Tristeza pela Morte do Pai
Repulsa
É isso! Pretendo cuspir bem no meio da testa da Senhora Persona
E, não seja cínico! Eu não haverei de cumprimentá-la com aceno respeitoso de cabeça, nem mesmo pronunciarei um "olá" pálido, com evidente desgosto.
Para quê? Não é mesmo? Sempre será melhor fingir que não a vi, sair, voltar noutra hora, se me for possível.
Imagine você: e se ela perceber algum indício de simpatia em meus gestos? E se me estender a mão?
E se chegar ainda mais perto e me perguntar como está minha saúde? Minha vida?
E, muito pior: e se me abraçar?
Oh! Não! Não!
Eu conheci uma mulher que morreu de repulsa.
Sim! Morreu de RE PUL SA.
RE PUL SA
Morrer de repulsa...
Ouça os murmurinhos:
- Do que ela morreu?
- Parece que de repulsa.
É bonito morrer de repulsa.
É! É isso! Eu quero morrer de repulsa.
Quero encontrar Inês mais vezes, apertar sua mão durante um breve contato visual.
Tanto quanto eu possa suportar.
É, quem sabe um BRE VE CON TA TO VI SU AL
Que Lindo!
Que lindo morrer de repulsa.
Que lindo, meu Deus!
Ela estava lá
Inébria, sombria
Frígida como uma mulher em puerpério
Seus cabelos acobertos
Em capuz de feutro negro
Davam o tom em branco e preto
Clima de cemitério
Enquanto eu escrevia
Me sussurrava aos ouvidos
Palavras, estalidos
Inspirações de cortesia
Era sim, a própria morte
Do meu lado a gargalhar
Afagava-me os cabelos
Entre vida e pesadelo
Inspirando meu desabafar
Ali estava ela, ao menos mais uma vez
É que ando morrendo demais
Um poeta morre vez ou outra
E aquele era só mais um dia
Entre escritas e agonia
Entre letras mortas e vazias
O meu óbito de número trinta e três
Um sopro de vida
Temo enquanto viver
porque a vida é tão exorbitante
mesmo que eu possa morrer
o futuro é um pensamento incesante
Temo porque é absurdo
num mundo de pessoas dissimuladas
a vida e morte se encotrarem
em todas as ruas e estradas.
Temo porque tenho medo
do presente e do passado
vejo todos os cacos de vidro
de um espelho quebrado...
de um trauma marcado...
de um amor mal amado...
Temo porque o tempo
não pode mais nada contra mim
mesmo que eu fique triste
nunca fui tão feliz assim.
Temo,todo dia
Choro em noites temerosas
com pensamentos medonhos
tenho noites horrorosas.
Mas quando o dia clareia
e vejo o sol nascer
toda a chama me incendeia
e ponho-me novamente a crescer.
Tristemente choro
Alegremente vivo
Sem isso,morro.
Enquanto elas correm para lá e para cá. Eu existo.
Enquanto elas louvam divindades mesquinhas, ídolos e falsos lordes, Eu existo.
Enquanto elas lutam em guerras triviais, vivem e morrem por bandidos e reis mortais, Eu existo.
Todos os sacerdotes de falsos deuses se ajoelham a mim.
Todos os reis de impérios, grandes ou pequenos, se ajoelham a mim.
A vida se ajoelha a mim.
A morte se ajoelha a mim.
Para que eu não morra em vão!
Faço preces ao universo
para que ouça meu coração,
trazendo a mim o que mereço
e mantendo o que me faz bem.
Guiando minha mente aos seus planos,
livrando-me do sofrimento das ausências.
Que meus desejos não tenham mortes súbitas,
como as que anseio aos meus medos.
Rogo!
Ouça as ritmadas sinfonias que ardem em mim,
para que assim eu não me perca em devaneios.
Se seu poder maior me proteger,
não temerei viver.
Não me impedirei de sofrer,
pois irei crer
que você não permitirá
que eu morra em vão.
"O pecado é uma doença tão grave que o único antídoto capaz de controlá-lo é o Espírito Santo de Deus, e a única forma de curá-lo é a morte."
– Anderson Silva
Quando você viaja só pensando em chegar rápido, acaba perdendo o que realmente importa: o caminho, as paisagens, os momentos. E o que deveria ser prazeroso se transforma em puro cansaço. Assim também é na vida. Aproveite o percurso.
Machado de Assis imortalizou a expressão “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ao descrever Capitu, mas a mulher na janela pode ter uma luz infinita no olhar, capaz de iluminar uma casa inteira ou uma vida obscura, como a minha.
Há quem diga que todos nós nascemos sabendo o que é o amor. Isso é mentira. A única coisa de que sabemos, ao nascermos, é de que estamos destinados à morte. Inevitavelmente, a morte é a nossa única certeza; mas é claro que o amor é importante porque, de alguma maneira, este sentimento é o meio pelo qual encontramos um alívio para a tristeza causada pela desordem deste mundo
ELA
Caminha sutilmente...
Com a sua foice, afiada.
No rosto, um desejo ardente
De um viver diário, cansada.
Não tem alma, nada sente,
Apenas cumpre seu mandado.
Vem, megera desnaturada!
Traz trevas com o seu véu negro.
Do necrotério, ceifa a madrugada;
Ao coveiro, descreve teu enredo.
À sepultura, finca tua morada;
Ao cemitério, conheces em segredo.
Vem, dama negra impiedosa...
A cintilar feito um vagalume,
A deixar a vida bailar, invejosa,
E o cadáver a escorrer necrochorume.
A executar tua obra, caprichosa,
E a germinar larvas como no estrume.
