Coleção pessoal de Venereum

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Minha Morada

Bem vindos a minha morada, nesta cova abstrusa e caliginosa eu me habito
E mesmo fora dela, a maléfica me acompanha dentro de meu encéfalo vazio
Neste fundo de poço, se encontra o núcleo de minha mais profunda melancolia
Meu isolamento das turbas genuínas, aqui possuo o portal para uma dimensão sombria

Onde minha rotina ociosa se ocupa dos mais belos contos, sonhos, desejos...
Eu me escondo ora em fármacos ou me afundo no deleite dos venenos
E me alegro na espuria euforica alimentando-me de fictícias alegria doentias
E após, volto sempre ao abismo lamentar-me desta vida miserável de agonias

Então sua consciência lhe traz um paradigma de toda sua atual biografia
Foi tudo uma mentira, você agiu de forma equivocada, desgraça de toda profecia
Vivestes nos paralelos da fantasia e da realidade, você devorava a putrefação
E então se apresentava sorridente eructando bons aromas aos outros
Quando na verdade, em teu interno, tua alma vociferava em desespero uma solução
Almejava pela migalha do desafogo aqueles bandos sem relação aos teus morbos
Chegas até ti ansia esmagadora em findar-te daqui, pois não suportas mais sentir e sentir e pensar e refletir e se açoitar e prantear e sempre ser sub-julgado como mais um dramalhão corriqueiro e langoroso.

Abstenção

E não importa o tamanho do arco íris
Nem o quanto sejam suas cores vibrantes
Aonde meu ser peregrinar e se deparar
O monocromatismo estarás sempre em meu olhar

E não importa o quanto é verde e vivo o campo
A sonância de um rio, os pássaros em canto
Pois por onde minha alma propagar-se e alentar-se
A grama se fenecerá, as aves irão desvanecer-se

E não importa a alacridade exalando das catervas
Tampouco sua momentânea serventia em festas
Nada hás de desunir-me desta mazela prostrada
Não absorvo a sua ledice, possuo uma dor arcaica

E não importa o quão cético e realístico seja o mundo
Sequer os tombos, fatos ou princípios claros e obscuros
Flutuarei noutra dimensão, sob devaneios e quimeras
Vivendo tramas de pura utopia em meu encéfalo que não cessa

Não importa as tentativas de exibir-me a beleza do céu azulado
Do sol radiante, do fulgor escaldante e magotes em entusiasmo
O meu aconchego é num cosmos nebuloso, álgido e embaciado
Eremítico, remoto, vetusto, acaçapado se não pelo trilar dos corvos

Não importa a abundância nem mesmo a dimensão de triunfos
Nem ao menos o prestígio, veneração e fascínio da humanidade
Acompanharás sob mim, uma eviterna insatisfação de puro impérvio
E uma entrançada indagação no júbilo do viver... Até quando? Não hei de saber

E não importa o cômputo de flertes materializados
Conquanto esta seja a donzela de fulgor enraizado
Meu ímpeto se aglomera perenemente no sofrer
Não busco amores, e sim a alavanca em sempre lamentar-me

No meu externo, exibo um riso coagido e quimérico
Pois por dentro, fomento meu espasmo, o colho e pranteio
No ímprobo de minha estulta, abracei minha penúria
E então, de maneira astuta, ela me agarrou sem piedade alguma

Aniquilou todo meu deleite e jovialidade
Me carrega aos vales mais vultuosos
Herético, cessei na busca do aprazimento genuíno
Extenuado, me prostrei na inércia eterna
E para anestesiar meu pesar
Apelo ao etilismo, ele ameniza, contudo não me regenera
Tornei-me mero vassalo das agruras e pobre servo do suplício
Assisto o tempo passar e minha alma vaga no esquecimento

Como é laborioso viver neste mundo de extremos
Onde não mais existe o livre arbítrio dos conceitos
Tudo é imposto por dois lados antagônicos
Onde sua compatibilidade se encontra na hipocrisia

E a luta por um ideal se transforma num ódio fatal
E o combate a um preconceito se reverte a outro
Quero abster nessa ímproba escolha tão usual
E viver em harmonia com todos os seres do globo

Contudo, perdurar neste desequilíbrio dos ideais
É caminhar sob estreito muro com imãs a puxar-te
Confuso, venho tentar achar raciocínio a guiar-me
Porém, limitações da mente são incapazes de entender esta gente

Me afundo numa profunda amargura
Mergulho numa desnorteada fúria
Uma cólera invade meu amago subjetivo
Tórrida flama desregrada destrói meu espírito passivo

