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Canais
Canais são pequenos caminhos de vida
Eles levam e trazem as marés
E depositam nossos sonhos nos rios
Eles são como veias distribuídas
Por todo o corpo desta cidade
Que embora intensa, moderna,
Urbanizada (e civilizada),
Ainda se conecta de muitas formas
Com a natureza,
Com os rios e com seus cursos.
Canais são isso; conexões com o fluxo do
Tâmisa, pequenos fragmentos de uma
Imensidão sem fim, a desaguar no mar.
Também somos canais.
Pequenos fragmentos
Fôlegos de vida levando o que deve ficar
Para trás e trazendo esperanças
Somos canais de amor.
Precisamos desaguar
Este afeto, este desejo de mudança
Para o mundo neste imenso rio
Que flui sob as nuvens de anseios
Aguardando por desaguarem abraços e choverem reencontros.
O Fim da Esperança
“Chega um ponto em que não se roga mais por ajuda.
Preferes sofrer sozinho, a ouvir mentiras.
Tempo de absoluto decaimento.
Tempo em que a luz que emana do amor
já não se mostra mais tão brilhante.
E os olhos não suportam chorar mais,
pois cada lágrima caiu em vão.
E o coração está despedaçado.
Seus familiares chamam por seu nome, mas se fazes de surdo.
A luz apagou-se, seu corpo jaz na completa escuridão
mas na sombra ficas vazio, abandonado pela mente,
deixado para trás pela alma.
Já não tens mais esperança de salvação.
Já não tens mais esperança de ser feliz.
E nada esperas de teus amigos.
Não se preocupas mais em esconder sua pele,
pois cada gota de sangue estampada,
representa um momento no qual a dor foi-se embora.
Já não sabes mais o sentido do amor.
Já não sabes mais o propósito da vida.
Teus ombros suportam todo o peso do mundo,
pois não há mais com quem dividir tal peso.
As brigas, as conversas, os debates dentro dos edifícios
provam que sua vida é insignificante
e não há quem ligue para sua existência.
Logo se tornas um fantasma,
invisível, desacreditado.
Alguns consideram apenas um espetáculo
Achando que só queres aparecer.
Chega um tempo em que o abismo se torna um velho amigo
e as sombras emanadas pelo mesmo, a única luz, a única solução.
Então deixas ser abraçado por tais sombras.
Se jogando por sobre o abismo.
Dando um fim, para aquilo que um dia,
foi chamado de vida.”
Poema-crônica de presente para Yara Drumond
Simplesmente Yara
Victor Bhering Drummond , 22/01/2013
Ela vem sempre assim
Pra você e pra mim
Olha, quanto sol-verão
Em seu cabelo dourado
Que requebra e desenha
Curvas de belos sentimentos
Ela vem com seu perfume doce de menina
Sua voz meiga e forte
Se faz criança, se faz mulher
Mas muito mais: requebra o intelecto
Para nos ter sempre por perto
Pois gosta de ter no coração um cafuné
Yara, espécie tão rara
Quanto às mais azuis das araras
Pedaço da natureza
Da borboleta que voa colorida
Na imensidão de flores e jardins
Yara Jasmim
Pra você e pra mim
Provando que é possível colher
Coloridos das pedras
Yara mãe das águas de nossos olhos
Pois os comove de alegrias
E compartilha as tristezas
Como forma de empatia
Com-paixão
Voz de flauta doce
Ritmo de violão
Yara que cuida e se faz presente
Para Marias, Nazinhas e Nanás
Para Kikas, Valdis e Cristianes
Para Victors, Flávios e Joões
E rodopia, roda, roda
Como um carrossel
Ou como a simplicidade dos peões
Soltos ao chão e deslizando em mel
Yara brisa nas tardes geladas
Yara bonequinha
De Maria Chiquinha
Yara pura química
Alma do mais puro dos farmacêuticos do passado,
Que colecionava frasquinhos e ervas
Para a cura dos problemas da cidade
Nos faz olhar para escorpiões sem medo
E desvenda os seus segredos
Como o doce veneno capaz de trazer vida
Quando só enxergamos o óbvio de nossas lidas
Ela é irmã, amiga, tia, filha, parceira, cúmplice
Amor de e para todos
Cantinho de ternura e acalento
Com seus cabelos ao vento
É bom que também voe
Para que espalhe aos quatro cantos
O pode e a força do seu encanto
Uma voz de muitas faces...
A voz pode apresentar muitas histórias, mas uma história jamais poderá representar tudo o que a voz inspira.
