Cidade
Cidade que amo
e que sofro ao ver
o quanto é maltratada
por políticos corruptos.
Mas que ainda tem nos céus,
um mar de sonhos.
E o por do sol mais lindo
na época mais seca do ano,
um consolo da natureza...
Brasília, quando enfim,
as pessoas vão enxergar
a beleza de seus encantos e mistérios?
Os que ultrapassam além do Congresso,
tribunais, órgãos públicos e ministérios?
Brasília,
a cidade que meus olhos creem e vêem
se chama céu,
se chama rock,
se chama arte,
se chama gente de esperança.
Quando digo que Curitiba é a cidade mais bipolar do Brasil, aquela onde mais se vendem remédios para distúrbios psicossomáticos de tarja preta no país, não estou fazendo uma crítica...e sim dizendo que a cidade em sí tem um fator anti-social que é sua característica, não tem como mudar. Pessoas de fora que vem morar na "cidade sorriso"(sarcasmo aos moldes de Paulo Leminski rsrs) se sentem incomodadas pois nas outras o calor humano é muito maior e mais intenso..Aqui a pessoa tem que aprender a ser individualista, a enfrentar a batalha do dia a dia com garra, força, fé e responsabilidade sem depender dos outros e sem esperar um carinho um afago ou ou um elogio alheio. Para viver aqui a pessoa tem que ser persistente, guerreira, e gostar muito do seu trabalho...Mas o fato disso tudo, gostando ou não do sua frieza intensa (tanto por fora quanto por dentro) , vivendo e se adaptando a esse chão, a pessoa está preparada para o Mundo..Ame ou odeie..o certo é que essa cidade foi feita para os Fortes.
VISITA (soneto)
Nos paralelepípedos das calçadas
Leio os versos do viver de outrora
Meu, rimas sinuosas e poeiradas
Numa memória tão fugaz e sonora
Vou sozinho, outras as madrugadas
A trama diferente, e outra a hora
Outros destinos, e outras estradas
Desassossegado, o que sinto agora...
Choco na linha da vida, nas esquinas
Fico calado. Desfaço o laço de fita
Do fado. Tem cheiro de naftalinas
Corri ao encontro da velha escrita
Sorri, falamos, ofegantes narinas
Segui andando, na revinda visita...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/05/2020, Triângulo Mineiro
Lugar de viver
A cidade onde vivo
e outras cidades,
são essas tensões
lúdicas e libidinosas
que consigo atinar
quando não atiram em mim.
Nem tudo são flores na nossa linda cidade. Mas elas estão por toda parte, olhe para elas, pense na complexidade desse milagre e reflita, elas não estão aqui por acaso.
Cidade de Goyas (Goiás Velho)
Hoje, eu fui o menino de cabelos brancos,
que andou na ponte da menina feia (Aninha)
poetando suas lembranças em cânticos
do rio vermelho e das serras que recitam poesia em ladainha
E lá em sua janela a figura dela, Coralina, de versos românticos
tão meigo, tão terno, tão teu... que alegria
poder caminhar nos teus passos semânticos
das ruas indecisas, entrando e saindo em romaria
em trovas dos teus larguinhos e becos tristes
ouvindo os cochichos das casas encostadinhas
fui cada trepadeira sem classe, que vistes
cada morro enflorados, lascados, grotinhas
fui cada muro da ruinha pobre e suja, momentos tão teus...
Eu,
só quero te servir de versos, meus...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
A Cora Coralina (paráfrase)
Após minha primeira visita a sua cidade
09/06/2015, 19’13”
Cidade de Goyas
MANIFESTO BORBOLETA
Hoje pela manhã
primeira vez do meu olhar
Com um lindo panapaná
Lisonjeada e sem acreditar
Não há quem vendo aquilo
Não pare um instante
Pra com calma observar
Aquela cidade pequena
Ruas vazias e amenas,
tomadas por essa cena
cercada pela enchente
Em nove de fevereiro
Num ano décimo sexto
A planta sobre pedra
Já estava decorada
Das pétalas alaranjadas,
Por todos os lados,
E todas as ruas
Tenho algo á Declarar...
