Textos de Saudade do Pai q Morreu
A verdade
A verdade é que Jesus Cristo morreu por mim, para me salvar; que ressuscitou para minha justificação! É verdade que eu sou um pecador, mas salvo. Porque eu tinha pecado na minha vida, mas ele com o seu sangue, me lavou o pecado. Sim ele escreveu o meu nome no livro da vida. E agora eu tenho o Espírito Santo no meu ser! E eu sou livre, para viver não mais para o pecado, mas para viver longe do pecado. Também é verdade, que eu não posso pecar, pois não sou servo do pecado, mas servo da obediência para a vida.
Se estou nele, não posso mesmo pecar! Porque em mim há uma natureza, contra o pecado a favor da vida! Mas a verdade também é que tenho um corpo, que ainda não foi glorificado, que aguarda A glorificação, no dia da segunda vinda de Jesus Cristo! Ainda que eu não tenha desejo de pecar, como tenho um corpo ainda corruptível, estou sujeito a pecar, como qualquer ser humano, neste mundo. Mas a verdade é que Jesus Cristo, está à direita de Deus e me liberta ainda de todo e qualquer pecado.
Tudo isto, porque ele é meu advogado e intercede por mim, junto de Deus Pai, como meu amigo e meu redentor.
Porque ele me amou e ama de tal forma, que Deu a sua vida por mim. Ele é antes da criação do mundo. É antes de tudo o que foi criado; Ele é o criador de tudo no universo; de mim e de todo o ser humano. Ele me salvou, porque ele é sem pecado, Deus bendito eternamente. Eis que ele vem de volta. Até à sua segunda vinda, ele pode salvar qualquer ser humano. "Pois todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo"! Seja tanto Judeu ou gentio, pode ser salvo, para glória de Deus. Assim com o único Deus salvador, teremos vida eterna.
O ator de 54 anos, Domingos Montagner, deixa mulher e três filhos. Morreu numa tarde de quinta-feira, após passar a manhã gravando cenas finais de uma das mais belas e densas novelas da Rede Globo, Velho Chico. Um mergulho em uma tarde de quinta-feira. Em uma folga, ao lado da companheira de trabalho, Camila Pitanga. Rápido como o estampido de um estouro. Segundos de distração nas correntezas de um rio carregado de misticismo e significado. Um rio onde, dias atrás, cenas da novela se desenrolavam no afogamento e resgaste do seu personagem.
Em um estampido. Daqueles que causam choque e que não sabemos se é tiro ou se é bomba. Talvez, em um tempo menor do que o barulho que nos causa a mente. A vida se esvai. Escapa das nossas mãos em uma dança melancólica de perplexidade, como declarava os repórteres globais ao anunciar a morte do colega de emissora. Perplexidade. A morte e seus significados. E essa mania de mexer com o coração da gente. Com o estomago da gente. Eu, que tanto tenho me irritado ultimamente. Que tenho estourado por tão pouco. Que tenho dito tantas coisas desnecessárias a gente que não vale a pena, e deixando de dizer tantas coisas que vale a pena as pessoas necessárias. Eu, que tenho pedido pro dia ter um pouco mais de tempo pra que eu possa dar conta de tanta coisa. Que tenho mantido com o café uma relação séria e essencial para manter os meus olhos abertos..
A morte e seus efeitos. O sentimento de tristeza é obvio. Um ator, protagonista de uma novela em reta final. Mas, o choque é por saber o quanto somos e estamos à mercê de morrer. Amanhã, daqui a uma semana. Ou agora. Brincamos de viver, achando que nunca vamos morrer. E quando acontece um fato desses, engolimos seco. A morte mostrando quem manda. E quem se habilita a desafia-la agora?
Por que desestabilizar o seu irmão?
Se Jesus morreu por ele;
Por que não orar para o bem dele?
Mesmo diante da decisão que tomou?
Não adianta torcer para apagar a luz de alguém; e se você não se sente bem vendo seu irmão firme servindo ao Senhor, então há outro espírito operando dentro de você.
Jesus morreu na cruz por amor a você. Ele levou o peso dos teus pecados para que você tivesse perdão, liberdade e uma nova vida.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16)
Morreu a esperança
Nossa maior invenção foi a esperança,
com ela justificamos o caos,
e acreditamos na justiça
de deuses e dos homens.
Mas a esperança está morta
seus inventores a destruíram.
Agora o que restou
foi a generalização
da injustiça,
todos a cometem.
