Textos de Paciência

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Já não tenho paciência para algumas coisas, não porque me tenha tornado arrogante, mas simplesmente porque cheguei a um ponto da minha vida em que não me apetece perder mais tempo com aquilo que me desagrada ou fere. Já não tenho pachorra para cinismo, críticas em excesso e exigências de qualquer natureza. Perdi a vontade de agradar a quem não agrado, de amar quem não me ama, de sorrir para quem quer retirar-me o sorriso. Já não dedico um minuto que seja a quem mente ou quer manipular. Decidi não conviver mais com pretensiosismo, hipocrisia, desonestidade e elogios baratos. Já não consigo tolerar eruditismo seletivo e altivez acadêmica. Não compactuo mais com bairrismo ou coscuvilhice. Não suporto conflitos e comparações. Acredito num mundo de opostos e por isso evito pessoas de caráter rígido e inflexível. Na amizade desagrada-me a falta de lealdade e a traição. Não lido nada bem com quem não sabe elogiar ou incentivar. Os exageros aborrecem-me e tenho dificuldade em aceitar quem não gosta de animais. E acima de tudo já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência.

José Micard Teixeira

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Meryl Streep.

Três Lindos Casos:

1. TENHA PACIÊNCIA, MEU FILHO

Quando Dona Maria João do Deus desencarnou, em 29 de setembro do 1915, Chico Xavier, um de seus nove filhos, foi entregue aos cuidados de Dona Rita do Cássia, velha amiga e madrinha da criança.

Dona Rita, porém, era obsidiada e, por qualquer bagatela, se destemperava, irritadiça.

Assim é que o Chico passou a suportar, por dia, várias surras de vara de marmeleiro, recebendo, ainda, a penetração de pontas de garfos no ventre, porque a neurastênica e perversa senhora inventara êsse estranho processo do torturar.

O garôto chorava muito, permanecendo, horas e horas, com os garfos dependurados na carne sanguinolenta e corria para o quintal, a fim de desabafar-se, porque a madrinha repetia, nervosa:

- Êste menino tem a diabo no corpo.

Um dia, lembrou-se a criança de que sua Mãezinha orava sempre, todos os dias, ensinando-o a elevar o pensamento a Jesus e sentiu falta da prece que não encontrava em seu nôvo lar.

Ajoelhou-se sob velhas bananeiras e pronunciou as palavras do Pai Nosso que aprendera dos lábios maternais.

Quando terminou, oh! maravilha!

Sua progenitora, Dona Maria João de Deus, estava perfeitamente viva ao seu lado.

Chico, que ainda não lidara con as negações e dúvidas dos homens, nem por um instante pensou que a Mãezinha tivesse partido para as sombras da morte.

Abraçou-a, feliz; e gritou:

- Mamãe, não me deixe aqui... Carregue-me com a senhora...

- Não posso, - disse a entidade, triste.

- Estou apanhando muito, mamãe!

Dona Maria acariciou-o e explicou:

- Tenha paciência, meu filho. Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar.

- Mas, - tornou a criança - minha madrinha diz que eu estou com o diabo no corpo...

- Que tem isso? Não se incomode. Tudo passa e se você não mais reclamar, se você tiver paciência, Jesus ajudará para que estejamos sempre juntos.

Em seguida, desapareceu.

O pequeno, aflito, chamou-a em vão.

Desde desse dia, no entanto, passou a receber o contacto de varas e garfos sem revolta e sem lágrimas.

- Chico é tão cínico - dizia Dona Rita, exasperada, que não chora, nem mesmo a pescoção.

Porque a criança explicasse ter a alegria de ver sua mãe, sempre que recebia as surras, sem chorar, o pessoal doméstico passou a dizer que ele era um "menino aluado".

E, diariamente, à tarde, com os vergões na pele e com o sangue a correr-lhe em pequeninos filêtes do ventre o pequeno seguia, de olhos enxutos e brilhantes, para o quintal!, a fim de reencontrar a mãezinha querida, sob as velha árvores, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração.

Assim começou a luta espiritual do médium extraordinário que conhecemos.

2. O VALOR DA ORAÇÃO

A madrinha do Chico, por vêzes, passava tempos entregue a obsessão.

Assim é que, nessas fases, e exasperação dela era mais forte.

Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome.

Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum.

À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.

- Então, a senhora não sabe, - explicou o Chico - tenho passado muita fome...

- Ora, você está reclamando muito, meu filho! - disse Dona Maria João de Deus - menino guloso tem sempre indigestão.

- Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...

