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"No começo era E, depois apareceu a vírgula, aí vieram as reticências, então resolvi botar o ponto final."
"Na nossa história marcada por idas e vindas, cheia de vírgulas, exclamações, interrogações e reticências, eu nunca consegui por um ponto final."
Sou construída por pontos, tantos que ficaram pra trás. Por infinitas exclamações, em todos os tempos verbais. As interrogações são tantas, que quase não cabem em mim, mas não pense que só isso me define, também sou feita pelas reticências, de tudo que ainda está por vir.
A parte mais interessante de um texto, normalmente é aquela que de forma meio mágica paira sob o mistério das reticências, aquela que sem nenhum pudor ou vergonha se insinua para a nossa imaginação por trás dos finos véus das entrelinhas.
Minha poesia é composta por pequenos retalhos de nós dois, incrível que você não consiga se enxergar nas entrelinhas, nas reticências, em cada vírgula que paro, pra longamente suspirar por ti.
Agora dei de contrariar a lógica, assassinar a gramática e violentar meus sentimentos, com essa mania de colocar reticência, onde deveria ter posto ponto final.
Adoro suas reticências, tudo que você pensa que esconde, nas entrelinhas do que disse, sem que dissesse uma palavra.
São esses três pontinhos benditos que dizem que nem tudo está perdido. Que a vida é um eterno recomeçar, nascer, brotar, sublimar...
Viva como se estivesse lendo um livro. Coloque vírgulas quando precisar respirar, interrogações quando tiver dúvidas. Onde merecer uma continuação, não exite em colocar uma reticência, mas onde não a couber mais, coloque um ponto. Não se esqueça das pausas para suspirar ou para quando a vida lhe roubar as palavras e deixá-las suspensas na emoção . Use as exclamações nas belezas que encontrar pelo caminho. Quando necessário vire a página e quando isso já não for suficiente, lembre-se que você tem o livre-arbítrio, troque de livro.
Sabedoria é ter discernimento suficiente para saber quando aquela reticências que você colocou merece ser transformada em vírgula ou num ponto final definitivo.
O que poderíamos ter sido continua pairando sobre as reticências da ousadia que não fomos capaz de ter.
Amanitas
Dos ziguezagueantes galhos
que pendem o caule vermelho
de quiméricas raízes
caem, aqui e ali.
doutrinados frutos pretéritos.
E eles caem aos poucos,
aqui e ali,
entre gestos e palavras.
Vagas frases e palavras
pretensamente completas
no lapso de ambíguas reticências...
Como são belos os cogumelos!
AugustoSisos
Ela é metamorfose
Jamais imutável
De alma volátil
Coração de aço
Um sorriso largo
Ela é música, é poesia
Seu corpo se move no fluxo da vida
Intensa,genuína.
Ela é arte,asa,liberdade
Bela em tudo o que faz!
Sabe o bem em que o
caminhar lhe leva
E os vôos
Que despem sua alma
para todo mundo ver
De Amor próprio,
extrema, extensa
Reticências...
Joyce Amanajás
PONTUAÇÃO
Ponto de Partida
Exclamação à vida
Dúvida interrogação
Reflexão no ponto e vírgula
Reminiscências reticências
Dois pontos atenção
Parênteses esclarece
Colchetes elastece
Apóstrofo suprime
Travessão personagem
Vírgula paragem
Aspas enobrece
Ponto final e prece.
Por vezes nos anulamos, usando aspas para aceitar falas alheias
Quantas vezes tivemos que pausar por vírgulas incertas
Quase sempre fomos surpreendidos com tantas exclamações indesejadas
Já passamos por reticências sem saber se valeria a pena continuar
E concordamos mesmo cheio de interrogações em nossa mente
Tudo isso pela covardia de colocar um ponto final
Em histórias que precisam de um travessão para ter a nossa própria versão.
Minhas preocupações tem rimas, vírgulas, reticências, e até pontos audaciosos. Às vezes são versos livres, quando querem, compõe - se em tercetos; em outras vezes, surpreendentemente são quadras perfeitas. Por isso não tem jeito...