Não há juízes nem réus
o crime foi implantado
como auto defesa
no planeta irracional
Voltou a barbárie
todos estão livres
para executar
seus massacres
seus holocaustos.
Deus não se importa
pelo menos
o Deus dos assassinos.
Matem as mulheres
e as crianças,
são todos ocidentais
incrédulos
ou orientais sem pátria.
Ainda há pouco lamentávamos
a morte de Deus, acreditando
que sobreviveríamos
Agora enterramos
sem lágrimas
sem pudor,
... a esperança.
Vou para pra respirar!
Tudo o que aconteceu
sono cose della vita:
só um amor que nasceu e morreu.
Estou pensando em você
que um dia na minha vida apareceu
e como um poente
desapareceu.
Vou parar pra respirar,
preciso descansar,
a mente organizar,
o coração faxinar,
pra o outro amor
achar lindo e leve o lugar...
Sono cose della vita...
Ser de luz fascinante, amor, gratidão o romance morreu, depressão, saudade, dó, pena, oportunidades jogadas fora, por besteiras ditas ou por procura de padrão seja lá eles, de fato morremos cedo ou tarde mas sim morremos e pessoas aparecem te amam te exaltam, coisas da vida né, mas no fim não mudamos voltamos a ser oq éramos procurando um padrão em algo ou alguém e no fim não fazendo nada de diferente pra mudar isso
"Hoje cedo eu chorei acordei com você na cabeça
Não peça pra que eu te esqueça
Pois tudo no mundo me lembra você
Hoje cedo tocou a canção que você mais gostava
Parece que você estava comigo...
...Volta e vem dar um jeito nesse desacerto do meu coração
Eu não posso fingir nem tão pouco mentir pra mim mesmo
É caminhar sem rumo a esmo, pois você ainda é minha direção..."
Dizem que o tempo ajuda, que o tempo faz melhorar...E realmente, ele acalma o nosso coração. Mais nem o tempo, nem nada, tira este vazio aqui de dentro. Não há o que impeça a saudade de bater novamente, assim sem dia, sem data, em uma hora x da vida, sem explicação. Tem horas que faz muita falta, e que esta falta dói novamente, como no dia que você se foi. Hoje eu me peguei ouvindo todas as musicas que cantávamos juntos, enquanto você tocava seu violão. E enquanto as ouvia,eu senti sua presença. Eram momentos únicos, de paz e amor. Queria poder voltar no tempo uma vez que fosse, e viver novamente um destes momentos. Ouvir você. Sinto saudades. Te amo meu pai, meu ANJO.
Eu não sei se você ainda tem mãe viva... Se tem, não sei se tem ela perto... Se tem, não sei se você tem bom relacionamento com ela... Se tem, ótimo, melhore ainda mais! Se não tem, por favor, não perca tempo em dar um telefonema ou mandar um áudio pelo whats pra saber como ela está e dizer que a ama.
Não espere ela procurar você, ela entender você, não espere você ter tempo para ela ou ter algo para pedir a ela para só então procurá-la. Não espere para amá-la... Quando ela vai embora você percebe que poderia ter feito muito mais, ter ligado mais, ter dado mais atenção e carinho, ter falado mais "te amo", ter visto mais filmes, ter passeado mais, papeado mais... Por mais que você faça, nunca será o suficiente, mas infelizmente a gente só percebe quando perde.
Hoje, 24/10/2017, faz cinco meses que perdi a minha, tenho tentado com todas as minhas forças e fé superar, mas tem dias (noites e madrugadas) que a saudade e a tristeza batem forte. Tudo lembra, tudo faz falta, e dói... É um vazio dolorido que só pode ser preenchido e aliviado por Deus. Mas é um processo árduo. Arrasa demais a gente, muda a gente mesmo sem a gente querer. E é desesperador porque você sabe que é um caminho sem volta. É superar ou superar.
Preste atencão... Vocês brigaram? Mesmo que você esteja com a razão, você estará errado se não abrir mão desse orgulho patético e dessa prepotência ridícula. Esqueça isso e não perca tempo em correr feito criança para os braços de sua mãe (ou do seu pai) e dar aquele abraço apertado... Eles se vão e a gente perde tanta coisa...
Tudo o que eu queria hoje era deitar no colo dela e receber o cafuné que só ela sabia fazer.
Se você ainda tem esse colo, faça isso por você e por mim, não espere... Porque agora só o que me resta é esperar a gente se encontrar de novo... Enquanto isso, Deus vai juntando os pedaços e me remendando.
