Textos Melancólicos
Um dia, experimentei pela primeira vez a intensidade e a melancolia do amor. Tão forte e carrancudo era o amor!
Mas em toda minha vida sem graça, descobri que o amor não vem e vai; ele simplesmente existe.
Porque o amor, não é algo que se dar ou se toma de alguém. O amor simplesmente acontece, apenas uma única vez!
E quando acontece é tudo de bom! Nos faz fazer coisas malucas e as vezes até perder o senso de razão e agir por emoção!
Como resultado da incompressão do amor, pergunto-me: porque as pessoas que se amam loucamente, não tem final feliz como nos filmes de romances?
Porém, eu não tenho a resposta, não consigo encontrar a solução, para que o amor não seja tão doce quanto antes!
Talvez seja por essa frustração, ou por medo de perder o senso de razão, que não amarei como já amei antes.
Brasília, cidade das curvas e retas,
Arquitetura moderna e sublime,
Entre a melancolia e a alegria completa,
A tristeza e o riso se entrelaçam em sua rima.
Os dias quentes de sol escaldante
Contrastam com as noites frias de solidão,
Onde a melancolia abraça a cidade adiante
E a tristeza toma conta do coração.
Mas no meio da imensidão cinza,
Surge uma explosão de cores vibrantes,
Alegria pulsante, como a luz que brilha,
E encanta a todos os visitantes.
E assim Brasília é uma cidade de contradições,
De tristeza e alegria, melancolia e esperança,
Onde as emoções se misturam em proporções,
E a vida segue a sua dança.
Na solidão, a alma sente o peso;
De uma dor que não se pode explicar;
A melancolia envolve como um abraço;
E a tristeza vem sem avisar.
É um vazio que parece infinito;
Um silêncio que corta a alma ao meio;
As lágrimas rolam, o coração aflito;
E o sorriso some, como se fosse um troféu.
A solidão é um lugar escuro;
Que consome a luz que existe em nós;
E a melancolia é uma nuvem de fumo;
Que cega os olhos e turva a voz.
A tristeza é um fardo pesado;
Que puxa para baixo e não deixa voar;
Mas mesmo na escuridão do passado;
Há sempre uma luz que pode iluminar.
A tristeza e a melancolia vêm e vão;
Mas a solidão pode ser amainada;
Com uma mão amiga, um ombro para chorar;
E o amor que nos faz sentir abraçados.
Melancólicas gotas
Em dias de chuva, posso ser o” eu melancólico”
que mergulha na doce e profunda amargura de viver.
Em dias de chuva, meus versos são mais belos,
perpetuam sentimentos que nos dias de sol, não atravessam a alma da escritora que escreve.
O sentir nos dias de chuva é saudoso,
saúda a dor, a felicidade, o passado, o que nem existe, e o que está por vir.
Nos dias de chuva dá vontade de sair
sem nem saber onde ir, e perder-se de si.
Deixar de ser, e como gota de chuva
escorrer sem rumo e de repente como súplica,
rebentar-me na porta da tua morada.
E rebentando-me em paixão, saudar-ti-ei
com gotas Que percorrem o teu rosto,como choro que foi chorado nas noites de chuva, com o coração amontoado de sentimentos pelo amado.
Como amantes, que se amam às escondidas protegidos da chuva que cai lá fora.
A chuva acolhe o nosso mar de sentimentos, mar de
lágrimas, mar de saudade, mar de vontade, da vontade louca de escrever, sentimentos de chuva e de céu nublado no final da tarde.
Sentimento de vontade louca de percorrer pela tua boca,como a tua amante louca faz.
Poeta
O que são?
Onde vivem?
O que comem?
Do que vivem?
Poetas,
Na melancolia,
Encontram dor
E amor.
Mas como posso ser um?
Se ainda não aprendi a amar,
Isso significa que não sou poeta?
Mas vivo na melancolia,
E disso tiro minha inspiração...
Será esse o meu destino?
Não me enquadrar em nada?
Será possível não saber amar?
Gostaria de saber...
Carta a uma pessoa melancólica
É indispensável te olhar e não encontrar o brilho em teus olhos tão reluzentes, um vazio nos teus lábios que dizem palavras silenciosamente tristonhas e sem vida, traz a tona o amargor das lutas que passaste.
É nessas horas, que tu debruças sobre o travesseiro e se encontra em estado de crise...
Mas mesmo as circunstâncias originalizando todo esse caos...
