Seco
CERRADO SECO (soneto)
Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento
Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento
Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso
Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
ÁRIDO, MUITO ÁRIDO, SECO
Árido, seco, muito árido
O vento do cerrado leve passa
Contigo leva o sonho parido
E vai-se entre tortos galhos, arruaça
Assoprando na melancolia alarido...
E eu sentado no banco da praça
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Não foi como eu imaginava... Foi vazio, seco, frio... Ele estava tão distante que eu parecia estar só...
Não teve flores, surpresas, ou troca de olhares...Houve apenas um silêncio... E a culpa foi minha por excesso de expectativa da minha parte. Não se pode esperar algo de quem não tem nada para te oferecer.
OU você acredita no que você conquistou, e aceita se jogar por completo nela, OU é melhor que nem comece...
Meias situações, criam meias verdades, meias mentiras, meia culpa e nenhuma solidez.
Antes de gastar seu tempo cuidando de galho seco, teste quebrando uma pontinha para ver se ainda tem seiva viva.
GALHO SECO
Num galho seco caído à beira do caminho
Vi pousar um alegre passarinho
Quebrou um galhinho com o bico
Voou dali para longe
Aquele galho seco caído no chão
Um dia foi verde
Deu flor
Agora tão frágil
Sem cor
Mesmo assim me ensinou:
Só gravetos secos podem ser ninho.
Flor de mandacaru 🌵
Há quem pense que seja só espinho, que não tem cheiro nem sabor;
Que é arbusto seco que nasce sozinho;
que não dá flores e não muda de cor;
Não precisa de cuidados nem de carinho;
germina até nos telhados da casas, semente levada pelo vento ou passarinho.
Por essa condução, um certo dia,
um passarinho pousou em minha mão
Deixando uma semente;
o vento bateu e caiu no chão;
dias após, germina uma flor,
A flor mais linda do sertão.
Cresceu rapidamente.
Brotou os primeiros espinhos;
chegando a furar-me.
Não por ser rígida, era apenas o jeito em que eu conduzia às minhas mão.
Ao compreendê-la, pude trocá-la;
os seus espinhos se tornaram macios;
feito plumas de algodão.
Aparentava ser seca por fora, mas, a sua fibra era tão suculenta que quando apertei, escorreu água em minhas mãos.
Água captada por suas raízes, fixadas no lençol freático chamado coração.
(Linda flor, simbolismo do sertão).
O vento que batia em seu caule e passava entre os espinhos formavam um lindo som para os meus ouvidos, dando-me a certeza de que ninguém nasceu pra viver sozinho, no sertão da solidão.
Ela me mostrou que até os mais duros espinhos possuem vida e que em todo o ser existe amor;
basta apenas encontrá-lo e rega-lo;
E, logo verás o nascer de uma flor.
O que seria do sertão, sem essa flor que nasce em solo tão árido e colore o mato seco?
Simbolismo do sertão, linda flor que nasce quando vem chegando a chuva;
Dando esperanças ao sertanejo;
Uma obra prima tão linda quanto a sua existência, é assim que a vejo.
Não sei se é branco,
Franco,
Seco,
Sem jeito,
Feito tinto,
Vermelho,
É groselha
Ou será
Cantina da serra?
Era mais que um espetáculo, era um milagre que o sertanejo esperava o ano inteiro: ver aqueles fios translúcidos condutores de vida, desafiando raios e trovões, para serenos cairem no incandescente solo do sertão matando sua monstruosa sede.
O meu desprezo é direcionado aos covardes de espírito seco e de coração oco que temem a intensidade de existir. Portanto, meu bem, não seja dominado pela apatia: lembre-se de que não há esperança para aqueles que negligenciam as suas próprias emoções.
Vinte Gotas de Verão
Eu bebi vinte gotas de saudade
em tudo que eu bebi,
e nos últimos meses esqueci
que pra matar algo
tem que ser à seco;
Eu chorei vinte gotas de saudade
Em tudo que eu chorei nos últimos meses,
Mas saudade não é algo que se pode matar afogado;
Nesses meses de verão
o sol que torrou lá fora
Aqui dentro ainda molha
meu rosto já inundado
Em chuva afogado
mas ainda assim sedento,
surdo, mudo em lamento,
das coisas que eu nem sei
dos beijos que não dei
do amor que não recebi,
naquele tempo em que
lá fora que chovia
e aqui dentro sempre dia
era o sol que se fazia.
SECURA SEQUIOSA
Sequiosa a secura, como é frágua
o chão ressequido árido secou
Posso ter sede de mais água
mas do craquelado, o cerrado eu sou
E na cremação dos meus versos
saudades, magia e seca maresia
Rimando no cerrado, diversos:
O abrandar da noite, a azia do dia...
Fria está sequidão, ardida e fria!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2016
Cerrado goiano
Complexo de superioridade
compensação neurótica
como resultado de sentimento de inferioridade.
Sente desigualdade quando é pra sentir igual,
sente inferioridade quando é pra entender desigual.
Igual só igual... ninguém é na vida real.
Sim, somos todos iguais, mas cada um é também desigual.
O planeta não é um ovo,
em cada canto há algo novo.
Nada de superioridade
apenas entender e aceitar a própria exiguidade...
diante de tanta variedade.
Além disso, lembrando Foucault, eu diria...
superioridade sente aquele
que "o sangue seco nos códigos" negligencia.
Você é como flor; que no verão florece lindamente. E no inverno; seca e desaparece, como o adeus que me disseste.
e sempre fora como a imensidão do mar,
porém, os dias castigam tanto,
que daqui a pouco virá Ser(tão), seco e árido.
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