Cerrado
BRASÍLIA
A flor do cerrado
não tem praia nem mar
mas tem lindo lago
de lábios rosados
e olhos azuis
que se prendem ao céu.
Tem pedra bonita
tem luz de pepita
e lua de cristal
Brasília é infinita
constelação de poderes
estrelas soberbas
que sobem e que caem
do alto da torre
à rampa do congresso...
Brasília é rock roll
da Capital Inicial
das Plbes Rudes
e Renatos Russos
de camelos e Para-lamas
do voo da gaivota
da Asa Norte à Asa Sul
Brasília é uma flor
que ainda desabrochou
da praça sem poderes
ao autódromo esquecido
governo falido
servidor ausente...
Brasília de presente
de passado distante
da fé do bandeirante
do padre sonhador
Brasilia ainda é menina
de laços de fita
que o poeta cantor.
Eu amo Brasília
em suas grandezas
e em suas carências
quem dera que um dia
o vale perdido
o dito paraíso
sem medo e sem culpa
assumisse a sua sina
de ser jovem menina
na paz entre os homens
na justiça e no amor.
Evan do Carmo
Enquanto o homem ainda luta para se adaptar às intempéries da vida, a fauna do cerrado se adaptou com facilidade às intempéries climáticas.
Lágrima e um verso
Quando no cerrado o silêncio vozeou
De uma solidão, gemendo, todo faceiro
Dentro do coração a dor assim zombou
E ofegou o bafejo do suspiro primeiro
E a sofrença sentiu os olhos rasos d’água
A boca sequiosa, cheia de fel e ardume
Ali brotou a flor da aflição e da mágoa
E no peito, a tristura em alto volume
E no árido chão, por onde ele passava
A desventura espalhava feito sementes
E na terra, o padecer então empoeirava
E germinava com as lágrimas ardentes
Foi então que ali me vi na via dolorosa
Tão chorosa a poesia triste de saudade
Com espinhos e perfume, como a rosa
Num cortejo, fúnebre, sem a felicidade
Enfadando na alma os gritos e soluços
Ia a noite assombrada e não dormida
E os sonhos esfalfantes e de bruços
Avivado, e a tecer a insônia ali na lida
E assim se fez o oráculo sem encanto
E num canto o destino algoz e largado
Entre lamentos e um poetar em pranto
Lágrima e um verso, penoso e chorado
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
Olavobilaquiando
RONDA SILENCIOSA
Solidão cerrada, aquietada, escura
Afora a janela, o cerrado tão calado
Na imensidade do céu não fulgura
Um só brado, um ermo imaculado
Cá dentro, a mudez flébil murmura
E a melancolia no vento é fustigado
Escoriando a alma, áspera candura
Em um rasgar do silêncio denodado
Ecoa surdamente sôfrega bofetada
De escora frouxa, completamente
Aflando ali a apertura tão abafada
E, a letargia, assim, vorazmente
Faz tácitos claustros de morada
Em ronda silenciosa, lentamente
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Olavobilaquiando
DICÍPULO
Não anelo o alvorecer do cerrado, belo
Quero a inspiração do horizonte divino
Talhando verso, ferino, donzelo e singelo
Que outro, não eu! O faz tão cristalino
Invejo o magarefe, na lida de seu cutelo
Com ele, harmoniza a carne em traço fino
Benino, na retidão e um esmero paralelo
Que reputa, tal o ouvido ao som do violino
Mais que bardo, um eminente extraordinário
Enfeita, desenha, ressona num campanário
A poesia, em alto relevo, em divinal destaque
Por isso, escolto, imito-o, com meu pincel
Meus rabiscos, sobre o branco dum papel
Cingindo honraria, ao maior - Olavo Bilac!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/12/2019 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ALMA INQUIETA
Quem o cerrado dirá à alma inquieta no vazio?
De tortos em tortos galhos queixas soltas no ar
De estrelas em estrelas o pensamento a voar
Num calafrio, recolhido e só, eu, aqui sombrio...
Ergo os sonhos do chão seco, do pó a jorrar
Jorro angústias murchas do peito sem feitio
Cheio de desagrado, de pecado. E mal gentio
Que saudade doída! - Recordação sem paladar.
Pra purificar a sensação, um coração piegas
Livre da ingratidão, livre da trava indiferença
Onde, em perpétua quimera, devaneio cativo
Não posso então ter na ilusão as tais regras
E tão pouco nas lembranças cética crença
Amor e esperança vivem no cárcere que vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Hino à Tarde (soneto)
Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas
Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria
Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada
Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
BENQUERER
Tal qual a chuva no cerrado caída
Molha a terra: sedenta, e no estio
Coração ressequido: seca é a vida
E o sonho sonhado é ato sombrio
Feliz a quem pode curar a ferida
Da alma. Sem querer amor vadio
Fecundado de luz, e ter acolhida
Na ventura de um correto luzidio
É preciso mais que o só querer
Pra colher o bom fruto maduro
Não é ser... é ir além da fé ter...