Lembre-se, que haverá momentos que a dor tentará te consumir, mas relembre dessa força que há dentro de si. Essa força que resiste aos ventos da tempestades que te assolam, que tentam arruinar os seus sonhos, demonstram a tua persistência em nunca desistir.
Digo a você, tu tens um valor imensurável, incapaz de ser compreendido por pessoas rasas. E isto assevera a raridade da pessoa que tu tens sido, um verdadeiro complexo de amor e determinação.
Tenho certeza que teus olhos voltarão a brilhar e espalhar esperanças aos corações quebrantados e contritos.
Teus lábios voltarão a trazer palavras que curam a alma e exterioriza a esperança de poder acreditar no invisível e sonhar com o inalcançável.
E os teus braços, que em um abraço, alivia toda angústia que há em meu ser e manifesta novamente toda aquela alegria que em algum momento havia se perdido.
Acredito que você se reencontrará e estará mais forte do que nunca, para essa nova história que esta sendo escrita diante dos teus olhos...
E há aqueles dias que a melancolia bate fundo.
Forte.
E os pensamentos voam, as lembranças voltam e a saudade lateja.
Somos assim, feito de lembranças e lágrimas.
Dor e saudade.
Sorrisos também chegam colorindo essa nostalgia.
Mas esses dias chegam pra nos fazer lembrar que o dia a dia deve ser vivido com amor.
A gente tem que falar com amor, escrever com amor, enxergar com amor, estender as mãos com amor.
Um dia tudo será lembrança.
Um dia será de lágrimas, outro de sorrisos.
Um dia haverá chuva, em outros sol.
E tudo bem sentir - se nostálgico, cabisbaixo, distante daqui...
Quando sentir a melancolia bater, curta esse momento.
Amanhã será um novo dia, todo risonho pra viver.
E esse dia, um dia será uma doce lembrança.
Não precisa ser uma foto, uma mensagem, uma carta, um presente...
Pode ser um sorriso, um olhar, o silêncio indecifrável de alguém...
Coisas que a tecnologia não consegue captar.
Coisas que o coração sente e só a gente entende...
E chora, ou sorri.
São lembranças.
Nossas.
Eternas.
Num lugar nosso.
Lá, onde ninguém conhece.
Só a gente pode entrar, fechar os olhos, viajar, encontrar, abraçar...
Cansaço -
Estou cansado dos meus versos
sempre tristes sem sentido,
melancólicos, perversos
de um Coração frágil e perdido!
Estou cansado dos meus versos,
vou rasga-los um a um,
sentimentos controversos
já não quero ter nenhum!
Já não quero a solidão!
Estou cansado dos meus versos,
quero é ter um Coração ...
Ó Senhor que já nem rezo,
põe em mim a tua mão
que estou exausto dos meus versos!
Entardecer
Na melancolia profunda
lá bem dentro do peito
em silêncio quieta na sombra
ainda bate pulsa brilha
a plena luminosidade da
mais perfeita beleza
que um dia me foi dada.
Bela, plana paira me abraça
no carinho de calma saudade;
ela é a brasa que sobra
da vida vivida: alguma antiga
alegria não esquecida agora vazia
prossegue sempre acesa
lá bem dentro do peito
ela é a brisa que sopra
de ar dividida: cada novo
sonho sempre lembrado de ser
traz a mesma chama acesa
lá bem dentro do peito.
Na melancolia profunda
viro reviro me ajeito
ouvindo em silêncio ao sol
que bate queima brilha
teu canto banhado na
mais perfeita harmonia
que me foi dada um dia.
Belo, plana paira me abraça
em carinho de calma saudade.
meksenas
Lembranças desusas potencialmente melancólicas
Continuo a ver no espelho da vida
Essa criança curiosa e cheia de sonhos
Perdida no passado, dissolvida
Junto com momentos felizes e risonhos
Nada mais importa sobre o ontem
Mas tudo se prevalece para o amanhã
Somos o que somos por escolhas
Escolhas estas escritas à tinta em vazias folhas
Mas o passado ainda me persegue
E não há cruz mais pesada em que eu carregue
Eu caminho entre memórias simbólicas
Pois essas são minhas lembranças desusas potencialmente melancólicas
Chuva: Serenata da Melancolia
Chuva, tua melancolia se mistura ao meu pranto,
Gotas suaves, como lágrimas que caem do céu.
Em tua tempestade, encontro meu abrigo,
O som das gotas acalma minha alma, que se debate ao relento.
Trovoes ecoam como pensamentos tumultuados,
O vento sussurra segredos que só eu posso entender.
Teu toque frio é como um abraço, me envolve e acalma,
Na dança das águas, encontro paz no caos que se instala.
Chuva, és minha favorita, minha confidente nas horas de dor,
Teu rugido é a música que embala meu coração aflito.
E quando o sol brilhar novamente, lembrarei de tua canção,
Chuva, és minha companheira, meu consolo na escuridão.
Elaine N Silva
maldita e melancólica é a morte, sem todos seus escrúpulos, amarga e fria porém gentil. As pétalas das flores sempre caem no caixão e nas sepulturas, por que flores? um símbolo tão meigo e generoso.
Chove forte em meio ao desespero humano, pessoas não gostam de se molhar, tamanha a sua abundância que as vezes passam horas e ela não para, alaga, mergulha.
Dálias da melancolia
Chorai de noite, chorai de dia.
O pranto que derramas são de lágrimas frias.
Frias da tristeza, frias de alegria
Porque choraste tanto assim?
As dálias da melancolia florecem na tristeza.
Não quero ser testemunha da sua escuresa
Quero testemunhar sua clareza, quero sua beleza
Quero te mostrar a natureza.
Quero te mostrar a clareza
Quero te mostrar a Beleza
Quero te mostrar a realeza.
Pois tu és minha alteza.
Cortaremos juntos qualquer dália que nos cercar
As dálias são belas flores
Mas as dálias da Melancolia são uns horrores.
Cortaremos, puxaremos qualquer uma, sem vos deixar escapar.
Nós viveremos como os nobres.
Nossas vidas serão como ouros, não como cobres.
Poderíamos até viver assim... Mas as dálias... Oh as dálias...
Elas são de destruir as almas.
Não sei como acaba-las.
Não sei como corta-las.
Viveremos nossas vidas por mais que tejais dificuldades.
Já sei o que queremos... Queremos as Rosas da Felicidade.
Porém... Não sei como consegui-las na verdade.
Temos que consegui-las, elas nos darão liberdade.
Liberdade de viver, liberdade para que juntos possamos conviver.
Temos que encontrar a floresta da amizade.
Pois me disseram que lá brota muitas rosas da Felicidade.
Venha comigo, temos que consegui-las
Pegue em minha mão, temos que persegui-las
Vamos lá, temos que fugir dessa nossa atual realidade
As dálias destruíram e continuam a destruir nossas vidas.
Porém em nossas vidas, as Rosas da Felicidade são bem vindas.
O que acha de vim comigo nessa viagem?
Temos que encontrar a felicidade
Pois a tristeza não é mais bem vinda.
Já passamos por muitas dificuldades
Não podemos mais sofrer, não é verdade?
Temos que desfrutar das nossas poucas qualidades
Para conseguirmos a felicidade
Venha comigo, pegue minha mão
Venha, eu sei que você quer, eu sinto em seu coração
Você irá vim comigo a essa aventura?
Vamos para a floresta da amizade, procurar a cura
Desembarque comigo nessa aventura
Venha, será uma loucura
Virá comigo a essa viagem?
Não quero mais te ver sofrendo.
Quero que comigo siga até o esplêndido
Vamos lá, venha comigo.
Está na hora partimos dessa tristeza.
Não é verdade? Catarina
Esses dias me sinto tão tenebrosa
Sórdida, lúgubre, melancólica...
Preciso de uma lua
Que relumbreie e clareie meu negrume
Preciso de algo abnóxio e mavioso
Como posso ter algo assim?
Não sei amar alguém
Não sei ser mútua/recíproca
Sou sobejamente prolixa
E tenho uma vida monótona
Ninguém se predilecionaria por mim
Não mereço ninguém
Por isso vivo assim!
Madrugadas Melancólicas
Às 5h30min, o despertador é acionado.
Ela, como de costume, levanta e vai preparar seu café expresso.
Aquele era seu melhor –e único- passatempo nessa vida. Sentar-se na cadeira de balanço, no segundo piso do apartamento com uma cobertura incrível do jardim místico de sua casa, e deliciar-se de uma boa xícara de café.
Para ela, o café era muito mais do que uma simples bebida. Era o seu retiro matinal, sua fonte de inspirações, seu melhor vício.
