Amor Solitário
Astronauta solitário
Nesta noite, vou olhar para as estrelas e tentar esquecer você. Eu busco te apagar da minha memória há meses, mas quando a madrugada chega, eu sinto falta de te ter.
Em termos astronômicos, sou um astronauta a buscar vida em outros planetas. Não consigo enxergar nada, nem mesmo com meu telescópio curioso através da luneta.
Quando te conheci, pensei ter encontrado um planeta totalmente novo e repleto de diamantes.
Mas mal sabia eu que o universo é imenso, frio e as galáxias são tão distantes.
Você era como uma supernova, repleta de brilho e de cores.
Mas depois da nossa despedida, meu mundo ficou cinza e apenas restaram as memórias e as dores.
Não sei como seguir na imensidão vazia do universo sem você.
Continuo vagando no espaço com a esperança de lhe ter.
Até mesmo Saturno tem o seu anel.
Mas do crime do meu ingênuo amor, eu me tornei novamente réu.
O brilho das estrelas me lembram de um tempo que não mais irão voltar.
O que vivemos morreu asfixiado no passado. Hoje, assim como o vácuo, não há mais nada, nem mesmo ar.
Hoje, definitivamente deixo esse planeta. Que tanto me impressionou mas que também me sufocou como um simples astronauta na busca do que tanto amou.
No dia em que sozinho, sinto solidão
o meu poetar só, poeta solitário
um novo poema saído do porão
da alma, num ermo cenário
da imaginação em evazão.
Então, debruçado no vazio temerária
da concepção,
a retraída inspiração, versa unitário...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
APENAS POETA
O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante
Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente
As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante
A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
DESAFIO (soneto)
O meu fadário é devanear solitário
Ter o cerrado a desfolhar no olhar
Sonhar acordado e no mesmo luar
Ficando no tempo, noutro cenário
Onde a solidão nunca sabe esperar
Eu só tenho a saudade num sacrário
Anexo ao coração num pulsar diário
E lágrimas em um soluço sem parar
Oh, uivo árido, trove tal um canário
Os meus versos, e a ela vai revelar
Cada vazio aqui falante e tão vário
Por favor, acaso, pare de me tragar
Faça-me nos beijos dela um erário
E novamente no teu amor eu amar
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
O CONDENADO
O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...
E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...
Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado
Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG
MÁS SORTES
Minha saudade é uma casa abandonada
por cujos solitários e vastos corredores
volteia o silêncio por toda madrugada
das lembranças e questões dos amores
Certa vez a essa estada mal ajambrada
varrendo o ar pesado e seus horrores
adentraste sorrateira quimera alada
num devaneio aos desejos pecadores
E, então, tão cruento e insistente
querer um afeto cheio de poesia
nessas incertezas, só perguntas!
Ah! o vazio no carma eternamente
na desilusão da paixão erma e fria
a verdade de más sortes conjuntas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 04’47” – Triângulo Mineiro
ENTÃO SOMENTE
Encontraste-me, e eu um verso triste
Um escrito solitário e amargo estava
Pela minha emoção a aflição passava
Com tristura que na teimosia insiste
Riste, meu semblante dor sussurrava
Como quem só no desengano existe
Sem gozo, e no próprio pesar fruíste
Aonde a minha alma se via escrava
Amei-te mais, quando tu não hesitou
Quando do amor era, então somente
Amor em minha carência, me amou...
Quando me deste presença, veemente
Quando junto a mim agruras suportou
misericordiosissimamente.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/12/2021, 17’36” – Araguari, MG
paráfrase Guimaraens Passos
Na vida só não se sente solitário, nunca, todo aquele que é sempre solidário com tudo e todos, pelos caminhos.
Por muita sede de encontrar um dia em minha existência o verdadeiro amor, vivo semeando docilidades amorosas por onde caminho na certa esperança de que algum dia não mais estarei sozinho navegando nos mares solitários da dor.
Minha namorada.
Hoje eu tive um sonho que quis dizer algo assim:
Eu caminhava solitário em um belo jardim, dei um passo a frente e encontrei uma linda rosa chamada jasmim, ela sorriu para mim dizendo: alegria, guerreiro, eu estou aqui, carregue-me na sua longa caminhada e sempre estarás sorrindo.
Dei mais um passo e vi uma bela rosa de cor violeta que se abriu intensamente e espalhou toda sua formosura e beleza pelo jardim, pena que ela estava triste, mas ao me aproximar se expressou dizendo: sou tua e você é meu, somente meu, te esperei por todos esses longos dias, agradeço ao Criador porque valeu. Leve-me em seus braços, de hoje em diante serei feliz apenas ao teu lado.
Com a grandeza de tamanhas palavras gotas de lágrimas derramei.
