Textos em versos
A imparcialidade é uma
armadura pra poucos.
É sombra na vastidão
de um deserto.
É refresco para o coração
desidratado.
Não se esqueça,
quem com a espada fere,
com a espada será ferido.
Quem com as palavras divide,
com as palavras será dividido.
Roney Rodrigues em "Imparcialidade"
Uma energia me suga
ao fundo do teu olhar.
O brilho vermelho
disfarça as cinzas, os restos.
Planetas e estrelas engolidos,
amores extintos e poeira cósmica.
Uma arma tão simples,
uma gravidade tão grande.
Concluo que é impossível
frear meu corpo ou
escapar do teu olhar radioativo.
Roney Rodrigues em "Quasar"
Lembro-me de quando a vida
me acertou a primeira rasteira,
a morte de alguém importante.
Que coisa mais irritante,
andar de bar em bar
tentando encontrar
um pouco de quem partiu
em goles lentos e objetivos.
Que coisa mais incoerente,
tentar sanar um enorme buraco,
abrindo outro maior ainda.
É aí que as coisas costumam
sair do controle e a correnteza
começa a te empurrar
contra as rochas, te seduzir ao fundo
com promessas de lindas donzelas
que provavelmente nunca existiram.
Roney Rodrigues em "O laço da confusão"
Por tanto tempo
eu olhei suas fotografias.
Acariciei a pele do papel,
colei sua foto no meu travesseiro
na esperança inserir você em meus sonhos.
A eternidade que passei aqui
fez meus olhos arderem
e desregulou meu coração.
Segurei suas fotos junto ao meu peito
como uma criança faminta
segura um prato de refeição,
como um astronauta aposentado
admirando de longe a lua
que um dia lhe pertenceu.
Roney Rodrigues em "Câmara escura"
Ele escolhe a solidão da praça
para acalmar a mente (inflamada).
O amor, essa desgraça
que tende a se envergar,
ao ponto de estourar,
ao ponto de estragar.
Ela fita ele à distância,
atravessa a rua, apressa os passos.
Ela evita todo tipo de laço,
Foi condenada em primeira instância,
a viver reprisando o gosto dele
todo dia, em todo lugar.
Roney Rodrigues em "Réu"
A rosa já murcha
perdeu sua voz de clarim.
Pétalas derramadas,
vestida de espinhos,
caiu bem longe do jardim.
O aroma se foi,
a tormenta alcançou a mente.
Ela implorou por carinho,
mendigou pra muita gente.
A sujeira grudou na roupa,
na mente e no coração.
A rosa descobriu aos poucos:
a beleza é nada
além de aflição.
Roney Rodrigues em "Alameda das Rosas"
Lembrei do seu abraço apertado,
falhei ao te manter longe
dos cacos da minha memória.
Hesitei ao apagar
os teus registros de mim.
Não quis jogar
fora teus livros.
Aquele poema de Drummond
que você narrou pra mim
ricocheteia no
fundo da mente e vem
atormentar
meu gole de cachaça,
meu último gosto de amor,
o começo
da minha loucura semanal.
Roney Rodrigues em "Brain Damage"
Faltou algo no meu céu,
o brilho de estrelas mortas
levando anos luz para me acertar.
Eu fico vagando por aí,
sendo golpeado por meteoritos,
cometas e
olhares apaixonantes.
Em uma noite de céu turvo,
olhei no fundo da sua galáxia,
na profundeza que é você,
eu soube nesse instante:
Seu abraço seria meu:
Seu corpo, minha morada;
Seu carinho, a chave dessa jaula.
Eu vou chegar perto da sua pele,
vou me encostar, vou me perder.
você sempre soube,
estive doente aguardando
a cura cair do céu.
Me tornei dependente desde que
me mudei para o seu sorriso.
Em dor eu sempre ofereço:
Meu corpo ao seu lazer;
Minha poesia à sua memória.
Roney Rodrigues em "Lágrima Láctea"
Eu dirigia na estrada da vida.
Lembro que a tempestade rugia lá fora.
O pavor era vibrante, o medo era palpável.
Eu guiava com cautela e temor
sempre a vigiar o retrovisor,
Lia com atenção as placas.
Ao entrar na curva do teu corpo,
eu virei o volante, o corpo não respondeu.
Os pneus não tiveram aderência, eu capotei.
Os estilhaços, o horror,
a dor de saber tarde demais
que o melhor a fazer era ter esperado
o mau tempo passar.
Roney Rodrigues em "Aquaplanagem"
Não quero sucesso
não procuro fama
desde pequeno
eu prefiro o canto do palco
nunca gostei do holofote
eu gostava do papel da árvore
da nuvem ou da estante
eu derramava lágrimas
ao ver Romeu e Julieta
mortos por causa do amor
eu não almejo o mundo
pra mim um banco
de madeira
um bom rock
e uma cerveja
já compensam o stress
que me espancou
a semana inteira.
Roney Rodrigues em "Sou da turma do canto"
OSTENTAÇÃO É UMA MERDA
Isso de mostrar teu ouro
Esfregar na minha cara teu luxo
O vazio do seu caviar
Ao seu Porsche
É imenso e gritante.
É coisa ridícula.
Pendura no teu pescoço
Um livro de Drummond,
Um livro de Dostoiévski.
Recita pra tua morena
A poesia mais luminosa.
Ela vai amar o que você
Carrega por dentro.
Não essas coisas
Externas e breves.
Ela é daquele tipo de mulher que tenta se camuflar nas coisas
Passar desapercebida
Mas sua singularidade é tanta
Que é impossível que não se destaque
Tem gosto excêntrico,
É desajeitada para algumas coisas,
Adora gente que rema contra a maré,
Que tem caráter.
Ela é simples de coração,
Porque sabe que simplicidade é sinônimo de sofisticação.
Ela não abre mão de ouvir Zeca Baleiro e Chico Buarque antes de dormir,
De sonhar com seu lugarzinho no mundo,
De fazer a diferença e cantar sua infinitude.
Ela é, por dentro e por fora, uma extensão da liberdade.
Você é tão diferente dessa gente que conheci e sempre me deixou pra lá, flores não bastam, suspiros não são suficientes, mas quando digo que meu amor por ti é verdade, é bonito, é a verdade mais cristalina que eu conheço.
Um milagre está chegando, menina, e eu acredito nisso, você ficará e tudo ficará bem.
Meus versos são ligeiros, para correrem para teu jardim com intensa emergência.
Me dê uma passagem e uma casinha na beira das tuas estradas, quero morar em ti. Morar no teu âmago sagrado, mas também profano. Morar no teu jeito instigante, no teu gosto de malícia, no teu amor latente.
Me dê sua pele, cola em mim, deixa-me ser a constelação do céu da tua boca, dê-me tua poesia que eu farei de nós reticências, deixe-me ficar em tua vida, em teu mundo. Espera nós de nós que eu te salvo, sempre...
Saudade é meu pavor sempre que meus olhos ficam mareados ao lembrar de teu nome. Tens noção de que dor seja essa?
É como se explodisse dentro de mim, tudo o que eu sou e eu me dilacero e logo estou esmiuçado, em pó. Um peso na garganta me sufoca o choro e sinto uma dor no peito. E eu te escrevo mesmo sabendo que meus versos são de lama.
Só você desmancha meu sorriso tênue e pinta nos meus lábios um sorriso avermelhado.
Teu nome hoje me feriu, cada fonema dele roeu meus ossos frios, mas ainda assim, teu nome é a canção que eu ouço em mil tons e não me canso jamais, tu és minha música preferida, a sinfonia mais perfeita.
Queria eu poder esbravejar aos quatro ventos, aos meus demônios, à toda essa galáxia, o que meus olhos, minhas sombras, minhas palavras dizem, mas assim saíria de mim tempestades e raios.
Eu vejo em você, meus sonhos. Vejo um amor tão puro quanto o céu, o amor nunca é exagerado e amar nunca é demais. Não sei nada sobre o amor, mas o meu amor, ah, meu amor é teu agora, para sempre e mais um dia.
Hoje eu acordei chamando teu nome, procurando teu colo, teu abrigo, teus seios. Não vou te abandonar jamais.
E caso você não tenha entendido os mistérios semeado embaixo dessas palavras, vou te explicar com grito silêncioso:
EU AMO VOCÊ!
