Textos de Nietzsche
Amo o pensamento de Friedrich Nietzsche quanto sua opinião sobre a existência. O filósofo (dizem ser bipolar) não acreditava que éramos alguma coisa, mas que estávamos em constante transformação. O verbo ser então não cabia para designar a existência, não somos bonitos ou feios, tristes ou felizes, doentes ou saudáveis, apenas estamos de algum jeito em relação a um determinado momento.
No século XIX Nietzsche diagnosticou a morte de Deus, mas as armas utilizadas no deicídio (a ciência e a razão) se tornaram objeto de culto. É preciso usar o martelo mais uma vez para destroçar o altar no qual se encontra e depois dar uma marretada na própria cabeça para tirar de si a ideia de crença surgida na mente humana há mais de 12 mil anos.
"Minha cabeça é como a de Nietzsche, igualzinha, no seguinte: entendo o mundo como ele é. Mas não consigo traduzir para as pessoas como o enxergo. Eu quis dizer, entendo conceitos, definições, lógicas, a realidade. Porém, ainda que eu escreva para tentar explicar, fica complexo, ambíguo às vezes. Não importa se dou a melhor definição de algo, para mim, está ainda faltando alguma coisa, mesmo que eu saiba o que quer dizer com precisão o significado de uma palavra por exemplo, na minha mente não cheguei no limite do que a palavra poderia significar. Talvez Nietzsche tenha ficado literalmente louco por não consegui fazer as pessoas entenderem como ele enxergava a realidade, eu, me contento com o desentendimento das pessoas sobre como vejo a realidade muitas vezes e creio que Deus seja real, Ele consegue sem esforço algum entender tudo que penso mesmo antes de eu no tempo ter pensado."
“Como disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, ‘o que não me mata, me fortalece’. Essa frase resume bem a ideia de que as dificuldades e os obstáculos da vida podem servir como estímulos para o crescimento pessoal e profissional. Pessoas que continuam existindo mesmo diante de tantos nãos ou afastamentos. Isso serve para a amizade, o relacionamento pessoal e o profissional. São pessoas determinadas que não desistem facilmente. Agora, pessoas que desistem fácil provavelmente não conseguem chegar a lugar nenhum. Continuam na mesma zona de conforto.”
Werther, o primeiro herói romântico, mostra-se mais humano que o super-homem de Nietzsche. Goethe trouxe à luz muitas verdades da condição humana em seu livro "Os sofrimentos do jovem Werther" baseado em suas próprias experiências. Nietzsche construiu uma filosofia de ilusões inspirada em si projetando no seu conceito algo que ele nunca foi. Encontramos mais honestidade num escritor sentimental do que num filósofo fantasioso que não viveu o que ensinou.
Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano. Assim, para este, os ideais arquetípicos são a vontade de verdade, a vontade do escravo, do ressentido. No entanto, quem de nós pode ser plenamente livre desses ideias? A ideia de além-homem, super homem, é também um ideal arquetípico, uma utopia de uma mente desesperada. Não tem como, não há como fugir realmente: ou cremos que há uma transcendência ou vivemos na ilusão arquetípica do nosso próprio desespero.
O amor é estúpido e possui uma abundância cornucópia; dela retira os dons que distribui a cada pessoa, ainda que ela não os mereça, nem sequer os agradeça. Ele é imparcial como a chuva, que segundo a Bíblia e a experiência, molha até os ossos não apenas o injusto, mas ocasionalmente também o justo.
Se vivemos próximos demais a uma pessoa, é como se repetidamente tocássemos uma boa gravura com os dedos nus: um dia teremos nas mãos um sujo pedaço de papel, e nada além disso. Também a alma de uma pessoa, ao ser continuamente tocada, acaba se desgastando; ao menos assim ela nos parece afinal — nós nunca mais vemos seu desenho e sua beleza originais. — Sempre se perde no relacionamento íntimo demais como mulheres e amigos; às vezes se perde a pérola de sua própria vida.