Meu encéfalo obriga-me, meu cerne se aflige.
Feche teus olhos, desconecte-se deste mal que lhe atinge
E novamente eu crio, recrio, fantasio caio no devaneio
Num orbe sem luz e brilho, sem o cantar e o lirismo
Somente o farfalhar do vento frio, trazendo um sopro sombrio
Ninguém me julga, me condena ou me contesta
Aqui me sinto bem, aqui minha consciência está imersa

É madrugada, inquietações internas impedem-me de adormecer
Mente desgastada, impossibilitada no regalar, decido levantar-me
Escuridão e remanso, caminho até a janela olhando o limiar a minha volta
Uma sensação de solidão me toma, observando o negrume a rodear minha rota

Quando repentinamente avisto uma sombra vagarosa e pálida
Segundos levam a constatar o ser a flutuar na relva ainda álgida
Nada se não um fantasma, um ser transcendente a causar espanto
No entanto, a mim despertava desvelo nele, prostrei-me ali o vigiando

Foi aí uma percepção em minha introspecção humana a refletir
Faziam-lhe companhia deleitosos corvos, ele regava negras flores no solo torvo
Dos funestos galhos daquele jardim, esbeltos morcegos o cercavam
Tudo aquilo na minha lírica e insólita visagem era esplêndido

Despertava em mim incompreensivo desejo de também estar ali
Esta figura proveniente dos confins ocultos e invisíveis aos mais céticos
Contava agora aos corvos e morcegos graciosas histórias de um passado sepultado
Podia ouvir sua voz em tom indescritível sob uma serenidade sepulcral

Lamentavelmente ao povaréu hediondo e repulsivo se embriagando em imposturice
Seus sonhos mais magníficos eram imperceptíveis a estes seres sórdidos na cretinice
A enxergarem apenas aquilo a interessar-lhes, gente de uma nascente de desasseio
E eu mais um destes indivíduos o enxergava e com olhos lacrimejando pensava
Por quase toda minha vida eu me sentia e sinto-me tal qual este fantasma

Perdoa-me, Visão dos Meus Amores

Perdoa-me, visão dos meus amores,
Se a ti ergui meus olhos suspirando!…
Se eu pensava num beijo desmaiando
Gozar contigo uma estação de flôres!

De minhas faces os mortais palores,
Minha febre noturna delirando,
Meus ais, meus tristes ais vão revelando
Que peno e morro de amorosas dores…

Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora…

Sem que última esperança me conforte,
Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!

Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Aqui jazem todos os meus sonhos

Desatinado, sepulto todos os meus ingênuos enleios
Resignado, vejo apenas este fim para meus anseios
Contudo, a cova destas se encontra na necrópole de minha mente
Para dirigir-me a este adro, basta um simples ato... um átimo

Pois me encontro sempre a lamentar-me sob minha tumba
Aos prantos da sanha, mágoa e mais imortal ânsia tão funda
A expurgar toda lucidez da veracidade, flutuo sob solo umbratico
E quando desperto deste delírio, sinto mil flechadas sob meu peito sombrio

Como se no calendário, sempre fosse dia de finados
O luto torna-se minha eterna vestimenta, sempre debruçado
Eu rolo ao núcleo mais profundo da soturnidade incompreendida
Sou atraído contra vontade, a aprazibilidade outra vez foi vencida

O que há de ser a felicidade se não segundos de desfastio?
E por que estes poucos segundos buscamos e almejamos
Quando podíamos deleitarmos na ledice da languidez?
Este pesar de pura afeição estacionado em nós mesmo menosprezado

Muitas vezes pisado, humilhado, mas continuas ali e ao aceitarmos
Aparenta assim ser menos doloroso seu aviso de chegada deleitoso

Se és a tristura tua mais fiel escudeira
Por que almejas a rosa da espúria?
Quando rodeado a tua figura
Se encontras no belo jardim de flores obscuras?

Contestas aqueles a sustentarem a crença a um Deus
Mas teu espectro junto a teu lastimável encéfalo
Almeja a mais abstrata glória do enlevo
E de tão demasiada extração no colo do enfaro procurando fuga eu te vejo



A plena jovialidade da alma é uma dádiva presenteada a raros
A desvencilharem da ardilosa tese da “creme” falha entre camicases
E o desalento é a rebelião da índole insatisfeita
As doses malfeitas insustentáveis em teu óculo hemisférico realista

Permite o padecer na essência do esmorecimento em tua índole
A morte é inevitável, porém é preciso bem mais que o entristecer
Para arrancar-lhe da carne já pútrida a tua ingênua e inocente alma
Onde no desconhecido de céticos, agnósticos e crédulos do globo
Levar-te ao paradeiro desconhecido onde ouvimos o cantar de um corvo
E por crer somente neste fatídico destino
Tornei-me incrédulo ao maldito regozijo!

