Texto de Solidão
ARIDEZ NO CERRARDO
A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...
Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...
Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...
Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...
O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo
Escassez, de você no cerrado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
Não espere
Não cobre
Tem que ser espontâneo
Você deixa os sinais
Deixa rastros
Já chega de pistas,menina!
Deixa
Você sempre disse que a porta estaria aberta e a janela
Teu endereço
É tudo um começo
Uma mensagem para saber se você está bem
Poucas palavras, seriam suficientes
Para sair por ai, jogar conversa fora, rir do nada
Você está cansada
Que ficar sozinha virou uma rotina tão saudável
Você fica em paz, aprecia a própria companhia
A solidão faz cócegas em seus pulmões
Você respira fundo e sorria.
Ainda bem!
Ela era um bicho sem maldade e tão cruel consigo
Sorrir parecia lhe ferir, se a felicidade não fosse alheia
Transformava monstros em anjos e convivia bem com cada um deles
Doou aos miseráveis até o que não tinha
Curou sozinha as suas próprias dores
Encurralou os seus desejos num canto qualquer da vida
Mendigou amores e farejou traições
Sofreu com cada decepção e debochou de todas elas
Transformou em comédia os seus maiores dramas
Viveu tentando ser outra, ouvindo que mudar era necessário
Mas ela acreditava na essência que ninguém via
E por isso, mesmo exausta, seguia
Não se arrependeu do que cativou sendo errada
E não renuncia ao que conquistou sem ter nada.
Não é uma questão de perder só os sapatos e a hora.
É a vida lhe tirando tudo
Como o tempo e o caminhar
Se fosse só perder as chances e os sonhos
Mas é a vida lhe tirando tudo
E instalando nestas lacunas medo e culpa
Não é só perder o dente
Mas perder a vontade de falar
É oprimir os sentimentos antes tão manuseáveis
Não é só perder a calma
É se abater por tudo e ainda caminhar pela vida como um zumbi das séries americanas
Onde tudo dói intensamente, mas não se percebe
Onde há feridas abertas na boca, na alma e no coração, mas não lhe assusta.
Se fosse só perder a luta,
Mas tudo acaba quando a vida lhe tira a paz.
Ele é breu
Faltou o doce do mel, faltou o azul do céu.
A nascente sem água, uma floresta sem mata.
Um céu sem estrelas, uma noite fria sem fogueira.
A vida é cinza do seu lado do horizonte, não existe cores, amores ou mais nada que o encante.
Ele é breu, não chama nada de seu, caminha na solidão, não quer nada no coração.
No cilêncio da noite
Busco no silêncio da noite uma solução para os meus problemas...
A noite logo, logo, vai embora, e a manhã já vem chegando...
E os meus pensamentos viajam por dimensões, mergulhados no passado de um amor mal resolvido...
O verão já se decipou, e lá vem a primavera, e agora o que fazer que não estou mais com ela.
Com os olhos cansados e tristonhos, eu não consigo parar de pensar nela...
Robson de Carvalho
Não. Eu não escolhi gostar de você!
Não escolhi…
Pois se eu escolhesse, você também gostaria de mim… Assim como eu de você.
Pois se eu escolhesse, eu seguraria na sua mão, e assim como você na minha.
Pois se eu escolhesse, isso não seria dor nem ilusão.
Eu não escolhi, mas escolheria mil vezes gostar de você.
Eu não escolhi, mas no teu abraço escolheria ficar.
Eu não escolhi, mas teu sorriso é o que me faz bem.
Não escolhi, mas é o teu jeito que me dá um momento de felicidade.
Apenas não escolhi…
Apenas não escolhi, mas escolho te esquecer.
Escolho a dor,
Embora o tempo passe e insista em me deixar com esse amor.
Dizem que descrever a si mesmo é a coisa mais difícil que um ser humano pode fazer. Fisicamente não tanto assim, nos vemos no espelho todos os dias.
EU sou linda. Tenho defeitos, não sou perfeita. Tenho estria, celulite, cicatrizes. Mas eu me amo tanto, simplesmente por que eu fui feita assim e gosto de mim por fora. Eu sou atraente, tenho um sorriso bonito, tenho um corpo também. Mas eu acho que as pessoas se atrem em mim pelo fato de eu não usar essa beleza "como uma arma".
