Resabinar

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É que talvez (um talvez muito provável) eu seja a pessoa mais medrosa do mundo.

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Amor é um cão do inferno, como diz o velho Bukowski. Que te morde, persegue, mija em seu sofá, estraga seu tênis favorito, deixa fedendo sua casa. Mas ele é só um cãozinho imperativo, não é de todo mal. Ele pode ser doce, deitar junto de você no chão, numa tarde quente demais para seu corpo, e te fazer companhia. Uma companhia sincera, que só cães sabem. Pode lamber seu rosto quando você acabara de chegar frustrado do trabalho. Amor, dentre todo o mal, faz um bem danado. Um bem que só o amor pode fazer.

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Amor é conspirador (na maioria das ocasiões, contra você). Ele ajunta-se com aquela forcinha maligna que há em nossa mente, e afunda sua raiz, fundindo as forças, acabando com nós a cada dia.

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Amor é descuido, inocência. É no meio daquela ajuda despretensiosa, ao pegar o vidro de óleo do chão e entregar a quem o queria, que o amor, traiçoeiro se esconde. Não existe hora, lugar, o amor não liga. Não adianta planejar cuidadosamente sua vida amorosa com a cabeça no travesseiro antes de dormir. Ele não está te escutando, e se acostume com essa surdez peculiar do amor, ele nunca nos escuta. Mesmo berrando. Mesmo em prantos. Enquanto ele quer, ele fica. E você medíocre hospedeiro, aceite, e continue seu caminho ignorando o barulho dos cacos de seu coração se chocando em seu tórax.

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Amor: nossa doença protegida, guardada cuidadosamente em nossa gaveta interior.

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Amor é química.
Uma surtação mutua de neurônios, que fritam nossa cabeça, aceleram o coração, nos perde de nós, de foco, caímos sem asas, achando que balançar os braços nos fará plainar no ar do abismo.

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Foi bom, em alguns momentos, como a vida em si. Altos e baixos. Picos. Polos. Sempre oscilando, decaindo, revigorando. Desde a chega, a invasão, a posse, o desleixo, a revolução, o paralelo, o imaginário. Agora, a partida.

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Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, de certa forma. Mesmo tendo perdido parte do meu mar, chorando. Mesmo tendo desacreditado de belas coisas. Mesmo você tendo pichado o meu coração com teus atos meticulosamente planejados para pagar-me com a mesma moeda. Com esse seu olhar de céu desligado, me fez ter necessidade de algo que eu nunca mais vou deixar de precisar.

Você foi minhas palavras. As mais sinceras. As mais redundantes. As mais tristes.

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Você me apresentou a escrita, baby, me fez refém, não apenas de você, mas das palavras. Obrigado por isso.

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Nós fizemos história, mesmo que só dentro de mim. Como dizem, não é só porque existiu apenas na sua cabeça, que não existiu. Não é só porque foi mais eu que vivi que deixou de existir. Que nossa colisões não foram verdadeiras. Que nossos olhos grudados magneticamente nunca colaram. Que nossas tentativas frustradas de fingir não se ver aconteceram com êxito.

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Deu tudo errado, não é? Ah, com umas risadas chorosas, dou um sorriso torto, e digo sempre que nós demos muito errado. Tão errado que por um momento pareceu ser o mais correto a se acontecer. Somos aquelas forças opostas, não é? Nos repelimos (mesmo que a vontade seja ficar perto).

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Fomos o casal inexistente mais catastrófico que existiu na nossa história.

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É que sempre fui eu, do outro lado da ponte, chorando, encolhida, abraçada no travesseiro, controlando meu próprio choro para não acordar ninguém. É estranho ter malas nas mãos, quando o costume era tê-las sobre os olhos. É estranho eu confortar, dizer que vai ficar tudo bem. Ok. Sei que essas palavras são mais para mim que para qualquer um, mas isso não atenua a estranha sensação que essas palavras trazem a boca, quando ditas.

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Você é uma das razões para eu continuar minha luta de autosuperação.

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Ela está sempre à beira de dizer o nome dele. Mas recua no último segundo, como um animal selvagem, com medo. É quase como um medo mutuo. Eu sempre, em qualquer palavra, assunto, circunstância, estou à beira de dizer sobre ele. Sinto em minha língua o gosto aterrorizante do nome dele, brincando, perversamente, dentro da minha boca, sentindo-se dono. Em conversas, eu posso sentir que ele está presente, quase entrando no recinto e flutuando junto das palavras despejadas pela boca. É como se ele, escutando a conversa como um intruso, estivesse atrás da porta. Uma presença estranhamente perto, perpetua. E lateja aonde quer que eu esteja.

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É como se cada frase, implorasse para que o nome dele fosse implantado, fundido ao sentindo, mesmo ficando sem sentido.

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Ele é aquela presença viva das minhas conversas. Meu subtendido.

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Ele é presença nas entrelinhas. O silencio desconcertante. O engolir de ar. O pensar inadequado.

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Ele sempre esta a beira da minha boca. Minha língua quase o forma. Minhas palavras quase o têm entre.

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Porque simplesmente não dou uma risada sem graça e digo que daqui pra frente sem ele vai ser estranho?

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E mesmo com esse NADA grande, torrencial e em negrito, prejudicando toda a nossa melosa história inexistente, houve algo. Pode ter existido apenas em mim, como seria bem provável. Mas nada no mundo consegue abafar os gritinhos fracos de alguma parte da minha cabeça que diz que você também viveu algo por mim, em mim – sobre mim. Não que eu esteja dizendo que fomos (ou somos) aquelas historinhas bonitinha que lagrimejam os olhos. Mas também não estou negando que a gente foi uma história. É complicado explicar algo intangível. Algo que nunca foi pros olhos ver. Mas que existiu de forma absurda.

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Nunca foi apenas uma troca de olhar corriqueira.

Nunca foi apenas uma troca de olhar corriqueira. Um enroscar de olhos acidental. Tinha algo ali pulsando entre nós que passava a anos luz do acaso. Era algo. O algo que existia em mim. O algo que talvez existiu, pequeno, frágil, inconsciente, em você.

Ou talvez aquele dia, em que nós nos chocamos? Explosões daquela magnitude não são normais. São fenômenos. E fenômenos acontecem por algo. Algo.

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