A mãezinha abraçou-o e recomendou:

- Continue no oração e espere um pouco.

O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal.

Aproximou-se dêle e deixou cair da bocarra um objeto escuro.

Era um jatobá saboroso...

Chico recolheu, alegre, o pesado fruto, ao mesmo tempo que reviu a mãezinha no seu lado, acrescentando.

- Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.

E, despedindo-se da criança, acentuou:

- Como você observa, meu fiiho, quando oramos com fé viva até um cão pode nos ajudar, em nome do Jesus.

3. O ANJO BOM

Dois anos do surras incessantes.

Dois anos vivera o Chico junto da madrinha.

Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou:

- Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui?

o Espírito carinhoso afagou-o e perguntou:

Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece a vontade de Deus...

- Mas a senhora sabe que nos faz muita falta...

A Mãezinha consolou-o e explicou:

- Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos.

E sempre que revia a progenitora, o menino indagava:

- Mamãe, quando é que a anjo chegará?

- Espere, meu filho! - era a resposta de sempre.

Decorridos dois meses, a Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias.

E Dona Cidália Batista, a segunda espôsa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas.

Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico.

Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos...

Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura a perguntou:

- Meu Deus, onde estava êste menino com a barriga deste jeito?

Chico, encorajado com a carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido.

A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou:

- Você sabe quem sou, meu filho?

- Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou...

E, desde então, entre as dois, brilhou a amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até a morte.

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro – e também certa não fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade.

Caio Fernando Abreu
Pequenas epifanias. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

Nota: Trecho da crônica Sugestões para atravessar agosto, publicada originalmente no jornal "O Estado de S. Paulo", em 6 de agosto de 1999.

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Inserida por tainabernardes

A resposta que Deus me deu quando pedi algumas respostas?

"Tudo isso tem uma razão de ser e, na hora certa, você entenderá o meu agir. Hoje, preocupe-se apenas em plantar o que lhe cabe e em cumprir os meus mandamentos.
Me busque, caminhe comigo e dedique mais do seu tempo ao próximo, doando amor e fazendo por ele o que você gostaria que fizessem contigo e com os seus.
No mais, apenas descanse! Quando menos esperar, tudo o que sonha já lhe terá sido acrescentado por mim e todas as suas indagações de hoje, já estarão respondidas.
E esteja certa que o meu tempo é perfeito, que eu não tardo e que eu te surpreenderei!"

Que não nos faltem bons sentimentos. Que nos falte egoísmo. Que nos sobre paciência. Que sejamos capazes de enxergar algo de bom em cada momento ruim que nos acontecer. Que não nos falte esperança. Que novos amigos cheguem. Que antigos sejam reencontrados. Que cada caminho escolhido nos reserve boas surpresas. Que a cada sorriso que uma criança der nos faça ter um bom dia e enxergar uma nova esperança. Que cada um de nós saiba ouvir cada conselho dado por uma pessoa mais velha. Que não nos falte vontade de sorrir. Que sejamos leves. Que sejamos livres de preconceitos. Que nenhum de nós se esqueça da força que possui. Que não nos falte fé e amor.

A gente vive perdendo coisa. Perde a paciência, perde o ânimo, perde as chaves, perde cabelo, perde o sono, perde o emprego, perde amigo, perde saúde, perde memória, perde festa, perde a novela, perde brinco, perde ônibus, perde sangue, perde dinheiro, perde oportunidade, perde a hora, e até rim. Depois de perder tanta coisa, a gente já não devia ter aprendido a perder? Vou fazer com homem, a mesma coisa que faço com os ônibus, com a certeza de que daqui 20 minutos aparece outro, com a esperança de que seja mais bonito, mais confortável, e me leve até onde eu quero.

As pessoas não têm paciência para relacionamentos. Se está ruim elas simplesmente trocam. Não tentam, não se empenham, não lutam para dar certo. Não acho que a gente tem que aceitar tudo que o outro nos dá. Não acho que temos que cruzar os braços para o que está errado. Mas o amor exige uma dose de sacrifício. O amor não é descartável. O amor não pode ser jogado fora. Não dá pra fazer uma lipo no amor. A gente tem é que lutar por ele. Diariamente.

Simplicidade, paciência e compaixão. Estes são os três maiores tesouros que você pode ter. Com simplicidade em suas ações e pensamentos, você retorna ao núcleo de sua essência. Com paciência, tanto com os amigos quanto com os inimigos, você vive em harmonia com o universo. Com compaixão a si mesmo, você reconcilia todos os seres do mundo.

A PACIÊNCIA...

