Sertão
Lá no sertão, onde o sol castiga, Se o caboclo só vê seca que briga, Esquece a beleza do mandacaru, Da flor que resiste, do céu tão azul. Muda o olhar, vê quanta riqueza, No seco também há muita beleza!
Esperar pra ficar com você, é como esperar uma tempestade no sertão nordestino, mas como acredito esperarei ate o fim.
SP: de Sertão
É, pão custa,
custa caro o 'p' de peão,
o 'e' de escola [, ou de isqueiro
todo um 's' de sertão
o 'a' de "Ah, você não!"
E aquela 'cola' de mundo moderno
que não vou assumir,
Eu uso terno!
O sertão nordestino nunca vai acordar do pesadelo da fome porque os políticos brasileiros "dormem eternamente em berço esplêndido".
AVE,ROSA E O SERTÃO NOSSO DE CADA DIA
O mês de julho foi testemunha do aniversário de 50 anos do lançamento de Grande Sertão: Veredas. Há 50 anos, portanto, temos a ventura de conviver com uma leitura que encerra um universo aberto, que abre um universo cerrado, numa ambigüidade do mestre que sempre ensina mas que, "de repente, aprende". Será possível medir o que significou para a literatura brasileira o advento desse alentado deleitado romance, ousado na linguagem, na temática, na abordagem e na construção?
Linha a linha, mestre Rosa constrói no diapasão da metalinguagem uma história de amor, recheada da sabedoria cabocla, com a fina observação do homem, do espaço e de como um vice-versamente interfere sobre o outro. Grande Sertão: Veredas é um inspirado questionamento do íntimo de cada pessoa humana que é toda pessoa humana. Pois se o sertão está dentro de cada um, e se o sertão é o mundo, então o mundo inteiro está dentro de cada pessoa. A universalização das individualidades ganha o seu complementar contrário na individualização dos universos. E aí está a riqueza de Rosa: o sertão é a cidade, a cidade é o sertão, ambos são o mundo, e o homem está em todo lugar. Dúvidas e certezas, conflitos e convergências, ficam mescladas na natureza de cada homem. A sabedoria só era cabocla por causa da intenção de registrar a poética do falar sertanejo, mas pode ser vista como a sabedoria de cada homem que é todo homem, e que cabe em qualquer lugar, não só em Minas Gerais.
Guimarães Rosa construía cada obra de dentro para fora. Era ele assimilando o mundo e devolvendo o que enxergou, sob a forma de narrativas trabalhadas.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está, ele mesmo, dentro do romance. Observa, de dentro, no tremer da luta, as situações e as almas. Ele é, por exemplo, o interlocutor de Riobaldo, o misterioso ouvinte, que ouve o relato do guerreiro e a sua travessia pelo caráter do sertanejo.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está dentro de outra história, como o menino piticego que ganha óculos e aí sim começa a enxergar o mundo, a vida. Nova travessia.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está testemunhando tudo, postado na terceira margem do rio, vendo o viver e o esperar de pai, filho e espírito santo, na trilogia da religiosidade barroca. Travessia, outra vez.
São histórias outras e simultaneamente as mesmas, enredadas como corpos, nos bailes das Gerais. Todas as histórias, seja num livro ou em outros, são veredas que deságuam num mesmo rio grande, em viagem grandota como a de Mário de Andrade.
Conheci pessoas que conheceram o mestre Rosa, e que me falavam do jeito acanhado desse mineiro do burgo do coração. Contavam de como ele, muito míope, apertava bastante os olhos para ver melhor o interlocutor. Querendo ver, "eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente."
Matéria vertente é a matéria fundamental, a vida, a origem da vida, o bem e o mal, os contrastes do físico e do metafísico. É sobre isso que meditou o Joãozito. Para, depois, dividir conosco, seus leitores, o que resolveu contar. Não sem sofrer, porque a criação é trabalhosa. "Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas - de fazer balance, de se remexerem dos lugares."
