Coleção pessoal de RebecaMelo

1 - 20 do total de 130 pensamentos na coleção de RebecaMelo

Ele tinha razão, em sentir-se ferido.
E ela tinha razão de sentir-se mal.
-Ele carregava na barba seus sonhos de menino
E tinha os olhos miúdos, como dois botões.
Era inseguro e solitário, como uma criança.
Como quem busca por colo a qualquer custo.
Ele só queria um amor.
Um amor em que se tornasse forte, importante e seguro.
Ele? Ele também já destruiu corações.
Mas agora, teve o seu destruído.
Ele sempre dizia:
- Eu pensava em você o tempo todo...
Mas agora, eu só penso nisso.
Ele tinha razão, de não a querer mais
E ela tinha razão de querer ir embora.

Se eu nunca ver você de novo
Eu sempre vou levar você
dentro
fora

na ponta dos meus dedos
e nas bordas do meu cérebro

e em centros
centros
do que eu sou do
que restou.

Agora que a bosta é séria,
Já posso-me por para fora,
E espatifar-me ao chão,
Assim delicada e recatada!
Eu, mestruação de jovem arrependida
Que vai ficando mais velha, feia e cansada.
Que cultiva um fantasma
No lugar do coração.
Como atraso de vida.
Meu freio poético anda cansado.
Ando mais perdida que a Alice
Agora são meus cães contra o mundo.
Deixe-me pelo menos ser seu atraso de vida
Pois agora são meus cães contra o mundo.

Absinto

Bebo do teu néctar,
entrego-me em teus lábios!
Morro neste (ab)sinto
que degusto em tua boca
e entrego minha alma,
te envolvo na melodia
dos meus braços.
Entrega-me e
Alivia minha dor
no deleite deste amor
e derruba-me
no gole mortal
deste (ab)sinto.
Que mal sinto
em meu corpo ardente
o labirinto de teu corpo.
Estou vivo e...
estou morto!
Mas sinto o teu (ab)sinto
em minha garganta,
Queima a carne
levemente em teu olhar
profundo e profano.
Deixo absorver
a dor saborosa
deste alívio
partir--
pra dentro de ti
e te sinto
num gole de (ab)sinto
de tua saliva--
que nos integra num único ser!

"Forças mórbidas
Idéias desastradas
Fetiches fulos
Frases clichês
Dias repetitivos
Cores desbotadas
Músicas desafinadas
Poema torto
Versos xucros
Mente velha
Coração retrô
E todos dos detalhes
De uma vida pacata
De um mês sem graça
Nos olhos de quem nos veem
E ainda dizem
Que esnobamos a vida
Porque por mais que ela seja
Nessa forma torta
Ainda sorrimos diante de todos os defeitos
E achamos lindo a graça
Dessa vida sem graça
Pois temos a felicidade amor
de viver em nosso canto
As coisas simples
De todo nosso amor
Pois com você meu amor
Na vista dos outros
O que é feio e sem gosto
Para mim
Se torna do mais perfeito e bom gosto
com o simples toque do seu amor"

Eu pirando
Entre dedos, medos e rum.
Eu alcoolizada
Entre a melancolia e a solidão.
Eu devolvida
Suficientemente estragada
Eu viva
Desviada e corroída
Eu ferida
Apunhalada destruída
Eu pirando...

Eu não parei de escre(ver), não parei de escre(ver) pra você, pra mim. Das vezes que eu mais me findo ao chão, eu fico perdida lá em baixo daquela nuvem passageira medíocre, parada por uns tempos, recompondo-me até passar. Meus pulmões mal sabem ‘respirar’ sem que eu use a minha bombinha de bolso para o ar entrar, sair e o sangue fluir escrotamente...

A mulher magra de pele branca
Todos tem medo dela
Mas ela, também tem medos...
- Tem cheiro de flores
Das mal(ditas) rosas
De talos crespos escurecidos
Das que morrem sempre despetaladas
Que ama o cheiro de tangerinas
E da mistura que causa nas narinas
Que faz um quase respirar
De ácidos bucólicos e solitários
Mas que no fim nunca chega a sair e a ser
A mulher magra de pele branca.

- Mulher magra da pele branca
- Menina mulher da pele preta
Como diria Ben Jor.

- Eu quase minto sobre quem eu sou
Porque na verdade eu sou um mundo só.
Que tem medo do chão que pisa e suja.
Das mãos que tocam e ficam sempre vazias.
E do corpo que absolve apenas bagaços...
E continua com a raiz pesada e pisoteada
Para errar mais uma vez.
- Mentir, omitir sobre quem eu sou.
Um pulso nervoso estupidamente esculhambado.
Que se treme e se contorce com um toque
Que se quebra e se esvazia feito cana
E que dança e baila e nunca para de dançar
A maldita e escrota dança da solidão.

Estava estupidamente alterado cantando de galo, catando seus grilos de meia idade, colhendo os seus gritos de profusão. Pensando... Aonde tinha deixado os seus bordões e as suas facetas. As suas barganhas e as suas gargalhadas cuspidas. Pensando no que se transformou. Estava parado com o seu relógio de pulso de meio século passado, exorcizado pelo tanto de merdas, ironizado pela sua falsidade verdadeira de se furar e golfar sangue em sua nova ferida de uma carne mal passada. Destruindo e matando qualquer coisa, qualquer coisa que pairasse em seu alterado canto de galo.

A sua bamba anda meio solta, meio sem pé no chão.
Meio de boca aberta pedindo consolação.
Anda conversando bosta por ai
Convencendo os merdas pra si.
Mas no final... Cara, a sua bamba está um lixo.
Seu remexo tá um porre, seu corpo só corticoide.
Não adianta remexer, quanto mais meche mais fede.
Poupe-me o balancer dos seus calcanhares
Pois moça, a sua bamba anda meio solta.
Cara, a sua bamba? Ah, anda um lixo!

Deve ser bom, saber que tem alguém
te esperando do outro lado.
Que depois que se esbaldar
cair na noite e chutar o balde
vai ir de consolo a desconsolada no outro dia.
E depois vai sair por ai, pelos cantos.
Reclamando solidão, frieza e mau amor.
Mas olha só a sua carne é igual a minha:
Podre, fraca e canibal!
Por trás da carcaça
há sempre uma finda de ossos
que dar em um vazio agudo,
que só aguda o vazio.
Buracos tampados são temporários,
pois ainda dar eco...e-c-o
Quando ama, quando chora e quando faz amor.
Não sei se me odeia ou se me ama,
se me deseja ou me joga fora.
Se me põe pra dentro ou me põe pra fora
feito cadela de rua
que trepa,goza e vai embora.

Mal sabe que o meu veneno eu carrego nos dedos.

No dia em que a merda tiver algum valor, os pobres nascerão sem cu.

E senti na garganta o nó górdio de todos os amores que puderam ter sido e que não foram.

Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.
Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre".

Acabou pensando nele como jamais imaginara que se pudesse pensar em alguém, pressentindo-o onde não estava, desejando-o onde não podia estar, acordando de súbito com a sensação física de que ele a contemplava na escuridão enquanto ela dormia, de maneira que na tarde em que sentiu seus passos resolutos no tapete de folhas amarelas da pracinha custou a crer que não fosse outro embuste da sua fantasia.

O que você viveu ninguém rouba.

Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados...

O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança.