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Chá com os Poetas e a Moça Bonita
Quando ainda não vinha a noite,
Camões adentrou sobressaltado.
Tinha visto na Caravela,
O mar inteiro lamuriar-se.
Deixavam, pois, como aferira,
restos de tudo a enturvar as águas.
Logo em frente estava Quintana,
vindo de longe no vagão de um trem,
a confabular com uma andorinha,
que em frase pausada silabava:
- No ar há tanta fumaça,
que nem se pode mais voar sozinha.
Enquanto se aguardava o Mia
a descrever Um Rio Chamado Tempo,
perceberam Shakespeare acomodar-se,
frente ao sol que já não se via,
proclamando sem muito assombro:
- Falta humano no divino, mais virtude no humano.
O saber não deve destruir a vida,
feito punhal a ferir o coração dos homens.
Escutaram-se ruídos vários, ao ouvir-se o abrir de portas.
Era Pessoa com Ricardo junto com os demais heterônimos.
Todos apóstolos frente ao pão, resolveram recitar Drummond,
que bem se diga, já havia previamente antecipado:
- Saí cedo de Itabira, vou embora para Pasárgada.
Quem sabe acho Bandeira, coberto num trono de palavras.
Neste instante chegou Vinícius e sua elegante diplomacia.
Asseverou solenemente. Trouxe-lhes taças e o vinho.
Não lhes privei do chá inglês, mas devem considerar com atenção.
Melhor é sorver o sentir com um espumante entre as mãos.
Já não se sabia mais as horas. O ar estava em cantoria.
A moça junto à janela que as primeiras letras fazia,
das palavras guardava afeto para se doar em cada livro.
Foi dela a sugestão que cada um deixasse de si, apenas um verso transcrito.
Eu, mero assistente, por obra de atrevimento, também fiz provocação.
Por que não escrever os poemas em simples folhas de pipas.
Soltaríamos as Pandorgas em cada um dos cantos do mundo.
E poderiam as mesmas se irem a procurar um novo dia.
Prontamente Camões assinalou:
"...Da alma e de quanto tiver,
quero que me despojeis,
contanto que me deixeis,
os olhos para vos ver.."
Em seguida chegou-se Mia a sentenciar num repente:
"... Deixo a paciência dos rios,
mas não levo,
mapa nem bússola,
porque andei sempre,
sobre meus pés,
e doeu-me às vezes viver.
Hei de inventar,
um verso que vos faça justiça".
Quintana com seu sotaque ergueu-se com voz doce e macia, a reverberar clarividente:
" ... Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia,
para nos dar a eternidade inteira..."
Vinicius após servir o vinho, pediu um aparte.
Moça com perfume de flor, por favor, escreva para mim:
"... A coisa mais bonita,
que há no mundo,
é viver cada segundo,
como se não fosse o fim..."
Alberto, ao lado de Pessoa, também se pronunciou:
"...Mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena,
sei que a vida vale a pena,
quando a alma não é pequena.."
Já se adentrava a noite alta e as pandorgas versos partiam.
Foi quando fitei a moça que de olhos gris se vestia.
Então clamei a ela, antes que também se retirasse:
Agora que a lua cheia chegou,
como teus olhos em ternura,
borda-me entre o céu e a tua boca,
numa indelével tecitura.
A moça nada me disse, repousou na minha face.
Por ali ficamos embebidos de poetamento,
como se por um breve instante,
tivéssemos tocado o infinito.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas Para Crianças Crescidas
Estou chegando... E o meu coraçãozinho está muito feliz por você ter comparecido ao meu Baby Chá!
Pois a mamãe e o papai, guardarão lindas memórias com você,
desse nosso momento único e especial...
Por isso, agradecemos pela sua presença!
Enquanto a maldade acreditar que é expondo sua figura que conseguirá dominar o mundo, a bondade age na surdina antes de todos sem se preocupar, ao preparar um delicioso chá antes de dormir
Chá da tarde
foi um achado,
achar estas letras que se tinham perdido,
achei que era a hora de escrever,
nem sei se as letras queriam que as tivesse escolhido,
fiz de conta que convidado eu tinha sido,
na verdade era um penetra desavergonhado,
me tomaram por um membro habitual,
disfarçando sentei -me ao lado,
dei um sorriso e me servi.
@machado_ac
Tudo começou nos bastidores.
Aliás quase tudo começa nos bastidores
Ou até antes dos bastidores
Fui fazer um chá
e resolvi descongelar a geladeira,
comi uma banana,
sequei a louça,
coloquei roupa pra lavar
Não faço uma coisa por vez
é sempre uma misturança
Um improviso
Muitas vezes sem nexo
O problema já não era pressa,
O problema já não era nem ansiedade,
não sou mais essa pessoa o tempo todo
só algumas vezes
E aliás não havia nenhum problema
é o instinto resolutivo
de quem acordou e
decidiu quebrar protocolos
quebrar protocolos que só dependiam de mim
quebrar protocolos que só afetam a mim
e que,
aliás,
quebrar protocolos que haviam sido inventados por mim
Fiz ovos mexidos
Para acompanhar o chá
Logo invento novos protocolos
Na Grã-Bretanha, uma xícara de chá é a resposta para todos os problemas.
