Saudades de quem está longe
“” Não temo a solidão
A dor
Nem a saudade
Sem elas eu não teria
A intimidade que tenho
Com a poesia...””
"" Num canto da casa, esquecida
Até ela chegar..
Saudades, por ora não
Solidão, também não
O que então?
Esquecida, pois a vida em festa nem lembra
Que a abençoada chuva
Pode e deve voltar...""
Maldita solidão, faz lembrar de saudades, paixões
e se esperar todo mundo sabe um pouco
amar todos os dias se aprende
voluntariamente ou não
o fato é que a vida exige
e não suporta regressão
maldita solidão, abençoada saudade
ela lembra tempos bons
da casa viva, da chaminé fumaçando nas manhãs frias
do desejo de que a felicidade morasse perto
talvez em um abraço
ou na certeza de que a saudade fosse só uma questão de tempo
mas não
maldita solidão...
Voam conceitos acinzentados
moídos na esteira da solidão
ralos fragmentos de uma saudade
de uma idade qualquer
agora não importa mais
desfaz-se a aura do perfeito
do tudo pode, do vai e vem
e ao vento, o contento dos novos dias
uma flor no deserto, insistente
vê a chance de sobreviver
mas não pode conter o tempo
pois sabe que ele é curto demais...
SOLIDEZ DE SOLIDÃO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Percebi que a saudade só é minha,
só meu peito está dentro desse abismo,
sou mais só do que a linha do horizonte
ou a ponte que acaba sobre o nada...
Tenho a calma tristonha do leão
numa jaula de circo clandestino,
solidão é tão sólida que a tomo
e me faço menino em seu regaço...
Recolhi as lembranças para mim,
foi assim que arquivei as esperanças
nas estantes do sonho que morreu...
O amor foi só meu desde o começo,
foi o preço de crer nos olhos vagos
de quem nunca os usou num “eu te amo”...
UMA SAUDADE
Saudades sinceras a tristura sincera
Quando há solidão no coração, dor
Do vazio que a lembrança não altera
Transtorna, amorna e torna rancor
Saudade é um agridoce instante
Que escadeira a alma e a tortura
É pesar que norteia e vela errante
Cuja a lágrima na sensação figura
Saudade não teme o tempo, a hora
Embora na noite ser uma imensidade
E, com inquieta perturbação sonora
E quem se afirma não ser verdade
Se isso é fingido, e fingido passou
Não amou, e da saudade não provou...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/08/2021, 05’58” - Araguari, MG
DESLIZE
Eu da saudade sou quem chora
Da ausência, ilusão, desencanto
Se eu caminho na solidão agora
São motivos de trovar em pranto
A saudade é dor, volúpia ardente
Viva sensação, um remorso vão
Dá-me emoção amarga e quente
Injetada gota a gota no coração
E nessa saudade tão fria e feroz
Da tua privação, a aflição corre
Rimando versos tristes e tão sós
Vivo a suspirar como quem morre
E a lamentar se assim vale a pena
Essa saudade do amor de te amar
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22/08/2021, 15’18’ - Araguari, MG
SAUDADE SUPREMA
Silêncio, tarar, ideia envolta na solidão, murmura
Nos versos sussurrantes do meu versejar sombrio
Eu, agoniado, privado, numa poética de amargura
Velo a minha angústia com cântico insosso e frio
De onde? quem? Essa sensação de uma clausura
E está dor, um acaso demente, um talvez doentio
Que deixa meu sabor com aquela amarga doçura
Apertando o peito, e a emoção sem o suave feitio
E vai a madrugada a meio, nostálgica, importuna
Nos rogos de minh’alma, e tão repleto de lacuna
Divagando falta no pesar de outrora, triste tema!
E eu quisera, outro ponto, nesta pontual sofrência
Na aflição de cada rima ter aquela muita existência
Na suprema ausência de uma saudade suprema! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30, julho de 2022, 03’23’ – Araguari, MG
“Volontà di”
Perdido aqui, num poema sem direção
entre saudades, solidão e tanto pelejo
que ao estimar tanta sensação, desejo
usar cada sentido e cada pura emoção
Do coração um olhar repleto de paixão
aquela visão numa poética em cortejo
de poetar a quem mereça o doce beijo
abraços, em resumo uma grata razão
Aquelas odes bem talhadas, diferente
repletas dum sentimento inteiramente
pairando numa vontade farta de ardor
Aquelas odes com tudo, não metade
que nos carrega além da eternidade
as autênticas prosas do total amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 fevereiro, 2022, 15’42” – Araguari, MG
O silêncio
Assim, como do fundo da solidão
O silêncio emudece
A voz da saudade cala o coração
Com mutismos que a alma conhece
Nas lembranças que a dor adelgaça
O amor, a angústia, a emoção
Onde o caçador torna-se caça
Desembocados no vazio
Da esperança, da ilusão
Engasgados no arrepio
Do abafado ruído da interiorização
E o silêncio se faz sombrio...
Assim, como do fundo da solidão
O silêncio emudece
A voz da saudade cala o coração
Com mutismos que a alma conhece
SAUDADE TRISTE
A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste
É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste
Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente
Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste
Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano
O carreiro segui, aqui eu vou permanecer
lamuriando a solidão na saudade sediada
na alma, qual carro de bois, no seu gemer
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
a saudade trova
sua lástima vem de dentro para fora
rimando as tramas ilusórias da solidão
em versos de dor e lágrimas da emoção...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SAUDADE
No vazio da penumbra da solidão
teu cheiro tornou-se guia,
ti via no luar, nas folhas caídas ao chão;
que no bailar do vento, escrevia,
as saudades poetadas pelo meu coração.
E no anoitecer, ainda existia
parte de você na minha emoção.
Tão presente e tão sem argumento,
que a falta tornou-se imensidão.
Infinidade...
E nada de você no momento...
Só saudade!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
LACUNA (soneto)
Solidão, de insistir-te, não és esquecida
A saudade anda exagerada em te trazer
Nem sequer és o pretexto do meu viver
Pois se a sorte é triste, alegre é a vida!
Nada neste exagero é de fato pra crer
Se há ganhos e perdas, vinda e partida
Ter desvario é querer chuchar a ferida
O vital é mistério, bom é se surpreender
Pois a mesma estória tantas vezes lida
Traz história enlouquecida ao escrever
Tudo passa, não é só subida e descida
Ai, pode voar o tempo, tempo morrer
Tudo tem princípio e o fim, na medida
E nesta metamorfose, vai o nosso ser...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
2017, início de janeiro
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