Cerrado

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CERRADO EM SONETO

Olha! A imensidão do cerrado ao teu ver figura
Detém-te! Neste encontro de misteriosas plagas
O belo da natureza, de variantes e viçosas fragas
Este, o chão do sertão, da diversidade e fartura!

Encanta-te com o desigual do torto e suas sagas
Ó loucura! O espanto se fazendo de ternura pura
Que a tua vastidão ao olhar é de plena formosura
- e as tuas quimeras, sedução, ao fascínio, afagas

Achega-te! O sol tropical nos dá o toque doirado
Tem o canto da seriema, e o perfume do pequi
O esplendor da alvorada, de um fulgor arrojado

Achega-te! é a pluralidade da natureza inteira!
E farta-te de atrativos nestes encraves, daqui...
Ó cerrado, caipira, amado, da terra Brasileira!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/02/2020, 05’55” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

BENDITA CHUVA (cerrado)

Quando, a bendita chuva, o céu a água solta
No cerrado, e escala o espaço árido e céreo
Da sequidão do sertão, em uma reviravolta
O chão zonzo, se refestela em doce refrigério

Em breve, mutação, a vida letarga brota e volta
Louca, em seu divino, puro e quimérico mistério
E assim, a formosura do campo a beleza escolta
Tirando da aridez o seu mirrado poema funéreo

Apalpa-a, fecunda-a, e triunfa, e domina a sede
Em glória, abundantemente, em um livramento
Entoando cânticos em que dá avidez se despede

E, em temporal, as águas bailam em ato sublime
Entre as bênçãos dos céus e hosanas do vento
Em um alento, a natureza exime de seu crime...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Becos do Cerrado

Becos do meu cerrado
Amo a tua melancolia, seca e tortuosa
Teus ipês breves. Teu devaneio encantado
De recantos de chão árido, e flora andrajosa
Teu cascalho roliço, céu cinza e enfumaçado
Deixando a alma da gente, comovida e chorosa
Do pôr do sol nos tordos galhos, luzidio, encarnado

Amo o silencioso horizonte, cheios de tal quimera
Que em polmes dourados e os olhos cheios d’água
Suspiram em poemas de rogo, tal a rudeza, quisera
O vento, em açoites nos buritis, aturando a frágua
Nas frinchas de suas folhas, e que ali então esmera
Que se defende, peleja, viceja e na imensidão vivace
Desenhando o sertão do planalto de intrigante biosfera
Como se a todos nós um canto de resistência declamasse.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de março de 2020 – Cerrado goiano
paráfrase Cora Coralina

Inserida por LucianoSpagnol

ALTERAÇÃO (soneto)

Como se a sorte, tirar-me, assim quer
Como a névoa no cerrado embaça o ipê
Você, assim na sina tornou-se por quê?
E o destino passou outra trova escrever

Como se as promessas não mais a mercê
Não mais se lê na vã inspiração a sofrer
Você, agora figura numa dor para valer
E os sonhos se fazem de simples clichê

Um céu tão cinza matizou-se lá fora
Sem arco íris e um ar tão tenebroso
Na alma, é sofrência que sinto agora

Como se pudesse não ser malditoso
Nesta poesia, em que o verso chora
O que um dia no cantar foi mavioso...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AVINDO (soneto)

Pálido, o luzir do raiar, cerrado sombrio
Chave lá fora, cá dentro o peito chora
Embalsamado no tempo que implora
Por afago, neste dia de um céu bravio

Sobre o leito do meu olhar a aurora
Em lágrimas escoadas do verso vazio
Melancólicas, com suspirar e arrepio
Que consola com a lua, branca senhora

E nos olhos rasos d’água, palpitando
A saudade, que dá aflição se abrindo
Em lembranças, que ali vai resvalando

Não te rias de mim, ó agrado findo
Por ti, no rancor eu velei chorando
Mas, no amor, paz e renovo avindo...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020, 04’37” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BELO CERRADO (soneto)

É belo dentre os arbustos ver ardendo
O sol a pino, luzindo no galho charro
No verão do sertão, molhado e bizarro
Sentir a chuva no chão rescendendo

Aos pés das veredas, musgos e barro
Ver o canto da seriema estremecendo
O raiar, encarnado, a olhos nu. Sendo!
E até, a seguidão, perdoem o esparro

Porém, o que há mais sedutor ainda
É a diversidade em espécie da vida:
Em gramínea, fruto, e florada linda

O chão do cerrado, de vista retorcida
Nos acolhe a alma e nos dá boas vinda
Com a sua moda de viola, tão querida!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020, 08’48” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Adeus, cerrado goiano!