Tantos julgam e me julgaram
Tratar-se de ser diferente dos demais
Eu me pergunto
No que se baseia este atributo?

És qualidade ou defeito...
...ser o oposto do comum?
É malefício ou proveito...
...ser uma tulipa em um jardim de margaridas?

Neste momento, creio ser um prejuízo
Pois a maior dificuldade é tentar ser compreendido
Torna-se um tormento, nem raciocinar eu consigo
A revolta vem surgindo, por que ser alguém distinto?

A repulsa por estar em terra de inocentes
Crer nos sonhos mais inconsequentes
Me seduzo por essa beleza e pureza
Simplicidade viril, jardim verde e céu de anil

Me agarro a uma insólita imaginação
Esbarro ao seu lado, tudo é pura fantasia
Hipnotizado por seus cabelos a lembrar chama e ardor
A chama a despertar paixão, faz-me suspirar magia
O ardor, pois, meu desejo é caloroso porem lacrimoso
Porque quando retorno à realidade e a este mundo você não pertence
Se não somente em minha mente.

Odes

Em minhas odes, traduzo em verbos intrincados as emoções mais aflitas e caliginosas

Descaso com a lírica cativa, expurgo a ardilosa deleitação, escarro no júbilo

Mergulho no marasmo, trilho em meio ao pretume, atraio-me pelo morbífico

No irreflexo do incônscio, a fartura dos devaneios, na veracidade dos fatos, o vazio de um lídimo vencido, ludibriado ao ver-se absorto de seus anseios ominosos e excêntricos.

Quem és este meu ser?
É a estrada espinhosa vagando no desprazer
É a fonte impetuosa de tantas lamentações
A paisagem caliginosa, vento rogando em aflições

É o acme de morbidez e egocentrismo
A pura e assídua embriaguez e delírio...
...De viver na ótica mais lírica e atípica
Neste orbe infestado de lascivos e messalinas

É explorar e evocar os pontos mais nocivos
Expressando assim as emoções acima de tudo já visto
Este hás de ser meu ser no qual viverás sem diretrizes
A impedir-te de na eternidade absorver sua turbação

Se no envés de um cosmos de anil
Sob a caldeira incessante e viril
A ti regozijaras o gris acabrunhado
Diante do alento álgido e absintado

Meu caro, não se sinta esgazeado pois contigo eu me distingo

Se pelas veredas infestadas de turbas
Absorves a frieza e petulância delas tão espinhosa
Lhe intrinca e lhe contamina ao dobrar em cada curva
De fronte a boniteza de semblante, mas brandura ociosa

Meu caro, não se refuta neste marasmo, contigo eu me distingo

Se na eminência insólita e fantasiosa
É onde tua alma se adorna em remanso
A fim de atenuar e alimentar a usura nefasta
Do perverso porem vistoso... O ardor do acurado amor

Meu caro, na solenidade mais sólida
Afrontas de maneira briosa e vigorosa
Este no qual tantos julgam ser um malefício
Contigo, até o infinito eu me distingo

Se nas profundezas do úbere e na fundura do coração
Se sente esmorecido, todavia pois é sempre em vão
Quando tentas dizimar os mais perniciosos desígnios
A consumirem até sua índole e alimentar uma esperança de delírios

Meu caro, não te vejas como um ser esdrúxulo e excêntrico
Tu és o exótico a expelir o terno mórbido no entanto tórrido
Logra deste melodrama, engenha mil e uma tramas
Atina do ápice mais trivial o conto mais pulcro e ourudo
Perpasse do celeiro de julgamentos alheios
Aceita-te no teu pranto pois graças a ti ainda existe a pureza do encanto
Contigo na eternidade eu me distingo.