Lá vem a noite novamente,
Chegando sorrateiramente e dominando o ambiente
Deixando-me inquieto e com frio
Ouço os passos chegando ao ritmo de cada batimento
Ouço as gargalhadas preenchendo o silêncio
Chego a sentir a brisa tocando meu braço como se acabassem de correr bem pertinho
E assim mais um pouquinho da minha alma se esvai nessa saudade incontrolável
que transforma uma noite inteira em segundos de lembranças que a tempos não se renovam e vão se perdendo
Prostro-me e rogo a Ti por compaixão dessa dor que nenhum pai deveria sentir...
Porém que seja feita sempre a Sua vontade, porque Teu é o tempo certo e a verdade.
POLTRONA DE COURO AMARELO
Sinto falta daquela menina
Tranquila, serena, protegida,
Sentada na poltrona de couro
Lendo literaturas e enciclopédias.
Sentia-se feliz e ciente não era
Das recordações que teria,
Dos momentos com teu pai,
E saudade sentiria.
Como gostaria de voltar,
A sentar naquela poltrona...
Não tinhas o que tens hoje,
Tampouco sorria,
De forma lapidada
O silêncio continua,
Relembrando de tua infância.
Desejava que o tempo parasse
Em cada página que lia,
Mas, consciente que noutro dia,
Com teu papai estaria.
A Fé brotou...
No coração daquela menina.
Não existe mais a poltrona
Nem teu pai se encontra,
Dando alpiste aos passarinhos:
Pardais que pousavam,
Na calçada do escritório.
O passado não retorna...
No presente memórias valiosas
Ao recordar da poltrona,
Querendo nela sentar,
Lendo os livros do teu pai,
Vendo-o em sua prancha trabalhar,
Ciografia com esmero executar.
Saudades da poltrona amarela,
Dos livros... que ainda pode ler,
E do teu pai...
Que outrora irá encontrar.
E se eu tivesse falado
E seu eu estivesse por perto
Se tivesse escutado
Se eu não ficasse tão quieto
Hoje só resta saudade
De alguém q não tinha maldade
Do homem que só queria ensinar
Hoje ele não pode me escutar
Perdi tanto tempo e não sei porque
te deixei sozinho sem saber
se eu iria voltar pra você
E me esperando se foi...desculpe...
hoje faz um mês que você se foi.
se foi, levando minhas alegrias contigo
se foi, levando minhas memórias de amor
se foi, levando cada segundo que tenho livre
hoje faz um mês que você se foi.
eu não foco
eu não penso
eu não faço mais nada, a não ser pensar em você
hoje faz um mês que você se foi.
não consigo deixar de pensar naquele dia
não consigo ter forças para seguir em frente
não consigo parar de chorar
hoje faz um mês que você se foi.
você não voltará mais
você não dirá que me ama
você não irá me abraçar novamente
hoje faz um mês que você se foi.
e nunca deixarei de te amar
nunca excluirei você da minha vida
nunca esquecerei do seu ultimo elogio.
Eu sei que não lerá isso, sei que se quer vai me ouvir, mas prometo uma coisa, tentarei me levantar desse abismo,
como você me ensinou.
E toda noite me vem você se fazer presente em meus pensamentos, fica, me acalma e me dá bom dia toda manhã.
Toda noite eu penso em você e choro as vezes contando minha rotina do dia. Digo muitas vezes como é difícil ser adulta e ser responsável pelas minhas atitudes. Prometi a você não brigar tanto com meu irmão por bobeira e aceitar as mudanças da minha vida que agora vive sem suas suas ideias loucas.
E a saudade bate e eu sei que não tenho mais..
O chocolate quente que eu nunca mais vou tomar feita por você na sexta a noite. O pão de queijo com manteiga que você preparava. A batata de formo com maionese e orégano e o bolo de banana que eu não gastava, mais o aroma era maravilhoso.
E eu ainda tenho..
Várias fotografias espalhadas pela casa. As mensagens que eu não apaguei da memória do meu telefone (ainda leio e finjo que foi ontem que você me mandou). Sua voz na minha cabeça me chamando de “pirua” e seu abraço. Seus discos de Roberto Carlos pela estante. Suas sandálias atrás da porta do meu quarto. Sua caixa abarrotada de remédios. A receita da quimioterapia. O lado da cama que ficou vazio com a ausência do seu corpo. Sua carteira de documentos que fica na caixinha do meu armário com tudo que você deixou e escreveu pra mim. Ficou tudo, menos você. Fiquei eu, dizem, mas às vezes eu não tenho certeza.
