Veloz
Que o amor que chegue, seja sempre o que nunca partiu. Seja aquele amor que não te deixa com o decorrer do tempo e nem com as mudanças de vida. Porque amor de verdade, é aquele que vive na sombra das noites e na luz dos dias. E que o tempo siga veloz, sem que desse amor jamais venha apagar.
Um jacu entrou na minha casa
Pobre jacu,
Assustado gritava como alma condenada
Via ali o seu trágico fim
Perdido, não encontra a saída que existia
Grande, indicando a liberdade
Mas o bicho desesperado não percebia
Até que,
Atirando-se como se suicida fosse
Rompe asas nivelando o voo,
Veloz e retesado
Rompendo os fios da cerca do jardim
E,
"Salvo por um triz"
Deve ter pensado.
- A água é o princípio de todas as coisas
- O ser mais antigo é Deus, porque não foi gerado
- Todas as coisas estão cheias de deuses
- A coisa mais bela é o mundo, porque é obra divina
- A pedra magnética (ímã) tem poder porque move o ferro
- O maior é o espaço porque dentro dele cabe tudo
- O mais veloz é o intelecto porque passa através de tudo
- A mais forte é a necessidade porque tudo domina
- O mais sábio é o tempo porque tudo revela
(pensamentos atribuídos a Tales, de Mileto)
O tempo se consumira com seu ritmo imóvel, idêntico para todos os homens, nem mais lento para quem é feliz nem mais veloz para os desventurados.
Até aqui alcancei duas épocas em minha existência as quais quero comentar. A primeira, foi o final do século XX, ali vi o homem desvendando o caminho das pedras e calculando seu tempo. A segunda, foi o início do século XXI, onde vejo homem tropeçando nas pedras pelo caminho e perdendo a noção do tempo que passa velozmente, sem se preocupar com o tempo do homem.
O chão se abriu e meu céu fechou quando ouvi tudo o que você falou
Você partiu sem saber quem eu sou
Abriu mão de nós por sua liberdade
E que difícil abrir a minha e não ter mais sua imagem
A decisão de um altera a vida de dois
Me amedronta a incerteza por saber o depois
Mas me amparo na força de que só, sou mais veloz
Atingirei as estrelas, agora por mim, não mais por nós
Quando perceber o erro que hoje se refaz
Não tente me encontrar olhando para trás
Porque estarei tão a frente do que possa imaginar
Que nem mesmo seus olhos poderão me enxergar.
Por vezes quando o tempo passa...
Em horas dentro de mim...
Passa um nada meio acontecido...
Uma saudade que não tem mais fim...
Na penumbra de minha casa...
Escondido sob o luar...
Na artéria estendida do silêncio...
No vão do patamar do tempo...
A procurar...
Pressupondo um olhar para trás...
Por tudo o que eu vi e sei...
No curso veloz da vida...
Corri, subi e voei...
Agora grito...
Para rasgar os risos que me cercam...
Insensatos...
Não me servem de consolo...
Tolos...
Inúteis...
Pueris...
Fartam-me até as coisas que não tive...
Fartam-me com tudo o que sonhei...
Fartam-me o tanto que desejei...
Outrora escalar os céus, imaginei...
Tudo era igual...
E tudo me ruiu...
E entrei abandonado na esperança...
Entreguei -me a ela e ela me possuiu ...
Em combustão secreta...
Ao silêncio me abri...
Hoje entre as pedras procuro...
Aquilo que perdi...
Não paro...
E se necessário volto atrás...
Quantas vezes necessárias forem...
Até reencontrar...
O que nunca esqueci...
Dizem todos que é loucura...
Bem isso eu sei...
E muito ouço e muito já ouvi...
Tenho um caminho marcado...
E se agora não encontro...
Vou procurar no passado...
Revolvendo as cinzas...
Até descobrir...
Sandro Paschoal Nogueira
Hoje me bateu uma ansiedade
Que invade a alma, se faz verdade.
Maternal, profundo sentimento,
Trabalho tanto, sonhos ao vento.
Será que estou no caminho certo?
Será que aproveito o tempo aberto?
A culpa materna dilacera o coração,
Em busca de respostas, só há solidão.
O tempo corre, implacável, feroz,
E a angústia cresce, dentro de nós.
Mas mesmo na dúvida, na incerteza,
Há uma força, uma rara beleza.
Criar é amar, é se entregar,
É dar tudo de si, é acreditar.
Que nesse turbilhão de emoção,
Os sonhos florescem, em plena ação.
Então sigo, com fé e coragem,
No ritmo da vida, em sua passagem.
Pois criar é viver, é sentir, é lutar,
E no coração, a esperança de esperar
Que o tempo ande bem devagar.
CELER
Tudo frágil, indo, tudo passa
do que é deixando para trás
num rastro breve, tal fumaça
e se lhe dado o tempo, verás
Tudo acaba, o fado, num zás
a juventude se faz sem graça
morosa, enrugada e sem gás
assim, sem que esforço faça
A ilusão se vê numa ilusão
lamento e pranto sem valia
desejo nos desejos em vão
Pois, banal torna a despedida
e pouco importa a sensação
de aparto em aparto, morre a vida!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08, outubro, 2021, 08’10” – Araguari, MG
“Não compare sua inteligência, cada um tem uma velocidade de raciocínio e aprendizado, respeite a tartaruga e o coelho, e lembre-se que a tartaruga não é veloz, mas vive muito mais de 100 anos.”
O pensamento humano, mais sutil e veloz que a luz, sobe e se eleva mais alto que as nuvens, e no seu vôo assombroso transcende as barreiras do universo visível, contempla e se expande na imensidade.