Tag chão
Tem vezes que a vida manda alguém pra botar seus pés de volta ao chão..
É ruim se sentir deslocado nesses momentos
Mas pior ainda, é viver num mundo que não é seu, e depois de anos acordar nele, e não ter mais para onde ir.
Enquanto permanecermos calado,
Enquanto ficamos no nosso canto,
Enquanto fecharmos a porta do nosso quarto,
Enquanto confiarmos em Deus tudo dará certo!
Confie...
Muitas vezes Deus não faz parar a forte ventania,
mas te dá forças para que seus pés
fiquem fortemente calcados no chão,
enfrentando toda a tempestade,
pois disso és capaz e se tiveres fé,
nada de ruim te alcançará...
Tantos sonham voar, mas temem as alturas. Pra voar é preciso amar o vazio, e é esta a questão. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de tato, sem a firmeza, só o vão.
Os homens querem voar, mas diante das incertezas emerge a hesitação, e assim trocam o voo por gaiolas, e pela segurança escolhem a prisão.
Querem habitar o lugar onde o que é concreto mora e é um engano pensar que os homens seriam livres se não houvesse gaiola.
São eles mesmos que constroem suas celas enfeitadas pra parecerem belas, onde passarão as suas vidas desejando tocar o infinito só olhando da janela.
Não estão assim porque um estranho os aprisionou. Se as portas estivessem abertas poucos deles voariam pelo mundo afora.
Ouse sonhar e viver fora das correntes, alcançar o horizonte e voar desde agora!
DENSO VAZIO - Dentro de mim é tronco, mas me falta o chão. Minha alma flutua como uma bolha de sabão. Me afogo em água pura, tento afundar em vão. O corpo cada vez mais denso, mas a madeira no fundo é oca. Ninguém na escuta, eu penso; às vezes a mente é louca. Quase sinto a minha raiz; o que me falta é coisa pouca. Meu equilíbrio segue por um triz.
Quem construiu o muro
De um lado gritam
Do outro também,
Entre eles um muro...
Nada mais além!
Uns esbravejam dali
Alguns acusam de lá,
E os dedos esticados a frente
Entre ambos os lados estavam a apontar.
Porém era só o muro que via
Somente este que ouvia,
E até de vez em quando sentia
Punhos cerrados, a lhe lançar!
Ânimos ficaram exaltados
Por tanto tempo, e então,
Certo dia o que no meio havia
Ruiu e se despedaçou no chão.
Os dois lados finalmente se encontram
Se entreolham, e iniciam um enfrentamento,
Começam a correr em um ar de guerra
Mas algo acontece neste momento...
Tropeços e mais tropeços nos tijolos
Alguém olha para o chão,
Assustado, vê espalhado que:
O muro não era qualquer construção!
Todos cessam a briga e percebem
Os tijolos eram parte deles também!
Alguém que resolveu não participar da escolha
E excluído virou um ninguém!
- Por isso que o muro era tão alto?
A maioria não queria confusão
Afinal escolher um lado,
Implica do outro, explícita exclusão!
E a medida que a intolerância avançou
Os opostos trataram de se separarem,
A extrema direita se formou,
A esquerda, longe trataram de se
posicionarem.
Porém, ficaram ao meio
Aqueles que não tinham objeção,
E estranharam o sentido de: como um todo
Possa se repartir e ainda assim ser São?
E estando estes unidos
Decidiram dos outros cuidarem:
Unindo se em uma estrutura sólida
Impedindo os dois lados de se machucarem.
Foram sábios guerreiros
E o silêncio decidiram usar
Arma contra a ausência de compreensão:
Qual o motivo de se guerrear?
Mas quando os divididos perceberam
Já era tarde demais,
O muro imóvel que de certa forma lutava
Agora se espalhou junto aos tais!
Se soa como ironia
Pode acreditar que não é só impressão,
Eles se perguntaram e não souberam responder:
- Este muro, quem fez a construção!?