O aroma fresco, à lembrava das mais impactantes reminiscências de sua vida.
O gosto, levemente adocicado, estava relacionado às lembranças mais saborosas; como aquele bolo de morango que sua mãe fazia todos os domingos, ou o cheiro de terra molhada que tinha na sua cidade...
O peso da xícara em suas mãos, à lembrava do peso das palavras que carregava todo santo dia em suas costas, o peso das lágrimas, angústias, dores, e principalmente o peso do que deveria ter dito para alguém, no momento certo, e não disse.
A fina espessura da xícara, lembra-a de quão frágil aquela xícara –e ela- é. Que aquela xícara poderia quebrar a qualquer momento, da mesma forma que a garota poderia desabar, repentinamente.
E por fim, quando segurava a alça da xícara, se recordava das vezes que seus amigos a seguraram, e não a deixaram cair por nada nesse mundo.
E, naquela milésima fração de tempo, ela sorria.
Permita-me dizer que às vezes sou uma confusão danada, com picos de euforia e melancolia desenfreada. Mas não espere que minha boca pronuncie lamúrias!
Sou uma criatura de fluidez com uma capacidade imensa de se mover, enquanto os destroços empatam a ladeira da vida.
Meu caminhar é torto e desaforo, mas jamais me desvio do caminho que quero seguir.
Entre as sombras do adeus, o coração é um poço de melancolia,
Onde ecoam ecos de um amor que partiu, mas ainda se aninha.
No teatro da vida, a cortina caiu sobre o palco do afeto,
E a dor da separação se insinua como um frio inverno repleto.
Oh, homem de coração trespassado, teu peito é um relicário,
Guardando lembranças de um passado que se desfaz no calendário.
A mulher que partiu deixou rastros de saudade e desespero,
E o que resta são memórias que ardem, como brasas no fogueiro.
Ainda paira no ar o perfume da pele que um dia foi tua,
Mas agora, na solidão, a cama é um deserto que insinua
Que o calor humano se dissipou, deixando apenas o frio,
E o eco dos risos passados ressoa como um lamento sombrio.
As lágrimas, silenciosas testemunhas da tua dor,
Deslizam pela face, buscando alívio para a alma que chora.
A cada suspiro, ecoa a melodia triste da desilusão,
Enquanto o coração insiste em bater ao ritmo da solidão.
Mesmo assim, o amor persiste, como uma chama teimosa,
Que se recusa a extinguir-se, apesar da tempestade furiosa.
A mulher ainda vive nos recantos da tua mente,
Como uma sombra que te acompanha, constante e insistente.
Na escuridão da noite, o vazio se torna mais profundo,
E o eco do silêncio é a trilha sonora desse mundo.
Mas, oh homem que ainda ama e sofre na escuridão,
Lembre-se, o amanhã pode trazer consigo a luz da redenção.
Que o tempo cure as feridas e console tua alma aflita,
E que o amor renasça das cinzas, como a fênix bendita.
Pois, mesmo na dor da separação, há a promessa de um novo dia,
Onde o coração poderá encontrar a cura e a alegria.
Pensar Obsoleto -
A melancolia dos dias desviados
cheios de nostalgia,
cheios de amargura e de silêncio,
enchem-me a Alma de Poesia e
resiliência ...
Nem consigo respirar ...
Vejo-me sufocado ...
Sinto-me vazio...
Caminho indiferente - nem sei onde!
Ora vivo ora morto em meu pensar
obsoleto.
E sou tão pouco, eu que julgava ser
tanto ... debalde ... não sou nada!
Cheira-me a incenso ...
Óh Senhor ... envolve-me o corpo ...
veste-me a Alma ... purifica-me o
Espirito ... salva-me de mim mesmo
que me vejo morto e abandonado,
cheio de poesia e desenganos,
num leito glacial de moribundo!
Às dezoito horas as lembranças são sempre as mais melancólicas, especialmente nos dias chuvosos quando uma neblina fria, inclinada pelo vento que bate janelas e portas, faz chorar as vidraças, deita todas as desilusões que incomodam; nesse momento parece que temos todo o tempo do mundo para relembrar as decepções. Os bambuzais vergam com o vento assim como paixões vergam nosso orgulho, são histórias tristes que as seis da tarde em dias chuvosos trazem à tona fatalidades que essas horas vazias alimentam.
Os jornais estampam de vez em quando fatalidades causadas pela paixão ou desilusões; essa noite turva contínua vai além dos seus limites e faz purgar os que perderam suas identidades, suas referências e vistos por uma vidraça são só personagens de um teatro sinistro na penumbra dessa noite. Ela dançava na chuva; tinha um grupo de amigas mais ou menos da mesma idade, todas adolescentes, inconsequentes como todos que adolescem, dançavam na chuva com a roupa colada no corpo, mostrando suas formas femininas que se acentuavam; os pingos de chuva sob a luz do poste pareciam pingos de brilhantes. É uma lembrança nostálgica que fica num quadro adornado pela saudade. O sorriso de Emily luzia naquele quarteirão; na padaria onde ela pegava o pão todas as manhãs, na quitanda onde comprava as frutas pra sua avó Giordana, na vacaria onde comprava o leite, tirado na hora, era assim que sua avó queria. Maria Eunice todas as manhãs acena do oitavo andar no condomínio em frente, faz um sinal que só ela entende, era uma senha do grupo que só elas conheciam; algo mais ou menos como: "amigas para sempre", mas havia um algo mais como promessa de fidelidade e lealdade; assim Catarina desistira do casamento ao saber que o noivo já tinha namorado com uma das amigas. Esse fato Emily menciona com frequência; num dia de febre alta delirou mencionando Catarina e Rogério: "talvez fossem muitos felizes hoje", Catarina tornara-se uma pessoa amarga, arredia, reclusa. acho que fomos longe demais com nossos pactos de juventude. A porta se abre trazendo a claridade de um relâmpago; Luis Otavio, filho único, entra salpicando a entrada; tira a capa e o capacete; Doralice o ajuda com as sacolas de compras, ela cuida de Emily e faz os trabalhos na cozinha; Auxiliadora, uma das amigas e também prima de Emily, vem sempre que possível. Luis Otavio menciona algum dano que a chuva causou na estrada, Doralice reclama na cozinha alguma dificuldade com o fogão, Otavio corre a acudi-la. Um sorriso escapa dos lábios de Emily; seu olhar está bem longe através da vidraça: um shortinho salmão de tactel e uma camiseta branca de popeline dançando sob a chuva com as amigas adolescentes e os meninos nas janelas encantados com tanta beleza; a chuva trazia a magia dessas lembranças. A voz de Doralice lhe corta os pensamentos: "seu comprimido, senhora..." e lhe estende um copo com água; a artrite a incomoda mas, Emily o toma rápida e solícita para ficar novamente só com suas lembranças; sabe que violara o pacto, mas como contar à uma quase, ou mais que irmã que Luis Otavio era filho de seu marido, Eduardo José casado com Maria Eugênia os quais foram morar na Itália; mesmo assim Maria Eugenia jamais lhe esquecera, ligava de quinze em quinze dias e jamais esquecera seu aniversário. Entre as amigas, Emily e Maria Eugênia talvez fossem as mais ligadas emocionalmente. Não fora uma traição, foi uma atração, uma paixão muito forte, um sentimento mútuo e apesar disso Emily não permitiu que Eduardo terminasse com Eugênia, assim casaram-se e foram para a Italia sem que Eduardo jamais soubesse de sua gravidez.
Lá fora a chuva parecia dar uma trégua, os sem teto da praça pareciam comemorar alguma coisa, aparecia sempre um filho de Deus para socorre-los com um copo de sopa, uma roupa, um cobertor. Emily não conseguia disfarçar sua perturbação diante dos mendigos; achava que aquela forma de ajuda-los só os deixava acomodados numa zona de conforto. Como podem se acomodar com uma vida tão miserável; certamente a droga os alienara. Otavio entra no quarto interrompendo os pensamentos de Emily: "mãe, olha, meu último poema..." Emily o olha, antes de pegar a folha datilografada, se Maria Eugênia o visse agora não precisaria explicar toda a sua história; Luís Otávio estava a cara do pai, Eduardo José quando ele tinha sua idade. Emily lê e relê o poema diante do olhar inquisitivo de Luis Otavio;"e aí mãe, gostou" "Meu filho você anda inspirado, acho que você anda lendo Cecília..." Luis Otavio amava a sensibilidade de Cecília Meireles. Na madrugada enquanto Emily revivia seu passado cheio de paixões ela escutava o toc-toc da Olivetti no quartinho de Otavio. Artrite limitara seus movimentos, mas nada segurava sua alma; o mundo. o cenário, todos os detalhes dos seus melhores anos estavam todos guardados na sua mente; a caramboleira, a mangueira da casa lilás onde Eugênia subia no muro para derrubar algumas frutas enquanto os cachorros latiam pelo lado de dentro e nos assustavam. Agora ali é um condomínio; gente bem vestida com carros modernos e raros sorrisos, que às vezes se jogam de seus andares ou resolvem seus problemas com um disparo quebrando o silencio da noite, interrompendo os sonhos e a inspiração dos que se apaixonaram e ainda amam a vida.