Continuei a caminhar e depois de mais um passo largo resolvi parar, a minha frente estava uma margarida com todo o seu jeito meigo, perfumado e sua esplendida doçura vista no seu olhar. Desta vez eu resolvi falar: venha comigo, prometo jamais te abandonar, deixe-me acariciá-la e me contagiar com o seu perfume, quero ser escravo dos seus dias, preciso me perder nos seus mandos e desmandos, quero dizer sim a tudo que te faça feliz.
Basta! Disse a margarida, não preciso de tempo para pensar. Coloque-me nas tuas mãos agora ou jamais me terá!
Dei mais um passo longo e ali estava no lugar mais visível do jardim em forma de majestade aquela bonita rosa de cor vermelha, viva e muito ofegante, olhando direto nos meus olhos e disse:
posso ser ilusão, loucura da mente, ou uma passagem rápida na sua vida. Bobagem pensar assim da minha grandeza cercada de sentimentos, desejo e serei muito mais na sua vida do que apenas uma tempestade dessas que você já passou. Eu sou real, transparente, verdadeira, apenas na minha cor represento a paixão, sinceramente, eu quero que me chame de amor e é este fruto que te darei nos seus maravilhosos e duradouros dias comigo. Revelação!
Na verdade, eu não tive um sonho, eu estou vivendo esse sonho intensamente com você, a única rosa do meu jardim. Os quatro passos que dei são quatro meses recheados de felicidades ao seu lado, já as quatro rosas são um pouco do muito que você representa nos meus dias. Achei que fenômenos não aconteciam na vida das pessoas, mas você acontece diariamente na minha vida e eu te considero uma dádiva, um milagre de Deus. É um privilégio imenso poder dizer que você é a minha namorada.
Um dia estarás morto,mesmo estando vivo, e teu coração sonhador e solitário então sangrará, mas com a tinta rubra do sangue da desventura, pintarás poemas da esperança de um amor eterno.
Apesar de saber que não está sozinho, nele, é muito recorrente o sentimento de lobo solitário, que não costuma andar em bando, então, segui seu caminho desacompanhado, no máximo, algumas companhias momentâneas, sendo apaixonado verdadeiramente pela lua, encontra um ponto forte de equilíbrio no seu luar esplêndido, pode não ser a conduta mais saudável, mas aparenta ser a mais viável em certos momentos.
Nesta parte solitária da sua jornada, também desfruta de suas vantagens, não precisa permanecer na presença de quem lhe desagrada, pensar no que vai dizer, passar por perturbações que desgastam, assim, pode saborear uma paz oportuna, trazendo uma sobriedade pra sua alma, motivado por sua amada solitude, preservando sua integridade, um ganho muito relevante, quiçá, um vislumbre da sua maturidade.
Ele obviamente não pode alegar que seu o caminhar não tem dificuldade, muitas vezes, uma luta árdua para sua sobrevivência, mantendo sua mente equilibrada, altos e baixos, risos e lágrimas, fervor e cansaço diante de problemas externos, sofrendo calado com conflitos internos, sem querer ser um peso insuportável, além de pensar ocasionalmente que seria pior se estivesse acompanhado, prejudicando outra pessoa depois de si mesmo.
Chega a ser um pouco egoísta em determinadas ocasiões por estar só em boa parte do seu tempo e não necessariamente por más intenções ou por não reconhecer o bem lhe fazem e que já lhe fizeram, principalmente, do agir do Senhor, espero francamente que um dia, ele venha a mudar este seu comportamento, percebendo o amor que lhe rodeia, até lá, por enquanto, continuará caminhando sem a sua alcatéia.
Relações rasas, paixões de verão, pessoas individualistas, mais duras e mais frias, é a proposta do nosso século, por sinal muito bem aceita.
Antes o conceito de amor era o fruto de uma busca através do romantismo, da entrega, do vínculo de lealdade.
Hoje, o conceito é se sentir amado(a), é um jogo de conquista, da sensação de poder, de ter quem for a hora que quiser, é a capacidade de entrelaçar o outro, de alimentar o sentimento de ser capaz de cativar ao invés de ser capaz de amar.
Perdemos essa habilidade, por dor, por medo, por egoísmo, para elevar a estima, por isso criamos meios pra tentar sofrer menos ou mesmo, fingir que não sofremos.
Seduzir, se sentir desejado(a), dizer sentimentos irreais, sentir que alguém nos venera, tão somente para preencher nosso vazio.
Um ciclo vicioso, não há tantas outras opções, já não acreditamos em nada e ninguém, o que importa é distrair nossa própria consciência de estarmos, na verdade, solitários
Entre bocejos e café,
Aqui sozinha inquieta
Raciocinando e escrevendo
Enquanto o dia vai nascendo
E o corpo todo doendo.
A dor de não ter dormido
Porque, não me pergunte
Queria também saber
Porque ao invés de dormir
Me pego escrevendo aqui
Para zero pessoas ler.