Ruído
"Mas enquanto isso, fazemos o que está ao nosso alcance..."
Com ruídos, "platéia", tombos e arranhões; e porquê não com uma dose de perfume, batom e poesia?
Assistolia
“Aos ruídos criam-se as piores obras.
Também criaste assim a humanidade.
Inexoráveis construções da idade.
Que construístes com pequenas sobras.”
- Que me adiantou a mascara de forte?
A nova epiderme? Fidúcia às falsas formas,
Nas horas agonizantes, sobretudo, na falsária salvação.
O meu coração é um escrínio coutelho sem préstimo algum.
Glorioso dos sonhos empíricos de que nunca participou.
Viridário que se alimentou da vida de que viveram os outros.
A minha vida e todas as minhas idéias mal tomadas,
Foram esquecidas como aos rumores cristãos.
O meu altruísmo se escondeu sob a máscara da religião.
Desmascarei-o quando já estava adepto às calamidades.
Eu não consisto à palermice eterna.
Todas as verdades são desagradáveis.
Salvo as tenras verdades.
Quantos são semelhantes a mim?
Fies conhecedores de caminhos inauditos,
Nobres! - Nobres como eu, quantos?
Sou um forte padecente do suplício.
Quantos homens não se perderam, nos mesmos caminhos.
Jornada estreita; esmagadora dos corações sem raças.
Este abominável exemplo de maldade!
Que são para mim essas nódoas sanguíneas,
A se acumular entre os espaços insondáveis,
Do meu receoso coração que busca um refúgio?
O suplício! O suplício!
Ações e pensamentos podem ser sintomas do bloqueio do fluxo criativo, quando o que deveria fluir livremente se torna resistência. Essa resistência se manifesta como estagnação, ruído ou conflito interno. Onde há fluidez, não há sintomas — há puro movimento.
A realidade nunca me perturbou. O que me perturba é pensar nela.
Nada do que está fora tem importância — até que eu o deixo entrar.
Não é o ruído do mundo que me desorienta,
é a minha atenção ao ruído.
Ser afectado é uma escolha, embora não pareça.
Aprendi a proteger-me não com defesas, mas com indiferença.
A vida não me entra pela porta: entra-me pelo pensamento.
E é por isso que, às vezes, o pior inimigo do sossego
sou eu a querer compreendê-lo.
Silêncio.
O silêncio é privilégio.
Fico imaginando Deus a ouvir todos os sons da terra se propagando em ondas até o céu, e invadindo o seu universo, todo dia e toda noite… sem parar e infinitamente… infinitamente barulhento e ruidoso… sete bilhões de vozes, mais bilhões de ruídos de animais, e folhas e ventos e objetivos que se chocam, sons estridentes, músicas boas e ruins… buzinas, gritos, e orações. Pensamentos… preces silenciosas para os ouvidos, mas que soam ao coração. Sons de tiros, sons de gaitas e foles, o som de um parto, de uma obra qualquer… todos estes sons somados um a um, espalhando-se e multiplicando-se até os ouvidos de Deus. Meu Deus! Impossível de imaginar…
O silêncio é liberdade. É libertador.
Mas é quase utópico.
Estamos sempre acompanhados de sons… do mundo todo, e dos pensamentos, vozes, imaginação, inconsciente… até quando pensamos estar em silêncio… será, que de fato, estamos?
O silêncio é necessário…
Porém, ele, na verdade, não existe…
Falamos em silenciar o exterior, sempre na perspectiva de calar uma voz para ouvir outra (no caso, a interior), mas nunca para que não escutemos nada, de fato.
Como silenciar o externo, o interno, o consciente, o inconsciente, como é que podemos estar realmente, em silêncio absoluto?
Se silenciarmos tudo, ainda assim, a batida de nosso coração produziria som…
O silêncio absoluto significaria, então, a morte?
Nesta vaga reflexão,
Chego à conclusão de que atingimos o silêncio quando, na verdade, calamos a nós mesmos, aos outros tantos, e nos permitimos ouvir a voz e o som de Deus… é quando o som, seja interno ou externo, vem cheio de paz e alegria para a alma, para a mente e para o coração. Quando ele simplesmente conforta…
Silêncio é quando nos permitimos sentar no banquinho do jardim de Deus.
SILÊNCIO PESQUEIRO
Um eco de grito te deixa em apuros
Reverbera de ti imatura via
Na palavra verde o silêncio é maduro
Impede a explosão sensatez calmaria
Ruído te prende, quietude liberta
Sufocar no teu peito essa euforia
Experiência deixando uma porta aberta
Aquela que vem apontando o caminho
Por mais que te agridam há sempre um Sol
Sem querer ter razão desvie o espinho
Um peixe pescado sem isca no anzol.
