Soneto da Saudade
O que se deve expressar
-soneto-
O homem e a mulher são seres complexos
Trazem consigo bastante ansiedade
Suas atitudes acarretam reflexos
E castrado fica a sua liberdade.
Porque suas encadernações de outrora
Tornam-se nesta existência evidentes
Causando conflitos, transtornos no agora
Retardando a evolução dos aprendentes.
Afirma Chico Xavier sem querelas
Quando não se fala as palavras dominam
Mas quando se fala fica presa a elas
Portanto é muito importante ressaltar :
Tem momentos que as situações determinam,
Que tipos de falas deve-se expressar.
INVENTÁRIO (soneto)
Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta
O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises
Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia
Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
O SINO (soneto)
Do alto do cerrado meu eco sonoro
Percutindo alarma de chamamento
Riscando no ar gemido em lamento
De sombrio ato, sofrença com choro
Da torre franciscana sou sentimento
Festo, de paz e bem ao som canoro
Saúdo a vida, com meu fado oximoro
O orante da ave Maria, às seis, atento
Canto, pranto, em ruído éreo, laboro
Trino o dia se pondo e no nascimento
Musicando os céus, e assim, o coloro
Com que júbilo planjo dobres portento
Me juntando aos anjos em um só coro
Sou crebros nobres, fé, no sacramento
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
SONETO TUA AUSÊNCIA
Toco-te com o silêncio estremecido de tão ardente .
Sei que estás ai a me ouvir na liturgia desse desejo presente
Não me queiras distante e tão fria meu amor
Pois toda ausência aprisiona e chora sem asa de beija flor .
Inda estou vestida de azul e despida mar adentro
Não me roubes os sonhos que já desenhei tão intenso
O meu barco navega lento e no vento bravio das andanças
É dia e noite meu coração sozinho num rito com tuas lembranças.
Todo meu instante e silêncios inda são teus em romaria
Ando gritando teu nome nas minhas luas in fantasia
Estou perdida e afogada adentro d'um vaso sem semente .
Voltas ! Me encobre, me sonhas com tu'alma mansa indolor
Minha pétala anda seca e desfigurada sem teu amor
Sem ti sou bruma e no tear da vida a nascer dormente.
DO POETA (soneto)
Do poeta o encanto aproxima manso
Cochicha suspiros na ádvena ilusão
Mergulha no ventre frágil do coração
Lastrando a inventiva num balanço
Do senso transbordam pulsátil rojão
Rematando a inspiração num lanço
Dando à alma asas e um remanso
Para com as mãos tocar a emoção
Torna à alma, e volta a navegar
Adentra com as formas de amar
Solitário, nos portais da criação
No silêncio, põe a vida a balançar
Balança com a vida a silenciar
E tem vida, na vida com paixão...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
Soneto das canções
"O melhor presente Deus me deu
Sigo palavras e busco estrelas
Palavras, apenas palavras
Me sinto só, me sinto tão seu
Desculpe estou um pouco atrasado
A vida vem em ondas como o mar
Exista amor pra recomeçar
Exagerado, eu sou mesmo exagerado
Estar lá, ver e voltar
Minha honey baby
Eu cuidarei do seu jantar
Somos quem podemos ser
Tente outra vez
O acaso vai me proteger"
- Soneto de lua cheia (completo)
Ó lua linda, ó lua iluminada
Minguante, distante, a contemplar-te
Faço de ti, pranto dos meus
anseios, tudo fulge.
Visão lúcida da escuridão, de
brilho semblante, pálida alvejante;
Estás tu por testemunha, que nesta
madrugada, escrevo agora.
A natureza se manifesta, com ditos brandos;
Ouço uivos, sapos sussurrando
A lamparina ao lado da mesa.
Narciso, tu te faz ao mar, fitando a face
Aqui tudo serve de consolo
Faço jus à tua fala. Ó lua!
