Torto
Como é difícil viver. [...] Como tudo é complicado, torto, torturado, como às arvores e secas e mortas.
E nesse meio tempo
Nesse tempo torto.Morto.
Vou criando asas,
Feito de bolhas de sabão.
E vou fazendo de conta,
Que sei voar.
Vou me colorindo.
Me redimindo e me abrangendo.
Engraçado e ridículo...
As palavras são descartáveis
Como preservativos usados
Depois de um bel prazer
Que suja sua vaidade
Doce e ácida.
Como viver. Conviver.
Onde as borboletas voam
Entre o coração, cabeça e estômago.
Sou das que toca sem encostar.
Sou das últimas doses.
Das doses homeopáticas.
Sou de um gole só.
Aprendi, de um jeito torto, confesso, a colocar um ponto final onde inúmeras vezes insisti em usar a vírgula.
Não, menina, por favor. Não me olhe com esse olhar maroto. Desvia de mim o teu sorriso torto. Essas coisas – tuas coisas – me encantam tanto, você não faz idéia do quanto. Por favor, não me faça acreditar que as estrelas não morreram, me deixa aqui, pensando que o sol também não volta.
Não, menina, por favor. Não pega a minha mão, eu não mereço. Desvia de mim o teu carinho, pois sou tão imperfeito, não mereço – não te mereço. Corre, menina, corre enquanto ainda há tempo, corre por enquanto, corre rápido, ou devagar, se insistir em me deixar te alcançar. Mas não, não queira, por favor.
Não me deixe existir pra você, não queira voar ao meu lado. Tenho medo de cair, tenho medo de te derrubar, vai doer, e vai doer em mim. Não seja má, menina, faça o que lhe peço. Desvia de mim teu olhar maldoso, tão apaixonante. Não entoa teu falar doce e manso ao meu ouvido, não agora.
Preciso-te. Não te quero. Não me pergunta se meu amor vai crescer. Eu não sei, eu não quero. Fica quieta, não me olha, não fala nada. Deixa o tempo nos guiar. Deixa o tempo nos perder. Não, não deixa! Preciso-te. Quero teus olhares e tua voz doce ao meu ouvido. Quero teu coração pra mim, e o meu pra ti.
Não posso construir meus sonhos num terreno torto, preciso antes, deixa-lo plano para que tenha alicerses sólidos.
Se te olham estranho ou torto não importa, deixem notar que você é diferente, pois os iguais não fazem os hipócritas perderem tempo com pensamentos medíocres!.
É no meu "jeito torto" que muitas vezes você se refugia.. entenda que nem para mim eu consigo passar segurança, estabilidade.. como posso dar a alguém o que eu não tenho??
Um caminho meio torto, contando os pedaços de mim que consegui pegar do chão. Pedaços de esperança, pedaços de sorrisos perdidos, pedaços de lembranças que se foram. Minha alegria pra onde foi? Onde está? O que fazer? Pra onde ir? Já posso contar com alguém e será que conseguirei?
Com todos os cacos que restaram próximos a mim, alguns resolvi reutilizar e encontrei um importante: a lembrança. Doce lembrança que me leva a nostalgia, que me tortura dia a dia...
Deu tudo errado, não é? Ah, com umas risadas chorosas, dou um sorriso torto, e digo sempre que nós demos muito errado. Tão errado que por um momento pareceu ser o mais correto a se acontecer. Somos aquelas forças opostas, não é? Nos repelimos (mesmo que a vontade seja ficar perto).
Eu não sei disfarçar, eu não sei caminhar, eu não sei viver sem o sorriso torto que você escupiu no meu rosto, [não mais];
Se não fosse deste jeito tão torto, tão estranho, tão intenso e imenso do jeito que é, talvez não estaríamos aqui até hoje.
