Seca
ESTIAGEM NUM SONETO
Eu grito por chuva, intensa e forte
pra encharcar o cerrado ressequido
tão sofrido, que clama num alarido
por gota d'Água, num altivo porte
Eu vozeio pelo vento desmedido
soprando humidade num suporte
pra este chão carente e sem sorte
chovendo vida, e o vivo permitido
Também a natureza uiva de morte
aos céus, que acabe o sofrer infindo
tombando a chuva sem ter recorte
O sol regente do sertão, intervindo
se faz ufano, intenso, num aporte...
E a chuva, ah! Essa, não vai caindo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
Eu nunca tinha me dado conta do que as pessoas idosas têm de suportar! (...) Mas não acredito que um lobo vá me comer. Eu devo estar muito seca e dura. Isso já é um conforto.
O sertão nordestino
Povo trabalhador e guerreiro
Homens e mulheres de fibra e hospitaleiros
Lutam contra a seca e seguem seu destino
Assim, é o sertão do povo nordestino
O sol castiga essa terra seca desprovida
O agricultor espera a chuva prometida
O gado, quase sem forças, se mantém inteiro
Água por aqui vale mais que dinheiro
Quando chove no sertão é uma festa
Hora de pegar a enxada e suar a testa
Os olhos voltam a brilhar de emoção
É hora de arar o roçado com todo o coração
O gado volta a ter água para sobreviver
O roçado todo verdinho da gosto de se ver
Agradecem a Deus pela chuva aparecer
Trazendo alento a um povo cansado de sofrer
Doutrinariamente as gravuras artesanais nas artes plásticas tradicionais são três a xilogravura, a gravura em metal e a litografia. A xilogravura é considerada a mais antiga delas, pois era usada desde o inicio da idade media, para anunciar os eventos itinerantes, originário do termo italiano "I Musicanti", que eram peças de teatro musical infantil, tem por base desenhar no taco de madeira por goivas metálicas. A seguir temos a gravura em metal que tem como matriz uma placa de metal geralmente em cobre, por ser mais macio. A imagem é encavada no metal, de diferentes maneiras por objetos com pontas duras ou ácidos. Por fim a litografia que é a técnica de gravura em que se usa a pedra como matriz. A pedra litográfica geralmente é feita com um calcário especial que é desbastado por meio de um tratamento químico na pedra.
A esperança do sertão
As vezes me lembro da última chuva
A maninha ainda tava na barriga da mamãe
Conseguia ver o sorriso de painho em seu rosto
Agradecíamos a Deus por cada gota de água que nos abençoava
Ainda tínhamos esperança
Gostava dessa época
Acordávamos bem antes do galo cantar
Miguel sempre resmungava das longas caminhadas até o poço
Ajudávamos papai até nossas mãos se enxerem de calos
Eu nem ligava, o importante era que nós estávamos juntos
Ainda tínhamos esperança
Depois que partimos de lá
Não se falava mais com vovô
Tentava chamá-lo, mas ele não respondia
Mamãe rezava mais uma Ave Maria, com os olhos cheios de saudade
Ainda tínhamos esperança?
Muito tempo se passou e a chuva no sertão não volta atrás
Olhando para baixo, vejo os registros das pessoas que já passaram por aqui
Olhando para frente, vejo a seca assombrar cada pedaço de vida desse nosso interior
Olhando para o lado, vejo a face de todos se apagando lentamente
Não temos mais esperança
Soneto ÁGUA NO SERTÃO
Quem foi que disse que não existe
Abundância d'água aqui no sertão
A seca braba aqui até que persiste
Com este sol arretado de quentão
Mas a água com toda força resiste
E se espalhando nesta imensidão
De céu azul e de gente que insiste
Luta, labuta e ama ver esse verdão
Que é verdade dura só alguns dias
Mas é sinal que há água no Sertão
De chuvas que ainda que erradias
Caíram no sertão formando bacias
Aguando a terra que alivia apertão
Trazendo esperança e vidas sadias
O amor de Deus por nós é infinito e imensurável, uma fonte que jamais se seca, sempre pronta para nos acolher, guiar e transformar.
Existe terra seca, sem vida.
Tudo foi devastado, não restou nada.
Não há nada, tudo foi acabado.
Quem ver de longe e até de perto, pensa está tudo normal.
Porém, ali não há vida.
Só quem sabe que ali nada existe, é quem ver por dentro.
Quem vê de fora, achar que ali algo existe;
Quando na verdade, o que restou foi a casca externa.
Pois lá dentro, nada mais existe e nunca mais será.
Quando Deus se faz presente no silêncio da noite é como chuva que cai em uma terra seca e sedenta. Só Deus pode dar a vida as plantas semimortas dos corações dilacerados pelas circunstâncias da vida.
No Recanto Abandonado
O sol ardido no meio da tarde pulsando sobre a cabeça despreocupada de quem anda pela secura do chão como se fosse um carneiro. Um caminho aleatório tomado em meio à grande planície vasta carente de vegetação, perdida entre serras e serrado, sob o céu azul sem nuvens estalando o capim marrom, que se mistura ao vermelho do chão qual o vento sopra poeira no horizonte camuflado pela distancia.
