Sombra
No silêncio pulsante, o vento escreve em cores invisíveis, e a sombra dança com a luz que não se vê. O tempo se dobra em palavras mudas, tecidas entre murmúrios que ninguém escuta, mas todos compreendem. O céu é uma sinfonia de ausências que preenche espaços deixados pela memória.Entre raízes do não-ser, brotam sonhos que não chegaram e promessas que nunca partiram. O vazio se enche de significados que escapam da lógica, e a ausência torna-se a presença mais verdadeira. No sopro das coisas sem sentido, mora a mais profunda razão.
"Deus é como a sua sombra, é sua imagem e semelhança, porém, Ele só aparece quando você esta sob à luz!"
Satisfatório é ter a certeza que suas sementes e pegadas um dia servirão de sombra e trilha para aqueles que ainda nem nasceram.
Senhor, livra-nos do peso do egoísmo, da sombra que se ergue quando o "eu" se coloca acima de tudo, quando esquecemos que o amor é maior que qualquer vaidade.
O egoísmo congela os laços, transforma o silêncio em desprezo, faz do coração uma prisão onde só existe o próprio reflexo. Ele se disfarça de amizade possessiva, se revela na inveja que não suporta ver o outro feliz, se mostra na incapacidade de celebrar a vida que floresce além de nós.
Mas Tu nos chamas à empatia, à humildade que reconhece que não somos o centro do universo, ao amor que se doa sem esperar retorno, à fé que nos lembra que há algo maior que o "eu".
Que o egoísmo não seja nossa voz, que não seja nossa escolha, que não seja nossa herança.
Ensina-nos a abrir janelas em vez de erguer muros, a enxergar o outro como irmão, a transformar o "eu" em "nós".
Que a luz da empatia vença a sombra do egoísmo, e que a humanidade reencontre no amor o caminho da esperança.
O ciúme é uma sombra que se arrasta silenciosa pelo coração, um visitante indesejado que se instala nos cantos mais frágeis da alma. Ele nasce do medo, do vazio que insiste em nos lembrar que não somos donos de nada, nem mesmo do amor que recebemos. É como uma tempestade que se forma no horizonte: primeiro uma nuvem discreta, depois trovões que ecoam dentro da mente, até que o céu inteiro se cobre de desconfiança.
No ciúme, o amor se transforma em posse, o cuidado em vigilância, o afeto em prisão. É o desejo de segurar o pássaro com força, sem perceber que, ao apertar demais, suas asas se quebram. O ciúme não protege, ele sufoca; não fortalece, ele corrói. É o reflexo da insegurança, o espelho que mostra não o outro, mas a nossa própria fragilidade.
E, no entanto, há algo de humano nesse sentimento: ele revela o quanto desejamos ser únicos, o quanto tememos ser esquecidos. O ciúme é a confissão silenciosa de que precisamos do olhar do outro para nos sentir inteiros. Mas amadurecer é compreender que o amor não se sustenta em correntes, e sim em liberdade. É confiar que quem está ao nosso lado permanece não por obrigação, mas por escolha.
Superar o ciúme é aprender a soltar, é aceitar que o amor é rio e não lago, que precisa correr, fluir, encontrar caminhos. É reconhecer que a verdadeira força não está em vigiar, mas em confiar; não em prender, mas em permitir que o outro seja livre. Porque só na liberdade o amor se revela inteiro, e só na confiança o coração encontra paz.
Tatianne Ernesto S. Passaes
No impossível mais azul do nada, onde o abstrato se desfaz em si mesmo sem eco ou sombra, o mar engole o tempo como um pássaro que não voa, mas devora horizontes inteiros. Ondas de eternidade se entrelaçam em penas de relógio derretido, e o agora se afoga em plumas salgadas, levando embora os venenos da alma humana; invejas que se evaporam em espuma quântica, ódios que viram conchas vazias girando no vórtice do nunca. Pássaros sem corpo, feitos de minutos partidos, alçam os males do mundo em asas de esquecimento: guerras que pesam como nuvens de sal, tristezas que caem como gotas de ontem, tudo arrastado para o abismo onde o mar e o tempo se beijam em silêncio impossível. Ali, no núcleo do intangível, o mal se desfaz em nada, e o mundo renasce leve, como um voo que nunca pousa.