O que tem que ser dito, será escrito, sentimentos espalhados com pétolas das Rosas pelo chão, deixe seu cheiro quando se for, saudades no coração.
No sempre tentar,
o sempre é minha tentação,
Vingança velada
de quem se levanta
acariciando o chão.
Faço das nuvens o meu châo,
Nelas eu flutuo,
Em busca do "mundo" ainda não explorado,
A caminhada é cansativa,
Mas se flutuo...!
Então deixo de lado a exaustâo,
Sei que chegarei,
E nele eu verei,
O quê olhos ainda não viram,
Dentro de mim,
Viajo sem parar,
Sinto ventos,
E a brisa me tocar,
A procura do "infinito,"
Nessas viagens,
Minha alma vagueia ao norte,
É nele que sinto o delirar,
O infinito está bem além,
Mas continuarei nesse trem,
Perfurando nesse vago,
E derepente me acho,
No canto me ponho a chorar,
A procura desse fim,
Quê um dia encontarei,
Se eu ainda existir em mim.
Autor :José Ricardo
DOS SABERES
Aprendi sorvendo. Somente o que me fez inalar.
O que despercebi, não me fez entrever.
Não atingi alturas, sem pisar-me de chão arenoso.
Não extrai sal da terra, sem entregar as mãos repartidas.
Tenho alguns saberes, que me fazem apreendedor.
Uma arquitetura de razões pronunciadas.
Das mais súbitas, como aquelas a se moldar na quietude,
As derradeiras, como as que pungem na pele na alma.
Pouco aprendo, quando dos outros não me entrelaço.
Pouco sei se não me ponho a observar a intimidade.
Por isso ressoei-me em cada canto, num circulo de andanças,
E ainda me faço toar a cada instante, que me ensina o olhar.
Distanciei-me por vezes para observar as perguntas.
Tantas outras respondi, sem aderir ao absoluto.
Fui vário, múltiplo, único. Só assim fiz-me existir.
E ao ser, precisei reler a estrada e desvendar a travessia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas Para Versar
AFEGANISTÃO
Afe! Gana! Estão!
A"Cabul" irmão!
Mãos pro céu em vão!
Dor que perde o chão!
Mundo em compaixão!
Ele ama a lua cheia e a namora
como quem descortina um sonho
que vaga iluminado pelo céu da noite.
E a musa de prata que ele ama
encarna pagã à sua frente na abóbada negra
est arcanum caelo
(do céu misterioso!)
Em volta dela miríades de luz,
testemunham que o amor é correspondido.
E ele olha e sonha
- parece tão simples tocar a sua face!
Bem que podia ser um aventureiro valente,
um colecionador de batalhas e beijos de musas.
Mas o intrépido herói de mil e uma noites
o belo e o bravo, na imensidão,
cá de baixo
olha a lua
sabendo que é perto dela, tão alta,
apenas um tímido ponto de amor na obscuridade
do chão.
Cada pedaço do seu vitral,
Estilhaçado no meu chão,
Lantejoula colorida acidental,
Cintilada num rasto lacerado de paixão,
Cortante vontade corporal,
Sangra meu coração,
Ventania dos dias,
Que leva o bem pra todos os cantos,
E leva o mal também,
Num tempo,
Uns seguem pela rua,
Outros ficam pelo chão,
Noutro tempo,
O chão dorme com uns,
E a rua acorda com outros da multidão
Cruzamentos
Que estão logo ali,
Cruzam,
No chão tórrido,
Vindas,
Passadas,
Partidas,
Pedaladas,
Aceleradas,
Cores que se apagaram no rossio vermelho do porto dos cinco mares,
Zênite que debruça pra ouvir a lágrima jeremiada que desmaia nas faces,
Algo inabitável que fica inquieto na beira do barranco de uma narrativa,
Rastros de beleza num chão semoto e pisada triste desmedida,