Então vem... que te esperamos...
Tanto o preto quanto o branco,
E todos que sucumbirão à navalha.
Pobre, rico, andarilho ou manco,
Ambos vestirão a mortalha.
E não adianta apego ao santo,
A morte não goza férias...
É a operária do além que mais trabalha.
Paulo Cerqueira
"Moça"
Moça, bela moça
O que fazes sozinha
Nessa noite tão escura?
Moça, bela moça
Com essa pele tão pálida,
Fazes o papel da Lua.
Moça, bela moça
Cuidado com a rua escura,
Pois não passa carro, nem pessoas.
Moça, moça bela
Descalça no chão frio,
Com tua velha vestimenta amarela.
Moça, moça bela
Sinto falta da sua presença
E das decorações tão sinceras.
Moça, moça bela
Não vá tão depressa,
Pois, assim como o tempo,
Os carros não esperam.
Moça! Moça!
Mas que decisão louca!
Por que não olhaste para os dois lados da rua?
Moça! Moça!
Logo uma semana antes do nosso casamento,
Nosso "feliz" 3 de setembro...
Moça... Moça...
Hoje só resta tristeza,
Chorando em frente ao seu caixão,
Em plena sexta-feira.
"Eu estou morto.
Eu não sei quem me matou.
Também, há muito, que nem sei quem sou.
Então, não sei quem morreu, ou quem me matou.
Mas sei que estou morto e que morto, estou.
Ser ou não ser, ser quem não ama, ou ser quem odiou?
Ser quem ela deseja, ou ser quem sou?
Nessas idas e vindas, não sei se fico; não sei se vou.
Não sei se é ódio, não sei se é amor.
Coração empedrado, desprezo, rancor.
Amaldiçoo-a pela madrugada, acordei respirando n'outro dia, que azar, senhor.
Meu corpo vive, mas minh'alma, há muito que jaz, e não sei quem a matou.
O que sei? Mesmo respirando, sorrindo, coração batendo, divertindo; morto estou..."
“Por favor, amor meu, me livre desta vida moribunda.
Permita-me, pedir-lhe em namoro em uma tarde fria de Domingo, e casarmo-nos, na Segunda.
Por favor, meu amor, deixe-me, curar-lhe as feridas e ser da sua alma, a lembrança mais profunda.
Permita-me, meu amor, e verás que a felicidade, há muito lhe circunda.
Amo-te, amada minha, deixe esse sentimento dar vazão, pois esse amor me inunda.
Minh’alma, afogada, se afunda.
A vida é tão bela; o amor, aquela coisa singela; e a paixão, aquela coisa insana, que compursca.
Seus olhos, são paisagem; seu toque, inenarrável aveludar; sua imagem, o todo do divino; sua voz, é música.
Eu te amo, do momento em que te vi, até da minha morte, obscura.
Sei que não te mereço, sou o pecado, o erro, das criações do Deus, a mais impura.
Mas imploro, a esta pífia existência, amor meu; um único beijo, a salvação sua.
Caso não, tudo bem, divindade que és, mate em meu âmago, o amor que sinto por ti e livre me, desta vida moribunda…”
No silêncio da noite, a sombra se arrasta,
Um eco de risos, que a vida desgasta.
Caminhos desfeitos, memórias em dor,
Na dança da mente, o medo é o ator.
As horas se arrastam, como folhas ao vento,
Um peso no peito, um eterno lamento.
Olhos que buscam a luz da esperança,
Mas encontram apenas a amarga cobrança.
Sussurros de vida se perdem no ar,
Em um mar de tristeza, não há como nadar.
Os sonhos se quebram, como vidro ao chão,
E a alma, cansada, busca a salvação.
Mas mesmo na sombra, há um frágil fulgor,
Uma chama que arde, apesar da dor.
A morte é um ciclo, um fio que se estica,
E na amargura, a vida se critica.
Assim sigo em frente, entre lágrimas e risos,
Navegando os abismos, buscando os sorrisos.
E se a dor é um fardo que carrego em mim,
Que eu aprenda a dançar, mesmo assim.
PREMONIÇÃO
Alguma coisa mudou para sempre neste velho e obcecado mundo.
Um quê de pesar avisa que acabou para a raça humana.
Não mais outro dia, não mais esperança, não mais sopro renovador.
É hora de catar os trapos e levantar acampamento.
Para onde iremos? Só Deus sabe.
O que seremos? Só Deus dirá.
Homo Sapiens não aproveitou, não deu valor ao certo, idolatrou o errado,
E esta tristeza que varre o mundo é a intuição de que não vai haver outro dia.
Gemem tantos por dentro, gritam outros por fora.
Gargalham os loucos, dançam os frívolos e os avarentos agarram seu ouro.
Pobres choram de fome, ricos se escondem em mansões invioláveis.
Alguma coisa está se aproximando e quando esta coisa chegar,
não vai dar tempo de gemer, de gritar ou gargalhar.
Cessarão as danças e as praças estarão cheias de sapatos perdidos.
O ouro dos avarentos escorrerá por entre as mãos encarquilhadas de medo.
Insurgirá a fome e as casas invioláveis cairão por terra com um estrondo de morte.
Se estou com medo? Acho que não, apenas escrevo estas notas.
Mas lá fora, no escuro e no frio, tem alguma coisa brilhando por sobre a casa.
Tempo de partir. Não mais aqui, não mais a Terra, a Terra acabou.
Hora de ir.
Mas ir para onde? Só Deus sabe.
E o que seremos? Só Deus dirá.
(Lori Damm, 19/05/2024)
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