Ando
"Ando tão perturbado que nem sei por onde começar, pois os confetes e serpentinas tomaram conta da minha mente, já não tão pensante quanto outrora, sobre a real situação em questão. Tantos nós já foram postos que minhas mãos não dão conta de desatá-los com a mesma velocidade com que são feitos..."
Ando meio angustiado, preocupado com o que virá, quem me dera acordar desse transe e entender que tudo basta eu querer e fazer acontecer, agradeço por tudo que tenho, o que veio por sorte ou desempenho, não sei se é destino, penso nisso desde pequenino. Quando estava rezando na igreja ou cantando na escola o hino, o ego quer ser do bolo a cereja, contra os inimigos, tô fugindo da degola contra quem quer que seja. Se você se acha forte e nobre, por que concorre? Se descobre quando ouve sua voz, quando escreve o texto, promove o recomeço, criação poética, retórica, estratégica, senso comum, verdade paranoia, intelecto, lamento, produção, pigmento introduzido por aplicação na pele, se flagra qual seu desejo, sucgue, carrego meu fardo de anseios, salgadinho que comi no recreio, quando era feliz e não sabia, faço disso minha alquimia, me lembro do que seria um dia, sorria um dia, analisava manias, produzia, rimas que me dam, ouvidos que me diziam, boca que ouvia, paladar palatável, saliva viva, plasma no sangue, motor de arranque da Alana, amuleto e tratamento pra Alana, Susana, prisma, insígnia, eura eu mais um dia, filho é filhas, era só um encaixe, reproduzia uma raça, reparei na cor da couraça, mas é tudo tinta no quadro, vivemos em quadrados, retângulos ou triângulos, me avaliei de outro ângulo.
Ando preocupado, tenho procurado Deus na palavras, encontrei apenas travas e páginas em branco, de dentro do peito meu coração eu arranco, coloco em uma bandeija e entrego a meus inimigos como um pedido de perdão. Não pedi pra existir ofereço o que tenho por dentro, amargura, sinônimos de uma vida dura, esse anule tô de quem vive reclamando, e eu clamando a um ser superior, me viv entre a cruz e a espada, perguntei para as pessoas, mas não sabiam de nada. Lá estava eu, preocupado na escada, faltavam algumas décadas para descobrir o que o aguardava, ele com medo do tempo que engolir tudo inclusive o sentimento.
Baby
Todas estrelas tem um motivo pra brilhar,
Eu ando brilhando tanto então faça um pedido,
Que eu sou sua estrela cadente.''
CONTRIÇÃO (soneto)
Às vezes, uma saudade me silencia
Nesta solidão e um vazio que ando.
Sofro e cismo, no cerrado, quando
As lembranças do mar são teimosia
Dores e saudades sufoquei calando
Desespera!... uma explosão, todavia
Ah! Como eu quisera, uma outra via
Porém, sorte, é fator não um mando
Percebo que naufraguei na solitude
Revolto, neste princípio de velhice
Choro e rio, brado, farsa ou atitude
As venturas que não tive por asnice
Meu remorso, o que viver não pude
E os amores, o amor que não disse!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Ando escrevendo recados
Em bilhetes secretos
Não enviados
Estou vestindo papel
Em tom monódia
Com letras de bisel
Fechei os olhos do querer
Em portas despedidas
Um novo ar de renascer
Abri o horizonte da paz
Em cortinas de soberba
O adeus sagaz
Avante folhearei cartas debochadas de sorrir ao planear aspas...
Ando de mãos dadas com a liberdade e não abro mão da coragem para ser o que sou. Com os pés descalços enraizo a sabedoria da natureza em meu corpo, mente e espírito. Sou raiz que brota jardim na alma. No encanto do sentir, sou magia e mistério do luar com escritos nas estrelas.
Tenho fases de fazer minguar meu canto, tenho fases de me deixar luz crescente e vibrante, tenho fases de me renovar, tenho fases de me encher e ser cheia do que eu transbordo. Porque só posso ser o que sou. Apogeu e perigeu, breu e luz, mistério e ciência, razão e emoção.
Caminho com o vento seguindo a voz do coração, contemplando os horizontes da vida. A água me cura, protege e abençoa. O fogo me ilumina, consagra e acende a chama da vida. O ar liberta e transforma. A terra firma, energiza, e fortalece. Porque sou a morada do sagrado. Sou o universo dentro de mim.
ANSIEDADE
Ando escuro, vago, sensação vazia
Mãos alquebradas de muito poetar
Atrás de uma poética que me sorria
E que em vão inspirei por alcançar...
Busquei por uma encantada alegria
Tive venturas, ilusões, e pude amar
Preso ao versejar puro que me guia
Cantei fascínio, tormentos, e o luar
Venho calado, exausto, sem alento
Porém, nem a tristura ou o lamento
Saem de minha poesia, macerada...
Assim, é o fado, dado, não me iludo:
Contudo, em querer tudo, eu saúdo
O certo amor, exige pouco ou nada!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 maio, 2021, 10'40" – Araguari, MG
DÚVIDA (soneto)
E.… uma dúvida que me atormenta
A divisão que no amor em que ando
Padeço e sofro, num vazio, quando
O perdão e culpa, a qual me alimenta
Silêncio e traição sufoquei amando
Na ânsia de querer-te sem tormenta
Ah! Como dói este olhar que ausenta
Pois, o desejar no coração não mando
Tenho o dia estonteado e sem atitude
Choro, e com que ardor eu quisera
O afeto, agora confuso e sem virtude
Sinto que prodiguei a paixão sincera
Se sofro, porque invadir-te não pude
E nas incertezas, difícil é essa espera...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 de janeiro de 2020, -Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO NU
Ando nu, apenas enroupado
Da poesia pura dos sentidos
Tal nuvens no céu do cerrado
Tinos inocentes e retorcidos
Em que o tormento é tirado
Do peito de amores sofridos
Que no ermo é tão chorado
E com os pesares divididos
Nunca para vigar as dores
Apenas choro, choro contido
Que escorrem pelo soneto
Que com frases sem cores
Poisam no escrito esvaído
Encomiando o revés preto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano
Esperou de mim cruzar os braços...andar olhando para o chão ?
Sinto, mas ando de cabeça erguida. Quem baixa a cabeça tem mais chance de tropeçar a cada passo !
Não me pergunte aonde fui, não saberia responder. Por onde ando, só meus sonhos podem dizer: nesse momento, fugiu de mim!
Ando com saudades
Do meu riso escandaloso
Dos meus olhares provocantes
Saudades
De discar teu número
De inventar desculpas
De mergulhar de ponta
De me envolver
Viver
Loucuras
Desejos
Ando com saudades
De ouvir tua voz
Do passado
De mim !