Seis meses que eu tive que dar adeus a quem eu amei por vinte e três anos. Como me faz falta as gargalhadas que trocávamos quando víamos videos engraçados na tv, e as vezes me da vontade de caminhar na calçada com você e ouvir você fazer graça de tudo ao redor. Mexia com todo mundo que passava na rua, e todos sorriam para você. Você ficava orgulhoso de me ver chegar sexta com várias novidades e dizer sobre muitos pensamentos futuros. Como você tinha orgulho, e eu nem acho que eu mereça tanta coisa assim. Fico grata, de qualquer forma, pelas vezes em que você gostou mais de mim do que eu, pelas vezes que levantou cedo para comprar pão para a sua filha sair de casa as 5:40 para trabalhar, pelas vezes que você guardou segredo e não contou pra mamãe. Obrigada por ainda existir em mim e na minha essência.
Você vive em mim e vai ficar todos os dias me abençoando para o meu dia seguir com tranquilidade.
Você me tornou a pessoa mais responsável, pontual e critica que conheço, me orgulho de ser como você. Me tornei uma acadêmica de enfermagem melhor quando cuidei de você e foi ali que comecei a imaginar minhas futuras especializações e conquistas. Escutei muita coisa que não devia e respirei fundo para continuar lutando pela vida sua e de outras milhões que estão por ai com problemas parecidos. Tem muita gente sem amor no coração e muita gente que não pensa no próximo, mas… prometo continuar fazendo a DIFERENÇA por onde eu passar.
EU-AMO-VOCÊ ( no sinal de libras como você gostava de me dizer)
Com Deus, meu pai.
Filho
Queria ter te conhecido.
Para me despedir sonolento,
te ver dormir,
te acordar com um beijo;
Queria ter te conhecido.
Pra ver um pé na frente do outro,
te ver levantar
te fazer feliz;
Queria ter te conhecido.
Pra te regar todos os dias
segurar sua mão assustada
te achar só meu;
Queria ter te amado.
Ser imagem, som e gosto
Ser seu porto e seu herói
Ser um só.
VALENTINA
Esses milênios todos que vivi tentando corrigir imperfeições, foram tempos preciosos que perdi; só fiz por merecer mais provações. Encarnei rico e vi na caridade o meio de exibir a minha riqueza. Depois, vim pobre, e por sagacidade, tirei um bom proveito da pobreza. Alma fechada, oposta à evolução, visando a carne, indiferente à morte, jamais cuidei da minha salvação. O hedonismo sempre foi meu norte. Fui cego, surdo, mudo e mutilado. Também já vim com a forma de Narciso; matei por vício, e após fui trucidado. Sofrendo o talião tão justo e preciso porém nesses milênios que passei atravessando a terra ou atravessando espaços uma coisa eu conservei, qual chama viva a iluminar meus passos. Começou nesta encarnação, quando Valentina nasceu, enfim. E pelo tempo afora desde então, não sei se vivo nela ou ela em mim. Essa paixão que a cada dia aumenta, de beijos e carinhos se alimenta na terra e ficará pelo espaço eternamente. Ela fez tornar-me ao Carma indiferente, transformou o averno em mundo de magia, e a Terra triste em Éden de alegria. Por isso, morrerei, quando for a hora, sabe lá o dia, com alegria; mas mal conterei em frente à Deus a minha rebeldia, que tão logo na família dela quero reencarnar. Ao que presumo, a aprovação, com base no livre arbítrio, consiste apenas em me acompanhar. E temo que ao findar aqui a minha missão, pelo umbral eu fique um tempo a gravitar. E se por lá ficar, ao ver-me órfão deste amor bendito, sentir-me-ei, então como um proscrito, sem luz, sem guia, e longe da verdade. Mas hoje, com dias e horários marcados para buscá-la já fico aflito, enlouquecido, ébrio de amor, carpindo no infinito o Carma doloroso da saudade...
Então...