A paciência para os ultrajes é como a roupa para os que sentem frio: à medida que o frio aumenta, cobre-te com mais roupas, e não sentirás frio.

Assim também, no momento dos grandes ultrajes, aumenta a tua paciência, e a ofensa não chegará a tua alma.

Autoria:"Leonardo da Vinci"

Uma oração para meu amor!

Que Deus nos dê paciência para fazermos o que for necessário.
Que o tempo que ainda não estamos juntos passe tão rápido como a velocidade dos nossos pensamentos ...
(unidade de medida essa que é a mais veloz que conheço)
Porque é esse o tamanho da minha ansiedade.
Que Deus olhe por nossas metades.
Que derrame sobre nós suas bênçãos.
Que esteja presente em nosso encontro e depois dele... por todo o sempre.
Que tenha piedade da nossa ansiedade e nos faça juntos novamente.
Que Deus tenha amor maior por nossas realizações conjuntas... de devoção a Ele e de ajuda a quem necessitar de nosso amor.
Que Deus nos ame com a mesma intensidade que nos amamos.
Para que possamos realizar juntos nosso sonhos.
Para que estejamos juntos nesta e na próxima vida e por todo resto da eternidade.
Para que não precisemos mais estar separados por conceitos, preconceitos, distâncias ou por diferenças de linguagens
Para que nasçamos um para o outro em todas as vidas que tivermos.
Para que possamos, juntos, evoluirmos e fazer com que outras almas evoluam também.
Para que possamos ser exemplo para outras almas que ainda não encontraram sua metade.
Para que inteiros sejamos um na unidade proposta por Ele.

Tento pelo menos ter mais paciência comigo, mais tolerância, e também ter com as pessoas, mesmo sabendo que o maior desafio é superar a mim mesma.
Tento, todos os dias, ter comigo a consideração que muitos não têm. Mesmo me entristecendo com as atitudes humanas, percebi que não devo tentar entender, e sim deixar de lado.
Mas preciso entender a mim mesma, ser o melhor pra mim e lutar. Porque, se eu não fizer isso, nunca superarei a mim. Posso ser alguém melhor sempre, mas desafiar os desafios do que me enfrenta, mesmo que seja eu, é uma conquista diária.

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro – e também certa não fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções — úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu – sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas – coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.

Caio Fernando Abreu
Pequenas epifanias. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

Nota: Crônica Sugestões para atravessar agosto, publicada originalmente no jornal "O Estado de S. Paulo", em 6 de agosto de 1999.

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Determinadas pessoas gostam de levar a paciência dos outros ao limite, reproduzindo-se no tempo, e por isso deixam de ser desejadas. Uma coisa é não ligar uma ou outra vez, mas quando a insensibilidade começa a roçar a falta de consideração e a avolumar-se como uma teimosia monótona e exaustiva, torna-se veemente a nossa responsabilidade na colocação de um ponto final às situações em que nos expuseram sem o pedirmos.
A paciência deve voltar-se para aquilo que não depende de nós e para aquilo que merecemos, e não para o silêncio eternamente complacente objectivando a ausência de conflitos. Não devemos ser cúmplices das atitudes que nos causam desconforto. Há um “chega”. E existe um “basta”. Guardemo-la como um bom comportamento decisório para mudarmos o que nos afeta e como uma sabedoria interior para a leitura das pessoas que a colocam à prova de forma apenas ingénua ou informal.

Amigo É Casa

Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão

COMO FICAR SÓ

Se você está sozinho pela primeira vez, tenha paciência. Se você não ficou só muitas vezes, o se quando ficou não gostou, então espere. Você vai descobrir que é ótimo ficar sozinho quando você aceita essa ideia.

Poderíamos começar com os lugares aceitáveis, o banheiro, a coffee shop, a biblioteca. Onde você pode enrolar e ler o jornal, onde você pode pegar sua dose de café, sentar e ficar por lá. Onde você pode folhear e cheirar os livros. Você não deve falar nesses lugares, então é mais seguro.

Também existe a academia. Se você é tímido, pode ficar nos espelhos, pode colocar o fone de ouvido.

E tem o transporte público, porque todos temos que chegar em algum lugar.

E existem as preces e a meditação. Ninguém vai achar estranho se você estiver segurando a respiração em busca de paz e salvação.

Comece simples, com as coisas que você evitava com medo de ficar sozinho.

O balcão da lanchonete. Onde você estará cercado de funcionários que têm somente uma hora e esposas que trabalham do outro lado da cidade o que faz com que eles – assim como você – fiquem sozinhos.

