Coleção pessoal de warla_weide

Encontrados 9 pensamentos na coleção de warla_weide

A vida é uma frase que se contradiz

Vinte Gotas de Verão

Eu bebi vinte gotas de saudade
em tudo que eu bebi,
e nos últimos meses esqueci
que pra matar algo
tem que ser à seco;

Eu chorei vinte gotas de saudade
Em tudo que eu chorei nos últimos meses,
Mas saudade não é algo que se pode matar afogado;

Nesses meses de verão
o sol que torrou lá fora
Aqui dentro ainda molha
meu rosto já inundado
Em chuva afogado
mas ainda assim sedento,
surdo, mudo em lamento,
das coisas que eu nem sei
dos beijos que não dei
do amor que não recebi,
naquele tempo em que
lá fora que chovia

e aqui dentro sempre dia

era o sol que se fazia.

Versos Para Acordar Alice

Alice, acorde!
Acabou a hora do chá!
há um chapeleiro no sofá,
ele disse que é seu pai, mas não parece com você.
Alice, acorde!
A hora do chá acabou!
Eu juro ninguém te dopou,
você quem escolheu assim.
Alice, acorde!
Há um chapeleiro na sala
disse que veio lhe salvar, reprogramar,
Alice! A hora do chá acabou!
Ele disse que a rainha é você!
-Alice sem tempo, Alice apressada!
É hora da retomada...
É tarde! É tarde! É tarde!
O chapeleiro não disse a metade!
Falou em toca do coelho...
Alice! O chá de canela!
Canela! Canela! Canela!
O chá acabou,
tem um chapeleiro na sala
disse que é seu pai,
mas não parece com você.
Alice! acorde Alice!
Acabou a hora do chá!

Feliz desaniversário!!!

Eu- Pássaro
Eu te amo!
Assim como amo os pássaros;
Logo
Pássaro sou.

(...) ‘’Tu és meu chá de camomila
Em meio ao caos que me atormenta
És abraço que afugenta
Tu és café bem adoçado,
És meu beijo roubado,
Tu és manhã fria de sol...’’

Último Murmúrio de Um Amor Que Nunca Foi
(...) E então
Parou de ouvir aquele tiro no escuro
Era o Último murmúrio
Sem dor. Sem lamento.
Apenas o som do vento
Que dizia por si só a ausência de tudo.

Permanecia calado
Estava cansado de ser
O que nunca foi:
- ''Nunca foi amor''


'' Pode ser que o amor não seja só um tiro no escuro.
Pode ser.
Porque no fundo quem não quis ver fui eu''.

...
Na parede da sala os ponteiros rasgando o relógio;
No quarto o escuro rasgava do teto ao chão;
- Na cama rasgavam-se os corpos.
Nas costas os rasgos suaves, marca de unhas cruzadas na pele. Na boca rasgam-se os beijos e no entrelaçar de pernas e braços rasga-se a distância e as leis físicas. Um ‘’Eu te amo’’ rasgou o silencio que embala as noites de quem dorme dentro.
Uma cena de amor escrita em folha qualquer, cujo vento vem e leva, e na primeira poça molha e rasga-se com todo o resto. Rasgam-se os beijos, os braços e pernas, Rasga-se o ‘’te’’ o ‘’e’’ e o ‘’amo’’.
Rasga-se a voz.
E no calar entediante dos agora ex amantes a boca que já nem sabe falar cospe;

A palavra ‘silêncio’ permanece intacta no papel.

- Por onde anda a delicadeza das coisas?

Aranha

Aranha,
Emaranha
Tua boca peçonhenta e fanha,
Tece as cordas da tua voz,
Em tuas verdades dá nós,
E nós?

Como as Moiras tecem destino
Amargo é o destilo
Do veneno à doce e exitação
Me prende, me enleia no chão
Com tua teia traiçoeira,
Viúva Negra,
Me estrangula o coração.