A boca seca, sedenta por um gole d'água, seca cada vez que o cigarro de palha é tragado insaciavelmente para dentro dos velhos pulmões batidos dependurados entre as costelas salientes da esguia figura andante. Muito ao longe ouve-se o ar calmamente balançando a fantasmagórica dimensão de terras infindáveis que estendem-se preguiçosas por quilômetros trazendo o som de alguns insetos perdidos e pássaros solitários á caçá-los.
Embriaga-se de espaço, de tempo e altas temperaturas. Cambalea-se pisando sobre as pedras soltas, esqueletos de outras terras, outros tempos. Vê turvamente uma sombra dançando à frente, uma pequena árvore avulsa tomando o eterno banho de sol do verão sem fim no mundo esquecido onde ninguém vai. Sentindo-se convidado a sentar-se à sombra, automaticamente tira mais um pouco de fumo e vai enrolando mais um longo palheiro, que é apetitosamente devorado em seguida.
Junto ao estreito tronco, sentado, magro, fumegando um rastro de fumaça aos céus, pensa que é capim, enraizado no solo árido onde nem rastos vingam. Como toda rara vegetação do lugar, deseja água, olha para o céu e não consegue ver nem uma nuvem, fecha os olhos e tenta apalpar as profundezas do chão, estica suas raízes até onde consegue alcançar, mas nada encontra. Torna a olhar para o céu, e fita a vastidão azul tão infinita e inacessível quanto a terra estendida ao longo das distancias incontáveis deste lugar nenhum.
O entardecer vai esfriando e entristecendo o coração de mato do pobre sujeito que adormece em meio a ventania que sopra areia sobre suas pernas como se fosse o coveiro dos sertões misturando-o, transformando-o em rocha, levando o pó de sua existência a se espalhar para além de onde se possa juntar. Adormecido, não vê a noite seca chegando aos poucos, matizando o céu profundo que se escurece atrás das cortinas de poeira.
Sonhando tão profundamente quanto suas raízes de capoeira, entra em contato com o pequeno grupo de plantas ao seu redor, aos poucos sintonizam-se e passam a relembrar das chuvas passadas, do alvorecer umedecido, do frescor da noite, das flores e dos pássaros. Logo protestam contra o clima, pois engolem seco o passar dos dias ouvindo chover nas serras ao horizonte na espera de que o vento traga algumas gotas, e morrem aos poucos pelo castigo da insensibilidade da natureza com aquele vasto recanto abandonado.
Passado algumas horas da madrugada tal manifestação foi surtindo efeito, os ventos cada vez mais fortes vieram varrendo ilusões das esquecidas planícies enquanto as nuvens relampiosas jorravam feches de luz escondendo toda escuridão embaixo dos pedregulhos. Em poucos minutos a água desabava ferozmente contra o chão fazendo levantar a poeira que era lançada pelos ventos em redemoinhos dançantes num espetáculo que aos poucos tornava-se medonho. Apavorado o homem desperta com os olhos esbugalhados, cheios de areia, e num pulo deixa de ser capim e passa a ser folha, flutuando pela tempestade, esperando pousar sobre um lago, se o acaso lhe desse esse prazer. Era a última coisa que desejava, para descansar em paz no fundo da água, tornando-se barro, alga, limo esquecimento.
Dizem que a água vai acabar, mas aonde poderia ir além da atmosfera, se é a mãe da terra? O curioso é que só quando a seca histórica chegou ao sudeste do Brasil, tornou-se preocupação de todo mundo!
"Que tenhamos uma razão, um objetivo e sonhos para motivar a vida. Que não sejamos como uma filha seca no outono que, ao cair da árvore, o vento se encarrega do seu destino e a transporta a lugares sombrios ou vivazes, sempre a deriva, como um barco sem direção, numa viagem que só acaba quando sua existência cessa."
O cerrado, geralmente desabrocha e aformoseia na estação mais dura e seca, assim, quão bom seria, encontrar amor em meio a tantas coisas ruins que nos fazem tão mal.
- LEEX
Chuva sertaneja...
Vieram silenciosas, adentrando a madrugada
Leves em chão estradeiro, que passa gente e gado
Tamborilando gotas por sobre palhoças e carroças
Ouvia silente, da janela, o canto da chuva
Saudava em sorriso a água bem vinda que convidava
Lentamente, o dia amanhecia nos passos de sertanejos
Águas caindo, mergulhando o solo rachado, sem vida
Era a garantia de colheitas... canas, sabores
Eram chuvas de março, breves, leves, ávidas
Crianças em colos, beatas em procissões de fé
Passos sobre aquele mundão um dia rachado
Sem flores, cumpriam promessas de esperança
Era já passado a poeira, as lágrimas, a dor e sede
Nasciam nascentes, sonhos de colheitas
Findava, em presente do céu, a eterna espera
Descri do que via, fiando, quiçá, ser sonho
O tempo das águas, das correntezas era chegado
De cumprir o destino: dar vida às sementes
As águas eram bem chegadas, findando tardanças
Alegrando o seco abandono, encerrando aguardos
O rio virou mar, mar de passar peixes e barcaças
A mãe natureza pede clemência ao homem, filho do próprio solo que deixa suas fontes secar, sem respeito algum as suas futuras gerações.
Nas cidades muita gente por metro quadrado
em meio ao concreto que Nao cultiva nada
e só consome.
E agora... está vindo a revolta do planeta
vai fazer o que...
Já pensou o quão bem estaríamos, se desde a década de 50, a TV falasse todos os dias em como acabar com a seca?
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