Tarde
Trecho de um diário:
Era um dia chuvoso — e eu sempre amei a chuva. No final da tarde, preparei um chá, peguei um livro e me sentei no alpendre, nos fundos da minha casa. O livro era Meu Amor é Você, de Rebecca Winters, edição de 1993. Fazia parte da série Sabrina, tão querida por leitores jovens e adultos pelos seus enredos românticos e envolventes.
Folheei algumas páginas, mergulhei por instantes naquela leitura suave... então pensei: ele não vem hoje. Mas me enganei. Pouco depois, ouvi seus passos ao fundo do quintal. Ele se aproximou, e eu sorri instintivamente. Corri em sua direção e pulei em seu colo, enlaçando-o com os braços e as pernas — como fazia todas as vezes em que ele chegava.
Encostei meu rosto no dele, senti seu cheiro e distribuí pequenos beijos, enquanto ele me carregava para dentro de casa.
Alguns momentos são eternos. E esse, para mim, ainda vive aqui dentro do peito.
Era só um instante. Mas era tudo.
_Janete Galvão
Sob a Luz da Lamparina
Era fim de tarde no interior, e o céu tingia o horizonte com tons suaves de dourado. Sentada no velho alpendre dos fundos, ela segurava um livro fechado no colo e deixava os pensamentos correrem soltos como o vento que balançava levemente as folhas do limoeiro. A cadeira de macarrão rangia sob seu peso leve, como se quisesse conversar, contar histórias antigas.
Ela era uma garota simples, dessas que preferem o silêncio das páginas à euforia do mundo. Enquanto tantas meninas se encantavam com festas e vestidos, ela se perdia em histórias, viajando com os personagens, vivendo outras vidas. Lia à luz de lamparinas, por gosto, a luz amarelada da lamparina deixava aquele luga com cheiro de vilarejo antigo. A claridade suave tornava as palavras ainda mais íntimas, e o ambiente mais romântico. Sempre havia uma xícara de chá de hortelã com limão ao seu lado, perfume da infância e do quintal da mãe.
A saudade apertava o peito naquele dia. O pai havia decidido vender a casa. Uma notícia que lhe roubava o chão. Aquele pedaço de mundo era mais que tijolos e madeira: era o cenário das suas lembranças mais doces, dos risos em família, da presença da mãe que partira cedo demais. Ainda era possível sentir o cheiro dela em alguns cantos, principalmente ali, quando o silêncio se tornava mais profundo.
Se sua mãe estivesse ali, estariam preparando o jantar juntas — talvez galinha ou peixe, os pratos preferidos dela. A comida da mãe tinha sabor de abraço. Mas agora tudo era memória. E lágrima. Chorava com frequência, mas não deixava que a dor apagasse o que havia sido belo.
Mas havia um consolo naquela tarde: o amor. Ele estava para chegar. Tinha ido até a cidade comprar um livro para ela — um gesto simples, mas carregado de significado. Eram assim, cúmplices de uma ternura serena, apaixonados por coisas pequenas. O relógio marcava 18 horas e o coração dela batia mais forte, naquela expectativa bonita que só o amor verdadeiro sabe despertar.
Ouviu passos. Levantou-se devagar. Sorriu, mesmo com os olhos marejados. Ele vinha vindo… e com ele, a promessa de um abraço que acolheria tudo.
Ela correu ao encontrou dele. E ali, sob a luz da lamparina, o tempo voltou a ser doce [...]
Janete Galvão
Devorada a tarde azul pelo laranjado solitário
Em um instante um reflexo-memoria; lembranças da pele clara é tão bela...
Caísse o sol no poente horizonte ouro,a tarde dolorida vermelho aquarela
Impiedosamente a noite engole o dia em um céu baunilha
Desperto sobre a luz da lua desaparecendo eu e o dia no horizonte traumático solitário a luz se dobra sobre o mar, opaca tão desigual
Em lamento minha alma suspira o coração inquietude nesta tarde tão tétrica
No estalo do sol sobre rocha um lamento fel
Você não retorna, a noite vem só...
Nas partículas turva sublinhadas meus olhos desamados em um estandarte mortal
Nas alamedas sinuosas produzo ventos em silencio segredos imparcial no escarnio do prazer laminados
By Charlanes Oliveira santos
A "gente"
Era uma tarde de domingo, de um dia 18. O café já estava coando e o meu coração que há tempos andava sozinho e atravessando desertos, teve a sorte de encontrar você. Foi tipo assim:
Destino!
Elo!
Conexão!
