Versos de Machado de Assis
Nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.
Tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.
Há dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique.
Um dia, quando todos os livros forem queimados por inúteis, há de haver alguém, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade aos homens. Tudo é música, meu amigo.
Às vezes, esqueço-me a escrever, e a pena vai comendo papel, com grave prejuízo meu, que sou autor.
Penso que o amor verdadeiro, ou ao menos o melhor, é o que não vê nada em volta de si, e caminha direito, resoluto e feliz aonde o leva o coração.
O casamento é justamente isso; acalma os afetos para os tornar mais duradouros.
Quem me pôs no coração esse amor de vida, senão tu?
O capitão fingia não crer na morte próxima, talvez por enganar-se a si mesmo.
...o tempo caleja a sensibilidade e oblitera a memória das coisas.
Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
O nosso propósito na Terra é comer sempre o dobro de carne que normalmente comemos para anular um vegano que acha que tá salvando o mundo.
Talvez uma das maiores mentiras que nos são contadas quando crianças é a de que a ordem dos fatores não altera o produto. Os que dizem isto decerto nunca leram Machado de Assis, pois quem leu, bem sabe a diferença entre um autor defunto e um defunto autor.
Viver em um país onde a escola básica não funciona a 40 anos até dá.O que não dá é pra viver no Brasil, um país onde a escola básica não funciona a 40 anos, mas as pessoas se acha verdadeiros gênios, intelectuais de primeira, sem nunca ter lido um Machado, ou Platão.