Adeus, cerrado, já é hora de ir
Levo na estória de ti saudade
É tanto causo de felicidade
Tristura, mas é hora de partir

Volto pra minha natal cidade
Sina doida que devo cumprir
De lá vim e para lá vou seguir
Minh’alma está pela metade

Pedaço de mim aqui deixo
Outro comigo vou carregar
Da solidão não mais queixo

Pois tenho enredo pra contar
Na caminhada no teu seixo
Andei, e aprendi a te amar!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EM TARDE CHUVOSA (soneto)

Março. Em frente ao cerrado. Chove demais
Sobre meu sentimento calado, aborrecimento
Gotejado do fado.... Rodopiando nos temporais
Enxurrando desconforto, angústia e sofrimento

Verão. E meu coração sentado na beira do cais
Da solidão. Do mar agitado e cheio de lamento
Por que, ó dor, no meu peito assim empurrais
Essa tempestade e tão lotada de detrimento?

A água canta, lá fora, e cá dentro o olho chora
Implora. Para essa tempestade então ir embora
Que chegaste com o arrebol e na tarde ainda cai

E eu olha pela janela deserta, e vejo o céu triste
E, ao vir do vento, a melancolia na alma insiste
Sem que das nuvens carregadas a ventura apeai

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Amanhecer

Colado ao meu olhar, o cerrado
Agora das bandas das Gerais
Nesta desordem fico calado
E, o silêncio nada mais...
As velhas histórias, chão amado
Como se fosse nascer
Psicografado!
Acordo a luz do amanhecer...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/03/2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NUVENS (soneto)

Rasgam-se as nuvens no cerrado
Num céu de um azul tão profundo
Mergulhadas num infinito rotundo
Misturadas no silêncio seco e calado

A tarde aviva pro frescor encantado
Invade a imaginação num segundo
Com sua magia ao longe e ao fundo
Que mais parece um painel inventado

Surge estão outras, e outras tantas
Num passeio livre, assim, pelo ar
Bailam de lá para cá, e de cá pra lá

Ah! como algodão, paz, tão brancas
Torvam o céu, sem o céu incomodar
E com leveza, adorno no céu aporá

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BRASIL CENTRAL (cerrado)

Ó cerrado! ó sertão místico e mestiço
Ó visão, dum pôr do sol que vermelha
- chão, que a secura está sobre a grelha
E o encanto ao dissonante é submisso

Pois o airoso, onde ao torto parelha
Abre a admiração à surpresa do viço
Da tosca vista de ambiente maciço
O gérmen vivo da variada terra velha

Sempre o constante! azul do céu anil
Sobre o planalto... flores exuberantes
De renovo e de um invariante desafio

Anda a poesia aos olhos sussurrantes
Desse seio onde nasce o feitiço luzidio
Do território central do nosso Brasil!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2020, 10’26” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CHÃO CAIPIRA, CERRADO

Calmo, entre os arbustos, num éden
Em lufadas de silencioso espavento
O cerrado, do horizonte passa além
Cantos sussurrante, pássaros ao vento

Quimeras sobre o chão aqui tem
As flores em um divino advento
O sertão é periódico, também,
É vida em regular renascimento

Ardes, em uma secura tão bravia
E da ternura o verão é clemente
É terra de gente da roça, caipira

Mas deste povo só se tem valeria
Cantoria que já vem na semente
De muita fé, desfastio e pouca ira

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ÁGUAS DE MARÇO (soneto)

Na tarde do cerrado, tarde de chuvarada
A vida, arfa das quaresmeiras o perfume
Lilás, exalando aroma em um tal volume
Espalhando pelo chão nuance desbotada

Na tarde tropical, de quaresma, o lume
Do dia, é embaçado, e a ventania riçada
O ar, a criação, e a flora toda ela calada
A hera faz que os pingos d’água espume

O silêncio é partido pelo grito da seriema
Num guincho alto de estalo e esto triste
Melando o peito com melancolia extrema

A tarde vai, num entardecer onde insiste
A chuva, quase em pranto, sem dilema
Pois, nas águas de março, poética existe!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'15" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CREPÚSCULO

Vê-se no silêncio, e vê, pela janela
O cerrado, eclodindo pra vespertina
Melancólico, perece o sol, e mofina
Outro fim de tarde, e a noite vela...