Mas por dentro? Essa sim é a parte difícil. Mas eu consigo, sei que sim. Tenho um jeito de menina mulher, que nem eu entendo, toda marrenta e manhosa. Não sou só um rostinho bonito, sabe? Eu sei e mostro isso. Tenho uma alma linda, que sei que muita gente não merece, mas que eu dou mesmo assim. Não consigo sentir ódio de ninguém, muito menos guardar rancor. Pode me chamar de trouxa ou burra, mas todos merecem uma segunda chance, todos merecem a confiança de que se aprende com os erros. Não ligo para a opinião da sociedade, aprendi isso do jeito mais difícil, sim.
Sou sincera, companheira, educada, uma boa amiga, confiante, extrovertida e às vezes um pouco tímida, apaixonante, espontânea, escandalosa e muito mais madura que os jovens da minha idade. Eu tenho a mania de colocar meus problemas de lado e fingir que eles não estão ali, me chame de covarde, mas eu sou corajosa. Lido tão bem com pressão que fico impressionada comigo mesma. Finjo estar bem para ajudar uma pessoa que está mal até que eu consigo lhe tirar um sorriso do rosto. Sou uma boa conselheira e, quando necessário, apenas uma boa ouvinte. Sou otimista, e sempre tento tirar coisas boas e lições e ensinamentos dos desafios a vida. Posso não estar sendo uma boa filha, e talvez eu esteja errada pensando isso, porém sei que eu ajudo em casa, limpo e varro e lavo louça. Olho meu irmão, estudo, tento tirar notas boas e melhorar a cada dia estudando, mesmo ainda sem tirar total.
Mas eu não sou perfeita!!!
Eu chora, eu sofro, eu grito. As vezes eu só quero ficar triste, sozinha. Levo sim desaforo para casa as vezes. Eu perco a calma, grito, soluço e respondo meus pais mesmo sem querer. Mas meu objetivo é enxergar a vida com olhos de quem sabe ser feliz, e ver com o coração, de quem encara as dificiluldades e se joga de ponta. Quero estar de bem com a vida, quero saber valoriza-la, quero conseguir tirar meus pés do chão no mínimo uma vez, mas quero saber quando voltar para a realidade.
Sou durona sim e brigo com garra. Mas choro por tudo, choro de raiva, de felicidade, de dor. Tem vezes que choro por nada. As vezes faço loucuras, largando minha intuição no fundo da mente. Quem me conhece sabe que sou carrinhosa, quem não, me julga como fria, mas digo que eu só mostro meu lado "frágil" para pessoas que amam e a quem eu confio por medo de me entregar. Apesar disso, eu sou forte, aguento o que sei que a maioria das pessoas não aguentaria. Não sou muito de sair e não vejo muita graça em beber. Tenho um estilo meio despojado, as vezes pareço uma menininha, outras pareço malokeira. Costumo ser 8 ou 80 para quase tudo.
Sou solteira. Sempre fui. Como adolescente ainda tenho muito pela frente, muitas pessoas para conhecer e até mesmo ter o coração partido. Contudo, sinto tanta vontade de namorar. Não só as simples ficadas que as pessoas acham que eu gosto, ou aquele contato que gosta de você mas não você dele. Eu custo gostar de alguém, ja sofri um pouco por uma paixonite quando mais nova. Alguns acham que eu não nasci para namorar, outros que talvez eu nunca vá pelo meu jeito livre.
Porém, quero sintir as "borboletas no estômago". Quero amar tanto a pessoa que meu coração chegará a doer, uma pessoa que saiba que meu amor por ela é suficiente e que me ame da mesma forma. Que saiba apontar meus defeitos sem julgar-me, apenas abrir meus olhos sobre eles. Alguém faça eu me sentir a vontade, sem ter medo de ser quem sou. Alguém que me ame mesmo conhecendo meus segredos, que diga que eu não preciso ter medo, mas que se eu tiver estará tudo bem. Que aguente minhas loucuras, minhas crises de raiva e minhas vergonhas. Alguém que saiba sentir meu amor mesmo sem eu precisar dizer, sem eu precisar provar. Alguém que saiba se desculpar, se arrepender, que deixe o orgulho de lado e o perca para saber. Alguém que saiba o caminho para trás, mas que siga em frente ao meu lado. Que saiba que quando verdadeiro só depende da gente, que se fará presente mesmo estando ausente, que seja carinhoso e duro quando necessário. Alguém que qualquer outra pessoa do passado ou presente é indiferente, que o beijo apaixonado que ele porcura seja no calor do meu corpo quente, que nada seja tão bom e esperado quanto nossos momentos juntos.