DESIGUAL (soneto)
No passo, tateio a loucura que figa
Vagando na rígida profundidade
Duma lucidez de só ver a metade
Onde se díspar e muito se intriga
Não há ilusão sem a tal suavidade
Que agora me traga n'alma fadiga
Ou tão pouco no horizonte ortiga
Amargando o hoje de infelicidade
E, não mais me escondo pela vida
Nem abandono mais a dor rapariga
Quero apenas, precioso, poder ser
Sem o normal, abismal, sem ferida
Afinal, ter harmonia na ação parida
É ser desigual, mas o amor, haver!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
SONETO PARA MINHA MÃE
Tu és
Toda a primavera em sentinela
Profecia de amor por Deus prescrita
Borboleta que eterniza paz in minha janela
Andorinha que entoa a canção mais bonita.
Tu és
O vento com gostinho manso de brisa
O sol mais lindo e puro que minh'alma aquece
A chuva lavando minha dor por onde pisa
A luz perene que in melodia me amanhece.
Tu és
O lado mais doce que brota em mim
A orquídea azul mais linda do meu jardim
A prece de candura que preciso in romaria.
Tu és
A poesia que me perfuma in ternura
A voz mansa que preciso com candura
Todos os sorrisos de alegria que me alumia na calmaria .
A duplicidade da vida (Soneto)
Alegria e tristeza
Ganhos e perdas
Prazeres e dores
Perfeição e imperfeição
Alegria nas tristezas
Ganho nas perdas
Prazer nas dores
Perfeição nas imperfeições
A vida é feita de instantes
Instantes bons e instantes ruins
Instantes bons nos instantes ruins
A felicidade é feita de momentos
Momentos bons e momentos ruins
Momentos bons nos momentos ruins.
Um soneto preciso
Um soneto só, um soneto somente
Uma frase, um verso, uma vertente...
Delirante regozijo, um solene
sorriso!
Entres aspas, dois pontos e um improviso.
Porém, pobre soneto… ainda indeciso!
Mergulhado em sua métrica indiferente...
Sufocado pela fôrma em sua mente!
Mesmo assim fluindo! Se fazendo conciso!
Distribuí seus versos enfileiradamente!
Cataloga cada um, como uma forma de aviso...
Que a rima e o sentido, não são uma corrente!
Disfarça as palavras, faz-se incisivo..
Do disfarce, o último verso chega finalmente!
E com ele o fim do sentido! Um Soneto preciso...
Soneto de felicidade interior
Buscai-nos, a felicidade dentro de seu interior.
Declaro que o caminho é longo e insisto em continuar.
Quero continuar incessantemente acreditando que vou achar.
Esse momento de esperança nós traz paz e reflexão.
Momentos pequenos que traduzem uma vida toda.
Passamos momentos rápidos nessa vida.
E verdade, passamos momentos todos os dias aprendendo.
Mesmo um simples momento que menos damos interesse.
Esse sim é o maior aprendizado.
Prestar um favor em si mesmo.
Guardar momentos bons na memória faz bem.
Essa busca dentro da memória.
São coisas que guardamos e lembramos, pois nos faz bem.
Onde está essa tal felicidade.
É simples basta olharmos para dentro de nós mesmos.
