ou linhas de expressões.
Os sentidos humanos têm poderes que nem sempre é explicado pela lógica, a gente gosta de tudo que dá prazer, revive o que já estava apagado na memória, a gente vai se depreciando quando está de rosto limpo.
A gente não é só medo de não ser aceita, a gente não é um manual que copia tudo que passa na tv, a gente não precisa ser aceita o tempo todo, a gente pode transgredir certas regras.
Chega de autocomiseração, seja grata pelo que és, não abra mão de cumprir o seu propósito, não descarte as chances que a vida te dá de ser você mesma. A gente poderia se preocupar mais com a essência do que com a aparência.
Ensinei um bom caminho para meus filhos, onde eles pudessem moldar sua personalidade, estou aprendendo a agradecer tudo que conquistei, também estou aprendendo a consertar as coisas.
Sou uma máquina de jogar coisa fora, não sou da cultura do instantâneo, não gosto de relativizar as coisas, não sou de evitar pessoas do meu convício pessoal, todo mundo é bem-vindo, com ou sem maquiagem, com ou sem humor. Aprendi que tem lições que precisam ser aprendidas e muitas dessas lições vêm da convivência.
Eu sou humana embora você não acredite, eu me magoo, mas não guardo nada de ruim dentro de mim, cansei de me envenenar e aprendi a ser serena. Junto com essa serenidade, me veio a opção de ser do jeito que me faz feliz.