-De todos os coletivos
Ah, eu prefiro,
Um lindo panapaná
Bem cedo, pro dia bem
Eu começar
Aquelas borboletinhas
Levaram meus pensamentos
Em suas asas á voar
Ligeiras e sem rumo,
Lá se ia a greve
De um lado á outro á migrar
Monarcas Que instigam,
os olhos de quem na vida
já pôde contemplar
Depois de tudo isso
Afirmo que no mundo
Ainda há esperanças
Baseado na confiança
Da lagarta de charneira
Achando que sobreviva
Á sua Jornada
E vendo o fim
Sem ser rotulada
Tão triste o desfecho
Das tão cheias de coragem,
batem as asas de flor em flor
Vem borboletinha
Pousar na minha mão
Contagia todo sorriso
E alegra meu coração
SONETO À ARAGUARI
Os pés da infância de te é distância
O olhar ainda em ti é de lembrança
Que veem e choram na sua fiança
Dentro do peito com significância
És cidade mãe, de minas a aliança
Em ti sou vinda, a mim és rutilância
De alusão, quimeras e substância
Desenhando e roteirizado herança
Vida que morre, é tal, a vida que vive
Caminhando comigo, assim, mantive
A minha história, que eu nunca perdi
Menor dos meus desejos, de te tive
Boas memórias, em ti sempre estive
És flor na lapela: altaneira Araguari!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2016
Cerrado goiano
128 anos de Araguari (MG)
MINHA RUA (soneto)
Das tuas sombras dos oitis a saudade ficou
És a rua do príncipe dos poetas, laranjeiras
Coelho Neto, onde sonhei de mil maneiras
E alegre por ti minha felicidade caminhou
Das tuas pedras portuguesas, o belo, cabeiras
Ao chegar de minas só fascinação me criou
Se triste em ti andei também o jubilo aportou
Me viu ser, indo vindo emoções verdadeiras
Em tuas calçadas a minha poesia derramou
Criando quimeras, quimeras tais derradeiras
Da Ipiranga a Pinheiro Machado o tempo passou
Em ti a amizade os vizinhos em nada mudou
Carrego tua lembrança, lembranças inteiras
Rua da minha vida, estória comigo onde estou...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro, 16 de 2017
Cerrado goiano
ao dia 16 de fevereiro 1976,
quando chegamos ao Rio de Janeiro...
A cidade não se torna parte de você... você se torna parte dela. Ela absorve você pouco a pouco, ano após ano. Até você ser apenas uma pequena parte do sistema... bombeando pelas veias da cidade, perdido nas artérias dela.
Não sou contra a utilização de automóveis. Só luto por uma cidade na qual as pessoas possam usá-los por opção e não por falta de.
Cidade morena de pessoas serenas ,
serenas na vida jamais a partida.
Andando na afonso,de frente com a Ary...
Do radio ao campo, cidade se expande.
Leste,Oeste, Norte e Sul
a cidade de verde é esta !
Minha amanda do Mato Grosso do Sul.
Me chama pra um rolê nessa cidade
Tudo é uma questão de oportunidade
Me leva a sério, me leva pro céu
O sol já me esqueceu, já que o brilho dele perdeu pro teu
Como uma igreja dentro de quatro paredes vai transformar uma cidade? O que pode transformar uma cidade é uma igreja no modelo de Jesus, que se pra fora, nas ruas.
Minha Terra
Coimbra, minha terra natal.
Ainda és a capital,
Do amor e da paixão.
Por isso te canto, esta canção.
Mãe das Beiras és, por bem.
Por isso minha também.
Pois minha mãe, já me deixou
De todo, me abandonou.
Por isso, oh tu cidade, de Cid Sobral!
Toma conta de mim, aqui...
Neste hospital...
Sim tu minha terra!
Pois eis que estou em ti.
Cidade, que não tens guerra!
GUARANÉSIA - UMA CIDADE PROGRESSISTA
Todas as manhãs, o sol se descortina
Trazendo a luz divina e o amor que contamina.
Como formigas, Homens e mulheres, nas trilhas do sucesso,
Transitam lépidos na alavanca do progresso.
A cidade tem uma história rica,
Já tomou água de bica, hoje, dá asas a Cumbica.
A ela a natureza foi pródiga,
Não que existisse uma lógica!
Talvez uma explicação divina. Ontológica.
Tem os olhos fechados para a altivez.
Dá guarida com gentileza. Aqui o forasteiro tem vez.
Tem pureza no abraçar e receber,
Reconhece que todos têm seu papel por merecer.
Terra de homens arrojados,
Progressistas, competentes e abnegados.
Vislumbram um progresso crescente.
O futuro é o que se faz no presente.
Seu parque industrial é pujante,
A agropecuária sempre marcante.
O comércio tem crescido radiante,
O esporte e a cultura sempre marcantes.
O cinema fez história nacional,
O teatro segue firme como o tal.
Na música sua marca é magistral,
A sociedade sempre teve um alto astral.
As entidades sociais são invejadas.
Pela população sempre foram elogiadas.
Aqui a praga do desemprego não tem morada,
Quem aqui tem um lar, não troca ele por nada.
Élcio José Martins
“Pobre Rio de Janeiro dos ricos do Leblon e dos pobres das favelas; das assembleias de Deus e das Assembleias Legislativas; dos cariocas da gema e dos políticos de algemas; das belezas naturais e dos descalabros sociais... Triste Cidade Maravilhosa dos Morros e dos mortos; dos assaltos banais e dos arautos carnavais; das promessas de amor e das juras de morte; dos jogos de azar e dos dias de sorte... Confuso Estado Fluminense das Garotas de Ipanema e dos Garotinhos de esquemas; das celebridades globais e dos artistas reais; dos cartões postais e dos cartões de crédito; dos quarenta graus de temperatura na sombra e dos trinta e oito na cintura que assombram... Para o bem ou para o mal, melhor lugar não há, seja na areia da praia, seja no balanço do mar.”
Pelas ruas
fios emaranhados.
Obsoletos.
Metal esticado
carreando o nada
poluindo a visão.
A cidade é como a vida
precisa de faxina
para que haja
evolução...