Crer: que nos da visão no escuro
Saber é quem semeia benquerer
Pois benquerer, que colhe futuro!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
“SPLEEN”
O céu do cerrado, hoje, amanheceu plúmbeo
Sobre o espírito meditabundo, só e chuvoso
E, ungido toda a reta do horizonte, nebuloso
O dia virou noite, e o meu fausto olhar, ateu
Neste temporal escuro tal calabouço lodoso
Onde a vontade quer encontrar o êxito seu
Espavorido, o acaso coloca asas de fariseu
Em um voo infeliz, tão enfado e impetuoso
A chuva a escorrer as traças da melancolia
Imita as aranhas tecendo sua espessa teia
No beiral do vazio, numa angústia sombria
O trovão dobra, de repente, e furibundo
E a alma encarcerada em lúgubre cadeia
Chora o verso, suspirando e gemebundo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, de 2018
Cerrado goiano
A ALVORADA DO DIA
Vê-se no cerrado; e vê, pela janela
A beleza diversa na vida vespertina
Casto, nasce o sol. A noite termina
Outro raiar, luzidio, e a magia trela;
Outro espanto, no apreciar revela
Encanto feroz que a alma morfina
Presenteia-lhe o dia, prova Divina
Mais que seduçāo, ato de ser bela!
Fios dourados... Ouro... composto
Enche-a de luz, para despertá-la
No surgir que aí vem... Só dá gosto
A surpresa, na admiração enleada
Altiva, e a cintilar, no atônito rosto
Os primeiros raios da rútila alvorada...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Final outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O CERRADO
Truncado, entre galhos tortos, sequioso
Duma vastidão desfolhada tal ladainha
Sacerdote do planalto, chão impetuoso
Do sertão, no entardecer o belo avizinha
Rezas quebrantos, o tempo moroso
Sobre cascas grossas, aves, aninha
E, ajoelhado, o pequi, tão saboroso
Tal os servos aos pés de uma rainha
Ardes, num calor do olhar, escaldante
Tão piedoso espera a chuva das flores
E pelos ipês, o inverno seco é ornado
E invade, empoeirado, o vento sonante
Num adeus ao dia, tal velhos amores...
Vem as estrelas, na vastidão do cerrado.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, 2018
Cerrado goiano
O Tao do Cerrado
Resistência milenar às adversidades:
solo ácido, seca, raios, fogo, enxada,
foice, ignorância, trator e correntão.
Por suas profundas raízes - quando queimado
na primeira chuva é capaz de renascer
em rubros, brilhantes, tenros brotos.
Não apresenta a exuberância da floresta tropical
porém discreto, guarda preciosos remédios
sortilégios e segredos, como ensina a vó indígena.
Considerado infrutífero pelos homens do progresso
sem importância econômica, sem valor
pelos tecnocratas importados - os mais equivocados.
Leve, profundo e misterioso como o Tao -
o caminho da vida - o universo inominado
ensina pelo seu exemplo o viver em equilíbrio:
sem desperdício, no fluxo exato, resíduo zero.
Que dizer de sua rara beleza :
vasto planisfério de luzes e estrelas
espaço em céu aberto de chapadas,
cristal das águas transparentes,
rochas de calcário e jardins de bonsai.
Na força dos seus contrastes
a um só tempo: delicado e agreste
frágil e vigoroso, bizarro e gracioso.
Não podemos permitir que a grosseria
a cegueira e ganância de homens sem raiz
possa vencer a sua obstinada vocação
às mutações, ao milagre da vida.
NATAL
No ermo cerrado, árido, na noite, toca o sino
De esperança, pressaga enche nosso ouvido
Em uma toada de paz e bem, no céu subido
Anunciado o Natal do Deus Menino, um hino.
O presépio em glória, reza ao Filho Divino
A árvore alindada, ornam o amor instituído
Num armento em esplendor num só alarido
Há elevar do opróbrio ao halo o pequenino
E nesta lembrança onde se vence ao destino
O teto de palha, a estrela, os Reis, os pastores
Dobrarás os eleitos, em um respeito peregrino
Humilde, mãe, Maria, das Graças, das Dores
Traz o rebento de afeto, e um amor cristalino
Seu Filho, na manjedoura, todos os louvores!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Despercebido
o céu azulado, agigantado
maravilha, o chão desfalecido
no cerrado...
com nuvens, algodoadas
encantado!
e estrelas estacadas
o sertão do cerrado...
na esplanada.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro.
bendição
o chão molhado
de um perfume ímpar
no sertão do cerrado
exala por todo o ar
o cheiro sagrado...
chove chuva, é salutar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
poemas
certos poemas
entram pela imaginação
e são como as emas
no cerrado. ciscam... ciscam
espalhando alguns temas...
e tão cheios de ilusão!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, setembro
Araguari, Triângulo Mineiro
divagar
dentro do cerrado
criava a felicidade
escancarava a poesia
inventava banalidade
e ia ao mundo da fantasia
hoje a realidade!
sem divagar...
vou devagar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
160 anos Planaltina DF
Entre o cerrado extenso,
Tem um prazer imenso
de vos apresentar,
é que eu não nasci aqui,
mas eu aprendi,
essa cidade amar,
aqui temos muitos lugares
grande hortas e pomares , ovos e galinha,
Aqui tem arte, gente criativa,
Que sexta feira Santa ativa,
No morro da capelinha,
Vem vem gente do mundo inteiro
prestigiar o roteiro.
que a paixão de Cristo inspira,
E não esqueça do lazer
Planaltina tem a oferecer,
O parque ecológico sucupira,
Eu sei tem muito mais,
mas não sou capaz,
de descrever tudo ai,
Precisaria ano inteiro,
para escrever um roteiro
Do muito que tem aqui,
As felicitações pelos 160 anos
Deixei para mensagem final,
Parabéns Planaltina,
satélite mais antiga do distrito federal.
🌹 Rosa de Oliveira
#rojuanewally @rojuanewally
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