Coisas que a inteligência por si só, não explica.
Aqui estamos nós, sem entender a jornada, mas indo, indo nesta estrada que é só da "gente", só "eu e você", e mesmo quando sigo sem lhe ter por perto, lhe sinto no perfume solto no ar e posso dizer: essa é a viagem mais acompanhada que eu já fiz na vida, porque você se faz presente aqui.
Nildinha Freitas
Criança...
A arte de amar, sem no amanhã pensar;
o banho frio no verão, após uma tarde inteira a recrear;
a inocência que pode ganhar o mundo, num simples sonho a realizar.
Acordar cedo ou tarde não vai te garantir nada enquanto ao resultado que te espera.
O que vai mudar o teu cenário é a tua disciplina.
Há quem diga que nunca é tarde para tal.
As pessoas se perdem por pouco.
E o pouco, muitas vezes, é a falta de responsabilidade ou compromisso, que só é visível quando é tarde demais.
A Magia da Lua Crescente
O Sol ainda brilha na tarde de ventos gelados de um Céu sem nuvens;
A Lua crescente já está postada no cenário com toda sua beleza, as flores dançam graciosamente implorando para serem notadas;
Uma sensação de paz me cobre o corpo todo, ao olhar para o horizonte são tecidas na minha mente lembranças da minha vida;
Olho novamente para as flores a minha volta e percebo que o ritmo de sua dança mudou está mais forte, sinto que essa apresentação queria me dizer algo, então olhei para o Céu e vi que eu e o Sol estávamos paralisados olhando para o magnífico poder da Lua crescente;
Do nada, vaguei suavemente desde a minha infância e adolescência, a plenitude da minha vida adulta, voei sobre as minhas viagens, revi amigos e familiares distantes, enxerguei os meus erros e acertos e por fim, pousei frente a frente com o meu grande amor, então, ela sorriu como um anjo e me abraçou, logo em seguida, elogiou a pureza do meu sentimento e dedicou a sua vida a viver comigo esse grande amor.
Tempos atrás
Hoje nessa tarde ensolarada de domingo, veio a tona lembranças de quando você estava aqui tempos atrás fazendo aquele almoço,
Era tão bom ficar apreciando os teus olhos, era tão bom fazer carinho no teu belo rosto,
Tenho você gravada nas minhas memorias e as vezes encaro o nosso passado como a melhor passagem da minha vida.
Repentina
Apreciando o mar de cor verde esmeralda numa tarde quente o céu dizia amém,
nuvens escuras se aproximavam apressadamente e apertadas vindo lá do horizonte.
Águas que caem, ventos que as levam desnorteadas, uma sombra se forma, as cores identificam a agitação furiosa,
o medo bate na veia mas a mudança repentina dura tão pouco quanto a passagem volumosa e rápida das águas voadoras.
Ao fundo no horizonte o tom já é avermelhado, um arco íris marca presença deixando os golfinhos saltitantes bem como atraí as arraias gigantes a beira mar.
Pés na areia fina, ela com seus olhos verdes esmeralda refletindo novamente a cor do mar atenta a paisagem em volta e animada ao observar ao longe a chuva torrencial passar por sobre o mar.
Assombração
O tom avermelhado daquele fim de tarde sombrio era de se arrancar suspiros, era de bater os dentes,
A lua subindo com seu tom de sangue aguado, as ondas do mar revoltas fazendo barulho, e o sino da igreja batendo forte e sozinho deram o ritmo do medo,
Na dança dos espantalhos as espigas de milho falavam mais alto ao cair no chão, o corvo paralisado em cima da cerca observava o horizonte sem piscar os olhos temendo ver o que não queria,
Ao fundo o impensado acontecia e vinha na direção da casa estilo colonial, os cachorros não paravam de latir.
Uma imagem se aproximava muito rápido e estava de vestido branco e longo além de possuir uma cara feia de poucos amigos,
Ao chegar mais perto e revoltada com o grande objeto de alumínio que carregava a assombração esbravejou,
_Me ajude seu ingrato, preguiçoso a recolher as roupas do varal!
A Amélia realmente sabe ser sinistra.
Nesta tarde bela, e perene,
escuto a música dos ventos
que entram pelas janelas
como vozes orvalhadas
A tarde cai serena, o sol já se despede,
E a sombra longa esvoa sobre o chão que pisei.
Em cada brisa fria que a alma, triste, sente,
Um pensamento aflora que o tempo não desfez.
Eu andei no jardim dos meus pensamentos no domingo a tarde e encontrei você, sentada no meu coração.