Todas as coisas que duram muito tempo de tal modo se impregnam aos poucos da razão que a origem que tiram da desrazão se torna inverossímil. A história exata de uma origem não é quase sempre sentida como paradoxal e sacrílega? O bom historiador não está, no fundo, incessantemente em contradição com o seu meio?
O intelecto das mulheres se manifesta como perfeito domínio, presença de espírito, aproveitamento de toda vantagem. Elas o transmitem aos filhos, como sua característica fundamental, e a isso o pai acrescenta o fundo mais obscuro da vontade. A influência dele determina, por assim dizer, o ritmo e a harmonia com que a nova vida deve ser tocada; mas a melodia vem da mulher.
O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins".
O que é a verdade para uma mulher? Desde o início, nada foi mais alheio, repugnante e hostil à mulher do que a verdade – sua grande arte é a mentira, sua preocupação máxima é a mera aparência e beleza. Confessemos nós, homens: reverenciamos e amamos precisamente esta arte e este instinto na mulher.
A compaixão contradiz a lei da evolução, que é a lei da seleção. Conserva o que está maduro para o declínio, luta em prol dos deserdados e dos condenados pela vida; e, pela abundância dos fracassados de toda a espécie, que mantém vivos, confere à própria vida um aspecto sinistro e duvidoso.
O que hoje sou, o lugar em que me encontro — a uma altura em que já não falo com palavras, mas com raios — oh! Como então estava ainda longe disso! — Mas eu percebia a Terra prometida — em nenhum instante me enganei sobre o caminho, o mar, os riscos — e o sucesso! A grande tranquilidade no prometer, a feliz visão em direção a um futuro que não há de ficar em simples promessa! — Aqui cada palavra é vivida, profunda, íntima; nem faltam coisas dolorosíssimas, havendo palavras que propriamente sangram. Mas um vento de grande liberdade sopra sobre tudo; a própria ferida não age como objeção.
Nosso destino dispõe de nós, mesmo quando ainda não o conhecemos; é o futuro que dita as regras do nosso hoje. Supondo que nos seja permitido, a nós, espíritos livres, ver no problema da hierarquia o nosso problema: somente agora, no meio-dia de nossas vidas, entendemos de que preparativos, provas, desvios, disfarces e tentações o problema necessitava, antes que pudesse surgir diante de nós, e como tínhamos primeiro que experimentar os mais diversos e contraditórios estados de indigência e felicidade na alma e no corpo, como aventureiros e circum-navegadores desse mundo interior que se chama "ser humano".
O homem moderno crê experimentalmente ora neste, ora naquele valor, para depois abandoná-lo; o círculo de valores superados e abandonados está sempre se ampliando; cada vez mais é possível perceber o vazio e a pobreza de valores; o movimento é irrefreável. (...) A história que estou relatando é a dos dois próximos séculos.
Bem que existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada sede conjunta de um ideal acima delas: mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade.
O orgulhoso conhecimento do privilégio extraordinário da responsabilidade, a consciência dessa rara liberdade, desse poder sobre si mesmo e o destino, desceu nele até sua mais íntima profundeza e tornou-se instinto, instinto dominante – como chamará ele a esse instinto dominante, supondo que necessite de uma palavra para ele? Mas não há dúvida: este homem soberano o chama de sua consciência...
O humano passou a ser humano quando deslocou o sentido de si
da realidade
para a representação da realidade
na linha de tempo da evolução, isso parece coincidir com o surgimento do neocórtex no nosso cérebro, de 1 milhão de anos para cá, coisa que os outros mamíferos não tem,
a capacidade de conceitualizar se tornou vantajosa evolutivamente, dando sobrevivência aos indivíduos mais "teóricos" (mais capazes de construir artefatos, atacar, se proteger, etc)
A desvantagem é que esse "ser conceitualizador" passou a ser vítima dessa sua própria racionalidade. A razão propiciou enorme ajuda para resolver suas necessidades básicas, mas acabou trazendo o efeito colateral de "criar" uma quantidade potencialmente infinita de novas necessidades, e a principal dessas "novas necessidades" é precisar de uma "razão para viver", enquanto os outros animais simplesmente vivem, aqui e agora. Como disse o genial Sêneca, "o homem sofre antes do necessário, sofre mais que o necessário".