Quero alguém que me ame por ser quem sou e como sou e que ame todos os meus defeitos em julgá-los.
É assim que eu espero encontrar alguém para mim. Eu não estou pedindo muito, são tantas palavras para explicar algo simples. É o que eu acho que merece alguém assim como... eu!
No entanto, enquanto eu não encontro essa pessoa, me contento com a minha ótima companhia, pois ao contrário do que muitos pensam, a "solidão" não é ruim, ela é silenciosa e pensativa. Eu me amo o bastante para aproveita-la do modo certo.
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A dor do mundo não é inteira.
A dor do mundo é fracionada.
Uma fração desigual, ora com partes muito pequenas, ora com partes demasiadamente grandes.
A dor do mundo é dividida em quartos.
E dentro de cada um, existe um ser tomado pelo tamanho da sua.
Que em horas vem em doses pequenas e em outras vem pra impregnar e nunca mais ir embora.
No meu quarto hoje, depois desse texto, ela deu um malicioso sorriso, afivelou as calças e saiu pela porta depois de ter me usado.
Espero que ela não volte.
Ou se voltar, que pelo menos me use, fitando em meus olhos.
TI HAVIA
Não sei se eu existia
Quando em mim
Não ti havia,
Sei que quando
Em parte eu era
Nem mesmo em parte
Eu existia...
O inverno e a vida fria
A todo tempo se fazia,
Mas os ventos que te trouxe
Trouxe a junto à alegria.
Agora por você
Tudo é primavera
Com outono e verão.
E nem mesmo o inverno frio
Esfria mais meu coração.
Edney Valentim Araújo
1994...
Chuva
Então ontem a noite choveu!
E também foi ontem a noite,
Que o nosso relacionamento
Rompeu.
Hoje também choveu!
A nossa playlist estava tocando,
E com ela me peguei lembrando
Do que a gente viveu.
Amanhã poderá chover…
Mas não me importa o que o
Tempo vai escolher,pois para mim,
Todo dia que vier agora tem chuva.
Vento, pássaros cantando, brisa do mar, folhas verdes, céu azul e uma janela - janela da alma? vidraça? um simples vão no imaginário?
Cachorro latindo, caminhão passando, coração a pulsar;
Teclas sendo pressionadas, respiração ofegante (ansiedade?);
Pequeno momento de percepção e reflexão na solidão criativa.
O sentimento e a dor que fica.
Quando quem amamos se vai.
Não se faz idéia aqueles que estão indo.
Pois a Dor só fica nos corações dos que ficam.
A Alma chora, o corpo sangra, o coração dos.
Os dias não tem sentido, a alegria não vem.
Podes procurá-la, mas não acha.
Os dias são cinzas, as cores se derretem, junto as lágrimas do meu coração.
Passa os dias, conto as horas, vejo ao redor,
Tudo está igual.
Te procuro em um gole de uma garrafa.
Te procuro nos cantos onde nós amamos.
Na cama procuro seu cheiro, fios de seus cabelos me fazem lembrar das nossas noites de amor.
Mas não te encontro, não te sinto e não te vejo.
Onde está você?
Onde está a alegria que você me traz?
Onde está você?
Que traz o desejo de viver.
Onde está você?
Estranhamento
Lindas palavras, sem saberem, não são ditas à face oculta
E enrijecem a máscara construída e mantida por medo e amor
A alma imóvel, presa e angustiada anseia por liberdade
Como um estranho no próprio corpo que deseja se tornar conhecido
Antes que sua essência permaneça, para sempre, refém de seu próprio invólucro
A incerteza paralisa
Haverá quem fará jus às palavras ditas?
O rosto desmascarado terá que suplicar sorrisos?
Quem apoiará a fluidez de seu espírito?
Sua estranheza, enfim, tornar-se-á familiar?
Por que o medo da solidão o estagna se já é uma companheira de viagem?
Quebre o padrão, Estranho! Arrisque, energize, aja!
Entenda que em todo o caso você é suficiente...
E que você merece a aceitação.
A começar pela sua!
Trem da vida
Encontrei-te amada minha
Na estação do meu amor,
Onde o trem da vida passa
E só nos leva o coração...
