Resignação
Desesperado
Na incerteza de um amanhã, meu corpo segue resignado,
Olhos fundos, peito fechado e pensamentos x, y e z na mesma equação.
É como se as forças que me prendem estivessem aumentado
Meu fantasma, esprito, alma, éter, estão fora de comunhão.
Nesse embaraçar "entranhoso", uma angústia permeia-me
Sem pedir licença, esta me faz rogar por cessar
E inconformado com a vida, procuro-te
Para que possas me ajudar.
Embora seu coração seja bom, optas por me deixar
Ao léu, sem explicação.
E eu, por me deixar levar
Acabo sempre sozinho numa longa e fria escuridão.
Resignado é o ser que se recusa ser o que nunca poderá, de fato, ser. Será um deus, mesmo sendo uma simples ovelha rebelde.
SE NÃO PUDERES ME AMAR
Se não puderes me amar
Então, resignado te pedirei:
Por favor me esqueça.
E por bondade não me odeie!
Se nas nossas vidas...
Algumas coisas são impossíveis
Por que torná-las amarguradas?
O amor é um presente, dádiva
Não se pode usá-lo, maltratá-lo!
O ódio é vil, traiçoeiro, mesquinho
Devemos cada vez mais amar!
Odiar? Não! Muito pelo contrário...
Trilhar sempre um novo caminho
Pois, a vida gira como redemoinho
E quando menos se espera...
Reencontramo-nos no mesmo itinerário!
Aqui jazem todos os meus sonhos
Desatinado, sepulto todos os meus ingênuos enleios
Resignado, vejo apenas este fim para meus anseios
Contudo, a cova destas se encontra na necrópole de minha mente
Para dirigir-me a este adro, basta um simples ato... um átimo
Pois me encontro sempre a lamentar-me sob minha tumba
Aos prantos da sanha, mágoa e mais imortal ânsia tão funda
A expurgar toda lucidez da veracidade, flutuo sob solo umbratico
E quando desperto deste delírio, sinto mil flechadas sob meu peito sombrio
Como se no calendário, sempre fosse dia de finados
O luto torna-se minha eterna vestimenta, sempre debruçado
Eu rolo ao núcleo mais profundo da soturnidade incompreendida
Sou atraído contra vontade, a aprazibilidade outra vez foi vencida
O que há de ser a felicidade se não segundos de desfastio?
E por que estes poucos segundos buscamos e almejamos
Quando podíamos deleitarmos na ledice da languidez?
Este pesar de pura afeição estacionado em nós mesmo menosprezado
Muitas vezes pisado, humilhado, mas continuas ali e ao aceitarmos
Aparenta assim ser menos doloroso seu aviso de chegada deleitoso
Se és a tristura tua mais fiel escudeira
Por que almejas a rosa da espúria?
Quando rodeado a tua figura
Se encontras no belo jardim de flores obscuras?
Contestas aqueles a sustentarem a crença a um Deus
Mas teu espectro junto a teu lastimável encéfalo
Almeja a mais abstrata glória do enlevo
E de tão demasiada extração no colo do enfaro procurando fuga eu te vejo
A plena jovialidade da alma é uma dádiva presenteada a raros
A desvencilharem da ardilosa tese da “creme” falha entre camicases
E o desalento é a rebelião da índole insatisfeita
As doses malfeitas insustentáveis em teu óculo hemisférico realista
Permite o padecer na essência do esmorecimento em tua índole
A morte é inevitável, porém é preciso bem mais que o entristecer
Para arrancar-lhe da carne já pútrida a tua ingênua e inocente alma
Onde no desconhecido de céticos, agnósticos e crédulos do globo
Levar-te ao paradeiro desconhecido onde ouvimos o cantar de um corvo
E por crer somente neste fatídico destino
Tornei-me incrédulo ao maldito regozijo!
Podes lidar de duas formas com a insatisfação. Podes continuar resignado, ou agarras nesse estado, respiras fundo e procuras mudar essa tua situação.
SONETO DE LEMBRANÇAS
Poetando depois daquela hora sofrida
meu versar resignado e quase sem dor
recorda a paixão daquele grande amor
aquele, profundo amor da minha vida
Nos versetos, quanta sensação querida
escoam da saudade, agora, sem rancor
se há lágrima perdida, é em tom menor
pois, o furor já sem aquela sanha doída
O sentido, o que resta agora, guardado
na memória, com cheiro e significado
remindo as juras desleais, sem fianças
E, que foi eu, afinal, neste sentimento?
Sei, que fui mais que apenas momento
a suspirar neste soneto de lembranças.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2024, 15’20” – cerrado goiano
Permita que seu passado,
Seja só, uma simples e mera lembrança...
Passado, lembrado e resignado,
Absorva o que lhe foi ensinado e tenha autoconfiança...
Sigo adiante, resignado à vontade do fado que nos conduz por múltiplos rumos, pois cada passo é uma decisão e há quem tendo percorrido por trilhas similares, compreenda os porquês subjacentes às nossas escolhas.
"O girassol, que gira com o movimento do sol resignado, é de uma tenacidade deslumbrante."
29/12/2020
“Alguns de nós desistem de viver soltando apenas um suspiro resignado. Outros lutam um pouco, mas depois, perdem a esperança. Outros ainda, e sou um destes, nunca desistem. Lutamos, lutamos, lutamos. Lutamos a despeito do preço que pagamos pela batalha, das perdas que sofremos, da improbabilidade da vitória. Lutamos até o fim. Não é uma questão de coragem. É algo da nossa constituição. Uma incapacidade de abandonar. Pode perfeitamente ser apenas estupidez sedenta de vida.” As aventuras de Pi – pag.180
NÃO SUPOR SABER O QUE NÃO SEI
Este encontra-se mais resignado por saber que não sabe de tudo. Isso te dar paz de consciência.
Não é mais necessário defender-se, por compreende que todos estão passando por processo de aprendizagem.
Por outro lado, aquele que pensa que tudo sabe, vai viver eternamente em guerra com àqueles que ousarem a dizer algo contrário aos seus supostos conhecimentos.
Ninguém sabe de tudo, só estamos em pontos de paradas diferentes na vida.
O tempo sempre passa rápido demais,
Mas sempre será também, um grande aliado...
Não tente fazer tudo ao mesmo tempo, jamais,
Use com sabedoria, seja maduro, grato e resignado...
Podemos sempre buscar bons resultados,
Ou podemos sempre arrumar boas desculpas...
As justificativas podem nos deixar resignados,
Devemos sempre assumir as responsabilidades e culpas...
Todos nós somos fontes inesgotáveis
de força e persistência.
É preciso paciência e resignação para
enfrentá-las.
Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos.
RESIGNAÇÃO
Tudo dei. Neste mundo o que era meu
Era dos meus amigos. Minha casa
Tinha o consolo tépido de uma asa...
Ninguém de me querer se arrependeu.
Deu-me o destino um coração de Orfeu
Cujo amor inda em poemas extravasa.
Por isso a inveja com o ferro em brasa
Muitas vezes a carne me corroeu.
Fiz do perdão meu pão de cada dia.
O autor de cada injúria ou cada ofensa
Meu favor cedo ou tarde recebia.
Posso fechar os olhos, resignado:
Amando, recebi a recompensa
De ter amado e de ter sido amado.
