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Prefiro escutar a natureza
Uma sinfonia
Ao ensurdecer com o barulho da cidade
Que valoriza o que não deveria.
A confiança precisa ser erguida sobre bases firmes. Mas também está ligada a recomeços; perdão; escuta; amor; e entrega.
(2022Fbn)
Enquanto caminho sozinho, por uma estrada sinuosa e sem iluminação, ouço pessoas que falam, sem dizer o que sentem ou o que querem e escutam, sem ouvir. Falam com eloquência, como orações a um ser imaginário e inexistente. E todas essas vozes apenas perturbam o silêncio.
Ao ser examinado pela médica, ela disse:
- Não estou escutando o seu coração.
- Levaram-no! - Respondi.
- Você deixou?
- Às vezes.
Quem cala não consente, pode ser uma forma de se poupar quando o outro não quer escutar e sim impor sua razão por uma necessidade do ego.
Quando pensar em mentir, lembre-se:
A verdade dói em quem ouve e em quem conta,
mas a mentira mata a alma de ambos.
A escuta de um trauma
O trauma é uma cordilheira de escombros.
Existe um sujeito soterrado nesse emaranhado de dor?
Existe vida, depois do trauma?
O trauma é afiado, e o trauma falado corta, rasga, craquela o sentido, a fantasia, o imaginário.
E nesse caos subjetivo, a escuta também dói.
A dor de quem ouve o trauma é a dor de presenciar uma avalanche, como um observador distante, de um lugar seguro e impotente, de quem vê a destruição passar, dela não faz parte mas é por ela tocado, e é dela também um sobrevivente.
Como num mar revolto, o terapeuta precisa saber nadar, mergulhar, respirar, numa posição peculiar de quem entra em cena para cuidar de alguém se afoga, sem poder no entanto, salvá-lo ou nadar por ele.
Hoje em dia ninguém mais está interessado no que você tem pra falar. Raríssimas são as pessoas que querem ouvir, a maioria delas só querem mesmo falar e como se não bastasse, ainda querem ter razão.
Ei, acalme-se.
Não vá se estressar.
Reduza a velocidade
pra ver a vida passar.
Se ajuda precisar,
pegue na minha mão,
e vamos juntos:
caminhando a conversar.
Podes falar, que olhando pra ti,
vou lhe escutar.
CALEI-ME NA ESPERA
Calei-me para que tua voz me ouvisse.
Sem saber se eras chuva se fazendo nuvem.
Fiz-me escutador do não proclamado,
Para sorver a sonoridade que te habita.
Almejei a resistência das pedras,
Para fazer-me mineral em tua estada.
Quis saber como crescias em mim,
Para ser-me tua raiz de espera.
Talvez a resposta sempre
Esteve dentro de mim
Só precisava me escutar
Para poder me libertar
Daquilo que já fui um dia.
Eu tenho mania de botar o fone e não escutar nada, me acalma a sensação de não está ouvindo a realidade lá fora.
Às vezes as mensagens são entregues num olhar, em uma postagem midiática, particular ou publica, mas ela sempre vem.
Pode ser entre humanos, para não falar diretamente. Entre o plano superior e nós, e até em uma imagem, subliminarmente.
Sempre há uma mensagem precisando ser lida, entendida, recebida.
Diante disso uma pergunta, por que não as escutamos, não as enxergamos?
