Textos de Culpa
Por muito tempo o silêncio foi a companhia mais leal à minha boca. Dela a palavra se perdeu. Engoli e com força o vômito, o suspiro, o choro, o rancor, a dor, a raiva. Às vezes, até mesmo a alegria. Esse medo bobo de desagradar que implantaram dentro de mim. E nesses movimentos caóticos me perdi dentro de mim mesma. Me afoguei no mar de palavras que permaneceram em tempestade, me puxando para dentro, não permitindo emergir. Esse mar que me tira a liberdade e que me faz muda diante, principalmente, daquilo que me fere a pele. E venho escolhendo todos os dias a desaprender o silêncio. A reencontrar a palavra, a não mais engoli o que me tira o sono. O que deixa na boca um sabor amargo.
Que névoa alguma repouse sobre os meus olhos. Que meu toque permaneça sã. Que o maravilhamento pelas miudezas resista, apesar da dureza que se apresenta a cada nova esquina. Que ao ouvir um miado, ou a uma risada longa de uma criança, não perca a graça de ver ali a poesia mais bonita. Que observar a lua acompanhada das estrelas não deixe de meus olhos marejar. Quero sentir, como se deve sentir o sentir. Que não deixe de cantar em plenos pulmões a minha canção favorita, não importando o quão antiga ela seja. Que permaneça encanto o brilho dos detalhes que andam esquecidos. Que fortemente sinta a beleza de passar um café e sentir o seu aroma, mesmo numa manhã cinza. Que mesmo, com tanto atravessamento, não perca o deslumbramento pela magia vida.
É um voo livre. Finalmente descobri. Depois de tanto que me mantive engaiolada com o passado de cárcere ensinado. É um voo livre e vou mesmo com as asas cortadas, todas picotadas, com pontas ensanguentadas, por tesouras desamoladas de quem não aceita o que precisa crescer e partir. É um voo livre, depois de muito tempo, finalmente descobri.
Nem tudo é sobre você. Nem tudo precisa da sua voz. Há uma nobreza em se conter, em não se meter onde não foi chamado, em perceber que algumas batalhas não te pertencem. A gente esquece que silêncio também é uma forma de presença, talvez a mais difícil de todas. Porque exige humildade, exige segurar a língua quando ela insiste em querer dar conselhos não pedidos, emitir opiniões que ninguém solicitou. Por isso, o melhor que podemos fazer por alguém é simplesmente ouvir. Não confunda se calar com ser omisso. Há uma grande diferença entre ignorar e compreender o momento de não interferir. Nem tudo que você acha certo é certo para o outro, e nem toda opinião sua vai transformar a vida de alguém. Então, ao invés de ser a voz que interrompe, tente ser o ouvido que acolhe. Ao invés de ser o dedo que aponta, seja o ombro que suporta. O silêncio também tem sua poesia. E às vezes, o maior gesto de amor é apenas deixar o outro existir, sem invadir, sem impor, apenas respeitando.
Ando também aprendendo o silêncio. Hoje entendo que quando uma tempestade parece querer se aproximar, preciso manifestar a calma, para com doçura olhar bem dentro do olho do furacão. Aprendi que, assim, posso escolher se será uma luta que vale a pena travar. Se será uma tempestade, que na rua, enfrentarei seu despertar. Mas quando se descobre certos silêncios, às vezes é necessária essa busca por um teto. Essa busca por se acolher e se proteger do mundo caindo sobre sua cabeça. Não, não vale a pena enfrentar certas tempestades e sair delas toda ensopada. Não, não vale a pena logo após pegar um resfriado. Quando se escolhe o que de fato vale a pena ser travado, se torna menos pesado viver vestindo a própria pele. Mesmo que nesse silêncio seja preciso ocasionalmente, engolir o próprio vômito.
No jarro em cima da mesa, flores de corte que já passam de uma semana. Algumas direcionadas a janela, exalam perfume que manifesta vida. A suave luz as manteve ainda de pé. Quando giro de leve o jarro, encontro algumas murchas, que mesmo do lado das sombras, já não mas com tanta força, esbanjam um perfume discreto mesmo exibindo seu próprio cenário fúnebre. Elas já encarnavam a não vida. E estranhamente, mesmo estando no fim, mesmo coberta por sombras, o seu perfume ainda é perceptível. Em um mesmo jarro, dois lados. Que cumpre de forma orgulhosa o seu papel. Uma em condições favoráveis, outra em desvantagem. E naquela que já padecia, encontrei a força que sempre lhe era residente. Totalmente murcha e perdendo a cor, mas não deixando de encantar. Afinal, até mesmo quando as pétalas se vão, o perfume da beleza também nos encontra.