Esse vazio humano está expresso em todas as épocas e lugares, e cada cultura procurou dar um jeito de resolver isso.
O Gênesis bíblico relata uma expulsão do Paraíso, que pode ser interpretado (pelo menos eu interpreto) como a expulsão de uma época onde as coisas tinham somente a dimensão e a importância que deveriam ter, sem racionalizações superiores (árvore do conhecimento)... e essa narrativa está no berço da tradição ocidental, que atribui a causa de tudo a poderes transcendentais (sobrenaturais) aos quais deveríamos nos conectar para nos salvar.
Os distantes orientais certamente sofriam do mesmo "vazio" que nós, mas buscaram explicações na natureza em si, tentando compreender a organização do universo, ao invés de cogitar forças externas a ele. A salvação do sofrimento terreno (para hindus e budistas) estaria muito mais em corresponder aos desígnios da evolução do que aos interesses individuais, onde o "não-pensar" (meditação) seria muito útil.
O sofrimento é algo tão intrínseco à natureza quanto o nascimento, o amor e a morte. Tudo indica que o advento da razão humana foi um acidente evolutivo utilizado basicamente como tentativa de mitigar o sofrimento da própria espécie. Mas não se pode eliminar da vida algo que é intrínseco a ela, assim essa “razão” começou a se caracterizar como um “elemento estranho” na natureza, como um câncer quer se amplia até hoje.
Esse desvio próprio da espécie humana acarretou na artificialização do planeta inteiro. Atualmente 3/4 de todo o tecido vivo da terra já tem interferência direta humana, E toda ciência ambiental demonstra que no século XX violamos perigosamente a capacidade dos recursos naturais se sustentarem.
É uma bola de neve: Humanos infelizes buscando caminhos para amenizar sua infelicidade, gerando um aumento na infelicidade geral.
O mundo mudou nos últimos 150 anos mais do que em toda a história da humanidade. E dá para apostar que essa velocidade de mudança só tende a aumentar.
No que vai dar? Não estaremos aqui para ver.
Todos estamos nos equilibrando entre o que devemos fazer para nossa própria satisfação e o legado que deixaremos para as dores do mundo. Cada qual conforme suas características pessoais, Cada qual no seu caminho. A somatória de tudo irá compondo os resultados.
O único paraíso que minha insignificante individualidade encontrou foi observar e vivenciar o inocente amor que os animais vivenciam.
Considerar-se do “lado do Bem” é uma das predisposições humanas mais clássicas para praticar “o Mal”.
Considerar-se do “lado do Bem” pode até nos trazer (por algum tempo) autoestima e conforto interior, mas inevitavelmente coloca alguém do “lado do Mal”. Eis o problema. E, assumir (por antecipação) que pessoas pertençam a um "lado do Mal” configura óbvia corrupção para o juízo e perigosa predisposição para praticarmos justamente… “o Mal” que dizemos combater.
Frases típicas de quem se vê do “lado do Bem”:
- Quem come carne é indiferente ao sofrimento.
- Políticos de direita são maus para a sociedade.
- Ateus são pessoas desencaminhadas.
Seguindo o raciocínio acima, temos uma demonstração paradoxal: só poderá existir “lado do Mal” em torno de princípios definidores (eles próprios) de um “lado do Mal”, visto que promovem preconceito em si mesmos (exemplo: nazismo). Salvo esses casos, só se pode verificar “Bem” e “Mal” em atitudes, porquanto inserem ou retiram sofrimento do mundo.
A tendência para inferiorizar quem não pensa como nós (ou não consegue enxergar o que nós conseguimos) certamente existe porque é uma postura bem mais cômoda do que exercer nossos tais “princípios bons”, um truque para elevar artificialmente nossa reputação moral e uma desculpa para nossos instintos vis.