E ai! termina mais um dia, e revela
As horas, que a viveza se amotina
De sua rapidez, pérfida e assassina
Tão sem troco... - um atributo dela!

A melancolia no horizonte, é saudade
As sobras das lembranças, é desgosto
E o que se resta agora é outra idade...

Olhos rasos d’água narram o sol posto
Lúrido, duma emoção em calamidade
- de o crepúsculo do tempo no rosto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'00" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

EMOÇÃO VAZIA (soneto)

Solitária, no silêncio do cerrado, um dia
A inspiração, acorda em um aflito apelo
Sente o falto e o logro num só pesadelo
E sua trova no nada suspirava e restrugia

Torvo o sentimento, tal qual um novelo
Sentiu, que palavras ali não mais havia
E que a sua devoção estava despida e fria
A paz e o acaso sem voz, o senso um gelo

Era o vão, a eversão do caos no ceticismo
Do amor, em um desapego tão profundo
A sensação estava largada em um abismo

E no talvez de um poetar com harmonia
Teve poema trapilho, pobre e moribundo
E o revés em maldição da emoção vazia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/03/2026, 06'56" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SINO DOS PASSOS (soneto)

No sertão do cerrado um sino canta
15 horas, um sino num dobre triste
Canta... evocando os Passos aluíste
Do Senhor. Reclinai-vos é hora santa

Um sino canta... A alma no crer levanta
E ao vento soando em um dobre insiste
O canto solitário, que no tempo resiste
Em prece e o testemunho que encanta

Ao longe, num ar sombrio, arde o sino
Chora, e agradece com seus compassos
E o céu se cobre com o repicar em hino

E nesta hora de fé, ao chão os fracassos
Nossos, e o perdão ao nosso Pai Divino
No campanário, soa o sino dos Passos!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 15’20” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CERRADO “IN CONCERT”

Versei-te? Sim. Doidamente!
Admirei-te com admiração
No seu irregular da retidão
Do rubro luzidio sol poente

À beira de ti: - barbatimão
Ipê e buriti, sim, presente!
Esquecer-te, nunca, tente!
É diversidade em dimensão

Então, como não poetar-te?
Se nos teus galhos retorcidos
Que se tem a variegada arte!

E, quando nos teus alaridos
Das seriemas, tudo é parte
Dos poéticos aqui permitidos...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 10’29” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TEIMA (soneto)

Ó agonia! À alva, quando, sem teu cheiro
Eu vagueio ermo, pelos becos do cerrado
O chão cascalhado, o sentimento alado
E o vento perturbado me levando ligeiro

Toda a saudade é pesar no peito magoado
A lua, fria, pesa n’alma e da tinta do tinteiro
Da dor, trova a sofrência, assim, por inteiro
E nas mãos vazias, continuas sem o agrado

E na minha insônia a hora é de vil lerdeza
Sofrente é o silêncio na escura madrugada
O desespero escorre dos dedos pela mesa

Ó solidão! Cadê toda a emoção camarada
Ninguém me ouve, ninguém, só despreza:
E a tíbia madrugada continua apaixonada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 05’08” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NU

Ando nu, apenas enroupado
Da poesia pura dos sentidos
Tal nuvens no céu do cerrado
Tinos inocentes e retorcidos

Em que o tormento é tirado
Do peito de amores sofridos
Que no ermo é tão chorado
E com os pesares divididos

Nunca para vigar as dores
Apenas choro, choro contido
Que escorrem pelo soneto

Que com frases sem cores
Poisam no escrito esvaído
Encomiando o revés preto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Obrigado

Pelos dons oferecidos, poeto
(o meu poetar é no cerrado)
Pela inspiração sou inquieto
Obrigado!

Pelos devaneios, as venturas
Em sua formosura e pecado
Pelos versos com aventuras
Obrigado!

Pelo afeto com suas rimas
Horas más, as sem agrado
Também, pelas com estimas
Obrigado!

Pelo ipê no sertão em flor
Nos versos não ter faltado
Ó singelo trovas de amor
Obrigado!

E tu, que és alento constante
No estro o desejo acordado
Ai! sempre do sonho diante
Poesia.... Obrigado! Obrigado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 07’50” - Cerrado goiano
Paráfrase Pedro Homem de Melo

Inserida por LucianoSpagnol

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