As coisas mudam de lugar na memória da gente. Ganham uma certa névoa de esquecimento, que perturba a limpidez da lembrança. Mas, em nossa memória coletiva, João Guimarães Rosa tem lugar certo, cristalino e bom. Bem no pedestal, onde ficam os melhores.
(Artigo publicado na edição de número 97 do Jornal das Letras)
Olha a chuva, pingos tão caindo, formando poças d'água.
O sertão ta sorrindo, as flores se abrindo, os pássaros tão
cantando, o seco virou verde, os animais tão dançando.
Olha a chuva, sente o frio !
"Sobre o mar de Conselheiro
Nas cantigas de Gonzaga
Dos incriveis brasileiros
com o sertão dentro da alma"
Com a cara do sertão
Ao sol, o trabalho dia-a-dia,
A vida como de um ermitão,
Testa marcada toda em fatias.
Insolação no rosto, calos nas mãos,
Nada de mordomias.
Garantindo, com isso, o pão:
A fome que se irradia.
Na Xerófila verde do sertão,
O solo clamando chia,
Restos em decomposição
De uma vida sem harmonia,
Exagero que não é pouco,
Semelhança em sintonia.
Terra rachada como é o rosto,
Identidade de um povo,
No sofrimento um do outro,
A real face nordestina.
A chuva caiu, molhou a terra tão sedenta, trouxe o verde novamente ao sertão, alegrou a vida do retirante, renovou esperanças até no amor, revestiu nossa alma do mais puro frescor. Sinônimo bençãos hoje em dia e também antigamente, fez a relva em brota nova renascer. Bela chuva, doce chuva, traga-nos mais sonhos, novos e antigos, renove nossa esperança, devolva-nos a doce lembrança. Ah chuva, doce chuva, vem... Nos queira bem em qualquer instante, lave nossa alma da secura de amor,refrigere o calor nos pesadelos sem paixão... Devolva-nos todos os sonhos que já vivemos, leva-nos no seu canto, na sua melodia, que um dia, o amor totalmente embalou. Traga-nos o abraço acalorado da paixão ao nosso sonho, que hoje em dia tanto insiste em não mais voltar... Ah chuva! Doce chuva, onde você foi? Ah sonho, belo sonho! Quando vai voltar? Enquanto apenas em lágrimas brotar, na terra, tenaz secura ainda haverá. Cada dia sem amor, no silêncio da madrugada, sempre alguém irá chorar...
Como é lindo o meu sertão
Que me deixa fascinado,
Guardo no meu coração
As lembranças do passado.
Lembro das estrelas deixando o céu tão bonito
Um show de constelação
Iluminava o meu sertão querido.
Lembro do bem-te-vi
E também do sabiá,
Eu fico pensando aqui
Quando é que eu vou voltar.
Luzes de um Ser Tão imerso
As luzes brincam de sertão
A saudade brinca de gangorra
Às vezes dói, vez em quando vêm alívio
A saudade é a flâmula do desejo de estar
O pai a léguas de distância então
Exalta a resignação forçada
a estar em uma feliz solitude
Tresloucada mordaça em contos de fada
Um vão suspiro - de alívio ou solidão
Enternece o pai distante não por querer
A causa vence efeitos, júbilos, grãos
Assim as luzes podem - e devem
Brilhar mais na seca paisagem
Brincar por raras folhagens
E brincar como seres fortes que são
Tão ser...
Luciano Calazans. São Paulo - SP, 13/09/2015
SOMOS NORDESTE!
O nordeste é um paraíso
do sertão a beira mar
vivo com dinheiro ou liso
mas não deixo esse lugar
passo férias e não preciso
de um tostão pra viajar.
No Interior.
No sertão o tempo para
como o choco da galinha
trago o meu fecho de vara
enquanto se moi a farinha
aqui barulho é coisa rara
e pode ter vida mais cara
mas não troco pela minha.
Sertão vivo!
Do sertão sou nascido
é onde me sinto bem
é meu lugar preferido
e outra terra não tem
na chuva tudo é florido
e aqui eu sou bem servido
sem precisar de um vintém.
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