A voz pode marcar uma vida, pode representar uma saudade, pode contar uma história, declamar um poema. A voz tem o poder de reviver lembranças, de fazer sorrir adulto ou criança, de inspirar gerações, de marcar uma infância. A voz pode te levar ao passado, e brincar com tantas e tantas outras saudosas lembranças. A voz toca o peito, e de mãos dadas com a alma, saem para passear no passado, presente e futuro.
Há quem faça a arte, e há quem seja a própria, em pessoa.
Entre as desesperanças da hora, e à falta de melhores notícias, venho informar-lhes que nasceu uma orquídea...
A Cultura poética de Orlando Drummond!
A Escolinha se despede
Na cultura do humor
Para Orlando Drummond
Um eterno dublador.
Cem mais um na medida
Foi agora em despedida
O comediante e ator.
Muitos dos meus amigos e amigas, que leem as minhas poesias, falam que eu tenho o "traçado" das poesias de Carlos Drummond de Andrade, umas das minhas poesias em que muitos falam isso é a poesia "Onde está o teu corpo".
Quem dera Drummond ter me escutado
O nosso coração é sim maior que todo esse mundo
muito maior que todo esse universo
A diferença é como nós tratamos os sentimentos
amamos as nossa diferenças
cantamos poemas
que contam, que cantam e que confessam
amar de mais não explode corações
apenas cria versos.
As vezes tudo o que eu queria era um aconchego nosso
Aquele sem ócio, só com brilhos do teu olhar
Que me apega, que me aperta, que me cega
Mas um dia eu te tenha quem sabe eu
Te lembro que a vida é feita de transtornos imediatos
De sopros falsos
Que nos levam ao sul
E se lembra: a gente ia pro norte
Pra que eu ter um par de asas
Se eu posso voar com os pés no chão
Eu te digo outra vez que tudo o que eu queria era um aconchego nosso.
respirei e respirei
E mais fundo respirei
Quanto mais respirei
más respirei
E respirei
Mais vida tive
e mais respirei
amei respirar
E ainda morto, renasci. Sem ver o mundo, me transmuto a ser as possibilidades que existem em mim. Não dependo da aprovação de ninguém pra ser feliz, esse meu eu dependente já morreu, o que sobram são e não foram o que hoje eu sou.E ainda morto, renasci. Sem ver o mundo, me transmuto a ser as possibilidades que existem em mim. Não dependo da aprovação de ninguém pra ser feliz, esse meu eu dependente já morreu, o que sobram são e não foram o que hoje eu sou.
Meu mar
(Victor Bhering Drummond)
Meu mar você me dá
Leveza à toa
Tirando a fantasia
Me desmascarando todo
Encharcado de suor
De tanto a gente se banhar
De tanto realizar loucuras
Nosso instinto faz amor
Envolto em maresia
Na areia, na choupana
É só harmonia
Sol que vem pra me benzer
De tanto a gente se amar
De tanto mergulhar
Em suas ondas
(De um sol e mar primaveris quase desertos em Jabaquara beach, Paraty)
Caminhos
(Victor Bhering Drummond)
Chegaram na encruzilhada
E escolheram o caminho do amor
A trilha da paz
O caminho da liberdade
Do sol, das cores
E nessa vereda
Tudo se refaz
Como diria Drummond
Vá ser gauche na vida
Desbravar o novo é tão bom
A estrada nascente
A partir de seus passos
Será desenvolvida
Rei Sol
(Victor Bhering Drummond)
Fim de tarde
Contemplo-te, Rei Sol
Não porque estás assentado
Em trono de ouro
Ou entronizado entre querubins.
Mas porque iluminas e colores
O princípio e o fim,
O Alpha e o Ômega
De meus dias
Com esse despudor inebriante.
Buenos Aires
(Victor Bhering Drummond)
Quando as tuas formas tocam o coração
E os sentimentos sobem para o teu céu
E é quando teus contornos acariciam minhas mãos
E estas degustam suas curvas, rios e sabores
Descobre-se o lugar perfeito
Para ali fazer abrigo aos meus amores.
No Meio do Livro
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
No meio do livro tinha um poema
Tinha um poema no meio do livro
Tinha um poema
No meio do livro tinha um poema
Nunca me esquecerei desse alumbramento
que impactou, deveras, a minha vida
Nunca me esquecerei que no meio do livro
Tinha um poema
Tinha um poema no meio do livro
No meio do livro tinha um poema.
Guindaste das emoções
(Victor Bhering Drummond)
Meu ninho repousa em
Direção ao Infinito
Apoia-se no vazio mais
Preenchido pelo nosso
Amor
Precisa de quase nada
Para elevar-se aos Céus
Ao mesmo tempo que
Inspira-se no guindaste
De nossas emoções que
Nos põe com os pés na
Terra e corações nas
Nuvens
Amanhã é dia de dádiva. Data de gratidão. Meu aniversário, 24 de março. Porque aniversários são dádivas. Logo, de gratitude.