Afadiguei em induzir-me a ser o sujeito modelo
Pois maior que o peso de uma gruta ou bigorna
É andar com a máscara ilusória e ordinária sempre a despencar
Pois serás notória e atamancada a real face quando se expressar

O mais doloroso e espinhoso dos espasmos proferidos
Ou talvez uma paulada em quaisquer dos membros
Certamente é carregar a esperança de um amor precito
Em terra depravada de libertinagem generalizada

No entanto, eu atiro esta ficta máscara no esgoto
Pois se vivo agarrado em devaneios obstruídos
Ao menos neles eu vivo sem fachada, este é meu rosto
Liberto e desobrigado, partiram os desejos iludidos

No deleite da exaltada primavera
Buscarei o frígido e álgido inverno
Nas luzes cálidas sob vistosa atmosfera
Serei o abismo, o blecaute nevoado das trevas

Caminharei sob uma pureza excessivamente morbosa
Não mais me importarei com o olhar alheio
Seguirei contra a correnteza das tendências ociosas

E ao impelir-me na lascívia de tantas armadilhas
sonharei com o bosque, as flores e aquela menina
Bela em olhar misterioso, a alimentar meu espírito romântico e fantasioso

O Prisioneiro das Mágoas

Estou preso neste passado de astenia
Sou o prisioneiro das mágoas infindas

Quero libertar-me desta horrenda quimera
A consumir-me, a fatigar-me, já nem vejo a cor
Tampouco sinto o doce perfume da primavera
Ando na mais íngreme vivência sem nenhum vigor

E quanto mais eu resisto
Mais intenso se torna meu aflito
Ainda posso ver as borboletas me rodeando
Do céu caem pétalas de rosas sob minha face de pranto...
No entanto...
Absorto em minha sina de agonia
Atônito eu as perco de vista
Cético suas unções não são alento sequer a chave
A destrancar-me deste calabouço mental adicto no padecer

Olho tudo a me cercar... Tenho o horizonte vasto de ternuras alcançáveis
Possuo a chaveta em meus palmos a tirar-me destes sonhos deploráveis
Contudo, sentindo-me o mais egocêntrico e putrefato dos indivíduos
Espurco, entreguei-me ao jardim mirrado e vivo neste ambiente lesivo

Embriagado, meu caro, pois estou a beira das mais terríficas ruínas
Nesta masmorra onde o tempo não és bem-vindo, ele passa, porém, não é sentido
Isolado a não ser pelas inseparáveis mágoas
Logrado em ideações impenetráveis e escusadas

Desatado do pragmático tempo
Aprisionado em enigmático tormento
Pois serei para sempre o prisioneiro das mágoas!

Inocência
Este mal a dificultar o meu percurso
diante da realidade do atual mundo
me distancia cada vez mais
da convivência em meio a uma sociedade tão sagaz
tão independente e moderna

é a inocência a me tirar a maldade
e me trazendo a crença do amor
a vagar na estrada da eternidade
sob uma terra existente apenas em minha mente

nesta terra, descrevo tristemente
a perfeição a beirar este lugar
o romantismo inconsequente
o vento perfumado a pairar

afirmo tristemente
pois depois de tantas experiências
é inevitável não saber o tombo inconsequente
quando se está frente a realidade
do globo não mais a tolerar...

... a inocência

esta inocência
que já ganhou o título do pior dos males de minha vida
ela mesmo me trazendo a inspiração em minhas escritas
me expondo como alguem diferente
me traz tambem a dor ríspida e o incomodo ominoso
de não ser mais um, um ser comum em meio aos tantos outros
a ruminar e vivenciar a sua existência sem se questionar a si mesmo

esta droga de inocência

sempre a me rondar
e quando eu creio erroneamente ter escapado
lá vem de novo a inocência
com sua armadilha novamente me deixando enjaulado

enjaulado em meus lamentáveis porém belos ângulos
de enxergar um alicerce tão belo a ponto de desviar
os perigos da sua frágil estrutura facilmente a desabar
em cima de nossos aprazíveis devaneios pelos quais
são meros fantasiosos e artificiais

onde na primeira absorção do solo tangível
se desintegra como fumaça de fusível

esta inocência...
na qual gostaria
mesmo sabendo que meu talento e sensibilidade em jogo estaria
eu juro contorcendo meus dedos
cerrando meus dentes
de revolta a pertencer a este universo
que a mataria!
obtendo o conhecimento completo
de que talvez meus sentidos por cosmos
não mais estaria!
quem sabe abaixo da sepultura
ou cinzas a se espalharem guardando a lisura
de uma gente tão suja repleta de espuria

essa inocência
talvez o destino me escolheste a carrega-la
para que assim a esperança da pureza
por mais pequena que seja sob vias tão estreitas
ainda vague mesmo invisível a todos
a demonstrar o romanticismo mesmo a me prejudicar.

este bendita inocência.

O maior erro das invenções
foi colocar o coração
como principal órgão
do ser humano, se fosse possível, o baniria
o baniria de mim.

