Sabor
Soneto à Diana
O sabor tão amargo de uma vida,
não me privou desta quimera doce,
uma jarra de crítica ferida
que hoje brinda uma paixão precoce...
Cativo desta saudade regida,
fenecer na clausura achei que fosse,
barganhei com teus seios a saída,
tornei-me mais ainda tua posse...
Tocaste-me, anjo, a carne consentida
na compulsão por ti só requerida,
domaste-me, lasciva, em sedução...
Com suas cifras vivas e fundidas,
maestrina destas notas tão ardidas,
soubeste me tornar composição.
E a tarde tem cheiro de café,
com sabor de pão amanteigado,
e nas noites vazias só resta a fé,
de Lázaro esperançado.
Mas no céu tem estrelas a reluzir,
luzes mossoroenses em promoção,
dá até para comer um açaí,
depois de dois hambúrgueres por um vintão.
E do meu carro se borda o futuro,
pelas vontades de nossas invenções,
Lázaro ascendendo no escuro,
a luz que alumeia nossos corações.
E nas voltas tão esperadas,
nos caminhos mais medonhos,
vai e vem dois psicopatas,
empreitando realizar sonhos.
Me pego pensando em você e, tudo parece ter o teu cheiro e o teu gosto...
Sabor da vida, do tempo em que a gente só sabia sorrir e fazer amor olhando as estrelas.
Ainda lembro a receita do capuccino, da empada... Lembro como se fosse hoje, o sabor do teu beijo de café e canela.
Às vezes, me deparo com frases do tipo "que sabor você tem deixado na vida das pessoas?" e de imediato lembro de você. O sabor que você conseguiu deixar na minha vida apesar de tudo...
Às vezes, lembro de você e sorrio. Lembro das tuas palhaçadas e criancices, feito menina que quer atenção e carinho... Você era uma das melhores coisas do meu dia. Olhar para o céu era o nosso passatempo favorito: o arco-íris, um coração em forma de nuvem ou uma nuvem em forma de coração, paisagens imaginárias...
Tudo era lindo e perfeito e parecia infinito igual àquele céu.
-Tudo se dissipou no ar feito as nuvens...
Sua amizade é um doce de sabor suave, onde aquece meu coração, pois sua ternura é pura, tem uma linda alma.
aceito tais retornos
não pelo perdão mas
o sabor da ferida
como se abandona a guerra
com a mira apontada para a sua cabeça?
"perdoar é lembrar sem mágoa"
desisto
seguimos pálidos
adoecidos pelos delírios
absorvidos do meio
da cultura
do consumo
seguimos mortos, vivos.
ANTES DO TEMPO
Sinto na boca o sabor amargo
de um fruto colhido antes do tempo
No coração, espinhos de rosas bravas por desabrochar
Os medos tombam-me os braços e impedem-me de voar
O meu corpo alberga o cansaço
e as marcas do tempo impiedoso
Martelam na minha memória, lembranças do passado,
que desencadeiam em tormento
Porque partiste antes do tempo
ainda não era o momento
O destino fez-se presente
e levou-te para junto das estrelas cintilantes do céu
Sem aceitar, sem compreender, continuei a viver
Dos meus olhos, correm cascatas que desaguam no meu peito
Dos meus lábios dormentes, saem murmúrios de saudade
Para tornar mais tênue a minha dor
Voo no pensamento e encho o olhar de esperança
Com as cores do arco-íris, pinto os sonhos e, como que por magia
palavras voam ao acaso
Caindo nas minhas mãos, em forma de poesia...
Poemas inacabados...
Versos que ainda não escrevi
E na minh’alma solitária
tenho gestos… retratos gravados...
e infindas saudades de ti!
Querer apreçar o resultado é apenas deixar falecer o sabor do momento. Ademais a felicidade mora nos detalhes.
Cedo começa a jornada
no raiar da natureza
da semente bem plantada
brota o sabor da riqueza
mas é o cabo da enxada
que não deixa faltar nada
de alimento em sua mesa.
O sabor que me enche a boca,
Um doce que não se come,
Tem o toque suave do céu,
Um perfume que não se consome.
Não é açúcar, nem é salgado,
Um sabor que é só dela,
Um gosto que me faz sonhar,
O amor que se revela.
Uma mistura de sensações,
Que me faz perder a razão,
O mel que me inebria,
E me leva à tentação.
Impossível dizer o que é,
Um mistério a desvendar,
Algo que nunca provei,
Mas que não paro de pensar.
Não deixe o tempo passar rápido demais... que sua vida tenha sabor de leveza, e tudo dentro da sua medida, afinal, todos nós temos as nossas medidas
Sai o sol!
Sai o sol! O seu calor, abrasa nossos corpos..
Ao rosto, a brisa forte..
com sabor de marulho, e o perfume do pélago...
suave, sublime, que refresca a alma.
Pés descalços na areia, banhada pelas ondas em sincronia...
em uma bela sinfonia...
que nos enche de alegrias...
ao raiar de um lindo dia...
com o amor da sua vida...
ligados em uma atmosfera...
límpida pintura, Aquarela!... que reluz, e é tão bela...
bafejo do alto, da Fonte...
que brilha ao horizonte...
montanhas, rios e mares...
que nos trás conforto, o bálsamo o qual apraz...
ternura, vida e paz...
Alvorada nos traz.
Quando o sabor amargo começa a se tornar agradável ao paladar é um indício de que a VIDA deixou de ser doce a algum tempo.
Ao Clamor (21/04/2022).
Ó dia! Enobrece minha existência,
Como sabor doce da loucura,
És sublime e bela desventura,
Clamo pela chama da inocência,
Sinto o doce orvalho da paciência.
Observo o descalabro vento frio,
Sussurrando a penitência do caminho,
Intrépido e confuso no úmido sereno,
Vorazes feras surgem como pensamento,
Rogo o equilíbrio para vencer o momento.
Ávido em nebulosa celebrar,
A esperança ressoa ardente no deserto,
Entoa vagado na imensidão do oceano,
Retumba manso no branco-azul do ar,
Aflito e penoso não há mais de ficar.
Iluminada abstenção da voluntária dor,
Ebriedade na cruz eleva-se em vapor,
Suplício orquestrado, flagelo adorado,
Paladino da redenção, serei seguidor,
Primavera cardeal com doce odor.
Nobre lembrança meio ao turbilhão,
Sublime recordação do brotar da vida,
Da infância salutar por tempo perdida,
Ah! Furiosa se torna a recordação,
Nasce a esperança no confuso coração.
Gigante rebuliço diverge em julgamento,
Amargas melodias recitando alucinação,
Sinto a pândega em decadente direção,
Frenesi sem real alinhamento,
Perigoso atrito, cabuloso sentimento.
Tenaz desamparo da certeza,
Obstinada imprudência, abstrata ilusão,
Reminiscência de enferma confusão,
Fidúcia como heroísmo da realeza,
Tateia-se harmonia no equilíbrio da natureza.
Mundo singelo e desconhecido,
Mistérios eternos na alegria e dor,
Transitória desgraça ao infortúnio pudor,
Desassombro heroico, breve bramido,
Estimada sanidade de fogo adormecido,
Tesouro puro, vívido de ardor,
Consagração ao mais puro ser,
Clamo profundo confronto viver,
Sabedoria equitativa, pouco rigor,
Habita no espírito o desatino amor.
Alma voraz, caminha sedenta,
Direcionada com calor do amor,
Desfila pálida pelo mundo de cor,
Busca modéstia de sobriedade alada,
Clama mansidão diante da mulher amada.