AMIGO VENTO.
Amigo vento, vai e vem com seu barulho
Cheio de orgulho, rompendo os muros
Fazendo- me tão bem.
Amigo vento com seu alento
Vem logo cedo
Ou na negra noite também.
Trouxeste alguém,
Era meu bem.
Senti seu cheiro e foi certeiro.
Era você, amigo vento.
Anunciando que ele vem.
Ah, Bragi tem piedade de mim!
Ah, Bragi tem piedade de mim
arranca-me estas palavras
que tanto me consomem
e que não as consigo exprimir!
Ah,estes ditos!
Que não sei se são bem ou mal ditos.
Sei que estando em mim são sofridos.
Estes versos, verbos ou abscessos.
que se constroem sem expressão
desejando de mim total atenção.
Esta necessidade de gratidão
De ser um lema, um tema uma canção
De entoar na boca as batidas do coração.
Oh, deus da sabedoria!
Pai do encantamento da poesia
Invoca em mim a inspiração
Alivia-me desta sofreguidão.
Enide Santos 03/02/15
Havia...
Não tão distante
de mim...
Um jardim de sonhos.
Onde pude me deliciar,
com os seus
melhores perfumes...
E as minhas
melhores colheitas.
Me fiz florista.
Musicalizei sonhos.
Fiz versos soltos.
E me envolvi,
nos mais lindos versos
de um poema...
No jardim da
minha imaginação!
Debaixo do travesseiro
Poesia dentro da alma
Transito pela vida celebrante.
E se existe algo
que me acalma
É postar minha alma agonizante
Ou festiva
Segura ou à deriva.
Nos meus versos
Que às vezes rimam, ora não rimam
De acordo com o clima
Do meu coração
Minhas singelas palavras podem evocar
Saudade de uma vida querida
Lá atrás e por força maior
Não acontecida.
No entanto prossigo
Com perfil altaneiro.
Com a pose de quem ganhou todos os jogos
E meus rogos
Escondo-os debaixo do meu travesseiro
Bêbada de sonhos
Bebo as madrugadas orvalhadas
E fico bêbada de sonhos.
Sinto o cheiro do cio da terra repleta
De esperanças e extasio-me de amor.
Estou passante. Estou amante
Estou muda de espanto.
Diante do esplendor
Da vida.
Afino meus ouvidos e ouço
O som do coração
Do Universo.
E sigo adiante tecendo versos
Que não rimam, mas que revelam
Meus segredos
Para o mundo.
Profissão poeta
Pensei em viver de poesia
mas nunca ouvi falar que ser poeta era profissão
e nem que escrever versos pudesse ser ofício de alguém.
E se ser poeta e escrever versos compusessem uma profissão
- a de ser poeta - quanto ganhariam?
Qual seria sua remuneração?
Ele teria os mesmos direitos trabalhistas que os outros trabalhadores?
Teriam direito a fundo de garantia por tempo de serviço,
vale transporte com seis por cento de desconto em folha,
vale refeição e alimentação,
plano de saúde e dentário,
participação nos lucros da empresa e festa para funcionários no natal?
A ele pra que serviriam esses benefícios?
E se tivesse direitos exclusivos devido ao estresse do exercício de seu ofício
quais seriam?
Subsídio lápis, subsídio papel com linhas e margens, auxílio borracha?
Já imagino até a cena:
O poeta na linha de produção de poesias
os milhares de versos se entrelaçando na esteira e ele pensativo,
tentando dar conta de todo aquele volume de ideias encaixotadas
seguindo em sua direção, uma a uma incessantemente.
Todas aquelas palavras desconexas, se acumulando no chão ao caírem da esteira
formando à revelia de sua vontade poesias sem sentido
em poemas disformes, sem métrica, sem rima.
Mas pra quê rima, métrica, forma, título...se a poesia pode ser livre?
Se você pode ser livre também!
Livre dos rótulos, das formas conformadas e das fôrmas sociais.
Arrumei um emprego informal!
Agora sou poeta, mas não em tempo integral, só quando quero.
É verdade que não tenho carteira assinada, nem INSS
mas ando feliz a beça com esse meu novo ofício.