Caco
Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela, sem poder contar para ninguém o segredo.
O brilho que o louco vê não passa de um caco de vidro, ou seja, não tem serventia de nada. Só podemos enxergar as coisas com os olhos da alma, e nem todos ainda tem esse preparo.
Um caco de vida
Mais outro
Mais outro
Mais outro...
Um abraço caloroso
Mais outro
Mais outro
Mais outro...
Um belo mosaico
Vida
Vida...
Vida reconstruída.
Deus faz caco virar vaso, faz incapacitado ser capacitado, então quem mandou você desistir? O Deus do impossível está aqui.
O ressentimento é igual a um caco de vidro, quando mais tempo passa dentro da ferida, mais ele inflama.
SEM LIMITE
É juntando os cacos dos outros
Que aos poucos,
De caco em caco
Vai-se despedaçando...
É limpando as sujeiras de alguns,
Que de lixo em lixo
Vai-se emporcalhando.
É guardando os segredos de confidentes,
Que de silêncio em silêncio
Vai-se perdendo a voz e a vez.
É de tanto se doar,
Que de agrado em agrado,
Vai-se perdendo nos outros
E a própria identidade.
Insensatez é triste.
Desistir de solucionar o dilema,
É a prova do cansaço .
Eu tô só o caco
Tentei juntar os pedaços
Não há mais espaços
Ei Domingo..
Estou farto.
Não sou apenas mulher.
Sou caco retorcido,
Que rasga a vergonha,
De choros recolhidos,
Em noite sem luar.
Benguela sem medo!
Com as minhas feras,
Com as raízes imersas,
Em novas primaveras!
Trago os meus vulcões,
Gritos do sangue que me gerou.
Sou fogo de brasas vivas
Por coragem que destila
Sem medo do opressor!
Cada caco,
Do sentimento velhaco,
Tinha enfiado no saco,
Amarrado a boca c'um laço
E enviado pro espaço,
Pra dizer que esqueci!
Oh amor, és ingrato,
Mas meu céu é opaco;
Me rendo ao cansaço,
Estou só, no bagaço,
Não há brilho sem ti!
Toma de volta o meu braço,
No aconchego, o regaço,
Nesse amor me perfaço,
Não aceito o fracasso,
Me leva daqui!
(DesCOMPASSO)
Tiro roupas, escancaro risos...
te caço, chama
queima pele, arrepia.
Busco teus olhos, canto tua boca
em músicas me entrego.
palavras,
te arranho, componho
versos,
mostro rosas, roubo beijos.
Te arranco suspiros, ouço gemidos
rolo na cama,
subo, desço...pelo avesso me viro.
Imploro teus olhos, caço: peço bis, tris...quero tudo mais uma vez. Sentir o mesmo frio, arrepios...tomar doses de desejos, comer do mesmo prato. Quero teu riso, teu rosto, tua voz...recomeçar, continuar, seguir... meus planos: reviver, reinventar, reescrever, viver tudo de novo !
São luzes de neon teu sorriso, são ostras teu olhar...caço, busco como quem deseja desvendar o mar !
Te deito na cama
Te caço com os dedos
Me faço rio
Me faço mar
Banho teu corpo
Canto teus sonhos
Vivo teus medos
Segredos
Me entrego de ponta
Mato tua sede
Bebo tua água
Lambuzo teus olhos
Como do teu prato
Tiro tua roupa
Jogo sapatos
Sou mulher
Louca
Pecado !