Minha juventude foi meia que vigiada
Não que tivesse desgostos ou incertezas
Tive meus dias de segredos e quietudes
Como outros de venturas e alegrias
Lembro que meu pai conversava por gestos
Entendia tudo o que seus braços e mãos diziam
Até mais que sua voz rouca e meio confusa
Sua fala beirava um português desafiador
Me apaixonava facilmente por seres conhecidos
Animais, flores e até pelo que não conhecia
Recitava poesias pra plantas e pra mim mesmo
Residia ali meu atalho às descobertas... à magia
Os dias vividos me trouxeram mais que poesia
Me peguei amando ainda adolescente
Juntei forças e fiz de amor planos de ter um lar
E nele, me perder dos ais e só amar
TIMONEIRO VIAJOR
Sublime impulso divino, evoca ternura inefável
O véu do passado se rompe, à sombra do vento eclodir
Estrela guia de amor, fulgente persona notável
Doces memórias suplantam, pungente saudade a ferir
És pássaro livre a planar, garbosa aquarela em coral
És peixe no horto do éden, da cor do amanhecer
És poesia e viola matuta, de afeição passional
És harpa do chamamé, polca e rancheira a tanger
És pai, avô e marido, sogro, amigo e irmão
És vida pura do campo, um vale de águas corrente
És crepúsculo de aurora e ocaso, e noites de solidão
És sacra capela, és fé, oração em suplício presente
És zelo com o bioma, apogeu de justiça e beleza
És o colosso no ofício, o próprio toque de Midas
És a estância olvidada, esplendor que raia tristeza
Gravura de dias felizes, de juventude esquecida
Inelutável sentir sua falta, quando tudo memora você
Dispõem cicatrizes latentes que manam de fados velados
Afeto insurge aos olhos, entranha à alma e a gente não vê
Prenúncio de alegre delírio, de retro visor encantado
Caro me custa aceitar, a dor que desatina e abrasa
Nutre em mim um rancor, do romper do negro manto
Inverno transpõe primavera, e como abrolho o amor arrasa
E de ti, atroz outubro, ódio e ira se comuta em pranto
Sigo perene tormento, atos de mancebo penitentes
De entender-me ser feliz, com refutada tardança
Quisera dispor novos azos, rogo ao onipotente
Qual pólen ao pé da flor, junto a ti uma criança
O vento desnuda a flora, ramalham as folhas no ar
Liras quimeras esvaem, no desabrochar da aurora
Espuma das águas do flume, se dissipam no mar
Só o amor não consuma, essência divina de outrora
Oh! Meu Deus, perdoai! Bradei Senhor em devaneio
Profanei em sonhos de ventura, cantos de vã melodia
Ao sorver o agre do fel, e me ver amputado o esteio
Senti brumal despedida, transverter em cruel nostalgia
Mas o âmago da criação, de amor e eterno luzir
Face ao lampejo dos círios, fez fulgurar minh’alma
Levou-me o coração desvairado, fez desalento exaurir
Embucei o meu prantear, me fartei de saudade calma!
Agradeço ao Arauto de paz, o privilégio auferido
A progenitura afetiva, fruto de nobre etnia
Âncora na tempestade, secular precetor erudito
Comandante de sua estirpe, estrela de epifania
Prateado céu da idade, dourada índole jubilosa
Prematura ceifa no jardim, orfanando frutos nativos
Dissipando eflúvios de amor, ofuscando áurea luminosa
Recôndita presença ditosa, prelado de olhar cativo
Cruzastes trilhas e montes, trechos unidos cursamos
Novos nautas te escoltam, no cosmo que ora senda
Marchamos prantivos por ti, segues como estamos
Padece quem fica aqui, sofre mais quem se ausenta
Perde sua descendência, patriarca de exímia essência
Esmói coração em estilhas, pedras e espinhos a calcar
Mas logra anjo de luz, astral de aurifulgência
Pedras lajeiam o caminho, espinhos são rosas a brotar
Protetor celeste supremo, converto em prece o recital
O rogar do peito extravasa: Envolve em manto sagrado!
Consente regaço luzente, esplandece a rota do naval
Bênçãos em teu recomeço, no lar de etéreo estrelado
Destas veredas ao certo, segues zelosa oração
Que eternamente versaste, aos filhos teus com ardor
De amparo, alento e carinho, bonança e sublimação
Com excelsa fonte de fé, dossel de alvo resplendor
Em sacra vigília de guerra, iminente corona a raiar
Deus recrutou ao flagelo, soldados de sua falange
Nosso anjo da guarda, convocastes a batalhar
Em coro os céus regozijam, a família do eleito plante
Capitão meu capitão, o bom timoneiro viajor
Aguardo ansioso o dia, do reencontro fraterno
O brado da proa da nau, ”rema meu remador”
Te amo hoje e sempre, meu amigo paterno
Edson Depieri
https://www.edsondepieri.com/
Minha Velha Tia
Minha velha tia me contava muitas histórias. E entre uma história e outra, ela me ensinava muitas coisas. Minha tia me contou que houve um tempo em que os animais falavam. Ela me ensinou que a Terra é redonda e que se eu sair andando sempre em frente, acabo voltando ao mesmo lugar. Minha tia me ensinou que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e que Santos Dumont inventou o avião. As histórias de minha tia eram sempre assim. As coisas mais difíceis ela explicava do jeito mais simples. Era preciso que cada coisa tivesse o seu inventor ou o seu descobridor. Se Santos Dumont não tivesse inventado o avião, até hoje estaríamos andando só a pé ou de carro.