Na sombra do vício, a liberdade é um eco perdido que só a coragem consegue resgatar.
EduardoSantiago
O passado não é um lugar para visitar, mas uma sombra que insiste em caminhar na sua frente.
EduardoSantiago
Olhei para trás e vi ecos marcados como passos na neve seca, intocáveis como a sombra que reflete a pouca luz.
Vestígios de sangue deixaram rastros de sentimentos que mergulham nas profundezas da dor.
Mas, quando olho para frente, vejo apenas cicatrizes silenciosas que me lembram que tudo já passou.
_Elisa Morales
Fora da Sombra
Viveu na sombra por muito tempo
Sem questionar o que via ou ouvia
Mas um dia sentiu uma vontade
De explorar o mundo que existia.
Você saiu da sua zona de conforto
E descobriu que havia muito mais
Do que apenas sombra e zunido
Muito mais do que havia aprendido.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta mas faz exigências,
Já que agora você pensa.
Diante de uma nova realidade
Viu que nem tudo era como imaginava
Se encantou com a beleza e a diversidade
Mas também se deparou com a maldade.
Você aprendeu tudo o que podia
Para enfrentar os desafios apresentados
Ganhou novos inimigos e aliados
E percebeu que as coisas mudavam todo dia.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta mas faz exigências,
Já que agora você pensa
Às vezes até sente saudade
Da época em que vivia na ignorância
Mas sabe que não pode voltar
Pois agora você tem consciência.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta, mas faz exigências
Já que agora você pensa.
Agora você tem consciência
E isso faz toda a diferença.
Não busques em mim a sombra já finda,
a melodia que o tempo calou.
Sou o novo verso em página ainda límpida,
a alma que refez e se revelou.
O Vazio Exorbitante da Alma
Não há berço vazio a chorar na casa,
Nem a sombra fria de uma dívida que arrasa.
O mundo vê a pele que não sangra, limpa e sã,
E pergunta à alma: "De que sofre, ó artesã?"
Pois onde não há perdas visíveis, nem tragédia,
O sofrimento parece uma comédia, uma lenda.
Mas a dor que me habita é a do invisível laço,
Um grito que não ecoa neste vasto espaço.
O Choro Sem Filho é o Choro Pela Luz,
O desejo de ser porto, e não a cruz.
É o luto pela forma que o amor não me alcança,
A eterna espera por uma real aliança.
A Dívida Ausente não alivia o meu fardo,
Pois devo a mim o afeto que me foi negado.
Devo o calor que a frieza do dia a dia esconde,
O eco vazio da pergunta: "Onde? Onde?"
É o sentimento em chama, o apego a se rasgar,
A fome voraz de ser aceito, de pertencer, de amar.
A necessidade que pulsa, crua e exposta,
Por uma presença que nunca me foi aposta.
E por trás do sorriso que a vida me empresta,
A frieza diária me veste e me orquestra.
Mas o silêncio é o manto onde a dor se aninha,
A falta exorbitante que me faz só, e só minha.
Querida
Enquanto encaro sua sombra que se move sozinha
Imagino o que eu faria se tivesse o mesmo poder
Se pudesse me mover,
Me soltaria das minhas dores
Uma vez livre, enxugaria meu rosto
E você me daria um abraço
Depois que me confortasse,
Eu faria aquilo que amo
Escreveria sobre o amanhecer, sobre amar e recordar
Escreveria sobre madrugadas, odiar e esquecer
Cada letra carregaria um sentimento profundo
Minhas palavras cortariam mais que facas
Uma vez estancando os cortes,
Você me daria um beijo
Então, me sentiria segura
Eu faria algo novo
Desenharia minha loucura, seu rosto e nossas bocas
Desenharia nossas mãos tímidas a se tocar
Depois, você virá com água e a derrubará
me encararia e me daria um tapa no rosto
Você me chamaria de louca?
Você me acha uma completa louca?
Ao fim do tapa, me prenderá novamente
Atiçará minhas dores e temores
Me trancará no vale do esquecimento
Me deixará apodrecendo
Até que eu morra
Em meio ao tormento.