Emily se move numa cadeira de rodas na madrugada, cumpre a parte do pacto que lhe cabe; amar sempre com fidelidade e lealdade; lê os poemas de Luis Otavio, relê os seus. A vida não é perfeita, as pessoas não são perfeitas; amar a vida e as pessoas, esse é o sentido da vida.
Título: "Sons da Eterna Melancolia"
Capítulo 1: "Queda dos Céus e Caminhos Sem Destino"
Desde a concepção do mundo, tornei-me uma humilde serva, condenada a vagar pela Terra após o cataclismo divino. Minha existência, agora testemunha silente das intricadas complexidades humanas, é um doloroso eco do que já fui. Ironicamente, em meio à grandiosa guerra celestial, eu era apenas um anjo, uma figura sem voz.
Minha posição pairava na nebulosidade, sem um compromisso político definido. Eu permaneci no epicentro da batalha celeste mais ardente já travada.
No entanto, como reza o provérbio, "o inferno guarda seu calor mais intenso para aqueles que ficam em cima do muro". Não me aprofundarei nesse assunto, pois o desfecho é familiar a todos.
Em minha defesa, eu me limitava a observar. Não tomei partido, não emiti opiniões, evitando perturbações. Eu era o anjo encarregado da limpeza celestial, uma espécie de zeladora cósmica, incumbida de manter a ordem e o esplendor. O céu costumava ser um paraíso radiante, repleto de júbilo, e ali eu era acolhida com benevolência. Anseio por aquela serenidade outra vez.
Minha vida celestial ecoava harmonia, permeada por laços e risos. O canto e a dança eram minhas paixões, chegando a almejar ser uma cantora. Evitava conflitos, afinal, por que buscar discórdias quando a busca pelo deleite era meu anseio? Entretanto, hoje percebo que não tomar partido é, de fato, escolher o fracasso.
O tributo por essa indecisão foi exorbitante. Fui exilada, junto aos anjos caídos, uma punição que jamais antevi. O processo foi doloroso, minha luminosidade esvanecendo e meu ser se partindo em agonia. Supliquei por clemência, embora soubesse que meu Criador jamais me escutaria novamente. A queda foi uma jornada tortuosa, pontuada por cometas e congêneres condenados.
A Terra se aproximava, ponto de virada naquela contenda e em minha própria sentença. Não era o inferno, mas sim uma terra gélida, onde meus irmãos caídos e eu nos reunimos antes de sermos arrastados ao abismo real. Despencamos como meteoros em uma paisagem desconhecida, chorando lágrimas celestiais durante horas a fio.
Minha punição divina era justa. Não nutria orgulho por minha nova função, embora ela fosse imprescindível. Eu carregava o fardo de coletar almas conforme a lista ditava, sem alternativa, sem juízo. Dias de descanso eram raros momentos de paz, quando buscava refúgio em ilhas paradisíacas para vislumbrar algum alento.
Capítulo 2: "A Melancolia na Vida Humana"
No âmago de uma alma atormentada, travava-se uma batalha incessante contra a pressão de manter dois empregos extenuantes. A busca por uma fuga era constante, porém ilusória. Essa alma parecia tentar se libertar do próprio ser, mas suas tentativas só ampliavam o sofrimento que a abraçava. Como uma sombra onipresente, a tristeza pairava sobre ela, imutável.
A ideia da morte surgia como uma alternativa incerta e perigosa. No entanto, havia o reconhecimento de que esse não seria um veredito definitivo para os tormentos. O mistério do desconhecido aguardava do outro lado, uma incógnita que aprisionava sua mente.
Enquanto o universo aparentemente conspirava para mantê-la viva, ela mergulhava cada vez mais em um abismo de desespero. Tudo à sua volta carecia de significado, incapaz de trazer um vislumbre de alegria. Cada esforço parecia fadado à inutilidade, e qualquer riso se tornava uma frágil máscara. Seus olhos eram narradores silenciosos de uma tristeza indescritível.