É momento em que um novo ciclo nos é dado de presente, somando-se a todos os outros. Em que abrimos nossos cadernos em branco e os preenchemos com o poderoso livre-arbítrio.
É quando abrimos as asas e respiramos sentindo o poder do Sol, e da Força Divina nos tocando e dando aquele empurrãozinho camarada para continuarmos voando, mesmo quando chegamos à beira dos abismos. E assim como na mitologia da Fênix, ressurgimos plenos de vida e com pulmões repletos do ar azul mais puro, da mesma cor do céu que a gente constrói para nós mesmos.
É assim que quero receber meu dia, minha dádiva. E que seja assim também para quem ainda vai aniversariar.
É momento de tantas mudanças, tantas novas decisões, tantos novos caminhos a desbravar. Que em todos eles haja flores; muitas delas: coloridas e as que eu mesmo irei pintar: lírios, jasmins, rosas, begônias, orquídeas. Pássaros e libélulas voando sobre todas, porque compõem cenas de onirismo e poesia. E claro, que haja sempre essa poesia, necessária para que doemos o melhor de nós para os outros e que colhamos apenas o melhor do outro para dentro de nós. E se essas flores ao longo do caminho tiverem espinhos, não faz mal. É parte da natureza delas. Não as culpo. À minha, cabe colhê-las, jogar os espinhos fora, cuidar do meu cerne espiritual caso me fira e me refazer feliz, forte, pleno de amor, vida, respeito e liberdade. Porque é assim que o Deus em que acredito me ensina dia após dia. E como espero devolver no dia da Graça e em todos os dias que for escrevendo e guardando-os carinhosamente na Biblioteca de minha vida. (Início de outono solar, chuvoso e com brisas fortes como meus sonhos, em Buenos Aires de 2018)
A casa das memórias
(Victor Bhering Drummond)
A velha casa ainda estava lá.
Preservando memórias, mistérios
E provocando medos.
Eram só retratos na parede
Pinturas e rabiscos na alma
Incapazes de fazer mal a nenhuma
Criatura sequer.
Abri a porta, senti o cheiro das coisas guardadas.
Sentei no sofá; voltei nos anos
E encontrei a festa do dia do batizado
Sendo celebrada novamente
Nas sala do meu coração.
(Outono no Sul - Registros de uma Casa Velha, 2017)
Sobre cafés da manhã
(Victor Bhering Drummond)
Meu corpo pediu café da manhã
Minha alma pediu encontros
Minha existência pediu amores
Os amores pediram harmonia
Sentamo-nos todos à mesa
E celebramos essa tertúlia maravilhosa
De pedidos realizados e delícias
Tendo as araucárias como testemunhas curiosas.
(Pousada das Araucárias)
O menino do balanço
(Victor Bhering Drummond)
No seu vai e vem sem limites
Alcançando a altura das nuvens
Tocando no brilho dos sonhos
Voltando com seus pezinhos para a dura realidade
Insiste em balançar; porque no doce
Balanço, se embala no balanço do mar; e deixa que a loucura adulta
Fique lá fora tentando encontrar
Uma maneira de se comportar como ele; porque é apenas uma criança feliz se telestransportando na gangorra para a dimensão do não-presente (porque este é chato) e não-futuro (por ser incerto demais).
(Dia das crianças de um Brasil de adultos corruptos de 2017)
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Roda d'Água
(Victor Bhering Drummond)
Ela girava na direção das águas
Movia-se como um um mundo controlado por aquele universo de prazeres que corriam por suas entranhas
Trazia vida e movimento
Porque vida é energia cinética
Capaz de enfeitiçar e tirar do eixo
Até mesmo o mais pacato dos corações.
Dia no campo
(Victor Bhering Drummond)
Caminhei por aquele céu azul que inspira
Respirei o verde purificador das matas
Batizei meu corpo e minha Alma
Nas águas daquele recanto
Ouvi o barulho do silêncio
Toquei nas nuvens
Senti a brisa leve soprando meu rosto
Naquela manhã fria do começo de inverno
Pedi licença ao cansaço
Agradeci a Deus pelo firmamento
E enquanto meus passos pisavam leves naquele santuário
Deixei aquela moldura virar retrato
Pendurado no meu altar do armário
Onde não deixarei essas reflexões
Ficarem no anonimato.
(Tarde fria e feliz a caminho da colônia Olsen, 2017)