Caiu da bicicleta? Tome uma xícara de chá.
Sua casa foi destruída por um meteorito? Tome uma xícara de chá acompanhada de um biscoito.
Sua família inteira foi devorada por um tiranossauro que atravessou o portal do espaço-tempo? Tome uma xícara de chá e coma um bolinho.
É tenso, é foda, é embaçado. Ficar o dia remoendo sentimentos por uma pessoa que de você em nem 1 segundo tem lembrado.
Mas deixo isto para lá, antes de deitar, engulo o orgulho e preparo um chá gelado, que aliás, mais gelado que ele só meu coração, que agora está frio, pois em troca de amor, recebeu ingratidão.
Não acredita que uma planta possa ser medicinal? Então também não crê que uma planta possa ser venenosa. Que tal um chá de comigo-ninguém-pode? Fitoterapia não é medicina alternativa, é ciência, com ação medicamentosa comprovada.
Em Uma Conversa Franca...
- O que houve com você?
Vejo que você não está satisfeito com a vida. Verdade? Posso te fazer uma pergunta?
- Sim... o que você quer me perguntar?
- Como você enxerga a vida?
L.Lemos me olhou com semblante de pura insatisfação. Respondeu-me:
- Não pedi para nascer... A vida é muito complexa, não estou satisfeito com a vida que estou levando. Não estou conseguindo me encontrar. Há muito tempo estou assim, perdido e sem gosto para continuar vivendo.
- Entendo... Respondi.
- Estou em lutas todos os santos dias sem entender a vida. Não tenho paz. Disse ele marejando.
- Estou te compreendendo... complementei.
Fiz uma outra indagação.
- Mas... o que falta em você para que possa acreditar na vida e mudar esse quadro?
O silêncio tomou conta do nosso diálogo...
Essa foi sua resposta, o silêncio.
- L. Lemos, olhe à sua direita, para aquela árvore que recentemente foi costarda, dilacerada, mal tratada...
Ele se aproximou da árvore cortada, respondendo-me:
- Eu queria ser esta árvore agora. Ela teve sorte... seu fim chegou.
- Tem certeza L.Lemos que gostaria de ser esta árvore? Perguntei.
- Sim...
Complementei sua resposta
- Que bom!! Fico feliz então pelo seu desejo. Você pensa que o fim dela chegou. Você se engana.
Surpreso com a minha resposta ele responde...
- Não estou lhe entendendo...
- Meu nobre L.Lemos, a árvore quando cortada, ainda se renovará e não cessará os seus rebentos.
A vida quando atingida por aflições, ainda se renovará e não cessará de sua felicidade.
Assim é o tempo, tanto para árvore, quanto para vida. Somos dependentes do tempo. A esperança faz renovar e faz acontecer.
Ninguém vem a este mundo para viver apenas de plenitudes. IO caminho que a vida nos conduz, não é simplesmente repleto de bonanças.
Quando entramos na zona de conforto, imaginamos que estamos em uma estrada em linha reta, repleta de sinalização contra os perigos. Nos acostumamos na volante da vida... adormecemos.
O fim de uma estrada reta pode ser uma curva sinuosa, indesejável para nossa vida.
A curva sinuosa da vida, pode nos trazer desconforto, e nos deixar em desequilíbrio.
A falta de equilíbrio em nossa vida afeta a nossa paciência, perseverança, esperança e a nossa fé.
A falta de equilíbrio pode ocorrer mudanças profundas. O chamado Súbito do Mal. São dores, as lágrimas infelizes, as perdas, os fracassos, as doenças... são tribulações vivenciadas quando somos atingidos pelas guinadas da vida.
Para superar tudo isso e mais um pouco, temos que acreditar na essência da Sabedoria. Sem ela não teremos capacidade de alcançar o equilíbrio.
Hoje L.Lemos, você é a árvore cortada, mas não se esqueça dos seus rebentos, eles se renovarão. Trarão muitas felicidades ainda para você. É uma questão de tempo.
L.Lemos marejado... me deu um forte abraço.
O DESÂNIMO
- Mas antes eu não era assim... Hoje não tenho ânimo pra nada.
- Entendo... E perguntei-lhe:
- Como voce gasta seu tempo sem ânimo? Sua resposta foi imediata.
- O tempo me aprisiona dia e noite. Parece que parou só para mim. Todos os dias espero por mudanças e nada acontece. Sem motivação, não tenho o que há de fazer, a não ser reclamar o dia todo.
Atento ao seu desabafo, disse-lhe:
- O bom é que você ainda respira, pelo menos isso. E isso é muito bom.
- Ora... como assim? Respira...? Mas eu não estou morto!