Resista à tentação de socializar com seu telefone celular.

Quando estiver confortável com esse ritual, convide a si mesmo para um jantar. Em um restaurante com mesa posta. Você não será mais intrigante ao comer sozinho do que quando passa o dedo no chantilly ao provar a sobremesa. Na verdade, algumas pessoas das mesas cheias de gente ficarão com vontade de estar no seu lugar.

Vá ao cinema, onde é escuro e aconchegante. Sozinho em sua cadeira em meio a uma comunidade temporária.

Então, se leve para dançar em uma balada onde ninguém te conheça. Fique fora da pista até que as luzes te convença a entrar. Dance como se ninguém estivesse vendo… porque ele provavelmente não estão! E, se estiverem, suponha que estejam fazendo com a melhor das intenções. O jeito que o corpo se move durante a dança é, no fim das contas, lindo. Dance até o suor lembrá-lo das melhores coisas do mundo.

Vá para o campo sozinho, deixe que as árvores e os esquilos tomem conta de você.

Vá para uma cidade desconhecida, ande pelas ruas. Sempre existem as estátuas para conversar e bancos perfeitos para sentar-se, que dão aos estranhos a sensação de uma existência compartilhada – esses momentos podem ser tão animadores e as conversas que você se envolve ao sentar-se sozinho são únicas.

A sociedade tem medo da solidão, como se corações solitários estivessem jogados no porão, como se as pessoas devessem ter problemas se, depois de um tempo, não estivessem comprometidas com ninguém. Mas a solidão é uma liberdade que respira fácil e levemente e pode ser cicatrizante, basta você querer.

Você poderia aguentar rodeado por uma multidão ou de mãos dadas com seu companheiro. Olhe mais ao longe pela eterna busca de companhia. Mas ninguém estará na sua cabeça e, quando terminar de traduzir seus pensamentos, algo da essência deles pode estar perdido. Ou não.

Talvez com o objetivo de amar a si mesmo, talvez todos aquelas frases cheias de energia que ouvimos da pré-escola ao colegial foram provas para aguentar ficar sozinho. Porque se você está feliz, a solidão é abençoada e estar só é okay.

Está tudo bem se ninguém crer como você. Toda experiência é única, ninguém tem as mesmas sinapses ou consegue pensar como você. Por isso, fique aliviado, mantendo sempre à mão as coisas mágicas da vida.

E isso não significa que você não estará conectado, que a comunidade não estará presente. Apenas seja uma única pessoa em uma única mente e sinta os efeitos disso. Fique em silêncio. Respeite o silêncio.

Você pode estar em meio a uma multidão em um instante se precisar. Se o seu coração está sangrando, aproveite ao máximo. Existe calor no congelamento, seja um testamento.

(Tradução de Carolina Monterisi do poema How to be alone)

Talvez o amadurecimento esteja chegando ou, talvez, minha paciência não seja a mesma de antes. Só sei que o meu presente seletivo causa repulsa e produz rancor naqueles que não se encaixam nos meus padrões.

Poderia dizer "sinto muito", mas não sinto nada disso. Sinto-me, tão somente, protegida dessa quantidade que não tem a qualidade que eu necessito para ser alguém melhor.

Fé e Paciência
Saber esperar não é fácil. Compreender que tudo tem o seu tempo determinado é um Dom. Muitas vezes somos imediatistas, queremos tudo no agora, e nao conseguimos ver, que para a construção de grandes objetivos se leva tempo, e esquecemos de aceitar que esperar não é perda de tempo, mas um intervalo de lapidação e preparação de nossas vidas para alto vôos. Tenha fé e paciência, pois uma borboleta para alçar seu vôo, um dia rastejou em seu estágio de lagarta.

Hoje eu decidi sacodir a poeira. Vou olhar pra vida com mais amor, com mais paciência, com mais entusiasmo. Alguém me fez sofrer, me magoou ou se esqueceu de mim? Definitivamente não conheço motivos melhores do que esses pra excluir alguém da minha vida. Chega de dar oportunidades pra quem não as merece. Chega de fingir que está tudo bem. O passo é simplesmente excluir e pronto.

Vamos deletar tudo de ruim que nos atormenta: amizades, rancores, amores, desejos que não podem se concretizar. Vamos viver o possível, o bom, o que o mundo nos oferece. Vamos encerrar ciclos com o que não nos faz bem. Vamos dar um basta ao que não nos faz pessoas melhores. Vamos encarar a vida com mais jovialidade, com menos insegurança e com mais bom humor. Vamos parar de esperar que coisas boas aconteçam e começar a correr atrás delas. Vamos parar de reclamar e agir.