No amor também se aprende. No amor também se cresce. A gente se perde em acreditar que é só na queda e no rasgar dos joelhos que fazem os nossos músculos se esticar. A cicatriz medonha nos faz lembrar do sabor amargo e por isso tudo se torna mais enfático. Porém, o amor também nos marca de diversas formas. A diferença é que o seu toque é suave como o vento no crepúsculo do verão. Toca, te molda, e ainda deixa a pele que veste teus ossos intacta, e ainda assim, não mais a mesma.
Aprendi que verbalizar onde dói não necessariamente será aberto espaço para colo. Navegando nessas nuances, ficamos totalmente dependentes do ouvido que nos ouve. Se ele está limpo, verdadeiramente aberto, encontraremos mesmo que um simples conforto. Mas quando as portas estão fechadas e sua principal segurança é a ofensa, o espaço é aberto para a inferiorização dos sentimentos colocados sobre a mesa. A fala é sempre importante. Mas, depende muito de quem se fala. Depende muito do ouvido que se ouve.
Vou catando a felicidade em cada algodão que uso para limpar as feridas que ainda teimam em sangrar. Nas asas de uma libélula, vou tentando encontrar essa liberdade da pressa de encontrar um feitiço, um antídoto, que cure com mais pressa as feridas que os fantasmas fizeram se alastrar sobre a pele vistosa que tinha. Não, não preciso ter tanta pressa por esse dia. Afinal, em alguns casos, ele nunca chega. É preciso buscar e com coragem encontrar essa paz miserável em meio aos algodões manchados de vermelho.
Você olhará para a estrela mais brilhante em uma linda noite, e no seu pensamento estará algo que jamais será capaz de esquecer. Divides o céu com a alma que te acompanhou em todas as suas outras vidas, e também te acompanha agora. Por que estão vivendo sempre no mesmo tempo? Para unirem-se. Por que estão vivendo no mesmo nível de evolução social, época, acontecimentos, história atual? Uma decisão conjunta. Há tantas perguntas e respostas óbvias. Porque quando estiver a observar a lua, ela se fará presente em sua consciência lúcida? Conexão, comunicação, telepatia. Nada ocupará o tamanho do espaço que só este alguém é capaz de preencher. Há uma forma certa e ela é única, e pela lei da vida tendem a se unir, quantas vezes forem necessárias, até que o ciclo se complete, e tudo se inicie de novo.
Deixa eu contar uma coisa, depois que conheci novas pessoas, passei a ter um pouco mais de fé em alguns corações parecidos com o meu. Quanta gente incrível tem surgido na minha vida, sendo amparo e alegria. Enfrentei todos os tipos de "ausências" mas, acabei encontrando pessoas para me inspirar e admirar. Nos momentos mais difíceis, ganhei anjos que me ajudaram, me fizeram ver o quanto a vida é divertida, apesar dos obstáculos. Anjos que emocionaram minha alma e cativaram meu coração. Neste mundo virtual eu encontrei seres humanos intensos em amar, em cuidar e em querer bem ao outro. Quando criança, imaginava que o mundo, sendo tão enorme e existindo uma imensidão de pessoas, poderíamos ter a possibilidade de conhecer a todas e daí sim, por afinidades, cumplicidades e reciprocidades escolher as quais melhor se encaixariam em nossos relacionamentos afetivos, seja na amizade ou no amor. Mas que utopia esta minha idéia, não é? Não há como conhecer a todos! Mas esta minha fantasia de criança ganhou uma nova perspectiva com a chegada da tal internet. Se não posso conhecer a todos, ao menos uma boa parte, sim, rs! Está aí a tecnologia nos interligando às pessoas que estão distantes, mas pertinho de nossas verdades. Ei, isto também é reciprocidade, virtual, mas correspondida e respeitada. E não tem nada a ver com religião, mas sim com ética, princípios e valores. Esses conhecidos, amigos, admiradores virtuais que entram em sintonia com a nossa sensibilidade por relatividade de coerência, sensatez, amor ao próximo, indignação, revolta e ânsia de justiça pelas mazelas da sociedade e todo tipo de preconceito e crueldades que alguns seres humanos ainda insistem em disseminar por aí... Neste mundo tão carente de amor, onde valores são deturpados, violados e muitas vezes nossos relacionamentos são tão vazios de sentimentos bons, a vida nos presenteia com mais esta oportunidade: conhecer mais pessoas com coração, com bondade, com uma enorme vontade de fazer grandes amizades!!! Bora, socializar! Pois corações puros não se reconhecem apenas fisicamente ou nas palavras, mas também na grande invenção tecnológica do “se conectar.”