Um dia minha tia me ensinou um acróstico: Minha Velha Tia Mandou Jogar Sal Úmido Nas Plantas. Para que eu nunca esquecesse os nomes dos nove planetas do Sistema Solar. Nunca me esqueci dessa tarefa que, é bem verdade, não cheguei a realizar; mas nunca me esqueci dos nomes dos nove planetas.
Eu sempre ouvia maravilhado as histórias de minha tia e nunca me esquecia de nada do que ela me falava. E ela dizia que quando eu crescesse iria saber muito mais do que ela. Talvez esse tenha sido o ensinamento que mais me intrigou. Eu não fazia idéia de como isso seria possível, embora soubesse que tudo o que ela me dizia era verdade. Lembro-me de quando comecei também a contar a minha tia as coisas que tinha aprendido sem ela. Minha tia sorria e ouvia atentamente tudo o que eu lhe dizia. Sei que às vezes ela achava que era tudo bobagem, mas nunca me dizia isso. Ficava feliz por eu estar aprendendo. E eu sempre esperava que ela complementasse as minhas descobertas com o que ela sabia. Minha tia é que sabia verdadeiramente das coisas; e só com o seu aval é que eu podia acreditar em tudo o que aprendia.
Vez ou outra eu a interpelava sobre algumas incoerências. Por que Colombo descobriu a América e Cabral descobriu o Brasil? Eles não descobriram, na verdade, a mesma coisa? Por que foi Colombo quem descobriu a América, e não os índios, que já estavam aqui? Minha tia sorriu e me explicou que os índios não tinham consciência de quem eram, nem de onde estavam, mas Colombo sim. Por isso os chamou de índios.
Lembro-me do dia em que contei à minha tia que a professora tinha dito que não foram nem Cabral, nem Colombo os nossos descobridores, e sim outros homens que estiveram aqui antes, mas que se nos perguntassem, era preciso dizer o que estava no livro. Minha tia abriu o mesmo sorriso carinhoso, sem dizer nenhuma palavra. Sei que ela nunca mais se lembrou dos nomes que eu havia dito a ela, mas, para dizer a verdade, eu também não me lembrei.
Hoje me arrependo de ter deixado tão cedo de visitar a minha tia. Lembro-me de que nas últimas vezes em que a visitei, eu ouvia atentamente o que ela me dizia, e sorria. Às vezes gostaria que ela ainda estivesse aqui. Mas sei que não seria mais possível. Talvez o mais duro exemplo de uma das tantas coisas que ela me ensinou: “cada coisa tem o seu tempo”. No tempo de Cabral, de Santos Dumont e da minha tia, as coisas mudavam muito pouco. Ela pôde me ensinar o que havia aprendido com a tia dela. Hoje, ela certamente se sentiria enciumada por causa da Internet. Eu não saberia como dizer a ela que o seu acróstico não vale mais. Não saberia dizer a ela que Plutão não é mais um planeta. Minha velha tia não sabia muito bem o que era um planeta. Não saberia me explicar por que isso aconteceu. Talvez ela fosse sorrir e dizer “isso é bobagem”. E, para dizer a verdade, eu também não saberia explicar isso a ela. Minha tia tinha razão em tudo o que dizia. Teve razão ao dizer que eu saberia muito mais do que ela. Mas minha tia é que entendia verdadeiramente das coisas. E hoje eu não sei onde aprender as coisas que ela sabia.
Hoje eu tive um sonho lindo e nele você estava. Com aquele sorriso doce e olhar sereno que abraçava sem ao menos me tocar. Hoje eu acordei com saudade, mas saudade de voltar e sonhar novamente só para poder de te ver por mais alguns segundos.
Te amo pai.
Saudade de ser sua filha, saudade da nossa casa.