O cérebro representa a inteligência
o poder de calculismo, das nossas reflexões
e tambem controla nossas decisões

mas o coração, este sim, é a razão
por sermos tão ingênuos, tão estúpidos
ele é o contraste a nos tirar a noção
graças a ele, cometemos erros absurdos

quando ele se manifesta
então se inicia a festa
a festa que por sua vez
termina sempre em tragédia

e agora, após a grande farra
onde me vi em bons momentos contigo
me encontro perdido, no lago da tragédia
que acabou de surgir com minhas lágrimas
a tristeza líquida do órgão principal da vida

e todos os dons do cérebro agora não funcionam
ele está descontrolado, pelo mal do "cuore" mal amado

agora não há nenhum som
a expressar minha tristeza
eu apenas me encontro aqui, no lago da tragédia
que me fez pensar....

o coração, é a maior estupidez da criação.

Tiraram meu sorriso e minha alegria
expulsaram o brilho e a magia
me deixaram perdido e jogado
no vale mais sombrio e desregrado

e assim eu vou caminhando
ora surtando, ora me controlando
tentando solucionar minhas perturbações
procurando controlar as ansiedades e preocupações

e tudo isso pela simples necessidade do sossego
eu busco a tranquilidade mas em troca recebi o tormento
que me persegue seguido de traumas e frustrações
me derrubando mais fundo de costas a milhões de espinhos

Me perco novamente

para mais um desgosto inconsequente
me bato em ramos de loucura
insanidade tão grande e impertinente
A ponto de dar sacrifício em fazer até estes medíocres versos

Me perco novamente

me encontro no parque da amargura
um lugar sem alegria, sem vida
por aqui não há magia, apenas minha alma sofrida
não há balanços e nem crianças gritando

Me perco novamente

como um prato de comida insosso e sem consistência
parte e drama de meu corpo nesta vivência
sem rumor, sem destino, sem canto
não suporto a dor e me jogo ao pranto

Me Perco Novamente

dou fim a estes pensamentos
estando tão perturbado e conturbado
Mal raciocinar consigo

E eu me perco novamente

Eu viajo

Eu viajo num mundo de fantasias surreais
Vivendo alegremente num paraíso
Mas perco a alegria com acontecimentos fatais
Recordando cenas conturbadas de minha vida

Eu viajo

Eu viajo para tentar esquecê-las
Porém, as voltas são sempre as mesmas
A tristeza se vem sempre a me pisar
Tira meu encorojamento e meu bem estar

Eu viajo

Viajei tanto tempo
Sempre estando em um mundo feliz e com amor
E voltando, estive sempre me curvando a minha dor
Tão vivida
Tão sofrida

Eu viajo.

Por que será?

Minha tristeza parece uma rotina
Mesmo em momentos de alegria
Me acabo sempre em um muro de lamentação
O muro que aparenta ser o único alento de alma e coração

Por que será?

Mesmo longe daqueles que me enfraquecem
Sinto-me um ser diferente de todos os outros
Eu me lembro deles e eles me entristecem
Seria apenas eu a conter esta dor em minha espécime

Por que será?

Fico espantado e amargurado quando lhes observo
Parece que eles usam máscaras viscosas
Ocultando suas verdadeiras mentes maldosas
Ou talvez seja meu hábito de viver num mundo de inocência

Por que será?

Distante deles, eu me fortaleço mentalmente
Perto, não aguento e começo a fraquejar
Se progride, não suporto, venho a almejar
Almejar por uma migalha na qual possa me alegrar novamente

Por que será?

Cada dia mais, eu vejo meu outro eu
Obscuro, triste, buscando refúgio
Procuro refletir tristemente e gravemente minha concepção mental
Mas com o tempo, acostumo a enxergar algo tão longe do normal

Por que será?

Talvez seja eu um ser fraco em todas as maneiras
Deveria persistir em minhas idéias e opiniões
Contudo, estes seres talvez não reconheçam minhas razões
Tem seus motivos, pessoas com falta de instruções

Por que será?

Viver deste modo é possível em todos os aspectos
O impossível é encontrar assim sua felicidade
Tem dias, eu não vejo saída alguma em viver alegremente
E com baixa auto-estima, enxergo um só escapatório. A morte

Por que será?

Eu escrevo isso nem sei para quê
Talvez seja um desabafo transitando em minha essência
Em alguns momentos líricos, mas exultante num mundo surreal
No mundo real, ela se bate numa infelicidade tão fatal

E por que será?