SONETO NA MADRUGADA
No cerrado, numa certa madrugada
Sem saber se parava ou caminhava
Se me desiludia ou se me encantava
Só sabia que a quimera estava calada
Aí, a aflição que a saudade recordava
Num céu desmarcado e de mão dada
Com a solidão, ali tinha hora marcada
E o silêncio então, comigo devaneava
Ouvi o vento na janela dando pancada
Ansiando entrar, e então, assim ficava
Repetindo num bate e bate a chamada
E a madrugada que o sono desprezava
Grafava dor, aperto, lágrima derramada
Num soneto, no qual, só suspiro coava
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 17/05, 04'35"
Cerrado goiano
SONETO DA PERDA
Nuca eu quisera desejado tal saber
Dizer com a dor um adeus querido
Erigindo com o dano choro balido
Fugindo com a harmonia do viver
Dó é arrancada do pesar instituído
Saudade deplorada de não mais ter
Que somente lembranças há de ver
E lágrimas no suspiro do vil contido
Some, e põe o amor tão triste... Ser
Sorriso suspenso, prazer em gemido
E a noite tão distante do amanhecer
Nunca ninguém pela perda ter podido
Dói tanto, tão dolorido, a permanecer
Que no sentido, o desalento é definido
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
UM DE JULHO (soneto)
Se sois, inverno, no cerrado se sente
De tempos frios com tal bravio vento
Que tomais a secura como elemento
E neste movimento, és inteiramente
Nuvioso,horas breves, chão sedento
Da mesma natureza, e tão diferente
Dias vão que passa no fugaz poente
Rubente o céu num encaixotamento
E desta vida em tudo ó mês valente
Sê da metade do ano, planejamento
Férias breves do docente e discente
Como do calendário és afolhamento
E teu entardecer não mais reluzente
Tudo em vós, julho, traz sentimento
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SONETO DE UM AMOR PROIBIDO
Da paixão surgiu o meu eu encantado
Do silêncio, suspiros sem sons ledos
Engasgados como são nossos medos
Onde o inviável está ali aprisionado
Aqui confesso, então, estes segredos
D'alma que vai com o perigo ao lado
Desgovernado sem o tempo marcado
Pávido e, com os sentimentos vedos
Triste o afeto que quer ser enamorado
E se queima em aventurosos folguedos
De ilusão, que não deveria ser desejado
O que é rochedo é o amor proclamado
Tudo passa, é passageiro, só enredos
E este, proibido, é um amor agoniado...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO NUMA SÓ DIREÇÃO
Tudo é ligeiro, fulgaz e pura ilusão
Do pó, e para o pó, somos nada
Mal desperta a quimera sonhada
Vem logo a sorte na contramão
O tempo nos engana, só fachada
Então, ter vaidade, é mundo vão
Primavera florada, inverno, verão
Outono de folhas ao vento levada
O que as mãos remam, passaram
A emoção faz do coração morada
Nesta trilha de dúvidas, vastidão
Porém, o amor, ah! Este é jangada
De velas içadas, numa só direção
Levando a alma, numa só toada
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
TEMPO EM SONETO
Se tempo é a minha fortuna, quero ir além
Ter quem, no essencial tempo para amar
Tempo nas palavras pra falar com o olhar
Tempo no tempo pra ter tempo, também...
Porém, que este tempo traga um lugar
Que se possa no tempo confiar a alguém
Tempo ao tempo que esperança contém
Criando tempo no meu vário caminhar
Se tempo é tudo que tenho, me convém
Aprecia-lo com tempo, assim, respeitar
Cada tempo que o tempo no fado detém
Então, no tempo eu ter afeto sem desdém
E cada detalhe do tempo, o bem embalar
Sem objeções e ofensas ao tempo... Amém!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
Soneto O caminho do coração
O caminho pra chegar em meu coração
É muito simples...basta começar com olhares
E se os teus olhos, assim como os meus brilhares
Terás em meu pensamento reação
Se por mim tiver muita aspiração
E se meu sorriso espontâneo ganhares
Poderá andar comigo em muitos lugares
E quem sabe, bem de perto sentir minha respiração
Por ti e pelos momentos que passarmos juntos
Os risos provocados por tal felicidade
A espera de mais uma vez, unir em pensamentos
Mais uma vez ter a oportunidade
De mãos dadas em soluços dizer sentimentos
E andarmos...na mais completa naturalidade
Soneto Ao sorriso
Olho o sorriso esplendoroso
Teus olhos lindos de sol infindo
Como uma luz, vão espargindo
Por ser tão poderoso
E em teu regaço amoroso
Nosso amor vai fluindo
E de você eu vou fruindo
Me acalentando, dormindo
Amor meu, doce amor do meu coração
Nunca vi tamanha perfeição em teus traços
Que afeta a minha fala, e até minha respiração
E mesmo que eu esteja morrendo, caido, em pedaços
Por alguém que me dê, tanta inspiração
Se for pra morrer de amor, que seja nos teus braços