Você entende o que significa opressão? Como os gritos e comentários são capazes de atingir alguém? E, posteriormente, somente a lembrança do sentimento ruim já desencadeia todo um ciclo? Damos pistas de tudo o que sentimos, e ao mesmo tempo escondendo muito bem. Taí o porquê de eu gostar tanto daquela frase sobre batalhas pessoais, empatia e gentileza, pois estamos presos em nossas próprias mentes, e elas já são cruéis por si só, tendo que enfrentar a realidade particular na qual foi destinada a viver. Portanto, tenha gentileza, e se for demais pra si, mantenha a simplicidade, ou se não for capaz de transmitir calor humano, tenha respeito pela luta do outro.
Engraçado como as redes sociais transmitem uma imagem enganosa para outras pessoas poderem achar que aquelas pessoas são perfeitas, vivem em restaurantes legais, fazem poses clichês, e sorrisos falsos. Eu me sinto enojada, sim, porque já fui uma dessas pessoas, e hoje eu me sinto como uma borboleta no casulo. Não vejo graça mais em mostrar uma vida que não tenho, numa pose que não sou eu! Eu sou apenas uma menina de quase 20 anos, de cabelos ondulados, olhos escuros, branquela, que ama ficar sem maquiagem, e com roupas largas em casa. Que ama ficar só ouvido música, ao invés de tentar arranjar seguidores. Eu não sou perfeita! Eu emagresso e engordo direto, eu falo palavrões, eu me acho feia as vezes, eu fico triste do nada, fico com sorriso de orelha a orelha quando estou feliz. E tudo o que essas “digitais influencers” conseguem transmitir é que você tem que ser perfeita, que suas fotos devem ser perfeitas pra conseguir seguidores, você tem que ter dinheiro pra comprar aquela roupa ou objeto da moda, por que? Por que elas usam! Não seja um robô por favor! O mundo é cheio de pessoas iguais, e eu não quero ser mais uma, você não pode ser mas um, seja você, por favor, é tudo que peço.
Ei não vai embora não, espera essa chuva passar, toma um café comigo. Olha, prometo que não irei te encher com minhas angustias vividas no dia a dia, sei que isso cansa. Mas é que minha cabeça está cheia, e acabam transbordando pelos meus olhos, por favor, fica por favor! Não me deixa aqui no meio dessa tempestade. Eu tenho medo que os monstros que moram dentro de mim venham para fora pra tirar um pouco do meu sossego, você nunca viu, mas eu sinto eles em mim. Em meus olhos posso transparecer tudo aquilo que sempre quis dizer, por favor, por favor não vai agora, toma um café comigo.
Olá, meu nome é… bom, isso realmente não interessa. Antes de tudo, senta aí e escuta a verdade: Todas as pessoas são más, sim, incluindo eu e você. Mas isso não vem ao caso agora, todos tem um lado obscuro e esse lado não liga se o outro irá se ferir, se ele vai sofrer. Por que no fundo todos os seres humanos gostam de ver pessoas sofrendo, e estão sempre colaborando cada vez mais sobre isso. Você nunca vai saber quando alguém estiver deprimido, já que essas mesmas pessoas continuarão bem vestidas e com um sorriso no rosto. Você gosta de sangue? Tome uma gilete e prove do seu próprio veneno.
