Te Tira do Eixo
A Terra dá uma volta em torno do seu eixo em vinte e quatro horas e, nós humanos, fazemos o mesmo trajeto, pensando somente em nós mesmos, e sem pensar na felicidade dos outros.
Fazia tempo que não ficava assim com a mão no queixo absorto.
Há alguma coisa fora do eixo e é em mim.
Tudo pode passar, sair dos trilhos, perder o eixo, mas nada é mais sólido e constante do que o amor. As paredes podem rachar, a terra ceder, o mar secar, mas quando se tem amor, ficamos, voltamos, continuamos, pois só o amor é capaz de fazer o sol esquentar, o colorido existir e o céu sorrir dentro da gente.
Este ano não começou muito feliz. Alguns contratempos me tiraram do eixo, colocando um peso nos meus ombros.
Demorei para relaxar, para entender, para aceitar que muito só depende de mim, mas tem uma outra grande parcela que depende do outro, depende da situação e depende da vida.
Eu, que não acredito em acaso, xinguei o destino. E resolvi me recolher, pensar, tentar procurar o meu erro, desviar das pedras, vislumbrar uma luz no meio do caos.
Nem sempre é bom olhar pra dentro, já que o processo da auto-aceitação é dolorido e um pouco perigoso. Mas resolvi me aceitar, resolvi parar de mentir para minha consciência, parar de fingir que nada estava havendo.
Muita coisa aconteceu. Morri e ressuscitei. Entendi que não preciso controlar tudo, nem querer tudo do meu jeito. Eu, tão acelerada e louca, resolvi relaxar. Não foi, nem é, fácil. Uma pessoa como eu, acelerada e louca, tem a sensação constante que os ponteiros do relógio correm a maratona de São Silvestre, que nunca vai dar tempo, que é preciso correr, que o sinal vai estar fechado, que nada vai dar certo. Só que eu cansei de ser acelerada e louca. Quero ser calma e menos louca, já que a loucura mesmo não tem cura. Quero conseguir não me sentir culpada por dizer eu-não-dou-conta. Quero não ter vergonha de pedir ajuda. Quero não ficar com peso na consciência por dormir uma hora a mais, por esquecer de tomar suco verde, por matar o pilates, por atrasar um trabalho, por dormir sem passar a vitamina C no rosto, por ter esquecido de ligar pra uma pessoa querida, por pelo menos uma vez quebrar todas as regras, por dizer aquilo que está engasgado sem pensar se magoei, por falar mal da vizinha, por passar o dia de pernas para o ar, por gastar uma nota numa bolsa, por ler revista de fofoca, por esquecer do tempo.
Este ano está terminando feliz. Finalmente perdi alguns medos, conheci lugares meus que estavam trancados no escuro, libertei algumas crenças, abri a janela para alguns traumas voarem. Já estava mais do que na hora deles partirem. Já estava mais do que na hora de eu encontrar o meu lado mulher. Este ano está terminando feliz: foi o ano que eu mais cresci como ser humano. Obrigada, 2014. Nunca vou te esquecer.
Como um ladrão o dia chegou e ouve escuridão
Como um eixo fora da rota o sol se tornou um blackout
Se protegem e se consagrem se tranquem e não saiam
Hecatombes e intempéries acontecerão, montanhas despencaram
Terremotos e estrelas abalaram a terra, a sombra da lua se tornara rubra
Água não passará de impura o veneno correrá por onde esteja
A terra se tornará um verdadeiro lago de fogo, tortura e dor
O holocausto celestial nas alturas rodara
Edifícios tão alto como as nuvens ruíram
O desespero tomará de conta nós pobres desvalidos
Nenhuma outra guerra ou carnificina será comparado a esse dia
Os gritos de socorro, jamais serão ouvidos
Se apego ao santo e tenha seu interior hábil
O inverno aconteceu, o fim chegou humanidade
As armas mais poderosas e sofisticadas serão inúteis
Poucos restarão dos justos, verdadeiros no meio do rebanho
Enterrarão o que sobrar nas ruas dos cadáveres
Que um dia habitam esse mundo
Choraram pelos que partiram, no meio de tantos outros, será comum esse ato
Estejam alertas, o heroísmo não pregara nesse tempo.
Algumas pessoas nos provocam e tentam fazer com que saiamos do eixo. Em situações como essa, mantenha seu equilíbrio e calma. Não perca a linha.
...
Coração na boca
Peito apertado
Alma barroca
Tremor nas mãos
Brilho nos olhos
Eixo recíproco
Me despi, escrevi
Discorri anseios
Me despojei, atrevi
Socorri receios
Soletrei verdade
Dissertei fadigas
Em cada frase
Cicatrizei feridas
Fiz paródia
Refiz meu verso
E na discórdia
Incontroverso
Se sou eu, baluarte
Se aqui és minha arte
Clamo com todo respeito
Se gostas do rarefeito
Esqueças o “à la carte”
Qual vai ser?
Preguiça no eixo ou breguice com o que toca,
medo escancarado ou sede escandalosa,
o mínimo do pouco ou o muito no suficiente,
um castelo só nosso ou um adeus pra sempre.
Filhos...
Eles me tiram do eixo, me tiram do centro vez ou outra, porém é através deles que encontro o equilíbrio que me traz de volta ao eixo e ao centro novamente.
É incrível como somos movidos pelos nossos desejos! Capazes até de nos fazer sair do eixo!
A vida é pulsante, passa veloz, em questão de segundos deixa pra trás uma série de recordações!
Temos que nos responsabilizar com essas pegadas, e caprichar no enredo da nossa própria história.
Não cabem pudores, rumores, não cabem sequer remorsos e remoer o que já passou é atraso de viver.
Sorria, aproveite cada suspiro que o novo te proporciona, a beleza está na simplicidade do olhar, no cheiro, no toque macio de um beijo, no valor de um abraço! São sensações assim que fazem o dia se tornar inesquecível! Talvez você pudesse ter parado aquele momento ou quem sabe ele não tivesse parado tanto você! Talvez você pudesse ter controlado uma ou outra situação, mas aí elas teriam controle sobre teus desejos! Talvez, você nem soubesse se aconteceria, ou quisesse muito que aquilo despertasse o melhor de ti! Talvez você estivesse apenas esperando acontecer para de fato despertar! Vá ser feliz, que a vida se encarrega de fazer valer a pena!
PELO AVESSO:
O mundo gira sobre um eixo sem sorte!
Em um labirinto sem norte
Para um governo sem posse
Que sem brio segue à morte...
Na cadência do trote
Sobre um ar de deboche
Contra um povo tão forte
Que caminha para o corte...
Pra buscar sua sorte
Sem ter medo da morte
Ou cuidar sem deboche
Viaja no trote a buscar suas posses
O que consegue te tirar do eixo em anos, você aprende a lidar pro resto da vida com uma nova perspectiva.
Um olhar não é apenas admirar das extremidades ao eixo de uma íris, não é perceber nessa odisseia visual suas encantadoras milhares de cores ou tão somente ofuscar-se com seu brilho provocante.
Um olhar é saber que todo esse glamour só acontece por conta da parte negra do olho que sem desprezo afere sua parte no espetáculo.
Reestabeleça a arte de viver no seu ser.
Centralize no seu eixo, o equilíbrio da vida no embalo da "Fé."
Na releitura constante, do interior secreto, que é janela do seu coração.
Adriana C. Benedito