A busca por ajuda se manifestava através de consultas a psicólogos e médicos, numa tentativa de aliviar a solidão e a angústia que a consumiam. Eu, a Morte, presenciava esses esforços, sentindo uma compaixão impotente e desejando aliviar seu sofrimento de alguma maneira.
As memórias do passado eram como cicatrizes invisíveis, profundamente enraizadas desde a infância. Lembro-me dela aos oito anos, lágrimas derramadas pela falta dos materiais necessários para uma tarefa escolar. Era uma tristeza profunda e incompreensível, uma expressão de sua dificuldade em comunicar seus sentimentos.
Criada numa família religiosa, imersa em regras rígidas, ela cresceu em isolamento, sem verdadeiros amigos. A religião, em vez de trazer conforto, instilou medo e exclusão. As restrições impostas por uma mãe que sofria de depressão sufocaram sua habilidade de se relacionar com o mundo exterior.
Seus pais, imersos na fé, privaram-na de uma infância convencional. A falta de brinquedos e a ausência de conexões sociais a mantiveram distante da alegria que uma criança merece. Enquanto eu observava sua trajetória, a Morte, questionava o fardo que ela carregava e quem deveria suportar a culpa.
E assim, ela vagava, a melancolia a seguindo como uma sombra leal. Mesmo em suas tentativas de distração, a tristeza sempre a alcançava. As feridas da infância não curadas, os traumas persistentes, continuavam a sangrar. E mesmo eu, com todo o meu poder, era impotente para salvar essa alma atormentada.
Capítulo 3i: "O Peso Invisível do Passado"
O vazio que crescia dentro dela era um buraco negro, absorvendo qualquer lampejo de esperança ou alegria. Cada tentativa de preenchê-lo resultava em frustração. Mesmo as buscas por prazer e distração eram efêmeras, pois a tristeza sempre retornava, fiel à sua constante companhia.
Talvez tenha sido a busca pelo divino que a orientou. Ela enxergava na espiritualidade uma possível cura, mas até mesmo suas preces pareciam ecoar vazias. Seu desejo por um Deus que a escutasse era um apelo silencioso por alívio, porém a solidão persistia.
Sua jornada tumultuada pela vida refletia-se em minha presença, testemunhando cada momento de sofrimento silencioso. Eu, a Morte, era uma testemunha sombria, incapaz de intervir no tormento que a consumia. Sentava-me ao seu lado, enxugando lágrimas invisíveis, sentindo a agitação de sua alma.
Lembro-me de seu sorriso forçado, uma tentativa de esconder o desespero que transparecia em seus olhos. Ela travava batalhas internas, enfrentando inimigos invisíveis que minavam sua força. Ansiava por compreender os segredos que a corroíam, por conhecer os medos que a assombravam.
Sua infância fora maculada pelo isolamento imposto pela fé. O ambiente doméstico, dominado pela religião de sua mãe, erigia barreiras que sufocavam qualquer exploração do mundo exterior. A religião, que deveria trazer consolo, transformou-se em uma fonte de angústia. Os temores do inferno incutidos por seus pais formaram um labirinto de ansiedade.
À medida que ela amadurecia, a dor não resolvida se transformava em uma presença constante, um fardo emocional cada vez mais difícil de suportar. Seus sorrisos, suas tentativas de interação, eram máscaras que ocultavam sua verdadeira aflição.
Observando-a, eu, a Morte, ansiava de alguma forma libertá-la do abismo em que estava imersa. Contudo, como uma espectadora impotente, eu não podia intervir. A tristeza dela se misturava à minha própria, criando uma conexão inexplicável.
"Ecos da Eternidade"
A trama da vida e da melancolia se entrelaçava, cada momento de desespero ecoando através das eras. Ela era uma alma perdida, uma narrativa triste que parecia não encontrar um desfecho. A cada suspiro, a cada lágrima, ela prosseguia em busca de uma saída da escuridão que a envolvia.
Eu, a Morte, permanecia a seu lado em sua jornada, testemunhando sua luta silenciosa. Cada capítulo de sua vida era uma página manchada de dor, uma busca incessante por alívio que parecia inalcançável. Mas quem, afinal, poderia resgatar essa alma atormentada? A resposta, talvez, estivesse enterrada nas profundezas de sua própria jornada.
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