Minha voz é o modo como vou buscar a realidade; a realidade, antes de minha linguagem, existe como um pensamento que não se pensa, mas por fatalidade fui e sou impelida a precisar saber o que o pensamento pensa. A realidade antecede a voz que a procura, mas como a terra antecede a árvore, mas como o mundo antecede o homem, mas como o mar antecede a visão do mar, a vida antecede o amor, a matéria do corpo antecede o corpo, e por sua vez a linguagem um dia terá antecedido a posse do silêncio.
"Acordou ao toque assustador do despertador, que sempre faz o coração disparar, depois de míseras horas dormindo, até pareceu um cochilo, com sono e mal humorado se levantou e o dia ainda nem clareou. Invariavelmente apressado, foi ao banheiro e se cuidou, tomou café e saiu, não pode chegar atrasado. Caminhou até o local de embarque para utilizar o transporte público, lotado, desconfortável, caro e bem distante dos padrões de decência. Após um longo período de agonia, finalmente desembarcou, amarrotado e com outros cheiros misturados ao seu. Mais uma caminhada até o local de trabalho, onde adentrou, bateu cartão e já iniciou o ofício. Cumpriu metas, ouviu o patrão, e comeu sua marmita. Já a noitinha, iniciou o caminho de volta para casa e agora a viagem é ainda pior, porque um dia se passou e está cansado, até os cheiros mudaram. Em casa, tomou um banho, jantou e foi deitar, para no dia seguinte tudo repetir, recomeçar. A família e os amigos, o laser e tudo o mais, ficam para quando der, se der, pois hoje o tempo acabou e o bom ânimo também. Eis um dia na vida de um escravo urbano".
Em 2018, vou curtir mais os lugares do que o celular. Esquecer um pouco essa obrigação de ter que abrir a câmera e registrar momentos que deveriam ser sentidos, entende? Também pretendo olhar pra frente. Como cantava o Belchior, ‘o passado é uma roupa que não nos serve mais’. Quero viver mais o presente e respeitar as lições do passado. Afinal de contas, cada experiência (boa e ruim) é uma aula pra vida. Em 2018, vou me cercar de boas energias, bons desejos e bons pensamentos. Quero atrair boas pessoas e já aprendi em 2017 que é assim que funciona. Você é o que pensa. Você tem o que atrai. E o mais importante. No novo ano, eu vou me lembrar, todos os dias e antes de gritar qualquer opinião, que sempre ganhei mais ficando em silêncio. Observar é uma virtude.
Sonhamos alto e os outros alertam para que os nossos pés sejam mantidos no chão. Nos exigem notas, diplomas e um bom emprego. Já nascemos e, ao nosso redor, os olhares que nos acham fofos serão os mesmos que vão mandar a gente desistir de lutar para ser feliz. Vão pegar os nossos sonhos, amassar e jogar na primeira lata de lixo que encontrarem pela frente. Colocam a gente na fila pra andar em linha reta aguardando o abate. Como se a felicidade fosse um ‘tabu’, a gente segue a boiada. Diplomados e empregados, ganhando um certo tostão por mês. Pagando as contas. Comprando remédios. Casando sem saber se é amor, colocando filho no mundo porque disseram que isso faz parte. Na igreja, no templo. Ouvindo e respondendo ‘amém’ as promessas do paraíso. De longe, Deus nos observa com os olhos do sol que dorme e acorda todo dia na esperança de que a gente vire a mesa. Mas a fila é grande e a vontade não pensa. Temos que seguir a boiada que vai. em busca do ouro do arco-íris que ninguém avisou que é preto e branco. Estamos sozinhos. E que a gente tenha força de vontade e fé suficiente pra ser feliz sem seguir a boiada. Que não sejamos só mais um. Que a gente pense no todo. No universo, em geral. Em cada detalhe que Deus nos deu para ser feliz e a gente desperdiça toda hora e todo dia. É que não existe bíblia debaixo do braço que nos salve das bobagens que fazemos ao outro para chegar ao pote de ouro. O arco-íris prometido é preto e branco. Por isso temos que colorir a caminhada.
"O supercomputador que levou o homem à lua, fazia mais de dezesseis milhões de cálculos por segundo e tinha oito megabytes de memória. Hoje, existe o smartphone com capacidade um milhão de vezes maior e que literalmente contém todo conhecimento da humanidade na palma da mão. Tudo isso, para usar o Facebook e o Instagram."
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