É hora de recomeçar, seguir um rumo, abrir portas. As coisas boas só acontecem pra quem está preparado pra lidar com a chegada de coisas novas, pra quem sabe lidar com imprevistos, pra quem não tem medo de arriscar. Não tenha medo de viver, de se entregar, de dizer que sim... se alguma coisa der errado é só ter calma, levantar a cabeça, sacudir a poeira mais uma vez e não ter medo de recomeçar!

E de recomeço em recomeço, a gente sempre se torna um pouquinho melhor!

Dê valor a quem quis ficar e esperar pelo seu tempo de despertar...
Paciência, tolerância, cumplicidade, compreensão e braço forte são coisas raras de se ter...
Devolva em reciprocidade esta devoção no melhor que puder, mesmo que por gratidão, admiração ou respeito.
Porque isso é amor demais... e amor sempre merece resposta.

Paciência – um presente do tempo ou o pesadelo das horas?

“Um momento de paciência pode evitar um grande desastre; um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida.” (Provérbio chinês)

Que virtudes há em se ter paciência?
Estávamos dentro de um universo só nosso, a barriga de uma mãe, onde imperávamos e éramos satisfeitos de imediato a cada sinal de necessidade. Nascemos como criaturas egoístas nomeadas homem e mulher. Queríamos mais, por isso rompemos a placenta no caminho da luz, para possuir a luz, o ar e o mundo, passamos a vida inteira a buscar mais e mais. Passamos então a descobrir – com muitas lágrimas e quedas, arranhões e surras, mas também com prazeres, sorrisos e delírios – que o mundo não gira ao nosso redor, nós é que precisamos para este mundo girar. Forçados a aprender que nem todas as nossas necessidades são satisfeitas da forma ou no momento exato que queremos, aprendemos que não adianta espernear, gritar, brigar ou chorar, mas sim exercitar a paciência. Na medida em que vamos crescendo e convivendo com outras pessoas, tão egoístas e idênticas a nós mesmos, percebemos que é preciso ser paciente para poder conviver bem na famosa sociedade. E enamorar-se, casar-se, reproduzir-se, ser feliz.
Paciência pode ser definida como o grande bem de nutrir o controle emocional, nunca perder a calma ao longo do tempo, por mais que esse demore a chegar. Versa basicamente sobre a tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade ímpar de suportar os mais sortidos incômodos e dificuldades de toda ordem a toda e qualquer hora e/ou em todo e qualquer lugar. É a capacidade de persistir, perseverar, permanecer em uma atividade abstrusa, tendo ação tranqüila, uma maneira equilibrada de se encarar a vida, acreditando que se alcançará o que se quer. É também esperar o momento certo para certas atitudes, é o aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha alcançado. É a aptidão de ouvir alguém com tranqüilidade, com atenção, sem ter a pressa que destrói o zelo. É a disposição de se deixar libertar da ansiedade. Ser paciente é ser afável, ser humanizado e saber agir com sabedoria e com educação. A paciência é a caridade quando praticada em verdade e em sua essência.
Penso que todas as virtudes pertencentes à paciência estão no aprender a ser alguém melhor quando se precisa esperar pelo tão famoso tempo, pelos dias passarem e pelas soluções da vida que simplesmente acontecerão diante da nossa existência. Mas nem sempre essa espera é tão simples ou doce. Só quem já esperou (ou espera) sabe o quanto é cruel tecer minutos cultivando paciência. Quem tem pressa para acontecer, muitas vezes não se importa em atropelar as grandes lições e causar acidentes quase mortais. Quem espera pelo futuro mergulhado na ansiedade do querer agir antes de poder agir, segue pelo caminho quase sempre mais extenso. Quem não conhece paciência de forma íntima, tende a encontrá-la das formas mais dolorosas e inesperadas. O fato diário é que a vida não pára e nem sempre se aprende paciência quando você olha no espelho e tem um reflexo envelhecido do que você deseja ainda ser. Aonde se quer chegar? Corre-se tanto para que? Por quem? O corpo, a alma, o coração vai agüentar? O mundo está apenas na sua primeira volta quando o sol bate a janela do seu quarto e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol. Com ou sem a paciência! Teilhard de Chardin me fez pensar essa tarde neste aprender amargo de se conquistar paciência enquanto o sol se põe diante dos meus olhos, percebi que minhas respostas a essas perguntas também estão vagas demais por esses dias que deixo passar com tanta ansiedade, e que para colher doces frutos, melhor é cultivar paciência.