Amizades Antigas
Viver é a estrita cultura de contar e caminhar por antigas historias de maneiras e formas diferentes
Ainda que a vida insista em me vestir de mortalha,
rasguei as minhas vestes mortuárias.
O fantasma que impiedosamente me perseguia,
Transformei-o em camarada.
Não mais fico encolhida nos cantos da casa,
Não mais calo o grito que me sufocava...
Grito todos os gritos que calava.
As minhas noites escuras transformei-as em claro dia,
São de júbilo as minhas antigas noites de agonia.
Beijo a boca que ansiava,
Deixei de ser carne, hoje, sou navalha:
Escrevo!
Não é que eu seja brega, mas ouvir essas musicas antigas
Me fazem lembrar dos erros, dos acertos, e da vida do passado.
Não é retornar ao passado, nem trazer ele para o presente
É aprender tudo de novo!
O Passado
Bebe da sua própria vida...
Afogue-se em mágoas suas do passado,
revive dores antigas.
Dores que emergem das noites vividas
ou que pulsam latente
em plena a luz do dia.
Sabe as velhas feridas que tu tens medo de tocar?
Toca-as, com teu próprio dedo,
faze-as sangrar.
Transforma o teu escárnio em afeição
e deixa percorrer nas tuas veias cheias de nicotina,
o sangue encarnado que turva o teu coração.
Morrer já não basta para si,
viver assim já não é mais opção,
faze tu também o teu caminho:
- Resgata de dentro do peito tudo que há por lá,
mesmo que não possa ver agora,
tira o que puderes tirar.
Resgate a si mesmo de dentro do próprio peito
ou, enterre-se de uma vez por todas lá.
Faz o que tem de ser feito, não cabe mais reclamar.
Mate-se o dia inteiro, viva-se pleno, até o sol raiar.
Descubra como é importante enterrar-se no peito,
e depois desenterrar-se no dia em que bem desejar.
Em todos os lugares, em todas obediências e nas diversas potencias maçônicas, quem espera por verdadeiras mudanças não se contenta com remendos, como a eleição de subordinados da antiga situação que já tiveram sua chance e nunca fizeram nada.
“Minhas frases são como um fogão a lenha, antigas, trabalhosas, nem sempre tem valor, mas depois de lidas, você não esquece.”
Coleção de pensamentos
Alguns colecionam fichas
Moedas de outros países
Moedas antigas de sua própria pátria
Antes eu pensava colecionar livros
Porém eu os leio
Passou anos e não colecionei foi nada
Até onde recordo é assim
Passa tempo em tempo e continuo migrando
Todos os meus pensamentos são tão vivos que parece traçar o caminho das fábulas angustiantes
Nem tudo é lixo e muito menos trevo de quatro folhas
Sorte só pra quem brinca de azar
Eu com minha sanidade
Brinco de pensar
Pensar que além túmulo não temos nada deste lugar
Não teremos mesmo
E onde iremos colocar a vida vivida?
Obituário.
Revirando as mensagens antigas percebo que perdi a minha menina, a garota perfeita, o pior é que eu nem percebi.
A nova geração está sempre querendo ultrapassar seu tempo com ideias antigas enquanto não são capazes de formularem suas próprias opiniões.
O cajueiro
O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Carybé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira; e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.
Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.
VENDO
1. dores antigas
2. quase mortes
3. falsas epifanias
4. medo de escuro
5. medo do fim do amor
6. sorte no jogo
7. sustos
8. panturrilhas inchadas
9. ressacas
10. azias
11. unhas quebradas
12. cacos
Olho para as fotos
Escuto as músicas antigas
E parece que tudo se complica
Os dias passaram
E não é mais igual
Foi perdido os momentos
Em meio ao tempo
Tudo se tornou lembranças
E perdi aquela velha esperança
De poder viver
Sem a melancolia na minha vida
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