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Não importa a dor, já não importa mais o quanto foi difícil superar aqueles momentos mais sozinhos em meio a uma multidão, descobrir que fechar os olhos, abrir os braços e sentir a leve brisa no rosto atravessando suavemente meu corpo, respirar fundo, olhar a minha volta e ver que tenho tantas razões pra sonhar.
Onde eu estava?
Eu estava bem ali, ali em meio a multidão!
E mesmo em meio a multidão tive medo.
Tive medo porque mesmo em meio a multidão eu me sentia só!.
Solidão gritou desesperada, mas a multidão apressada não viu, não ouviu e muito menos sentiu. Só sei que assim ela surgiu.
Em meio a multidão apenas uma me chamou atenção, ela tinha um rostinho lindo e sereno, um olhar safado e curioso ao mesmo tempo. Um sorriso único, (porém metálico), também havia um jeitinho livre, solto, desenrolado que me cativava ainda mais, haveria também um jeito estranho de se comunicar, entre tapas e beliscões. Não sei ao certo mais só precisou dessas características estranhas para que eu pudesse me apaixonar.
Poder para os que não possuem alma e
sua visão só enxergará o próximo muro...
Seu horizonte será mais próximo que o teto de seu quarto.
Seria assim ou seria o que não havia pensado,
se de repente suas diferenças se diluíssem na multidão.
Sozinha a paz estava ali embriagada de sombras sem amor. Como um elefante eu ia passando a multidão, rasgando o entardecer...
...se mesmo entre a multidão você ainda se sentir só, sorria, pois mais vale um sorriso despercebido que mil palavras desvairadas, sem sentido!
"Valores não fazem parte do cardápio
Nessa multidão só vejo um bando de ratos
Vicissitudes, uniformes iguais"
Eu poderia falar o que todos querem de mim ouvir...
Eu poderia falar o que todos dizem...
Eu poderia falar o que me faria cair na graça das multidões...
Mas DECIDO! Não farei isso.
Há homens que trazem o sol dentre de si. Que possuem brilho próprio, carisma inabalável , que conduzem uma multidão pelas atitudes. Que fazem do próprio sofrimento um experimento para minimizar a dor do próximo. Há homens que transformam o inimigo em aliados a causa maior, que não se escravizam para conseguir a liberdade de ideias e ideais. Há homens que nasceram forjados no aço, que seus olhos ensejam um abraço, que suas mãos acenam para o mundo, que pulam os muros do medo desafiando a si mesmo. Há homens que honram a Humanidade, que orgulham a existência de cada semelhante. Há homens que, na sua essência, indicam a razão da nossa existência!
O solitário leva uma sociedade inteira dentro de si: o solitário é multidão. E daqui deriva a sua sociedade. Ninguém tem uma personalidade tão acusada como aquele que junta em si mais generalidade, aquele que leva no seu interior mais dos outros. O gênio, foi dito e convém repeti-lo frequentemente, é uma multidão. É a multidão individualizada, e é um povo feito pessoa. Aquele que tem mais de próprio é, no fundo, aquele que tem mais de todos, é aquele em quem melhor se une e concentra o que é dos outros.
(Miguel de Unamuno in Solidão)
Não há diferença entre viver sozinho ou no meio de uma multidão, se estivermos em paz nas duas situações.
Em todas as multidões, como em toda a Humanidade, os medíocres são infinitamente mais que os grandes, os calmos que os violentos, os simples que os profundos, os primitivos que os civilizados, e é a maioria que cria a alma comum que imbrica e nivela todo o agrupamento de homens.
Mas há em cada um de nós, mesmo no maior, um eu inferior, antiquíssimo, bestial, infantil, esquecido, renegado, oculto, refreado - amortecido, mas não morto. Quando os homens se reúnem, o eu superior anula-se e os inferiores, despertados, reconhecem-se e assumem a supremacia. A multidão é niveladora e gosta de decapitar, ainda que metaforicamente. Já não são intelectos ou sentimentos que contrastam, mas instintos elementares que combatem.
Assim que muitos homens se encontram juntos, perdem-se. (...) Todo o homem, em meio à multidão, converte-se noutro - mas pior. Nas multidões, a união é constituída pelos inferiores e fundada nas partes inferiores de todas as almas. São florestas em que os ramos altos não se entrelaçam, mas apenas, em baixo na escuridão, as raízes terrosas. Todos perdem o que os torna diferentes e melhores, enquanto o antigo rústico - que, entre obstáculos, mordaças e açáimos, parecia aniquilado - acorda e ruge.
Em todas as multidões, como em toda a Humanidade, os medíocres são infinitamente mais que os grandes; os calmos, mais que os violentos; os simples, mais que os profundos; os primitivos, mais que os civilizados; e é a maioria que cria a alma comum que imbrica e nivela todo o agrupamento de homens.
Mas há em cada um de nós, mesmo no maior, um eu inferior, antiquíssimo, bestial, infantil, esquecido, renegado, oculto, refreado - amortecido, mas não morto. Quando os homens se reúnem em multidão, o eu superior anula-se e os inferiores, despertados, reconhecem-se e assumem a supremacia.