- Ótimo! Melhor ainda. Complementei...
- Se voce ainda respira, pode pensar, se pensa, pode muito bem agir. Você ainda não morreu, claro.
E continuei...
- O desânimo atinge todo mundo e em muitas vezes chega sem aviso prévio, isso é natural. O que não é natural, é fazer dele alimento para nossa alma. Uma vez alimentado, pode-se abrir uma outra situação de desconforto, a categoria do pessimismo. Observe que uma pessoas bem nutrida de desânimo, é fortemente pessimista e ainda doa parte dessa dieta para quem o aproxima. O pessimista sempre acha que nada vai dá certo pra ele e nem para os outros. Nunca se esforça em busca de sua melhora. Todos os dias faz a mesma coisa esperando um resultado diferente, que nunca chega. E ainda reclama da própria vida.
-Ah! Entendi. Respondeu-me surpreso:
- Você quer que eu vá em busca do ânimo, para que eu tenha uma vida melhor?
- Ânimo sem esforço em nada muda. A diferença encontra-se no sacrifício. Respondi.
- Como assim?
-Olhe lá aquela saúva levando em seu " lombo" o dobro do seu peso o seu alimento. Animada está, ligeirinha tombando de um lado para o outro segue em frente, sem desistir, seu objetivo é chegar em sua colônia com seu mantimento. Mas acredito, que ela segue sem reclamar do esforço danado que está tendo. Seu sacrifício valerá a pena quando chegar ao seu formigueiro.
- Só se combate o desânimo com muito esforço para obter uma vida melhor.
Paciência - Um instrumento que ensina a tomar decisões melhores.
- Estou a ponto de me explodir!!
- Sim, estou percebendo... qual decisão a ser tomada? Perguntei.
- Decisão!?? Ora, sumir de uma vez por todas para bem longe, Isso sim!
- Hummm... Saiba que não importa a distância que se deseja ir. Ela vai lhe acompanhar, caso permaneça do jeito que você se encontra agora.
Exaltado, impacientemente ele pergunta:
- Ela quem?!! Meu amigo, estou falando de mim mesmo!
-Sim, eu sei disso. Mas, "ela", me referi a Impaciência. Seu cérebro no momento encontra-se bloqueado para se tomar uma decisão sensata.
- Como assim? Não estou entendendo.
- Veja bem, é assim que ficamos quando a crise nos atinge. "Nada funciona... nada dá certo.." e pior, começamos a sofrer por situações que não chegaram acontecer. Mas já imaginamos precipitadamente. Esta é a pior dor. Pensamos logo: " quero sumir", como se isso fosse resolver todo o problema, ao contrário, só piora.
Mas calmo e atento, ele pergunta:
- E não revolve?
- Não, claro que não. Comentei:
- Um certo homem foi aconselhado a sumir para bem longe... fugir para as montanhas. Ele estava abarrotado de problemas. Porém, não aceitou o conselho, e disse: " Por que tenho que fugir como pássaro para as montanhas? Ele soube ser sensato enfrentando os problemas de frente, e não de costas...Se manteve calmo, a sua paciência o levou à vitória. Seu nome era Rei Davi.
Ninguém vence os problemas de costas.
Fugimos dos problemas muitas vezes por insensatez. Entramos em pânico, começamos a ingerir histórias amedrontadas. E as piores fantasias apavorantes começam a invadir nossa mente. Causando tensão, tudo por conta de uma fantasia imaginária. Como fazer uma boa escolha adequada nesse momento? Impossível.
- Verdade, continue, vá continue, estou gostando! Respondeu atento.
Continuei...
-Se tivermos paciência, enfrentaremos a vida de uma outra forma. Sim, algo está de fato acontecendo, seu resultado pode ser ruim, ou bom. De qualquer forma o ideal é se manter CALMO para poder lidar com a situação.
Em seguida, ele faz uma pergunta:
- O que está acontecendo comigo então?
- Simplesmente você desperdiça uma grande quantidade de tempo e energia se preocupando com coisas que nunca chegaram a acontecer, só porque não teve paciência.
Mas calmo, ele disse:
-Meu amigo, você disse tudo!
Continuei...
- Comece a exercitar paciência e terás muita calma para obter decisões melhores na vida.
Mais confiante ele estava naquele momento. Concordando disse-me:
- Você está absolutamente certo. Vou começar a exercitar minha paciência subindo aquele morro do Cruzeiro. Dizem que devemos subir pelos 365 degraus, contarei um por um. Acho que já é hora de me exercitar.
"O exercício da paciência começa com uma simples decisão de fazer acontecer, não importa o tempo... Não importa o que seja. O importante é fazer."
Escrever é um trabalho, um talento, mas é também um lugar para ir na sua cabeça. É o amigo imaginário com quem você toma chá à tarde.
Foi-se a época em que eu arrumava desculpa pra vir no mercado pra comprar cerveja. Hoje eu arrumo a mesma desculpa pra comprar chá mate. Oô Glória!