Sigo vendo a vida finda
Que me passa tão ligeira e solitária
Da janela deste trem
Em que não atenho o teu amor.
E tão distante vão os trilhos
Se perdendo no infinito
Do horizonte dos meus dias
Em que te afastas assim de mim...
Pra embarcar-me em teu amor
De súbito tomaria esse trem
Em qualquer que fosse o tempo ou estação...
Mas se o trem da vida
Não me traz teu coração
Vai contigo o meu amor
Pra que me tenhas como queres.
Edney Valentim Araújo
1994...
A ceia
A mesa está pronta!
Ódio, rancor e muito sangue.
O preparo para a comemoração foi lenta.
Passou se quase um ano.
Na mesa o reflexo de uma pessoa gélida e pálida, não há mais coração.
Ela olha a mesa posta, admira com frieza , o jantar está na mesa, não há convidados nessa noite tão sombria.
Suas receitas ninguém provaria.
Na taça o mais puro fel, cultivado nas montanhas das angústias, colhido nas noites sem céu.
A sua direita uma travessa, uma sopa de lamentos, uma entrada delicada que pede acompanhamento.
Pães feito com puro ódio, com a força do horror.
O prato principal, ela não esquecerá o sabor.
Servido em travessa elegante, grande pedaço de desamor, temperado com lágrimas e até com rancor.
Está frio, e sem sabor, mas ela provou.
De sobremesa um sorvete de coração pisoteado e triturado com calda solidão.
Na sua mente ela repassa todas as receitas que usou.
Percebe que de tudo nada mais tem sabor.
Ela olha para o lado e percebe que nada mais ficou.
E nessa grande ceia ela planejou, gostaria de receber um convidado.
No meio do tempero ela veneno usou.
Mas como não tinha convidados ela mesma o provou.
Um dia houve convidado, porém ele nunca mais voltou.
O veneno usado matou todo seu amor.
Nada mais de ceia, nada de amor
Nada de felicidade, ela nunca mais superou.
E num suspiro o jantar se findou.
Renata Batista
26/12/19
Palmas
Palmas que se dobram
Das lindas Palmeiras beira mar,
A ela aprendi a amar...
A Rosa dos ventos vem me tocar
Com brisa suave de um pensamento
Que hoje não lhe ouso revelar...
São ventos do leste que chegam ao oeste,
Se unem aos ventos do norte e partem
Levando o meu coração para o sul.
Palmas e palmeiras,
Ventos que sopram em todas as direções,
Agitam as ondas do mar e me põe a pensar.
O vento desta Rosa já vem me tocar
Dobra-me de novo pra nela pensar...
Edney Valentim Araújo
1994...
Sorrisos perdidos
O meu sorriso foi embora
Sem adeus de última hora
Como palavras sem sentimento
E expressões vazias de momento
Perdi um pouco dessa alegria
Que me fazia ter harmonia
Expressar com carinho e euforia
Tudo de bom que sentia
Hoje convivo com a solidão
Escrevo sem motivo ou razão
Ninguém se importa em dizer
Que ter reciprocidade basta querer
Continuo vagando sem uma direção
Como um fantasma sem coração
Atordoado pela indiferença da maioria
Que reflete em nossa minoria
Essa angústia encontrará uma saída
Ela também terá sua despedida
Pois algum dia tudo passará
E meu sorriso perdido retornará
Passeia e vagueia
Os ventos que te tocam
Me trazem o teu perfume,
Feito a brisa tão suave
Que eu desejo respirar...
Perde o brilho a estrela já poente
Pra cortejar-te entre todas a passar...
Vem lua minha!!!
Apressa-te a chegar...
Majestosa lua que reina...
Minha linda e meiga menina!!!
Que de noite passeia e vagueia
No coração que só sabe te amar.
Edney Valentim Araújo
1994...
Mãe
Com dores e lágrimas
Me recebeste pra ti,
Esperaste tanto por mim
Sem saber quem eu era.
Por um tempo eu fui o teu sonho,
Por outro tempo
A angustia e aflição da espera,
Mas não me tiraste do teu coração.
De onde eu vim não me lembro,
Mas não me esqueço
Dos teus braços abertos para mim...
Um pouco te ti sempre vive em mim.
Reservaste para mim o melhor de ti,
Nunca será de mais ninguém
O lugar que me deste em teu coração...
Uma eterna criança
Da mãe que não deixa de amar...
Edney Valentim Araújo
