Quem
Quem na vida sobe mais, só um pouquinho que seja, por tendências naturais ganha espias e fiscais ao serviço da inveja
Quem se finge indiferente
ante a injusta sociedade,
é mais um que é conivente
com a justiça decadente,
por desdém e por maldade.
Tem muito mais alegria
e no Alqueva um bom iate
quem assiste à cantoria
com mil sopas de tomate.
I
Vê-se o tempo a manobrar
nesta louca embriaguez,
vai-se o dia, chega um mês
e o tempo custa a passar...
Com a cabeça a divagar
nesta dura antinomia,
vai-se o mês, vem mais um dia
da nossa sobrevivência,
e quem come a paciência
tem muito mais alegria.
II
A medida do telhado
faz a porta da entrada,
e em cada assoalhada
o tamanho é limitado...
O sofá é mesmo ao lado
de onde havia chocolate,
num pequeno escaparate
resta o jogo dos milhões
onde compra as ilusões
e no Alqueva um bom iate.
III
Santas casas portuguesas
solidárias nas esmolas,
dão aos pobres das gaiolas
o que sobra das riquezas...
São luxúrias, são pobrezas
desta vã egolatria,
onde tudo se esvazia
numa ordem movediça,
e tolera a injustiça
quem assiste à cantoria.
IV
Todos cantam em voz alta
o que diz A Portuguesa,
vê-los juntos é uma beleza
nessas luzes da ribalta...
Que se anime toda a malta
sem princípios de debate,
e o convívio é um biscate
desigual e pouco humano,
que se farta todo o ano
com mil sopas de tomate.
Na articulação das palavras há sempre a intenção de quem as profere e o julgamento de quem as escuta.
Falam os políticos a quem os investe,
traduzem cenários em grandes verdades,
exibem ideias, atritos, veleidades,
num circo amistoso, infame e agreste.
Os que nos governam apresentam contas,
os que nos prometem são ilusionistas,
mais as outras feras que são trapezistas,
aos olhos dos bobos e das almas tontas.
Pode ser que um dia se dê no trabalho
a mesma vontade que ostenta o discurso...
Vou entrar em cena com a figura de urso,
sou filho do povo, sou mais um bandalho.
Porém, no elã dos meus olhos concretos,
no simples parecer da visão que me resta,
penso que a política é pra gente honesta,
que sirva de exemplo aos filhos e aos netos.
Fazer o bem sem escolher a quem aniquila por jubilo qualquer tola vaidade e vos coloca muito acima de qualquer civilizada humanidade.
QUEM DERA
Quem dera pudesse escrever
Mas nem saberia o porquê
Então melhor retroceder
Pra não exigir benquerer
Pois a base está em você
Segues firme e vamos ver
Há sempre um novo amanhecer
Que se faça por merecer
Para que possa esplandecer!
QUEM SOMOS
Quem somos? Poeira
Despidos
Singelos hora primeira
No equilíbrio divididos
No querer o poder
Revestidos
De variedade no viver
Da semelhança providos
Porém,
No ir além, a nós permitidos
O mal e o bem
Façam as escolhas!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
QUEM NUNCA?
Me desculpe a poética e os poetas
Se meus versos nos contos são iguais
Com prosa e prioridades tão formais
Com saudades de outrora, inquietas
Pois, minhas sensações são repletas
De narrações, e cadências musicais
Do coração, como ilusórios cristais
Um clássico, com emoções diletas
Deixai a literatura com seu lirismo
Não roubemos o amor do emotivo
Deixai-o com seu sentimentalismo
Há mutação, pois, nada é definitivo
Em cada prosa, em cada verbalismo
Quem nunca? De estórias foi cativo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/09/2022, 17’04” – Araguari, MG
Deus te dê em dobro tudo que me desejar e o triplo que fizer comigo 🙏🏻 E a recíproca é verdadeira, afinal quem não deve, não teme 🙇🏻
"A verdade é essa: quem não pode quer "fazer..."
mas, quem "pode" jamais quer "fazer!"
Otávio Bernardes
"Prisão Silenciosa"
Estou aprisionada, mas não por grades visíveis, e sim por paredes invisíveis que se erguem dentro de mim. Cada pensamento é um grito abafado, cada palavra, uma tentativa frustrada de escapar, de ser ouvida. Dentro de mim, há um mundo inteiro, um universo de sentimentos, ideias e reflexões que ninguém vê. Eles estão presos em mim, e eu estou presa neles.
Quero gritar, quero falar tudo o que tenho guardado, mas a voz se esvai antes que eu consiga libertá-la. As palavras se perdem no ar, como se houvesse uma barreira invisível que as impede de atravessar. Ninguém escuta. Ninguém se importa. Cada frase que quero dizer se transforma em silêncio, uma prisão mental onde sou a única prisioneira.
Eu observo o mundo, mas estou distante dele. Vejo pessoas falando, vivendo, e sinto que há algo em mim que não se encaixa. Não sou uma parte desse mundo, mas também não consigo me libertar dele. Tento conversar, tento me conectar, mas as palavras que me escapam são vazias, não transmitem o que verdadeiramente sinto. O que quero dizer nunca chega a ser dito. O que quero expressar fica preso, aprisionado, como se fosse uma chama que arde sem nunca poder se manifestar em fogo.
E então, escrevo. Escrevo porque, talvez, ali esteja a única fuga possível. Cada frase que nasce de minha mente é um pequeno grito silencioso que não posso mais engolir. Cada palavra que se forma no papel é uma tentativa de libertação, um lampejo de algo que não posso mais reter. E, no entanto, ao escrever, me pergunto: quem lerá? Quem ouvirá essas palavras soltas, esses fragmentos de mim que coloco no papel, mas que ainda parecem tão distantes? Será que alguém se importa? Será que alguém vai perceber que ali está o único grito que ainda posso fazer?
É doloroso, essa sensação de estar invisível, de viver presa numa prisão mental onde a liberdade é apenas uma ilusão. Mas as palavras, essas que escrevo, são minha única forma de existir plenamente. Talvez ninguém leia, talvez ninguém entenda, mas, ainda assim, escrevo. Pois, se pelo menos eu mesma me ouvir, talvez isso seja o suficiente para me manter viva dentro de mim.
E assim sigo, entre as sombras da minha mente, tentando dar forma ao que não posso falar. Cada frase é uma liberdade temporária, um pequeno espaço onde a minha voz se faz ouvir, mesmo que, no final, ninguém escute.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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